Bolsonaro ignora indiciamento pela PF e critica imprensa e PT na CPAC: 'Não vão me desgastar'

Política
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O ex-presidente Jair Bolsonaro ignorou as acusações que pesam contra ele em seu primeiro discurso após o indiciamento pela Polícia Federal no caso das joias sauditas, revelado pelo Estadão em março do ano passado. Em breve fala, ele criticou o PT, a quem chamou de "partido do trambique" e a imprensa, especificamente a Rede Globo.

A fala de Bolsonaro abriu a Conferência de Política Ação e Conservadora (CPAC Brasil) na manhã deste sábado, 6, em Balneário Camboriú. "Não tenho ambição pelo poder, tenho obsessão pelo Brasil, em que pese qualquer outras questões que nos atrapalhe", afirmou.

Ele também disse que está à disposição para ser sabatinado ao vivo em um canal de televisão, mas não citou que seria a Globo. "Se acha que vão me desgastar, as redes foi o primeiro pronunciamento público de Bolsonaro desde que foi indiciado pela PF na quinta-feira, 4, pelos supostos crimes de peculato, associação criminosa e lavagem de dinheiro no caso das joias sauditas. A Polícia, apontou indícios de que o ex-presidente e 11 aliados, também indiciados, 'atuaram para desviar presentes de alto valor recebidos em razão do cargo pelo ex-presidente para posteriormente serem vendidos no exterior'.

O discurso de Bolsonaro abriu a CPAC Brasil, evento conservador que terá Javier Milei, o ultraliberal presidente da Argentina, como principal atração de sua quinta edição.

Os outros discursos iniciais, que seguiram o de Bolsonaro, tentaram mobilizar o público presente e passar a ideia que o bolsonarismo retornará ao poder em 2026. O ex-chefe do Executivo disse ainda que a direita ficará "ainda mais unida" depois do evento, momento em que o público pediu "volta, Bolsonaro". Ele está inelegível e não poderia, neste momento, disputar a eleição de 2026.

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), um dos organizadores da CPAC Brasil, disse que a conferência será um divisor de águas. "Nós voltaremos ao poder. Não parar, não precipitar, não retrocedeer", declarou.

Anfitrião, o governador de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL-SC) comemorou que o Estado tem o menor número de beneficiários do Bolsa Família no País e atribuiu a qualidade de vida local ao fato de o PT nunca ter comandado o governo estadual.

A organização divulgou que os portões do Expocentro, sede do evento, seriam abertos às 7h15, mas houve atraso e a entrada foi liberada apenas por volta de 8h. Parte do público que aguardava no local esperou na chuva.

A reportagem do Estadão presenciou um homem com uma mala que conseguiu burlar a revista por detectores de metal. Ele fez uma pergunta ao segurança, que não soube responder e indicou que ele procurasse a mesa onde é feito o credenciamento do público. Outro homem que estava na fila alertou o segurança que o rapaz não havia sido revistado e manifestou preocupação que ele fosse um "infiltrado" de esquerda. Nada foi feito.

Balneário Camboriú sedia evento conservador com Bolsonaro e Milei

Balneário Camboriú tem 140 mil habitantes, está localizada ao norte da capital Florianópolis e deu 75% dos votos a Jair Bolsonaro na eleição de 2022 e deve ser a "quarta sede" do clã, uma vez que Jair Renan Bolsonaro (PL-SC), quarto filho do ex-presidente, vai se lançar à Câmara Municipal.

Enquanto isso, seus irmãos estão vinculados a endereços em São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, os principais centros do poder nacional.

Os ingressos para o evento foram vendidos a R$ 250 e esgotaram. O link para a transmissão online é vendido no site da CPAC por R$ 21,90, contudo, o link oferecido foi testado pela equipe do Estadão na manhã deste sábado e estava fora do ar. Ao mesmo tempo, a organização do evento disponibilizou uma transmissão gratuita pelo YouTube, apesar de ainda anunciar, em seu site, que o acesso à transmissão seria liberado mediante à compra.

Milei, que participou da conferência em 2021 na cidade de Campinas (SP), ainda como deputado, tem chegada prevista na cidade para às 22h deste sábado, quando deve participar de um jantar com Bolsonaro, os governadores Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) e Jorginho Mello (PL-SC), deputados bolsonaristas de todo o Brasil e empresários.

O argentino não se encontrará com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o que é considerado uma quebra de protocolo diplomático. Na semana passada, o petista disse que o presidente da Argentina deveria pedir desculpas pelas "bobagens" que falou sobre ele e o Brasil. Milei, contudo, voltou a repetir que Lula é "comunista" e "corrupto".

Na sexta-feira, o porta-voz do governo argentino, Manuel Adorni, que também participará do evento, disse que Milei não se encontrará com Lula porque as agendas em Santa Catarina são "prioritárias" para ele. O líder do país vizinho cancelou a participação na Cúpula do Mercosul, que será realizada na segunda-feira, 8, no Paraguai.

