Após jantar, aliados de Nunes acertam que vice será do PL, mas adiam anúncio de Mello Araújo

Política
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O jantar organizado pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) para tentar concretizar a indicação do ex-coronel das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota) Ricardo de Mello Araújo como vice do prefeito Ricardo Nunes (MDB) terminou sem que seu nome fosse cravado. Mello Araújo é o nome desejado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e também tem o aval do governador.

Segundo um interlocutor que participou da reunião, falta apenas ajustar "um ponteiro ou outro" para que o coronel seja anunciado como vice, o que está previsto para ocorrer até sexta-feira, 21. O governador conversará com Bolsonaro nesta quinta-feira, 20, provavelmente por videoconferência, para acertar os detalhes finais.

A cautela sobre o anúncio é atribuída por essa fonte ao fato de ser uma frente ampla de 12 partidos. Ao menos uma definição, contudo, foi oficializada no jantar: todos os partidos que estão no arco de aliança de Nunes concordaram que o vice na chapa será um nome do PL.

"É super difícil e a gente está conseguindo isso (um consenso). Tem uma convergência de 12 partidos em torno de uma direção. Essa direção está dada. O PL é o maior partido, vai indicar o vice. Isso é uma coisa superinteressante, porque está todo mundo abrindo mão de espaço, de ambição, em prol desse projeto e, assim, alguns detalhes só para a gente anunciar nos próximos dias", disse o governador.

Tarcísio e Nunes disseram que os partidos não apresentaram objeções aos nomes colocados pelo PL, como o coronel, as vereadoras Rute Costa e Sonaira Fernandes, e a ex-deputada Zulaiê Cobra.

"O nome do coronel também, zero objeção da nossa parte, da parte dos partidos. Eu acho que é mais uma ou duas conversas para fazer o ajuste fino e a gente anunciar ainda provavelmente nessa semana o nome do vice", completou Tarcísio.

Nunes também confirmou que a indicação será do PL. "Cada partido comentou, ninguém tem objeção (aos nomes citados) e tirou-se o consenso de que a indicação será do PL. Agora, há algumas questões para analisar e a gente deve anunciar até sexta-feira o nome definitivo", afirmou o prefeito.

Tarcísio, que comemorou aniversário nesta quarta-feira, 19, convidou os presidentes dos 12 partidos que apoiam Nunes para a reunião no Palácio dos Bandeirantes. Entre esses 12 está o União Brasil, que oficialmente ainda não se juntou ao grupo. No encontro, o presidente da Câmara Municipal de São Paulo, Milton Leite, que pleiteava a vaga de vice, falou, por telefone, com Tarcísio, assim como o presidente nacional Antônio Rueda, e ambos aceitaram que o indicado fosse do PL.

O governador tem cobrado que o vice seja definido rapidamente para que a pré-campanha passe a debater o plano de governo e propostas para a capital paulista em meio à ameaça representada pela pré-candidatura de Pablo Marçal (PRTB).

Porém, após 3 horas de reunião, o martelo não foi totalmente batido. Apesar do aval de siglas importantes como PL, PSD, PP, Republicanos e Podemos, o União Brasil e o Solidariedade ainda apresentavam resistências à indicação de Mello Araújo.

A resistência mais forte ao coronel seria no União Brasil. Milton Leite, um dos nomes mais influentes da política paulistana, afirmou ao Estadão na terça-feira (18) que o vice deveria ser evangélico porque o prefeito é católico. Ele citou como opções dois vereadores do PL: Rute Costa e Gilberto Nascimento Jr.

O Solidariedade também considera que Mello Araújo não seria o vice ideal. Uma ala do PP também era contra o coronel, mas foi desautorizada pelo presidente do partido, Ciro Nogueira, e passou a aceitar a indicação.

A avaliação no entorno de Nunes é que Tarcísio, pupilo de Bolsonaro, busca ajudar o prefeito ao chamar para si a responsabilidade pela articulação para emplacar o coronel como vice, ao mesmo tempo em que atua para que o desejo do ex-presidente se concretize.

