Professores querem audiência com Barroso para destravar ação de R$ 268 mi que já tem 33 anos

Política
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A defesa de um grupo de seis professores, todos idosos, um com 77 anos, quer marcar uma audiência com o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Luís Roberto Barroso, para buscar o desfecho de uma ação trabalhista, subscrita por eles, que já percorre uma longa viagem, desde os anos 1990 - na próxima sexta, 23, o processo completa 33 anos. Os velhos professores pleiteiam R$ 268,1 milhões sob alegação de que após movimento grevista foram demitidos do Centro Universitário de Brasília (CEUB). Afirmam ter sido alvo de "perseguição política". A soma a que aspiram está calculada em laudo acostado aos autos, assinado e rubricado por peritos contadores.

No processo, o Ceub sustenta que os docentes "receberam todos os direitos concernentes à demissão sem justa causa".

No início da lide o grupo era mais encorpado, mas dois morreram nesse tempo e deixaram sucessores, um de 74 anos, outro de 89. O processo foi ajuizado em agosto de 1991 na 6.ª Junta de Conciliação e Julgamento da Justiça do Trabalho de Brasília. Os professores pediam que suas demissões fossem anuladas e, automaticamente, reintegrados ao quadro docente da instituição.

Por seus advogados, os professores já arriscaram diversos pedidos de prioridade na tramitação do processo, que aportou no STF há 13 anos. Os causídicos dão ênfase à idade dos docentes - o mais novo com 69 anos, o mais velho com 77.

São autores do processo: Maria Izabel Brunacci (69 anos), Antonio Souza Ibiapina Parente (74 anos), Gláucia Melasso de Carvalho (59 anos), François René Silva Lima (69 anos), Márcio de Almeida Padilha (63 anos), Maria Carmen Magalhães (77 anos), Vânia Maria Maciel (já falecida) e Celso Mendes (já falecido).

Antonio Souza Ibiapina Parente, foi diagnosticado com câncer avançado no ano passado. Ele explicou ao Estadão que está em um processo de tratamento e que não deve ir à audiência com Barroso em razão da saúde. "É difícil falar da expectativa para essa reunião. Eu não tenho mais esperança. São 33 anos já", afirmou.

Parente diz esperar que, após o encontro, "pelo menos" o processo seja colocado em pauta. Ele parou de dar aulas depois que saiu do CEUB. Diz que quer usar o dinheiro da ação para investir na educação de seus netos e ajudar a família.

Maria Carmen Magalhães afirmou que, se os advogados do grupo assim orientarem, ela quer participar da audiência a ser marcada com Barroso. Acredita que seja importante um momento em que os professores fiquem frente a frente com o presidente da Corte máxima. Ela, que dava aula de história no CEUB diz que o ponto central do processo não é o dinheiro, mas "Justiça".

Na Corte máxima, a ação recebeu o selo de repercussão geral, ou seja, a decisão do STF sobre o grupo de oito professores servirá de norte para casos similares no resto do País - o Supremo vai fixar uma tese sobre a possibilidade, ou não, de "demissão sem justa causa de professor sem prévia instauração de inquérito administrativo, não obstante a previsão no regimento interno da instituição privada de ensino".

Os professores são representados pelo escritório Roberto Caldas & Advogados. A banca insiste na tese de que seus clientes "foram demitidos por perseguição política e com violação à estabilidade provisória garantida a eles, que eram dirigentes sindicais, e também em desacordo com previsão do regimento interno do Ceub, que impedia demissão imotivada".

No processo, o Centro Universitário de Brasília sustenta que "está dentro de seu poder de mando, de acordo com a Constituição da República, demitir empregados, desde que pagos seus direitos". O Estadão entrou em contato com o Ceub. O espaço está aberto para manifestação da instituição.

