Nunes confirma candidatura em evento com Bolsonaro, Tarcísio e Temer

Política
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O MDB oficializa neste sábado, 3, a candidatura do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), à reeleição. A convenção está marcada para as 10h, no estacionamento da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), e vai contar com a presença do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Além de Bolsonaro, estarão presentes no evento o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), tido como o principal cabo eleitoral de Nunes na eleição; a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL); e o ex-presidente Michel Temer (MDB), considerado um conselheiro próximo do prefeito. Espera-se, ainda, a participação de presidentes dos partidos que compõem a coligação de Nunes.

Nunes vai chegar ao início oficial da campanha com o apoio de uma ampla coligação partidária, composta, além do MDB, por outros 11 partidos, um a mais do que o tucano Bruno Covas reuniu em 2020. A "frente ampla", como Nunes tem chamado seu grupo de apoio, inclui PL, PSD, Republicanos, União Brasil, Progressistas, Podemos, Solidariedade, PRD, Agir, Mobiliza e Avante.

A presença do União Brasil na coligação era incerta até duas semanas atrás, quando Nunes se reuniu com o presidente municipal do partido, vereador Milton Leite, para buscar um entendimento. Leite havia feito críticas públicas à relação com o prefeito e apresentou uma lista de reivindicações, incluindo mais espaço na administração municipal. A expectativa é que o partido confirme seu apoio a Nunes neste sábado, durante um evento na Zona Sul da capital paulista. Na última quinta-feira, o deputado federal Kim Kataguiri, que lutava para ser o candidato ao partido, desistiu da corrida eleitoral.

O mesmo desfecho não ocorreu com o PSDB, que, mesmo após apelos do prefeito, desembarcou do projeto de reeleição para sair em voo solo com o apresentador José Luiz Datena. O presidente do diretório municipal do PSDB em São Paulo, José Aníbal, condicionou a manutenção da aliança à vaga de vice na chapa de Nunes, proposta que foi rejeitada pelo prefeito. A saída dos tucanos foi uma surpresa durante a pré-campanha, especialmente porque o prefeito tem o apoio de boa parte da militância do partido.

A presença do PSDB na chapa de Nunes era considerada um ativo importante para transmitir uma mensagem de continuidade, e não de ruptura, em relação à gestão iniciada por Bruno Covas. Para reforçar essa ideia, o prefeito tem destacado o apoio de Tomás Covas, filho do ex-prefeito, à sua candidatura. Tomás assumiu o cargo de coordenador de Políticas para a Juventude da Prefeitura de São Paulo no mês passado e estará na convenção deste sábado.

Prefeito se equilibra entre o bolsonarismo e o centro

Nunes oficializa sua candidatura à reeleição em um cenário menos otimista do que o desejado, sem estar isolado na liderança da disputa municipal, como previa até poucos meses atrás. Na última pesquisa Genial/Quaest, o prefeito aparece tecnicamente empatado em primeiro lugar com Guilherme Boulos (PSOL) e José Luiz Datena. A boa notícia para a campanha é que o prefeito lidera em todos os cenários de segundo turno testados pelo levantamento.

Desde o ano passado, o prefeito vinha se articulando nos bastidores para ser o único candidato do campo da centro-direita. Até certo ponto, a estratégia deu certo. Com a ajuda do governador Tarcísio de Freitas e do presidente do PL, Valdemar Costa Neto, Nunes conseguiu impedir que Bolsonaro tivesse um candidato para chamar de seu na disputa eleitoral. O deputado federal Ricardo Salles (PL) tentou se lançar candidato, mas não conseguiu o apoio do ex-presidente ou do partido.

Nunes nadou sozinho na raia da centro-direita até a entrada do ex-coach Pablo Marçal (PRTB) na disputa eleitoral, o que o forçou a se aproximar mais do bolsonarismo e aceitar a indicação do ex-comandante da Rota Ricardo Mello Araújo (PL) para a sua vice. Antes do "fator Marçal", o prefeito mantinha uma distância cautelosa de Bolsonaro, preocupado com o impacto negativo que essa associação poderia ter em sua campanha. O receio é explicado pela última pesquisa Quaest, na qual 75% dos eleitores não votariam em um candidato indicado por Bolsonaro.