O governador, que completou 49 anos, organizou o jantar e entrou em contato com os dirigentes partidários. Entre os convidados estavam Valdemar Costa Neto (PL), Marcos Pereira (Republicanos), Renata Abreu (Podemos), Paulinho da Força (Solidariedade), Ciro Nogueira (PP) e Gilberto Kassab (PSD) e Baleia Rossi (MDB), todos eles presidentes nacionais de seus respectivos partidos.

A imprensa não foi autorizada a entrar no Palácio dos Bandeirantes, nem mesmo no estacionamento. Ao final, o governador e o prefeito trouxeram bolo e salgadinhos para os repórteres que aguardavam a entrevista.

Tarcísio, inicialmente, preferia que a vereadora Sonaira Fernandes (PL) fosse a vice, mas mudou de postura recentemente e passou a endossar o nome apresentado por Bolsonaro. O entorno de Nunes também não via Mello Araújo com bons olhos por considerá-lo um extremista pouco conhecido que poderia dificultar a obtenção de votos no centro.

O cenário mudou com a entrada de Marçal na disputa. A chegada do coach aumentou a pressão para Nunes aceitar a indicação de Bolsonaro. Diante do desempenho do pré-candidato do PRTB nas pesquisas, a avaliação entre aliados do prefeito passou a ser que era importante garantir o apoio do ex-presidente para evitar a migração de votos dos eleitores bolsonaristas para o coach.

Pesquisa Atlas/CNN divulgada nesta quarta-feira aponta que Guilherme Boulos lidera com 35,7%, seguido de Nunes com 23,4% e Marçal com 12,6%.

Nunes participou do jantar acompanhado do ex-governador Rodrigo Garcia, coordenador do plano de governo, Bolsonaro não compareceu porque não pode manter contato com Valdemar devido a uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), em meio a investigações sobre uma suposta tentativa de golpe de Estado.

A bancada do PL na Câmara Municipal divulgou nesta quarta que estaria aberta a discutir outros nomes, como Sonaira, Rute e a delegada Raquel Gallinati (PL). "Apesar de não ter nada contra a indicação do presidente Jair Bolsonaro, o coronel Mello, estamos abertos ao diálogo com os partidos que compõem a base para abordarmos outras sugestões", diz o texto.

Segundo fontes próximas ao prefeito, o único outro nome realmente cogitado para ser vice foi o do secretário de Relações Internacionais, Aldo Rebelo (MDB), mas a articulação naufragou depois que ele se recusou a ir para o Republicanos dentro do prazo de filiação partidária para concorrer em outubro.

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Pelo menos 68 pessoas morreram e outras 47 ficaram feridas após um bombardeio dos EUA à província de Saada, no Iêmen, segundo os rebeldes Houthis afirmaram nesta segunda-feira, 28. O Departamento de Defesa dos Estados Unidos não comentou o caso.

Imagens transmitidas pelo canal de notícias por satélite al-Masirah, controlado pelos rebeldes, mostram corpos e feridos no local, atingido no domingo, 27. O Ministério do Interior do país afirmou que havia cerca de 115 migrantes detidos no local, uma prisão de migrantes africanos.

Na mesma noite, ataques aéreos dos EUA dirigidos à capital do Iêmen, Sanaã, mataram ao menos outras oito pessoas, segundo os Houthis.

Em comunicado divulgado também na noite do domingo, o Departamento de Defesa dos EUA afirmou que a "Operação Roughrider" havia "eliminado centenas de combatentes Houthis e diversos líderes", inclusive associados a programas de mísseis e drones. Nenhum nome foi revelado.

O Exército americano reconheceu ter realizado mais de 800 ataques individuais durante a campanha de um mês.

Este é o mais recente episódio em uma guerra que já dura uma década e continua fazendo vítimas entre migrantes da Etiópia e de outras nações africanas que atravessam o país em busca de uma oportunidade de trabalho na vizinha Arábia Saudita.