O litígio visitou todas as instâncias da Justiça do Trabalho e chegou ao STF em 2011. À Corte máxima, o Ceub recorreu de uma decisão do Tribunal Superior do Trabalho que manteve a condenação trabalhista da instituição - decisão favorável aos professores, com a reintegração e pagamento dos salários mês a mês.

A avaliação na Justiça do Trabalho é que foi "indevida" a demissão dos professores, sem a prévia instauração de inquérito administrativo, conforme previsão no próprio regimento interno da instituição. De outro lado, o Ceub diz que, ao determinar a reintegração dos professores, o TST teria violado o direito de "resolução do contrato de trabalho sem justa causa assegurado ao empregador".

No STF, o então ministro Ricardo Lewandowski, hoje aposentado, negou o recurso, em 2011. O Ceub, então, apelou à 2ª Turma da Corte, que decidiu submeter o caso ao crivo do plenário. Em 2012, o colegiado reconheceu a repercussão geral do tema.

A decisão de estabelecer uma tese a partir do caso dos oito ex-professores do Ceub gerou um racha no Tribunal e fez o processo mudar de gabinete - foi parar nas mãos do ministro Celso de Mello, também já aposentado.

Lewandowski, ao lado de Luiz Fux e de outro ministro que também já não compõe a Corte máxima, Cezar Peluso, defendia que não fosse reconhecida a repercussão geral do caso. Ficaram vencidos.

Naquele julgamento, o ministro Gilmar Mendes votou com Mello. Em uma primeira análise, Gilmar, hoje o decano, indicou que a decisão do TST "parecia confrontar" a Constituição ao interpretar o regimento do Ceub "como vedador da possibilidade de demissão sem justa causa".

A partir de 2014, o processo ficou basicamente parado na Corte. De lá para cá os ministros admitiram 'amigos da Corte' no processo. Em 2015, Celso de Mello determinou que a Procuradoria-Geral da República se manifestasse sobre o caso, para viabilizar o julgamento, enfim.

Em maio de 2015, o então chefe do Ministério Público Federal Rodrigo Janot defendeu a rejeição do recurso do Ceub. "Havendo previsão no regimento da instituição de ensino que determine a prévia instauração de inquérito administrativo para a demissão sem justa causa de professor, tal norma é de observância obrigatória, revelando-se nula a dispensa realizada sem o cumprimento de tal exigência", defendeu Janot, na ocasião.

Em 2020, o caso pulou para o gabinete do ministro Kassio Nunes Marques, então recém-chegado à Casa. Três anos depois, em razão da falta de movimentos importantes na demanda, os advogados dos professores pediram prioridade, sob argumento de que os docentes já são idosos e sofrem de enfermidades.

Na petição cita-se o falecimento de dois professores. Ressalta-se, ainda, que a viúva de um deles tinha 88 anos e comorbidades.

A exemplo dos professores, o Centro Universitário de Brasília voltou a bater à porta do STF por meio de uma petição no gabinete de Kassio. Ao ministro, a instituição de ensino requereu a suspensão da execução provisória do processo, que implica no pagamento das verbas aos professores.

Kassio negou o pedido, sob o entendimento de que não havia ilegalidade na decisão da Justiça do Trabalho, que leva em consideração "a expectativa de efetiva execução do crédito e, ao mesmo tempo, com a segurança jurídica" do Ceub.

Na ocasião, a instituição recorria de uma decisão da 6ª Vara do Trabalho de Brasília que deu início à execução em paralelo à espera do julgamento no STF.

Após o imbróglio da execução, o processo chegou a ser pautado duas vezes no plenário virtual do STF, primeiro em junho, depois em agosto do ano passado. Na segunda vez, o julgamento foi adiado horas antes de seu início, para frustração dos professores.

Em dezembro, eles insistiram no pedido de prioridade para seu caso, após um deles, de 73 anos, ser diagnosticado com Linfoma de Hodgkin clássico, um câncer em estágio III-A. Não há previsão para que a ação seja colocada em pauta. Agora, eles estudam pedir, respeitosamente, uma audiência com o senhor presidente do Supremo.

