Ramagem é oficializado à prefeitura do Rio após receber apoio tímido de Bolsonaro

Política
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times
O deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), foi oficializado nesta segunda-feira, 22, como o nome do PL que vai disputar a prefeitura do Rio de Janeiro nas eleições municipais deste ano. Ramagem foi mantido como pré-candidato do partido, com o aval do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), após vir à tona a gravação de uma reunião em que o ex-chefe do Executivo discute um plano para anular o inquérito das "rachadinhas" - investigação que fechou o cerco a Flávio Bolsonaro (PL-RJ).

O diretório do PL no Rio de Janeiro confirmou Ramagem após a candidatura do deputado ser colocada em xeque depois de o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), retirar o sigilo do áudio da reunião entre o ex-presidente, o general Augusto Heleno (então chefe do Gabinete de Segurança Institucional) e o ex-chefe Abin e revelar o suposto esquema.

Prevaleceram os planos do senador Flávio Bolsonaro, mentor da indicação de Ramagem ao posto. O filho "01" do ex-chefe do Executivo é considerado a ponte entre o ex-diretor da Abin e Bolsonaro. Flávio saiu em defesa de Ramagem após o áudio investigado e tratou de colocar panos quentes na irritação causada pelo deputado no chefe do clã da zona oeste do Rio.

Na cerimônia protocolar desta segunda, entre os filiados ao PL no Rio, Ramagem sentou-se ao lado de outro filho do ex-presidente e seu amigo pessoal: o vereador Carlos Bolsonaro. O parlamentar é outro entusiasta da candidatura do ex-diretor da Abin. Em um rápido discurso, Carlos disse que a eleição deste ano "é o momento" de os filiados da sigla "mostrarem de que lado estão".

"Eu vim de um caminho, de um lugar, que mal ou bem, me fez chegar onde eu cheguei, Ramagem. Minha experiência, que eu compartilho com os senhores um pouquinho, é um pouquinho de esperança. Por quê? Eu jamais vi num momento da história ao longo dos meus sete (mandatos), um momento tão importante e significativo para cada um dos senhores que está sentado aqui de mostrar, realmente, de que lado vocês estão. Não trata-se de divisão, mas apenas de visão política. E isso vai ser decisivo nestas eleições", afirmou Carlos.

Uma das lideranças do partido no Rio, o deputado federal Luiz Lima, que foi o candidato bolsonarista nas eleições municipais passadas pelo PSL, afirmou que os pré-candidatos precisam "dosar uma porção de agressividade e estratégia".

"Vocês vão enfrentar alguns obstáculos pela frente, então rezem bastante. Muita calma. Tentem dosar uma porção de agressividade e estratégia, o tempo todo", aconselhou.

A Polícia Federal (PF) cumpriu cinco mandados de prisão preventiva na Operação Última Milha - investigação sobre monitoramento ilegal de autoridades públicas e produção de notícias falsas pela Abin do governo Bolsonaro. Ramagem e influenciadores do "gabinete do ódio", grupo revelado pelo Estadão em 2019, estavam entre os alvos.

Três dias após a divulgação da gravação, Bolsonaro pôs fim às especulações sobre uma possível troca de candidato na disputa pela prefeitura e gravou um vídeo, na quarta-feira, 17, em apoio ao ex-diretor da Abin. O ex-presidente anunciou uma série de agendas de pré-campanha no Rio de Janeiro entre quinta-feira, 18, e sábado, 20, ao lado de Ramagem e aliados no Estado berço do bolsonarismo.

Como mostrou o Estadão, o ex-presidente se irritou com Ramagem após a informação de que a Polícia Federal encontrou o áudio da reunião, mas que o PL pretendia manter a candidatura de Ramagem mesmo com o avanço das investigações que apuram um suposto esquema de espionagem ilegal na Abin.

Os atos de Bolsonaro na capital fluminense ao lado de Ramagem foram marcados pelo apoio tímido do ex-presidente ao pré-candidato do PL. O líder do clã da zona oeste do Rio, Ramagem, o governador Cláudio Castro (PL) e Flávio Bolsonaro adotaram uma narrativa de perseguição. E reforçaram o discurso ideológico que levou Bolsonaro à Presidência, com declarações contra o aborto, a descriminalização das drogas e a "ideologia de gênero".

A defesa mais contundente do ex-presidente a Ramagem ocorreu na quinta-feira, 18, durante o ato na Tijuca, na zona norte. Bolsonaro afirmou que o ex-diretor da Abin "paga um preço alto pela ousadia" de querer governar uma cidade como o Rio.

"O Ramagem, delegado da Polícia Federal, que eu conheci na transição em 2018, já começa a pagar um preço alto pela sua ousadia de querer, pensar, sonhar em administrar uma cidade com respeito, com honradez e com orgulho", afirmou o ex-presidente.

A três meses das eleições municipais, o atual prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), aparece com 53% das intenções de voto em levantamento do Datafolha divulgado em 5 de julho. Ramagem vem em seguida, mas com 9% - uma diferença de 44 pontos porcentuais.

