'PEC dos Desastres' repassa 5% das emendas de bancada e 10% de comissões a calamidades

Política
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O deputado Gilson Daniel (Podemos-ES), relator da "PEC dos Desastres", incluiu no texto a obrigatoriedade de 5% das emendas parlamentares de bancadas estaduais e 10% das emendas de comissão para o enfrentamento de emergências naturais, além de 5% das emendas individuais que já estavam previstas.

As mudanças em relação à proposta original constam em parecer apresentado nesta segunda-feira, 17, na Câmara dos Deputados. De acordo com o relator, as alterações permitem uma estimativa de R$ 3,21 bilhões em repasses anuais, montante maior que os R$ 2 bilhões inicialmente previstos.

Os dispositivos seriam adicionados ao Artigo 166 da Constituição Federal, que trata das emendas parlamentares. O parágrafo 9º passaria a obrigar que 5% das emendas individuais sejam destinadas para "ações de prevenção, mitigação, preparação, resposta e recuperação de desastres no âmbito do Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil".

Já o parágrafo 12º teria como regra que a execução também se aplicaria "às programações incluídas por todas as emendas de iniciativa de bancada de parlamentares de Estado ou do Distrito Federal, no montante de até 1% da receita corrente líquida realizada no exercício anterior, destinando-se 5% desse montante para ações estruturantes" nos mesmos eixos do parágrafo 9º.

O parágrafo também estabeleceria que "pelo menos 10% dos recursos alocados em emendas de comissões permanentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal e de comissões mistas permanentes do Congresso Nacional deverão ser destinados ao Fundo Nacional para Calamidades Públicas, Proteção e Defesa Civil (Funcap) e utilizados em ações de preparação, mitigação e prevenção de desastres, no âmbito do Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil".

Originalmente, a proposta de autoria do deputado Bibo Nunes (PL-RS) previa apenas que 5% das emendas individuais fossem reservadas para "enfrentamento de catástrofes e emergências naturais", sem a inclusão de emendas de bancada e de comissão e sem a destinação para ações de prevenção.

Ao justificar as mudanças, o relator argumentou, com base em dados do Tribunal de Contas da União (TCU), que, entre 2012 e 2024, apenas R$ 8,59 bilhões foram empenhados em ações de prevenção, ou seja, na execução de obras e empreendimentos de infraestrutura que objetivam prevenir a ocorrência de desastres. O montante representou 30% do total empenhado para gestão de riscos e desastres no período (R$ 28,52 bilhões).

O texto de Daniel manteve a previsão de que as emendas sejam repassadas "de forma direta e imediata ao ente federado beneficiado", independentemente de celebração de convênio, de outros instrumentos congêneres ou de adimplência do ente.

O relator também impõe que os recursos não empenhados até o fim de cada exercício financeiro sejam destinados ao Fundo Nacional para Calamidades Públicas, Proteção e Defesa Civil (Funcap). Antes, a PEC de Bibo Nunes previa apenas que esses valores fossem revertidos aos parlamentares.

"A autonomia do parlamentar continua, não muda nada, até porque ele vai poder destinar o recurso para o município e para o estado que ele desejar", disse o relator, ao Broadcast Político (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado). "

O parecer de Daniel é protocolado após a realização de audiências públicas em uma comissão especial instaurada pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Caso seja aprovado na comissão, o relatório vai a votação no plenário.

A proposta já havia sido aprovada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e ganhou celeridade com as tragédias no Rio Grande do Sul. A formação da comissão foi a primeira providência anunciada por Lira na semana das enchentes. O texto já foi apresentado ao presidente da Câmara e teria sido bem recebido, segundo fontes.

Para entrar em vigor, a emenda constitucional precisa de aprovação em dois turnos na Câmara e em dois turnos no Senado. São necessários 308 votos favoráveis dos deputados em cada turno e 49 votos dos senadores.

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Uma pesquisa realizada pela emissora americana CBS News em conjunto com a empresa de pesquisa YouGov mostrou que 72% dos eleitores americanos defendem a desistência da candidatura do atual presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, para a reeleição em novembro. O número é nove pontos porcentuais maior ante o último levantamento, realizado em fevereiro.

A pesquisa também mostra que 72% dos eleitores consideram que o atual presidente dos Estados Unidos não possui saúde cognitiva para disputar a reeleição, enquanto o mesmo questionamento aponta Trump em uma situação melhor, com 49% dos eleitores considerando o candidato do partido republicano e ex-presidente como fora de condições de saúde para concorrer.

O estudo ouviu 1.130 eleitores entre os dias 28 e 29 de junho e mostrou a insatisfação do eleitorado com a performance de Biden, que chegou ao pico após o último debate, no qual o candidato democrata foi duramente criticado inclusive por seus próprios aliados.