Com o apoio do ex-presidente sacramentado, Nunes inicia a campanha com o desafio de manter o respaldo do eleitorado bolsonarista ao mesmo tempo em que tenta avançar para o eleitorado de centro, grupo que também será disputado por Datena. As estratégias delineadas pela campanha priorizam apresentar Nunes como o "melhor síndico" para a cidade, deixando o debate ideológico no fim da lista de prioridades.

Na convenção deste sábado, o prefeito deve pregar uma mensagem de continuidade, e não ruptura, destacando sua trajetória e militância no MDB, único partido ao qual foi filiado, além de focar em apresentar as entregas de sua gestão.

Segundo integrantes da campanha, a ideia de realizar a convenção em um local aberto, com capacidade para acomodar um grande público, visa mostrar a força da ampla coligação, que inclui cerca de 700 pré-candidatos a vereador. A convenção foi planejada para ter ares de comício, dizem aliados, servindo como o primeiro ato de rua da candidatura do prefeito.

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O Ministério das Relações Exteriores, em nota divulgada nesta segunda-feira (3), lamentou a suspensão da entrada da ajuda humanitária na Faixa de Gaza por Israel. "O governo brasileiro deplora a decisão israelense de suspender a entrada de ajuda humanitária em Gaza, que exacerba a precária situação humanitária e fragiliza o cessar-fogo em vigor", diz o texto do Itamaraty.

Israel interrompeu a entrada de todos os bens e suprimentos na Faixa de Gaza no domingo (2) e advertiu sobre "consequências adicionais" caso o Hamas não aceite uma nova proposta para estender o cessar-fogo.

O Itamaraty diz que o Brasil pede a "imediata reversão da medida", recordando que "Israel tem obrigação - conforme reconhecido pela Corte Internacional de Justiça em suas medidas provisórias de 2024 - de garantir a prestação de serviços básicos essenciais e assistência humanitária à população de Gaza, sem impedimentos". A nota afirma ainda que a obstrução deliberada e o uso político da ajuda humanitária constituem grave violação do direito internacional humanitário.

O governo brasileiro defende que as partes promovam o estrito cumprimento dos termos do acordo de cessar-fogo e o engajamento nas negociações "a fim de garantir cessação permanente das hostilidades, retirada das forças israelenses de Gaza, libertação de todos os reféns e estabelecimento de mecanismos robustos para ingresso de assistência humanitária desimpedida, previsível e na necessária escala."

A discussão entre os presidentes dos EUA, Donald Trump, e da Ucrânia, Volodimir Zelenski, na última sexta-feira (28) na Casa Branca levou as relações entre os dois países a um conflito. Ele também causou sério dano a uma aliança no coração da ordem estabelecida depois da Segunda Guerra Mundial: a Otan, a Organização do Tratado do Atlântico Norte.

Trump adotou uma posição que muitos aliados europeus viam como se ele estivesse do lado do presidente da Rússia, Vladimir Putin, ao ignorar as preocupações de segurança de um país amigo que precisa de ajuda do Ocidente. Ele disse que o presidente ucraniano estava perdendo a guerra e "não tinha cartas".

A Otan é baseada na ideia de que os EUA podem usar seu poderio militar, incluindo o arsenal de armas nucleares, para defender qualquer aliado que for atacado. Esta premissa fundamental agora está sendo questionada.

"Eu estou preocupado que estamos nos últimos dias da Otan", disse o almirante aposentado James Stavridis, ex-comandante aliado supremo da Otan. Ele destacou que a aliança "pode não entrar prestes a entrar em colapso, mas eu posso certamente ouvir o ranger mais alto do que em outros tempos em minha longa carreira militar."