Em outra categoria

Em resposta ao anúncio de um cessar-fogo de três dias feito pela Rússia para marcar o aniversário do fim da Segunda Guerra Mundial, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, acusou nesta segunda-feira, 28, o Kremlin de manipulação e exigiu um fim imediato e duradouro à guerra Rússia-Ucrânia.

"Agora, mais uma vez, vemos uma nova tentativa de manipulação: por alguma razão, todos deveriam esperar até 8 de maio e apenas então cessar o fogo, para garantir silêncio para Putin durante o desfile de comemoração do fim da Segunda Guerra", afirmou Zelensky. "Nós valorizamos a vida das pessoas, não desfiles."

O líder ucraniano destacou que qualquer trégua deve ser incondicional e prolongada, não apenas simbólica. "O fogo deve ser interrompido não por alguns dias, para depois voltar a matar, mas sim de forma imediata, completa e incondicional. E por no mínimo 30 dias, para que seja garantido e confiável. Só assim será possível criar uma base para uma diplomacia real", disse.

Zelensky também denunciou novos ataques russos contra civis, mesmo diante dos apelos internacionais pelo fim da guerra. "Mais uma vez, a Rússia atacou um alvo que não tem relação com a guerra, mas com as pessoas. E isso aconteceu em meio às exigências do mundo para que a Rússia encerre esta guerra", afirmou. "Cada novo dia é uma nova e clara prova de que é necessário aumentar a pressão sobre a Rússia, pressionar de forma significativa, para que, em Moscou, sejam obrigados a pôr fim a esta guerra, uma guerra que apenas a própria Rússia quer."

O presidente ucraniano reiterou a disposição do país em buscar a paz, mas acusou a Rússia de sabotar os esforços diplomáticos. "Sempre deixamos claro que estamos prontos para trabalhar o mais rapidamente possível com todos os parceiros que possam ajudar a estabelecer a paz e garantir a segurança. A Rússia rejeita constantemente essas iniciativas, manipula o mundo e tenta enganar os Estados Unidos", afirmou.

O Kremlin afirmou nesta segunda-feira, 28, que as relações com a Coreia do Norte continuarão a se desenvolver "dinamicamente em todas as áreas", após a participação de tropas norte-coreanas no combate a uma incursão ucraniana na região russa de Kursk. Em comunicado oficial, o governo russo destacou que suas Forças Armadas "derrotaram completamente" os grupos ucranianos que invadiram o território, encerrando o que classificou como uma "provocação criminosa" de Kiev.

A Rússia expressou confiança de que os laços entre Moscou e Pyongyang, "aprofundados no campo de batalha", seguirão se fortalecendo. "Estamos certos de que a amizade, a boa vizinhança e a cooperação entre nossas nações se desenvolverão com sucesso e dinamismo em todas as direções", afirmou o texto.

Segundo o Kremlin, unidades do exército da Coreia do Norte participaram ativamente da operação, em conformidade com o "Tratado de Parceria Estratégica Abrangente" assinado entre os dois países em junho de 2024. O comunicado citou o artigo 4 do acordo, que prevê "assistência militar imediata em caso de ataque armado" a uma das partes.

"Os amigos coreanos agiram com base em um senso de solidariedade, justiça e verdadeira camaradagem", destacou o Kremlin, acrescentando que a Rússia está "profundamente grata" ao líder Kim Jong Un, ao governo e ao povo norte-coreano. Moscou também elogiou o "heroísmo, treinamento e dedicação" dos soldados da Coreia do Norte, que lutaram "ombro a ombro" com as tropas russas.

"O povo russo nunca esquecerá o feito dos combatentes de elite coreanos. Honraremos eternamente seus heróis, que deram suas vidas pela Rússia e por nossa liberdade comum, assim como nossos irmãos de armas", concluiu o comunicado.

O ministro das Relações Exteriores chinês, Wang Yi, afirmou neste domingo, 27, que Pequim está acompanhando de perto o desenvolvimento da situação entre a Índia e o Paquistão, reiterando que a China entende as preocupações e apoia a segurança paquistanesa, mas que o conflito não atende aos interesses fundamentais dos países e nem é propício à paz e estabilidade regional.

Wang teve uma conversa telefônica com o vice-primeiro-ministro e ministro das Relações Exteriores do Paquistão, Ishaq Dar. "Esperamos que ambos os lados consigam exercer moderação, chegar a um acordo e trabalhar para acalmar a situação", disse ele em comunicado.

O ministro da Defesa do Paquistão, Khawaja Muhammad Asif, declarou hoje que uma incursão militar da Índia é iminente após um ataque mortal a turistas na Caxemira na semana passada, que resultou na morte de 26 pessoas.

Nesta segunda-feira, 28, pelo menos mais sete pessoas foram mortas e 16 ficaram feridas depois que uma bomba potente explodiu do lado de fora do escritório de um comitê de paz pró-governo em um antigo reduto do Talibã paquistanês, informou a polícia.