Outras insatisfações de eleitores sobre Biden apontam problemas em sua campanha e na eficácia dele no cargo de presidente, além da idade avançada do atual mandatário, que completará 82 anos em novembro. Entre os eleitores do Partido Democrata, 46% acreditam que Biden não deveria tentar a reeleição.

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O Departamento de Justiça dos Estados Unidos planeja propor que a Boeing se declare culpada de fraude em relação a dois acidentes aéreos mortais envolvendo seus jatos 737 Max, de acordo com duas pessoas que ouviram os promotores federais detalharem a oferta neste domingo, 30.

A Boeing terá até o final da próxima semana para aceitar ou rejeitar a oferta, que inclui a concordância da empresa aeroespacial com um monitor independente que supervisionaria sua conformidade com as leis antifraude, disseram eles. Procurada, a empresa não quiser comentar o caso.

O Departamento de Justiça informou aos familiares de algumas das 346 pessoas que morreram nos acidentes de 2018 e 2019 sobre a oferta de acordo durante uma reunião por vídeo, de acordo com Mark Lindquist, um dos advogados que representam as famílias que estão processando a Boeing, e outra pessoa que ouviu a ligação com os promotores.

Durante a reunião, os membros da família expressaram sua raiva pelo fato de os promotores quererem oferecer à Boeing a chance de se declarar culpada de uma acusação que completou três anos, em vez de buscar outras acusações e um julgamento. Um deles disse que os promotores estavam enganando as famílias; outro gritou com eles por vários minutos quando teve a chance de falar.

"Estamos chateados. Eles deveriam simplesmente processar", disse Nadia Milleron, moradora de Massachusetts, cuja filha de 24 anos, Samya Stumo, morreu no segundo de dois acidentes com o 737 Max. "Eles estão dizendo que podemos argumentar com o juiz."

Os promotores disseram às famílias que, se a Boeing rejeitar a oferta de acordo, o Departamento de Justiça buscará um julgamento sobre o assunto, segundo eles.

A reunião ocorreu semanas depois que os promotores disseram a um juiz federal que a empresa violou um acordo de janeiro de 2021 que protegia a Boeing de processos criminais relacionados aos acidentes na Indonésia e na Etiópia.

Uma condenação poderia colocar em risco o status da Boeing como contratada pelo governo federal, de acordo com alguns juristas. A empresa tem grandes contratos com o Pentágono e a Nasa.

A líder do partido de direita radical francês RN (Reagrupamento Nacional), Marine Le Pen, disse que o bloco centrista liderado pelo atual presidente da França, Emmanuel Macron, foi "praticamente apagado". O comentário foi feito em discurso de comemoração da vitória no primeiro turno das eleições legislativas francesas realizadas neste domingo, 30.

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As agências de sondagem francesas projetam que o RN obteve 34% dos votos nacionais, seguido pelos votos da coalizão de esquerda, Nova Frente Ampla, que conquistou em torno de 28% dos votos. O agrupamento de partidos centristas apoiados por Macron amargaram em um distante terceiro lugar na votação, com cerca de 21%.

"Os franceses, em um voto sem ambiguidades, demonstraram sua vontade de virar a página após sete anos de um poder desdenhoso e corrosivo", acrescentou Le Pen, reconhecendo a importância da vitória, mas convidando os eleitores para renovar a escolha no segundo turno, que acontece em 7 de julho.

A líder do Reagrupamento Nacional defendeu que a população vote em peso nos candidatos de direita radical para levar o seu aliado, Jordan Bardella, ao cargo de primeiro-ministro. "Sem uma maioria clara, sempre haverá manobras baixas para impedir a verdadeira alternância que o país urgentemente precisa", disse.

Esse cenário forçaria Bardella e Macron a um arranjo estranho de compartilhamento de poder. Macron disse que não renunciará antes do fim de seu mandato, em 2027. Neste domingo, em uma declaração após a divulgação das projeções, o presidente francês disse ser hora de uma "aliança grande, claramente democrática e republicana para o segundo turno".

Algumas projeções de agências de pesquisa indicaram que, no melhor cenário para a direita radical, o Reagrupamento Nacional e seus aliados poderiam coletivamente ultrapassar a barreira de 289 assentos necessários para uma maioria segura na Assembleia Nacional de 577 assentos.

Para impedir esse resultado, os rivais começaram a trabalhar em acordos já neste domingo para priorizar alguns candidatos no segundo turno em um esforço para concentrar votos contra a Reagrupamento Nacional.

Macron e o primeiro-ministro, Gabriel Attal, instaram os eleitores a se unirem no segundo turno. "Nem um único voto deveria ir para o Reagrupamento Nacional. A França não merece isso", declarou Attal. (COM INFORMAÇÕES DA AP)