Presidente do Solidariedade é suspeito até de sumiço de helicóptero, diz PF

Política
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times
As suspeitas que os investigadores da Operação Fundo no Poço levantaram sobre o presidente do Solidariedade Eurípedes Gomes Macedo Júnior não se limitam a um desvio estimado em R$ 36 milhões do Fundo Partidário com candidaturas laranja ou o uso do dinheiro da legenda para passeios internacionais de seus familiares. Foragido da Justiça, ele é investigado pela Polícia Federal também pelo eventual envolvimento no sumiço de um helicóptero avaliado em R$ 3,5 milhões do PROS e, ainda, pelo 'desmonte' da sede e do parque gráfico do partido. Os federais também o põem sob suspeita de ligação com esquema de furto mediante fraude que teria resultado no 'esvaziamento de contas da agremiação' às vésperas de sua destituição da presidência do PROS.

O Estadão tem reiterado ao Solidariedade manifestação sobre a investigação da PF que atribui a seu presidente extensa rotina de delitos. O espaço está aberto para a legenda e Eurípides.

A longa lista de suspeitas que recaem sobre a conduta de Eurípides consta da decisão judicial que colocou a PF em seu encalço - outros seis investigados foram presos na abertura da Operação Fundo no Poço, nesta quarta-feira, 12.

O cerco a Eurípides foi autorizado pelo juiz Lizandro Garcia Gomes Filho, da 1.ª Zona Eleitoral de Brasília. Ao decretar a prisão preventiva do dirigente partidário, o magistrado destacou indícios que apontam para desvios de recursos dos Fundos Partidário e Eleitoral, em benefício do próprio Eurípides e de familiares e aliados dele.

A PF o descreve como o chefe de uma organização criminosa 'estruturalmente ordenada com o objetivo de desviar e se apropriar de recursos do Fundo Partidário e Eleitoral'.

Segundo relatório da Operação Fundo no Poço, ele 'gere o partido político como um bem particular, auferindo enriquecimento ilícito pessoal e familiar por meio do desvio e apropriação dos recursos públicos destinados à atividade político-partidária'.

Como mostrou o Estadão, entre as suspeitas que colocam Eurípedes no ponto central de uma trama com dinheiro do partido está o desvio de recursos do fundo partidário para o custeio de viagens de sua família aos Emirados Árabes, França, República Dominicana, Estados Unidos, México e Itália, inclusive com escalas prolongadas no Panamá, um paraíso fiscal.

Também é investigada a destinação de significativos montantes do fundo eleitoral em proveito de candidaturas apontadas como 'laranjas', com prejuízo estimado de R$ 36 milhões.

A PF lista outros episódios ilícitos que teriam participação do presidente do Solidariedade e tiveram peso importante no decreto de sua prisão preventiva. O juiz Lizandro Garcia Gomes Filho, da 1.ª Zona Eleitoral de Brasília, anotou que a prisão de Eurípedes é 'imprescindível para garantir a ordem pública e econômica' considerando a gravidade das condutas atribuídas a ele pela PF e o 'abalizado indício de materialidade e autoria'.

O juiz fez um alerta ao destacar em sua decisão a proximidade das eleições municipais. Segundo ele, as atividades de Eurípides estão 'umbilicalmente entrelaçadas ao processo eleitoral, diante do impacto direto que os crimes em apuração têm sobre o processo democrático e a estabilidade do sistema político, frente à proximidade das eleições municipais de 2024'.

"O Partido Solidariedade irá gerir verba eleitoral milionária, com grave risco de perduração dos atos criminosos, dada a percepção de que o acusado, familiares e pessoas de seu relacionamento permanecem integrando importantes cargos no Partido Solidariedade e na Fundação 1º de Maio, com forte suspeita de que persistem em plena atividade criminosa nos mesmos moldes perpetrados no então PROS. A necessidade de garantia da instrução criminal é cogente", argumentou.

O 'desmantelamento' da sede e do parque gráfico do PROS foi destacado por Lizandro Garcia no decreto de prisão preventiva de Eurípedes. Segundo o juiz, o imbróglio revela o 'risco' de que Eurípedes poderia 'comprometer a produção da prova com o ímpeto de embaraçar o prosseguimento das investigações'.

A PF indica que o ex-presidente do PROS, hoje presidente do Solidariedade, 'determinou um desmonte' do parque gráfico da legenda em Planaltina (GO) às vésperas do julgamento do Tribunal do Distrito Federal e Territórios que o destituiu da presidência daquele partido.

