Corregedor homologa TAC e suspende apurações sobre desembargador da Lava Jato

Política
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times
O corregedor nacional de Justiça Luis Felipe Salomão suspendeu três apurações disciplinares sobre o desembargador Marcelo Malucelli - um dos personagens centrais em recente imbróglio da Operação Lava Jato na Justiça Federal do Paraná. A medida ocorre após o ministro homologar um Termo de Ajustamento de Conduta celebrado entre a Corregedoria e Malucelli.

Os procedimentos foram suspensos na última sexta-feira, 26, quando Salomão homologou o TAC de Malucelli. O acordo foi fechado com a Corregedoria durante audiência realizada no último dia 11. A homologação indica que o desembargador assumiu "obrigações" a serem cumpridas antes do eventual arquivamento dos pedidos de providências, mas o despacho não cita quais são as determinações, considerando o sigilo do caso.

A aprovação do TAC respinga em pedidos de providências movidas pelo senador Renan Calheiros, o advogado Rodrigo Tacla Duran (que foi alvo da Operação Lava Jato) e a própria Corregedoria Nacional de Justiça.

O termo também deve refletir sobre um pedido de investigação que partiu do senador Rogério Carvalho.

Malucelli foi o magistrado responsável por um despacho que gerou impasse sobre eventual prisão de Tacla Duran - alvo da extinta Lava Jato que fez acusações ao senador Sérgio Moro, ex-juiz da Operação, e ao ex-procurador Deltan Dallagnol. O caso chegou ao Supremo Tribunal Federal e colocou Malucelli na mira do CNJ - em procedimento agora suspenso.

Malucelli renunciou da relatoria da Lava Jato no TRF-4. Em meio ao impasse veio à tona que o desembargador é pai do advogado João Malucelli, sócio do escritório Wolff Moro, em Curitiba. Constam como sócios da banca a deputada Rosângela Moro e seu marido, Sérgio Moro - ambos declararam que estão afastados das atividades do escritório desde o início de seus respectivos mandatos.

Malucelli foi pivô, ainda que indiretamente, da decisão que declarou a suspeição do juiz Eduardo Appio, ex-titular da 13ª Vara Federal de Curitiba. Appio foi investigado por uma suposta 'ameaça' narrada pelo advogado João Malucelli, o filho do desembargador.

O juiz também fechou um acordo com o Conselho Nacional de Justiça, abrindo mão de chefiar as ações remanescentes da Lava Jato em Curitiba.

Em outra categoria

A Suprema Corte do Texas, nos EUA, adiou a execução programada para a noite de quinta-feira, 17, de um homem que seria a primeira pessoa nos Estados Unidos a ser executada por uma condenação de assassinato ligada a um diagnóstico de "síndrome do bebê sacudido".

A decisão de última hora para poupar, por enquanto, a vida de Robert Roberson, que foi condenado pelo assassinato de sua filha de 2 anos em 2002, encerrou uma série de recursos legais e semanas de pressão pública de deputados republicanos e democratas que afirmam que ele é inocente e foi enviado ao corredor da morte com base em ciência falha.

Nas horas que antecederam a decisão, Roberson estava confinado em uma cela a poucos metros da câmara de execução mais movimentada da América, na unidade Walls, em Huntsville, aguardando a confirmação de se seria levado para morrer por injeção letal. "Ele ficou chocado, para dizer o mínimo", disse Amanda Hernandez, porta-voz do Departamento de Justiça Criminal do Texas, que conversou com Roberson após o tribunal suspender sua execução.

"Ele agradeceu a Deus e aos seus apoiadores. E basicamente foi o que ele disse." Hernandez informou que Roberson seria transferido de volta para a Unidade Polunsky, cerca de 72 quilômetros a leste, onde está localizado o corredor da morte masculino do Estado.

Roberson, de 57 anos, foi condenado pelo assassinato de sua filha, Nikki Curtis, na cidade de Palestine, no leste do Texas. Seus advogados e alguns especialistas médicos dizem que sua filha não morreu por abuso, mas por complicações relacionadas à pneumonia.

Aliança entre republicanos e democratas

É raro que a Suprema Corte do Texas - o mais alto tribunal civil do Estado - intervenha em um caso criminal. Mas a forma como o tribunal, todo composto por republicanos, interrompeu a execução de Roberson nas últimas horas ressaltou as manobras de uma coalizão bipartidária de deputados da Câmara estadual que vieram em sua defesa.

Rejeitados pelos tribunais e pela junta de condicional do Texas em seus esforços para poupar a vida de Roberson, os deputados estaduais tentaram uma abordagem diferente na quarta-feira: emitiram uma intimação para Roberson testemunhar perante um comitê da Câmara na próxima semana, dias após sua execução estar programada para ocorrer. O plano incomum para ganhar tempo, alguns admitiram, nunca havia sido tentado antes. Eles argumentaram que executar Roberson antes que ele pudesse oferecer seu depoimento violaria a autoridade constitucional da Legislatura.

