Capitalização de juros e quebra de sigilo telefônico estão na pauta da semana do STF

Política
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O Supremo Tribunal Federal (STF) analisa nesta semana a constitucionalidade da cobrança de juros capitalizados por instituições financeiras, a dispensa de licitação para contratação de serviços jurídicos e o bloqueio de verbas da Empresa de Obras Públicas do Estado do Rio de Janeiro (Emop) para pagamento de verbas trabalhistas. Os três processos são julgados no plenário virtual que vai até sexta-feira, 28.

No plenário físico, a Corte pode julgar uma ação do Google que questiona a possibilidade de quebrar sigilo telefônico de um conjunto não identificado de pessoas.

Antes, contudo, deve terminar o julgamento que discute a descriminalização do porte de drogas para consumo próprio.

Plenário físico

Quebra de sigilo

Também está na pauta da semana uma ação do Google que questiona a possibilidade de quebrar sigilo telefônico de um conjunto não identificado de pessoas.

O recurso foi apresentado contra decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que validou a quebra de sigilo de pessoas que fizeram pesquisas sobre a Marielle Franco nos quatro dias anteriores ao assassinato.

Plenário virtual

Cobrança de juros capitalizados

No plenário virtual, os ministros analisam norma vigente há mais de 24 anos que autoriza as instituições financeiras a cobrarem juros capitalizados (juros sobre juros) em suas operações de crédito.

A ação foi ajuizada pelo PL, que argumenta que a prática é "nefasta e onerosa para o homem médio" e "representa cobrar de um montante que a instituição financeira não emprestou".

Por outro lado, a Advocacia-Geral da União (AGU) e o Banco Central defendem a manutenção da norma sob o argumento de que a jurisprudência permite a capitalização de juros.

"Alterar a jurisprudência da Corte nesse momento geraria enorme insegurança jurídica, com efeitos deletérios para todo o sistema financeiro nacional", sustentou o advogado da União Thiago Leite em manifestação enviada à Corte.

Como possíveis efeitos da anulação da norma, o Banco Central menciona a elevação no curto prazo das taxas praticadas, o desestímulo ao alongamento de prazos, a penalização de pagadores adimplentes, a necessidade de adequação de sistemas e manuais com custo repassado aos clientes e o descasamento entre captação de recursos e sua aplicação, "implicando em riscos reais à solidez de todo o sistema financeiro nacional".

Até o momento, há quatro votos para negar a ação.

Dispensa de licitação para serviços jurídicos

A Corte ainda analisa a possibilidade de dispensa de licitação para contratação de serviços jurídicos por entes públicos. O caso começou no Superior Tribunal de Justiça (STJ), que declarou a nulidade de um contrato firmado entre uma sociedade de advogados e o município de Itatiba (SP) e condenou as partes por prática de improbidade administrativa.

Os advogados recorreram ao Supremo, que reconheceu a repercussão geral do tema. Com isso, o resultado servirá de orientação para todos os julgamentos que tratam da mesma questão.

O ministro Dias Toffoli, relator do caso, votou para acolher os recursos e derrubar a decisão do STJ. Ele entendeu que a contratação de serviços jurídicos sem licitação é válida, desde que atenda a alguns critérios, como a cobrança de preço compatível com o praticado pelo mercado. Até o momento, Toffoli foi seguido pelos ministros Flávio Dino e Alexandre de Moraes.

Bloqueio de verbas da Emop

A Corte ainda analisa ação do governo do Rio de Janeiro que contesta decisões da Justiça do Trabalho que determinaram o bloqueio ou penhora de valores das contas da Empresa de Obras Públicas do Estado do Rio de Janeiro (Emop) para pagamento de verbas trabalhistas.

O relator, Kássio Nunes Marques, votou para acolher o pedido e cassar as decisões e foi seguido por Dino e Moraes.

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva classificou como "grotesca" a cena em que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, bate boca com o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, no Salão Oval da Casa Branca. Segundo o petista, o ucraniano foi humilhado. Lula falou a jornalistas em Montevidéu, no Uruguai, onde foi acompanhar a posse do novo presidente do país, Yamandú Orsi.

"Desde que a diplomacia foi criada não se via uma cena tão grotesca, tão desrespeitosa como aquela que aconteceu no Salão Oval da Casa Branca. Eu acho que há uma parcela da sociedade que vive do desrespeito aos outros, e não é possível a gente falar em democracia se não há respeito aos outro ser humano. Acho que o Zelenski foi humilhado. Acho que na cabeça do Trump o Zelenski merecia isso", declarou o petista.

Na sexta-feira, 28, Zelenski foi até a Casa Branca, sede do governo dos Estados Unidos, se reunir com Donald Trump. No único momento televisionado da agenda, Zelenski demonstrou incômodo com fala do vice-presidente americano, JD Vance, que criticou o apoio dado por Joe Biden à Ucrânia e defendeu diálogo com o presidente russo, Vladimir Putin. A conversa esquentou e Trump levantou a voz.