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Destacando a mudança radical na diplomacia americana desde que Donald Trump tomou posse, os EUA romperam nesta segunda-feira, 24, com os aliados europeus e se alinharam a países próximos da Rússia ao votar contra uma resolução na Assembleia-Geral da ONU que condenou a agressão russa na Ucrânia, no terceiro aniversário da guerra.

Apesar da rara aliança entre ex-inimigos, a resolução apresentada por ucranianos e europeus foi aprovada na Assembleia-Geral. O texto também pedia a devolução do território ocupado pela Rússia.

A delegação americana tentou aprovar uma resolução alternativa, de autoria própria, que foi votada em separado e apenas pedia o fim da guerra. Após os europeus incluírem emendas, os próprios americanos desistiram de apoiá-lo e se abstiveram - o texto também foi aprovado na Assembleia-Geral, cujas resoluções têm caráter simbólico e servem como termômetro do sentimento na ONU.

O confronto na Assembleia-Geral representou uma fissura pública entre os aliados ocidentais, que normalmente votam juntos quando se trata da Rússia e da segurança da Europa. Desde que chegou ao poder, no entanto, Trump tem se aproximado de Vladimir Putin e indicado que pretende negociar um fim da guerra na Ucrânia em termos favoráveis aos russos. O alinhamento tem preocupado os países da Europa.

Paz

A resolução de três páginas exigindo a retirada russa, proposta pela Ucrânia, também pedia uma "paz abrangente, duradoura e justa", e responsabilização pelos crimes de guerra da Rússia. Ela afirmava que a invasão "persistiu por três anos e continua a ter consequências devastadoras e duradouras não só para a Ucrânia, mas também para outras regiões".

A resolução dos EUA tinha apenas três parágrafos. Ela não mencionava a agressão russa ou condenava a invasão. Lamentou a perda de vidas de ambos os lados e disse que os EUA "imploram por um fim rápido do conflito e pedem uma paz duradoura entre Ucrânia e Rússia".

Três diplomatas ocidentais e um alto funcionário da ONU disseram que diplomatas Trump tentaram, na semana passada, persuadir a Ucrânia a retirar sua resolução. Ao ver que não teriam sucesso, tentaram negociar com aliados europeus um texto que o governo americano apoiaria.

Divergência

Na sexta-feira, durante as negociações, os EUA informaram a seus aliados europeus que, em vez disso, planejavam apresentar uma resolução concorrente. Diplomatas europeus demonstraram irritação, porque o antigo aliado havia abandonado as conversas e se posicionado contra eles.

A resolução ucraniana foi adotada com o voto de 93 nações a favor, 18 contra e 65 abstenções. Entre os que votaram contra a resolução estavam Rússia, EUA, Israel, Hungria, Haiti, Nicarágua e Níger.

A resolução dos EUA, por sua vez, foi aprovada, inicialmente, sem emendas, com 83 votos a favor, 16 contra e 61 abstenções. A Rússia votou contra. A Assembleia-Geral, em seguida, votou para adotar três emendas propostas pelos europeus, adicionando nova linguagem, identificando a Rússia como agressora e reiterando o compromisso com a integridade territorial da Ucrânia e com as fronteiras pré-guerra.

A Assembleia-Geral aprovou então a resolução emendada por uma votação de 93 a 8, com 73 abstenções. Os EUA abstiveram-se na versão emendada de sua própria resolução.

Richard Gowan, especialista em ONU do International Crisis Group, disse que a ruptura entre EUA e Europa marca "a maior divisão entre as potências ocidentais na ONU desde a Guerra do Iraque - e provavelmente ainda mais grave".