Os investigadores dizem ter encontrado uma nota fiscal que indica que os equipamentos teriam sido vendidos por R$ 868 mil. No entanto, segundo a PF, a avaliação dos equipamentos supera R$ 15 milhões, 'a denotar desvio de valores em favor do grupo investigado'.

Ainda com relação ao 'desmonte' do PROS, o relatório da PF assinala que, além do maquinário, foram retirados da sede do partido dez veículos, um helicóptero, computadores e aparelhos de ar-condicionado.

Segundo o juiz Lizandro Garcia, a destinação de inúmeros bens ainda não foi esclarecida. Ele citou um desses bens ao avaliar a necessidade de prisão preventiva de Eurípedes.

O juiz apontou risco de fuga do presidente do Solidariedade 'ante as reiteradas viagens com destino internacional' e lembrou de notícias de que o helicóptero do partido PROS se encontra em local incerto - "não soando absurdo cogitar que tal aeronave poderá ser clandestinamente utilizada em benefício particular", anotou.

A Polícia Federal também lançou suspeitas sobre a aquisição de imóveis - inclusive com pagamentos em espécie - por parte de supostas empresas de fachada das quais Eurípedes figura ou já figurou como sócio.

A Operação Fundo no Poço apura se as companhias foram montadas para lavar dinheiro oriundo de desvios.

Os investigadores suspeitam que uma das empresas - da qual também são sócias a mulher e as filhas do investigado - 'fora constituída com o intuito de preservar o patrimônio de Eurípedes, além de obter vantagens no pagamento de impostos, precipuamente comercialização ou transferências de imóveis'.

Ao analisar essa suspeita, o juiz da 1.ª Zona Eleitoral de Brasília apontou que a maioria das empresas não tinha efetiva atividade e apresentava 'constantes movimentações financeiras cruzadas (entre familiares e empresas), saques de monta em dinheiro e movimentação bancária incompatível com a renda declarada'.

Segundo o magistrado, este cenário 'reforça indícios de crimes contra o sistema financeiro, precipuamente o delito de lavagem e delitos inerentes à malversação de recursos eleitorais'.

Relatórios do Conselho de Controle de Atividades Financeiras também implicam Eurípedes, segundo a PF, com 'indicativo' de possível crime de lavagem de dinheiro. Os investigadores levantaram indícios de suposta falsidade ideológica eleitoral, com a inserção de declaração falsa das despesas do PROS em 2021 via uma empresa criada por Eurípedes, hoje em nome de um irmão dele.

Nem a compra de papel pelo partido passou despercebida pela PF: os investigadores questionam um pagamento de R$ 1,6 milhão a uma distribuidora de papéis dias antes de Eurípedes ser afastado da gestão do PROS, fora do período de campanha e depois do 'desmanche' do parque gráfico do partido.

Os federais veem indícios de se tratar de uma nota fiscal fria ou de 'confecção e venda de material gráfico com fins lucrativos'. Neste ponto, o juiz Lizandro Garcia ressalta os ' indícios de malversação do patrimônio partidário'.

A PF ainda analisou retiradas financeiras de R$ 3 milhões das contas do PROS após o afastamento de Eurípedes - depois foi informado o estorno à Fundação da Ordem Social, vinculada ao partido.

A PF classificou essa movimentação como 'grave indicativo de organização criminosa'.

"Ao ser afastado por decisão judicial do comando do partido, no dia 8 de março de 2022, (Eurípides) buscou esvaziar as contas da agremiação, procedendo à transferência de valores do fundo partidário para a fundação (FOS), onde ainda teria poderes de gestão e direção", crava o relatório da PF.

Há ainda a 'forte suspeita de lavagem de capitais' por meio da contratação de serviços advocatícios. A investigação aponta que o PROS, nas eleições de 2022, pagou R$ 3,7 milhões a título de honorários de escritórios de advocacia.

COM A PALAVRA, EURÍPIDES E O SOLIDARIEDADE

A reportagem do Estadão pediu manifestação do Solidariedade e de seu presidente, Eurípides Gomes Macedo Júnior, o que não havia ocorrido até a publicação deste texto. O espaço segue aberto.

Em outra categoria

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou nesta quinta-feira, 1, impor sanções a qualquer pessoa que compre petróleo iraniano, um alerta feito após o adiamento das negociações planejadas sobre o programa nuclear de Teerã.