A previsão é de que Milei realize a palestra de encerramento do evento no domingo. Ele deve ficar no mesmo hotel em que Bolsonaro e aliados estão hospedados, na Avenida Atlântica. Bandeiras do Brasil e da Argentina foram penduradas no hall de entrada.

A CPAC foi criada em 1974 nos EUA e sua versão brasileira é realizada desde 2019. Os organizadores no País são o Instituto Conservador Liberal, presidido pelo advogado Sérgio Santana, e o deputado federal Eduardo Bolsonaro.

O objetivo do evento é dar destaque para líderes conservadores e de extrema-direita de países da América do Sul, A estratégia também envolve políticos dos Estados Unidos e de países europeus onde extremistas de direita ascenderam ao poder nos últimos anos, como Polônia, Hungria e Holanda.

Políticos desses países também estarão presentes na CPAC. A organização, porém, tem destacado as palestras do chileno José Antonio Kast, político de extrema-direita que deve tentar pela terceira vez ser presidente de seu país após fracassar em 2017 e 2021, e do ministro da Justiça de El Salvador, Gustavo Vilatoro. Ele é um dos responsáveis por implementar a política de prisões em massa adotada pelo governo de Nayib Bukele.

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Um juiz de Nova York adiou nesta sexta-feira, 22, a sentença do presidente eleito Donald Trump no caso do pagamento de suborno à atriz pornô Stormy Daniels, no qual ele foi considerado culpado em 34 acusações em maio. A sentença estava marcada para a semana que vem, mas fica suspensa até os promotores e os advogados decidirem o que deve acontecer com o caso agora que o republicano volta a ser presidente.

A decisão do juiz já era esperada desde a vitória de Trump e congela o processo até 2 de dezembro, mesmo dia em que o procurador federal que processa Trump em Washington e na Flórida deve expor os planos para resolver esses casos. A sentença foi adiada outras duas vezes antes da eleição.

Os advogados de Donald Trump querem que o caso seja arquivado de forma definitiva e imediata. Eles defendem que o contrário interfere na transição presidencial e nos deveres do presidente.

Os promotores indicaram que estão abertos a suspender o caso, ao menos enquanto Trump chefiar a Casa Branca. Eles não parecem estar dispostos a descartar todo o processo. Segundo o promotor de Manhattan, Alvin Bragg, filiado ao Partido Democrata, a solução precisa equilibrar a responsabilidade do presidente com "a santidade do veredito do júri".

O escritório de Bragg se recusou a comentar a decisão desta sexta-feira. O porta-voz de Trump e novo diretor de comunicações da Casa Branca, Steven Cheung, chamou a suspensão de vitória decisiva para o republicano.

Até agora, o juiz do caso, Juan Merchan, não decidiu se congela de vez o caso ou o arquiva. Ele apenas disse nesta sexta que os advogados de Trump poderiam buscar o arquivamento de maneira formal e que a sentença estaria suspensa enquanto isso.

A batalha sobre o arquivamento do caso pode se estender por meses ou mais e chegar à Suprema Corte dos EUA. Se ele perder nos tribunais, Trump poderá ser condenado assim que deixar o cargo. Ele pode pegar até quatro anos de prisão.

Trump foi condenado por falsificar os registros financeiros de sua empresa para esconder a verdadeira natureza de uma série de pagamentos à atriz pornô Stormy Daniels, que totaliza US$ 130 mil (R$ 755 mil). Ela recebeu o dinheiro por meio do então advogado de Trump durante os últimos dias da campanha presidencial de 2016.

O pagamento foi feito para comparar o silêncio de Stormy sobre um encontro sexual que ela diz ter tido com Trump uma década antes. Ele nega a alegação e diz que não fez nada de errado. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

Cerca de 2,7 milhões de cidadãos estão sendo convocados para o segundo turno das eleições presidenciais do Uruguai neste domingo, 24. Yamandú Orsi, candidato esquerdista da Frente Ampla, e Álvaro Delgado, sucessor do Partido Nacional disputam o cargo de presidente que será deixado por Luis Lacalle Pou. As eleições estão decorrendo tranquilamente, demonstrando como o Uruguai se estabeleceu como uma democracia sólida.

Orsi tem como proposta de plano econômico do país a redistribuição de renda, incluindo o aumento de salários. Da mesma forma, o candidato afirmou que é necessário fortalecer as atividades consideradas vitais para o país como a agricultura, o turismo e a indústria, bem como pequenas empresas. Se apresentando como um representante da "esquerda moderna", considera que terá condições ideais de governar graças à maioria conquistada pela Frente Ampla no Senado uruguaio.

Delgado, por outro lado, aposta no legado deixado por seu antecessor, Lacalle Pou, que sai com 50% de aprovação do governo. Entre suas propostas está a continuidade de políticas como o controle do gasto público para atingir um Estado mais eficiente, além de uma controversa Reforma Previdenciária para garantir o aumento do poder de compra dos cidadãos.