Impasse

Mais tarde, o Conselho de Segurança aprovou a resolução dos EUA pedindo um acordo de paz, mas sem mencionar a integridade territorial da Ucrânia - que havia sido rejeitada na Assembleia-Geral. Com 10 votos a favor, incluindo China, EUA e Rússia, nenhum voto contra e 5 abstenções, incluindo França e Reino Unido. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O líder conservador Friedrich Merz, provável chanceler da Alemanha, disse nesta segunda, 24, que o crescimento da extrema direita na eleição de domingo deveria ser encarado como um alerta para os partidos tradicionais de que é urgente resolver os problemas que alimentam a popularidade dos radicais. "É o último aviso ao centro democrático da Alemanha para que cheguem a soluções comuns", afirmou.

Merz é líder da União Democrata-Cristã (CDU), partido mais votado, com 28,5% dos votos e 208 deputados, de um Parlamento com 630 cadeiras. Sem maioria, ele deve buscar um parceiro de coalizão - ou mais de um. Os extremistas da Alternativa para Alemanha (AfD), liderados por Alice Weidel, ficaram em segundo lugar, com 20,8% dos votos - o dobro da eleição passada - e elegeram 152 parlamentares.

Isolamento

No entanto, a AfD sofre um isolamento preventivo por parte de todos os outros partidos alemães, que acusam os extremistas de adotar slogans e ideias do nazismo. Por isso, a primeira legenda da lista de parceiros de Merz deve ser o Partido Social-Democrata (SPD), do atual chanceler, Olaf Scholz, que saiu das urnas em terceiro lugar, com 16.4% dos votos e 120 deputados eleitos.

Juntos, CDU e SPD teriam 328 deputados - uma maioria curta. Se for preciso, Merz pode acrescentar mais um partido à coalizão, provavelmente os Verdes, que ficaram em quarto lugar, com 11,6% dos votos e 85 parlamentares.

Enquanto não inicia as negociações, Merz dá pistas das prioridades do futuro governo. Uma delas será a Europa. Segundo ele, os europeus precisam agir rapidamente para aumentar sua capacidade de defesa diante de um presidente dos EUA cada vez mais hostil. "Embora busquemos um bom relacionamento com os americanos, também estamos prontos para o pior cenário possível", disse. "Após as declarações das últimas semanas, está claro que nós, europeus, precisamos aumentar nossa capacidade de agir rapidamente."

Prestes a liderar a maior economia da Europa, o ex-banqueiro de 69 anos defendeu ainda que o bloco lute por sua autonomia, sugerindo que ele pode até encontrar um substituto para a Otan. "Minha prioridade absoluta será fortalecer a Europa o mais rápido possível para que, passo a passo, possamos alcançar a independência com relação aos EUA."

Reação

Ao comentar o resultado da eleição, Trump não mencionou Merz pelo nome, mas felicitou os vencedores, reivindicando o crédito para si mesmo. "Assim como nos EUA, o povo da Alemanha se cansou da agenda sem o mínimo de bom senso, especialmente em relação à energia e à imigração", escreveu o presidente na sua rede social, sugerindo que a guinada do país à direita fazia parte de uma mudança que os alemães compartilhavam com os americanos. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O presidente dos EUA, Donald Trump, afirmou nesta segunda-feira, 24, que as tarifas sobre importações do México e do Canadá "irão adiante" quando um adiamento de 30 dias expirar na semana que vem. A notícia, que veio nos últimos 40 minutos de negociação na segunda-feira, arrastou o S&P 500 para baixo.

Esse é o primeiro dos quatro prazos tarifários iminentes de Trump nas próximas seis semanas. Trump voltou a dizer que os EUA "foram aproveitados" por parceiros comerciais, mas que pretende "ganhar muito território".

Se confirmadas, as tarifas devem entrar em vigor a partir do dia 4 de março, quando expira o prolongamento do prazo anunciado pelo presidente americano. As tarifas incluem taxas de 25% sobre todas as importações mexicanas e canadenses, com uma exceção apenas da tarifa de 10% das importações de energia do Canadá. Fonte: Dow Jones Newswires.