Menos de duas horas antes da execução de Roberson, um juiz em Austin deu razão aos deputados e suspendeu a execução, mas isso foi revertido por um painel de apelação. A Suprema Corte do Texas então interveio com sua ordem, encerrando uma noite de incerteza. Roberson deve testemunhar perante o comitê na segunda-feira.

"Este é um homem inocente. E há muitas dúvidas sobre este caso", disse o deputado estadual democrata John Bucy. "Concordo que esta é uma decisão única hoje. Sabemos que isso ainda não está resolvido. Ele tem uma experiência única para compartilhar e precisamos ouvir esse testemunho no comitê na segunda-feira."

Governador e Suprema Corte não agiram

O governador Greg Abbott tinha a autoridade para adiar a punição de Roberson por 30 dias. Abbott suspendeu apenas uma execução iminente em quase uma década como governador e não se pronunciou publicamente sobre o caso. Mais cedo, na quinta-feira, a Suprema Corte dos EUA recusou suspender a execução, embora a juíza Sonia Sotomayor - em uma declaração de 10 páginas sobre o caso - tenha instado Abbott a conceder um adiamento de 30 dias.

Os advogados de Roberson aguardavam para ver se Abbott concederia a Roberson o adiamento. Teria sido a única ação que Abbott poderia tomar no caso, já que a Junta de Perdões e Liberdade Condicional do Texas negou na quarta-feira o pedido de clemência de Roberson. A junta votou por unanimidade, 6 votos a 0, para não recomendar que a sentença de morte de Roberson fosse comutada para prisão perpétua ou que sua execução fosse adiada.

Todos os membros da junta são indicados pelo governador. Desde que o Estado retomou as execuções em 1982, a junta recomendou clemência em casos de pena de morte apenas seis vezes. A única vez que Abbott suspendeu uma execução iminente foi quando poupou a vida de Thomas Whitaker em 2018.

Lei do Texas sobre evidências científicas

O comitê da Câmara realizou uma reunião na quarta-feira sobre o caso de Roberson. Em um movimento surpresa ao final da audiência, o comitê emitiu uma intimação para que Roberson testemunhasse na próxima semana.

Durante a reunião em Austin, o comitê ouviu testemunhos sobre o caso de Roberson e se uma lei de 2013, criada para permitir que presos contestem suas condenações com base em novas evidências científicas, foi ignorada no caso de Roberson.

A promotora do condado de Anderson, Allyson Mitchell, cujo escritório processou Roberson, disse ao comitê que uma audiência foi realizada em 2022, na qual os advogados de Roberson apresentaram novas evidências a um juiz, que rejeitou suas alegações. "Com base na totalidade das provas, um assassinato ocorreu aqui. Roberson tirou a vida de sua filha de quase 3 anos", disse Mitchell.

A maioria dos membros do comitê da Câmara faz parte de um grupo bipartidário de mais de 80 legisladores estaduais, incluindo pelo menos 30 republicanos, que pediram à junta de condicional e a Abbott que parassem a execução.

A controversa 'síndrome do bebê sacudido'

O caso de Roberson renovou o debate sobre a "síndrome do bebê sacudido", conhecida na comunidade médica como trauma craniano abusivo. Seus advogados, juntamente com deputados do Texas, especialistas médicos e outros, incluindo o autor best-seller John Grisham, dizem que sua condenação foi baseada em evidências científicas falhas e agora desatualizadas.

A síndrome refere-se a uma lesão cerebral grave causada quando a cabeça de uma criança é machucada por sacudidas ou outro impacto violento, como ser arremessada contra uma parede ou jogada no chão.

Os apoiadores de Roberson não negam que lesões na cabeça e outros ferimentos causados por abuso infantil são reais. Mas dizem que os médicos diagnosticaram erroneamente as lesões de Curtis como relacionadas à síndrome do bebê sacudido e que novas evidências mostraram que a menina morreu de complicações relacionadas a uma pneumonia grave. Os advogados de Roberson dizem que sua filha caiu da cama na casa de Roberson depois de estar gravemente doente por uma semana.

Os advogados de Roberson também sugeriram que seu autismo, que na época da morte de sua filha não havia sido diagnosticado, foi usado contra ele, à medida que as autoridades ficaram desconfiadas de sua falta de emoção com a morte dela. O autismo afeta a maneira como as pessoas se comunicam e interagem com os outros.

O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, declarou que a guerra na Faixa de Gaza não chega ao fim com o assassinato do líder do Hamas e principal arquiteto do ataque terrorista de 7 de outubro, Yahya Sinwar. "O mal levou um golpe duro, mas a missão que estamos diante ainda não acabou", disse em um discurso nesta quinta-feira, 17, transmitido pela TV israelense.

Netanyahu também se dirigiu aos membros restantes do Hamas para pedir que se rendam e entreguem os reféns levados de Israel para a Faixa de Gaza no 7 de outubro. De acordo com as autoridades, 101 pessoas continuam presas no enclave. "Para aqueles que estão com os sequestrados: liberte-os e nós deixaremos vocês vivos", declarou.