"Você não sabe disso. Não nos diga o que vamos sentir. Estamos tentando resolver um problema. Não nos diga o que vamos sentir. Porque você não está em posição de ditar isso", declarou o presidente americano depois de Zelenski sugerir que a Rússia poderia entrar em conflito com os Estados Unidos no futuro. Vance cobrou gratidão aos Estados Unidos de Zelenski, que foi interrompido diversas vezes.

Zelenski disse que a Ucrânia estava lutando sozinha, e Trump declarou que não era verdade. Afirmou que o país recebeu dos Estados Unidos um "presente estúpido" de US$ 350 bilhões em ajuda na guerra. "Você tem que ser grato. Você não tem as cartas, está encurralado, seu povo está morrendo. Você está ficando sem soldados", declarou Trump. Em determinado momento, Donald Trump tirou os jornalistas do Salão Oval. Depois, foi Zelenski quem saiu.

"Conversei com o presidente da Alemanha sobre a situação da Europa, sobre a visão que eles têm do comportamento do Trump com relação ao Zelenski e sobre o futuro da guerra da Rússia e da Ucrânia", disse Lula, que mais cedo neste sábado teve uma reunião com o político europeu, Frank-Walter Steinmeier.

"Durante muito tempo a União Europeia defendia que era preciso conversar só com o Zelenski e não com o Putin. Agora que o Trump conversou com o Putin, a União Europeia quer que o Zelenski participe. Eu acho que não tem paz se não tiver a participação dos dois presidentes que estão em conflito", disse Lula.

"E eu disse ao presidente da Alemanha: é bem possível que a Europa fique responsável pela reconstrução da Ucrânia. É bem possível que a Europa fique responsável pela manutenção da Otan. É bem possível que a Europa seja responsabilizada pelo desastre que está acontecendo. Quando na verdade não é um problema de nenhum país, é um problema de responsabilidade de gente que não quer discutir a paz e quer discutir guerra", declarou o presidente brasileiro.

A Rússia disse neste sábado, 1, que abateu três drones ucranianos que miravam parte da infraestrutura do gasoduto TurkStream, que transporta gás pelo Mar Negro até a Turquia e a Europa. O Ministério da Defesa russo afirmou que os drones tinham como alvo uma estação de compressão na região de Krasnodar, no sul do país. Em janeiro, as Forças Ucranianas tentaram atingir a mesma estação, segundo as autoridades russas. As alegações não puderam ser confirmadas de forma independente, e não houve comentário imediato da Ucrânia.

Em chamada telefônica entre os ministros das Relações Exteriores da Rússia e da Turquia, Sergey Lavrov e Hakan Fidan, respectivamente, o russo pediu ao colega o uso das "capacidades disponíveis de Ancara nas negociações com Kiev para impedir tais tentativas", de acordo com um comunicado. Hakan Fidan garantiu que as ações necessárias seriam tomadas, segundo a nota.

Antes da invasão russa, 40% do gás natural da União Europeia era fornecido pela Rússia por meio de gasodutos. Grande parte desses fluxos foi interrompida desde então, com as exportações da Noruega e dos Estados Unidos suprindo a lacuna deixada. O gasoduto TurkStream continua enviando gás para a Hungria, membro da União Europeia, além de Turquia e Sérvia.

*Com informações de Associated Press.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva teve encontros com dois líderes internacionais neste sábado, 1, no Uruguai, de acordo com duas notas divulgadas pela assessoria de comunicação do Palácio do Planalto. Ele se reuniu com o presidente da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier e com a candidata a presidente do Equador Luisa González, ambos de partidos de esquerda.

"Discutimos a importância dos países da América Latina e da União Europeia atuarem em defesa da democracia e do multilateralismo. A Alemanha é um parceiro essencial do Brasil na promoção do acordo Mercosul - União Europeia, no esforço de combate à mudança do clima e em prol do sucesso da COP30", disse Lula, em nota, sobre a conversa com o alemão.

"Tratamos do contexto político na América do Sul. Expressamos nossa concordância na importância do fortalecimento da democracia e da justiça social no continente. Desejo que as eleições no segundo turno no Equador transcorram de forma pacífica e dentro da normalidade, e que a vontade do povo equatoriano prevaleça", afirmou o petista, também em nota, sobre o encontro com Luisa González. Neste caso, a nota também diz que a reunião foi realizada a pedido da equatoriana.

Lula está no Uruguai para acompanhar a posse do novo presidente do país, Yamandú Orsi. A cerimônia está marcada para 14h na Assembleia Geral do Poder Legislativo uruguaio, em Montevidéu. Orsi é da Frente Ampla, coalizão de esquerda e centro-esquerda cujo líder mais conhecido é o ex-presidente do Uruguai Pepe Mujica.