No primeiro turno, a Frente Ampla terminou a votação com 15 pontos à frente do Partido Nacional. Entretanto, essa distância tende a diminuir devido aos votos do terceiro colocado, o Partido Colorado, que têm a tendência de migrar para o Partido Nacional. Mesmo assim, as projeções apontam uma vitória de Orsi. Tudo pode acontecer já que as pesquisas revelaram que cerca de 10% dos eleitores ainda não tinham decidido seu candidato.

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, ordenou a produção em série do novo míssil hipersônico russo, apelidado de Oreshnik. A arma foi utilizada pela primeira vez nesta quinta-feira, 21, contra uma fábrica militar da Ucrânia, e surpreendeu pela capacidade de carregar mais de uma ogiva e atingir múltiplos alvos.

Em reunião com autoridades militares nesta sexta-feira, 22, Putin descreveu o uso na Ucrânia como bem-sucedido e disse que a nova arma mostra a superioridade militar da Rússia no conflito. Segundo ele, nenhum sistema de defesa em operação é capaz de interceptar o míssil Oreshnik ("Avelã", em russo), que viaja a uma velocidade dez vezes superior à velocidade do som.

O líder russo já havia falado sobre o Oreshnik nesta quinta, depois de a Ucrânia acusar a Rússia de lançar um míssil balístico intercontinental (ICBM), uma arma de longo alcance com capacidade para carregar múltiplas ogivas nucleares. Em um discurso na TV, Putin disse que se tratava de um novo míssil de médio alcance e que a decisão de utilizá-lo foi uma resposta ao uso de armas dos Estados Unidos e do Reino Unido em ataques da Ucrânia realizados dentro do território russo.

Nesta sexta, ele elogiou os cientistas e os militares russos e disse que o Oreshnik é "vital" para o país. "Temos que iniciar a produção em série. A decisão (...) já foi tomada", declarou. "O sistema Oreshnik não é uma arma estratégica, em todo caso, não é um míssil balístico intercontinental, não é um meio de destruição em massa, inclusive porque também é uma arma de alta precisão", acrescentou.

Os vídeos do ataque russo na Ucrânia com o Oreshnik mostram que a arma é capaz de atingir mais de um alvo num mesmo ataque. Isso acontece pela capacidade do míssil carregar mais de uma ogiva, de modo semelhante ao ICBM. Segundo Putin, as ogivas utilizadas não eram nucleares e sim tradicionais. Os danos causados por elas são causados pela velocidade hipersônica com que atingem o solo.

Segundo o Kremlin, as autoridades ocidentais foram avisadas sobre o teste do Oreshnik antes do ataque através dos canais de dissuasão de ameaça nuclear, que fazem o aviso automaticamente. Por causa das ogivas múltiplas, a Ucrânia chegou a acusar a Rússia de realizar um ataque com o ICBM, que pode carregar ogivas nucleares. As autoridades ocidentais negaram de imediato.

Na reunião com os militares, Putin ainda afirmou que nenhum outro país possui uma arma semelhante ao Oreshnik no momento. "Ninguém no mundo tem essas armas ainda. Sim, mais cedo ou mais tarde aparecerá noutros países líderes, sabemos quais os desenvolvimentos que estão a ser realizados. Mas será amanhã, ou em um ano, ou em dois. E temos esse sistema hoje. E isso é importante", declarou.

Doutrina nuclear

O uso de mísseis balísticos intercontinentais é bem mais grave do que outros tipos de armamento por conta das ogivas nucleares que estes mísseis podem transportar. O lançamento destas armas seria um lembrete da capacidade nuclear da Rússia e uma sinalização de uma possível escalada ainda maior na guerra.

Na terça-feira, 19, A Ucrânia disparou seis mísseis ATACMS fabricados nos EUA contra a região russa de Bryansk. O lançamento ocorreu dias depois de o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, ter permitido o uso de mísseis de longo alcance fabricados nos EUA em ataques dentro do território russo.

Também no dia 19 de novembro, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, assinou uma revisão da doutrina nuclear russa que amplia as circunstâncias nas quais Moscou pode lançar um ataque atômico contra a Ucrânia e a Otan. O líder russo declarou que um ataque com armas convencionais à Rússia por qualquer nação que seja apoiada por uma potência nuclear será considerado um ataque conjunto ao seu país.

De acordo com as mudanças, um grande ataque à Rússia com mísseis convencionais, drones ou aeronaves poderia atender aos critérios para uma resposta nuclear, assim como um ataque à Belarus ou qualquer ameaça crítica à soberania da Rússia.

Nesta quinta-feira, 21, Putin voltou a falar sobre a possibilidade de usar armas contra os países que fornecem as armas para a Ucrânia utilizar dentro do território russo. "Consideramos que temos o direito de usar as nossas armas contra alvos militares dos países que permitem o uso das suas armas contra os nossos alvos", disse. "No caso de uma escalada de ações agressivas, responderemos de forma igualmente decisiva e espelhada", acrescentou. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)