O discurso do premiê aconteceu cerca de uma hora depois do Exército de Israel confirmar a morte de Sinwar em uma operação no sul de Gaza nesta quinta. Netanyahu disse que o resgate dos reféns é uma obrigação e que o assassinato do líder do Hamas marca um momento importante da guerra. "É um marco importante na queda do governo do Hamas em Gaza", disse.

A morte de Sinwar causou ansiedade entre os parentes dos reféns. Ao jornal israelense Hareetz, uma família considerou a morte um "acontecimento sensível" que exige a negociação de acordos para a libertação dos reféns o quanto antes. "Os objetivos definidos para a guerra com Gaza foram alcançados. Todos, exceto a libertação dos reféns", disse Ronen Neutra, pai de um refém israelense-americano, ao jornal.

"Sinwar foi descrito como um grande obstáculo para um acordo e não está mais vivo. É importante que toda a atenção esteja focada agora em atingir o objetivo do acordo que garantiria a libertação do nosso filho e do resto dos reféns", acrescentou.

Na Faixa de Gaza, a notícia da morte do líder do Hamas também despertou a expectativa do fim da guerra entre os civis.

Após a confirmação da morte, o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, conversou com o primeiro-ministro do Catar, Mohammed bin Adbulrahman Al Thani, um dos principais mediadores na guerra, para discutir como agir para "acabar com a guerra na Faixa de Gaza e reduzir a escalada no Líbano", segundo um comunicado de Doha.

O Catar tem sido um grande mediador nas negociações sobre um cessar-fogo com o Hamas, que mantém um escritório político em Doha.

Mais cedo, o presidente de Israel, Isaac Herzog, saudou o Exército israelense após a morte do terrorista do Hamas. "Sinwar, o arquiteto do ataque mortal de 7 de Outubro, foi durante anos responsável por atos hediondos de terrorismo contra civis israelenses, cidadãos de outros países, e pelo assassinato de milhares de pessoas inocentes."

"Agora, mais do que nunca, devemos agir de todas as maneiras possíveis para trazer de volta os 101 reféns que ainda estão sendo mantidos em condições horríveis por terroristas do Hamas em Gaza", acrescentou Herzog em um comunicado.

A operação militar israelense em Gaza que matou Sinwar começou após um ataque aéreo israelense, que matou pelo menos 28 pessoas em uma escola, segundo o ministério da Saúde de Gaza. Fares Abu Hamza, chefe da unidade de emergência local do Ministério da Saúde de Gaza, confirmou o número de vítimas do ataque e disse que dezenas de pessoas ficaram feridas. Segundo o oficial, o Hospital Kamal Adwan, nas proximidades, estava lutando para tratar as vítimas. "Muitas mulheres e crianças estão em estado crítico", disse ele.

A Coreia do Norte confirmou nesta quinta-feira, 17, que sua constituição recentemente revisada define pela primeira vez a Coreia do Sul como sendo "um Estado hostil". A divulgação da mudança aconteceu dois dias após explodir trechos de estradas e ferrovias que conectavam o país ao Sul.

Esses acontecimentos indicam que a Coreia do Norte está determinada a aumentar as animosidades contra a Coreia do Sul e o risco de possíveis confrontos nas áreas tensas da fronteira, embora seja improvável que o Norte lance ataques em grande escala, dada a superioridade das forças dos EUA e da Coreia do Sul.

A Agência Central de Notícias da Coreia do Norte (KCNA, na sigla em inglês) afirmou que a recente demolição de partes das seções norte das estradas e ferrovias intercoreanas foi "uma medida inevitável e legítima em conformidade com a constituição da Coreia do Norte, que define claramente a Coreia do Sul como um estado hostil".

"Ato antiunificação e antinacional"

O Ministério da Unificação da Coreia do Sul condenou a referência da Coreia do Norte à Coreia do Sul como um estado hostil em sua constituição, chamando isso de "um ato antiunificação e antinacional". O governo sul-coreano afirmou que responderá firmemente a qualquer provocação e continuará a buscar a unificação pacífica com base nos princípios de liberdade e democracia.

O parlamento da Coreia do Norte se reuniu por dois dias na semana passada para reescrever a constituição, mas a mídia estatal não havia fornecido muitos detalhes sobre a sessão. O líder Kim Jong Un já havia solicitado a mudança constitucional para designar a Coreia do Sul como o principal inimigo do país, removendo o objetivo de uma unificação pacífica da península coreana e redefinindo a soberania e território da Coreia do Norte.

Alguns especialistas dizem que Kim provavelmente está tentando se proteger contra a influência cultural da Coreia do Sul e fortalecer o regime dinástico de sua família. Outros acreditam que Kim quer criar espaço legal para usar suas armas nucleares contra a Coreia do Sul, tratando-a como um Estado inimigo estrangeiro, e não como um parceiro em potencial para a unificação.