Trump fez a ameaça de sanções secundárias em uma postagem nas redes sociais. "Todas as compras de petróleo iraniano ou produtos petroquímicos devem parar agora!". Ele disse que qualquer país ou pessoa que compre esses produtos do Irã não poderá fazer negócios com os EUA "de nenhuma forma".

Não ficou claro como Trump implementaria tal proibição. Mas sua declaração corre o risco de agravar ainda mais as tensões com a China - principal cliente do Irã - em um momento em que o relacionamento está tenso devido às tarifas do presidente americano.

Com base em dados de rastreamento de petroleiros, a Administração de Informação de Energia dos EUA concluiu em um relatório publicado em outubro que "a China absorveu quase 90% das exportações de petróleo bruto e condensado do Irã em 2023". Trump, separadamente, impôs tarifas de 145% à China dentro de sua guerra comercial ao país.

Negociações adiadas

A ameaça de Trump nas redes sociais ocorreu após Omã anunciar que as negociações nucleares planejadas para o próximo fim de semana haviam sido adiadas.

O ministro das Relações Exteriores de Omã, Badr al-Busaidi, fez o anúncio em uma publicação na plataforma social X. "Por razões logísticas, estamos remarcando a reunião EUA-Irã, provisoriamente planejada para sábado, 3 de maio", escreveu ele. "Novas datas serão anunciadas quando mutuamente acordadas."

Al-Busaidi, que mediou as negociações em três rodadas até o momento, não deu mais detalhes.

O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Irã, Esmail Baghaei, emitiu um comunicado descrevendo as negociações como "adiadas a pedido do ministro das Relações Exteriores de Omã". Ele disse que o Irã continua comprometido em chegar a "um acordo justo e duradouro".

Acordo nuclear

As negociações entre EUA e Irã buscam limitar o programa nuclear iraniano em troca do relaxamento de algumas das sanções econômicas que Washington impôs a Teerã. As negociações foram lideradas pelo Ministro das Relações Exteriores iraniano, Abbas Araghchi, e pelo enviado dos EUA para o Oriente Médio, Steve Witkoff.

Trump ameaçou repetidamente lançar ataques aéreos contra o programa iraniano se um acordo não for alcançado. Autoridades iranianas alertam cada vez mais que poderiam buscar uma arma nuclear com seu estoque de urânio enriquecido a níveis próximos aos de armas nucleares.

O acordo nuclear do Irã com potências mundiais, firmado em 2015, limitou o programa iraniano. No entanto, Trump retirou-se unilateralmente do acordo em 2018, desencadeando um maior enriquecimento de urânio por parte do Irã./Com Associated Press

O vice-presidente dos EUA, JD Vance, afirmou nesta quinta-feira que o então conselheiro de Segurança Nacional americano, Mike Waltz, não foi demitido, mas sim realocado para ser o próximo embaixador do país na Organização das Nações Unidas (ONU).

"Waltz fez o trabalho que ele precisava fazer e o presidente Donald Trump achou melhor um novo cargo pra ele", disse Vance em entrevista à Fox News.

Segundo o vice, a saída de Waltz do cargo não teve a ver com escândalo do Signal. Em março, o conselheiro passou a ser investigado pela criação de um grupo de mensagens no software e incluir, por engano, o jornalista Jeffrey Goldberg. "Waltz tem minha completa confiança", acrescentou Vance.

Sobre a contração do Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA na quarta-feira, ele reiterou que "isso é a economia de Joe Biden".

Vance ainda comentou que a Índia tirou proveito do país por muito tempo, mas que o governo Trump irá rebalancear o comércio e que

a Rússia e a Ucrânia têm que dar o último passo para acordo de paz. "Chega um momento que não depende mais dos EUA".

Itália, Croácia, Espanha, França, Ucrânia e Romênia enviaram, nesta quinta-feira, aviões para ajudar a combater um incêndio florestal que fechou uma importante rodovia que liga Tel-Aviv a Jerusalém, em Israel. As chamas, iniciadas por volta do meio-dia (horário local) da quarta-feira, são alimentadas pelo calor, seca e ventos fortes no local e já queimaram cerca de 20 quilômetros quadrados.

A Macedônia do Norte e o Chipre também enviaram aeronaves de lançamento de água. Autoridades israelenses informaram que 10 aviões de combate a incêndios estavam operando durante a manhã, com outras oito aeronaves chegando ao longo do dia. Fonte: Associated Press.