No último domingo, 2, Trump publicou uma mensagem na sua plataforma Truth Social: "Devemos dedicar menos tempo nos preocupando com Putin e mais tempo nos preocupando sobre as gangues de imigrantes que cometem estupros, traficantes, assassinos e pessoas que vieram de instituições (de saúde) mental entrando em nosso país - Para que não acabemos como a Europa." A Casa Branca não fez comentários sobre a política do governo dos EUA sobre a Otan.

A força do apoio de Trump à Otan, que foi criticada no passado, continua incerta. Na Casa Branca na última sexta-feira, ele disse "estamos comprometidos com a Otan" e elogiou um país membro, a Polônia, que faz muitos gastos com defesa.

No sábado, dia 1º, Elon Musk, um assessor de Trump que lidera o departamento de eficiência do governo, endossou uma mensagem na plataforma X que defendia a retirada dos EUA da Otan e das Nações Unidas.

Líderes europeus, que confiam na Otan para a segurança de seus países, têm evitado falar publicamente sobre as ameaças à aliança, mas alguns começam a comentar planos alternativos. "Queremos preservar a parceria transatlântica e a nossa força conjunta", comentou no sábado a ministra das Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock. "Mas ontem vimos uma vez mais que os europeus não devem ser ingênuos", disse, referindo-se aos eventos ocorridos na Casa Branca na sexta-feira: "Temos que assumir a responsabilidade pelos nossos próprios interesses, nossos próprios valores e nossa própria segurança, pelo bem do nosso povo na Europa."

Duas pessoas morreram e outras 11 ficaram feridas após um homem avançar com o carro contra uma multidão na cidade de Mannheim, em Baden-Württemberg, sudoeste da Alemanha. A polícia ainda investiga a motivação, mas disse acreditar que o suspeito agiu sozinho. O caso ocorre após uma sequência de ataques que agitaram a campanha eleitoral no mês passado.

O motorista foi identificado como um cidadão alemão de 40 anos, disseram as autoridades. Ferido, ele foi detido após receber atendimento médico e será investigado por assassinato e tentativa de homicídio.

A polícia não forneceu o nome do suspeito, apenas que ele é do Estado vizinho da Renânia-Palatinado. Segundo a revista alemã Der Spiegel, ele possui antecedentes criminais e histórico de doenças mentais.

Segundo o ministro do Interior de Baden-Württemberg, Thomas Strobl, não havia indícios de um histórico extremista ou religioso do suspeito. Os dois mortos foram identificados apenas como uma mulher de 83 anos e um homem de 54.

As autoridades locais disseram que o motorista intencionalmente jogou seu carro nas pessoas na Paradeplatz, uma rua exclusiva para pedestres, por volta do meio-dia, quando os trabalhadores saem para o almoço.

Um dia antes, um desfile com 70 carros alegóricos e 2,5 mil participantes passou pela mesma região em uma celebração anual de carnaval. A polícia disse que cerca de 250 mil pessoas compareceram. As comemorações deveriam seguir hoje, mas o carnaval foi cancelado.

ATAQUES

Um sequência de ataques por imigrantes ou residentes estrangeiros acendeu os debates em torno de segurança interna e políticas de migração durante as eleições nacionais, nas quais o partido de extrema direita AfD (Alternativa para a Alemanha) teve o seu melhor desempenho na história.

Duas semanas atrás, um afegão de 24 anos que buscava asilo invadiu intencionalmente uma manifestação sindical em Munique, matando uma criança de 2 anos e sua mãe, além de ferir dezenas.

Em dezembro, um médico saudita que vivia na Alemanha há mais de uma década foi acusado de dirigir seu carro contra um mercado de Natal na cidade de Magdeburg, matando seis pessoas e ferindo centenas.

Friedrich Merz, provável próximo chanceler, escreveu no X que "o incidente - assim como os atos terríveis dos últimos meses - é um lembrete urgente de que devemos fazer tudo o que pudermos para evitar tais atos".

(Com agências internacionais)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.