Investida norte-americana

Os Estados Unidos têm atacado os Houthis em resposta aos ataques do grupo contra a navegação no Mar Vermelho - uma rota comercial crucial - e também contra Israel. Eles são o último grupo militante do chamado "Eixo da Resistência" do Irã que consegue atacar regularmente Israel.

Os ataques norte-americanos estão sendo conduzidos a partir de dois porta-aviões na região: o USS Harry S. Truman, no Mar Vermelho, e o USS Carl Vinson, no Mar Arábico. Em 18 de abril, um ataque americano ao porto de combustível de Ras Isa matou pelo menos 74 pessoas e feriu outras 171, sendo o ataque mais letal já conhecido da campanha americana.

A investida ao porto foi justificada pelos EUA como forma de "destruir a capacidade do porto de Ras Isa de receber combustível, o que começará a afetar a capacidade dos Houthis não apenas de realizar operações, mas também de gerar milhões de dólares para suas atividades terroristas", informou.

Enquanto isso, os rebeldes têm intensificado o controle da informação nos territórios sob seu domínio. No domingo, 27, emitiram um aviso determinando que todos os que possuírem receptores de internet via satélite Starlink "entreguem imediatamente" os dispositivos às autoridades.

"Uma campanha de campo será implementada em coordenação com as autoridades de segurança para prender qualquer pessoa que venda, negocie, use, opere, instale ou possua esses terminais proibidos", alertaram.

Os terminais Starlink têm sido fundamentais para a Ucrânia na luta contra a invasão russa em larga escala e também foram contrabandeados para o Irã durante protestos no país. (Com agências internacionais).

O provável próximo chanceler da Alemanha, Friedrich Merz, demonstrou nesta segunda-feira, 28, dúvidas sobre o futuro da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). "Não sabemos se a Otan continuará existindo nas próximas décadas", disse. Ao discursar no Comitê Federal da União Democrata Cristã (CDU), ele acrescentou que "teremos que passar muitos anos construindo as capacidades de defesa práticas e mentais da Alemanha".

"Estamos diante do maior desafio que as sociedades livres enfrentaram nos últimos 75 anos. Não sabemos se a aliança permanecerá como é nas próximas décadas. Por isso, precisamos priorizar corretamente: a segurança externa é condição essencial para tudo o mais - política interna, economia, meio ambiente, política social. Mas os desafios internos também são imensos", afirmou.

Para Merz, o maior desafio é a guerra na Ucrânia. "Essa guerra não é apenas contra a Ucrânia, mas contra toda a ordem política da Europa. O combate da Ucrânia contra a agressão russa é, também, a defesa da paz e da liberdade em nosso país", declarou.

O líder da CDU também ressaltou que o apoio à Ucrânia é um esforço conjunto da Europa e dos EUA. "Não somos parte do conflito, mas também não somos neutros: estamos ao lado da Ucrânia." Merz ainda afirmou que não aceitará o que chamou de "paz ditada", nem a "legitimação de conquistas territoriais militares contra a vontade da Ucrânia". "Esperamos que a Europa e os EUA mantenham essa postura no futuro."

O presidente do Conselho Europeu, António Costa, destacou que "não há indícios de qualquer ciberataque" sobre o apagão que afeta países da Europa nesta segunda-feira, 28, em especial Espanha e Portugal.

Em publicação no X, Costa afirmou que está em contato com o premiê espanhol, Pedro Sánchez, e com o primeiro-ministro português, Luís Montenegro, "sobre as interrupções de energia generalizadas na Espanha e em Portugal hoje". Ele informou que as operadoras de rede dos dois países estão trabalhando para encontrar a causa do problema e restaurar o fornecimento de eletricidade.

A operadora de energia da Espanha disse que o restabelecimento do fornecimento de eletricidade pode levar de 6 a 10 horas. Enquanto isso, a distribuidora de Portugal fala em "até uma semana".