Veja quem são os financiadores das campanhas em SP

Política
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Os candidatos à Prefeitura de São Paulo já declararam ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) valores parciais das prestações de contas eleitorais. O deputado federal Guilherme Boulos (PSOL) foi o candidato a prefeito que mais recebeu recursos até esta quinta-feira, 5, R$ 44 milhões.

O atual prefeito, Ricardo Nunes (MDB), aparece na sequência, com R$ 27 milhões. Já as campanhas com os maiores valores arrecadados por meio de doações de pessoas físicas, ou seja, não provenientes de partidos políticos, foram as de Pablo Marçal (PRTB) e de Tabata Amaral (PSB).

A janela para a prestação de contas parciais à Justiça Eleitoral será entre os dias 9 e 13 de setembro. Ao fim deste período, cada candidato, obrigatoriamente, deverá declarar os valores arrecadados e os gastos até aquela data. Adiante, com o fim da campanha eleitoral, o candidato entrega à Justiça Eleitoral o relatório financeiro final, com a relação de receitas e despesas consolidadas.

Pablo Marçal (PRTB)

Pablo Marçal tem R$ 1.913.126,68 arrecadados em doações particulares, segundo dados compilados até a manhã desta quinta. O montante representa todo o valor arrecadado na campanha do influenciador até agora, além de ser o maior valor obtido por meio de doações entre os candidatos a prefeito de São Paulo. Marçal não recebeu nenhum recurso proveniente do Fundo Eleitoral e do Fundo Partidário.

Apesar de ter recebido mais de 32,4 mil doações, mais da metade delas, ou 18,3 mil, foram de valores até R$ 10. Outras 5 mil doações são de centavos e chegam a, no máximo, R$ 1.

Outras 1.791 doações estão descritas como "recurso não identificado", em que a forma de transferência não é informada. Os valores sem identificação somam R$ 148,4 mil. Questionada pelo Estadão, a campanha não respondeu. Os maiores valores da campanha de Marçal foram doados por duas pessoas físicas, no valor de R$ 100 mil cada.

Tabata Amaral (PSB)

A campanha de Tabata Amaral arrecadou R$ 14.790.997,00 até a tarde de quinta-feira, data da última entrega da campanha de um relatório financeiro à Justiça Eleitoral. Deste valor, R$ 13,23 milhões são provenientes do repasse do PSB, com recursos do Fundo Eleitoral. O montante representa 12% de toda a verba que o partido de Tabata distribuiu para os candidatos a prefeito e vereador em todo o País.

Tabata também recebeu R$ 1.556.997 em doações, provenientes de 60 doadores. Além de R$ 46.482,00 provenientes de uma plataforma de financiamento coletivo, constam entre os doadores à campanha de Tabata Armínio Fraga, ex-diretor do Banco Central, e James Marcos de Oliveira, sócio do banco BTG Pactual. Armínio Fraga e James Oliveira doaram R$ 100 mil cada um.

Ricardo Nunes (MDB)

O prefeito de Ricardo Nunes arrecadou R$ 27 milhões em sua candidatura à reeleição. O valor consta na última prestação de contas da campanha ao TSE, datada da tarde de terça-feira, 3.

O valor é composto integralmente por doações de cinco partidos políticos da coligação do prefeito. O MDB, partido de Nunes, doou R$ 10 milhões; o Partido Liberal (PL), do vice Coronel Mello Araújo, doou R$ 10 milhões; Progressistas e Podemos, R$ 3 milhões cada; e o Solidariedade, R$ 1 milhão.

Os recursos são oriundos do Fundo Eleitoral. Não foram contabilizadas até o momento doações de pessoa física para a campanha de Ricardo Nunes.

Guilherme Boulos (PSOL)

A campanha de Guilherme Boulos recebeu R$ 44.643.484,03 em doações. Quatro repasses foram dos partidos que compõem a chapa do psolista com a petista Marta Suplicy. PT repassou duas doações de R$ 15 milhões cada, enquanto PSOL enviou R$ 14 milhões - que representa 17% do dinheiro do partido para as campanhas em todo o Brasil. O diretório estadual do partido de Boulos também contribuiu com R$ 5 mil.

Entre as doações de pessoas físicas, as maiores foram de duas mulheres com o mesmo sobrenome, de R$ 300 mil e outro de R$ 200 mil. Há ainda mais uma doadora com o mesmo sobrenome das outras, que doou R$ 50 mil. Até o dia 2 de setembro, essas foram as únicas três doações de pessoas físicas. As outras cinco doações foram feitas pela empresa de financiamento coletivo "Um a Mais Serviços de Tecnologia", totalizando R$ 88,4 mil.

Marina Helena (Novo)

Marina Helena (Novo) recebeu R$ 2.696.178,27 até a última prestação de contas ao TSE. A última atualização dos dados ocorreu na noite de quinta-feira, 5. Do montante, R$ 2,44 milhões são oriundos da direção nacional do Partido Novo, com recursos que partiram do Fundo Eleitoral. Esta é a primeira eleição em que o Partido Novo está utilizando recursos provenientes de fontes públicas, contrariando uma bandeira defendida pela sigla desde a sua fundação, em 2015.

Também constam como doações a Marina Helena R$ 200 mil provenientes do diretório municipal do Novo. Outros R$ 55,1 mil são provenientes de 8 doadores de pessoa física.

Datena (PSDB)

A campanha de José Luiz Datena (PSDB) recebeu R$ 3.696.000 até a tarde de segunda, dia 2. Todo o montante é oriundo do diretório nacional do PSDB. O apresentador de TV não recebeu doações de pessoas físicas nem de outros partidos políticos até a última atualização dos dados.

Limite de gastos

Em São Paulo, um candidato a prefeito pode gastar até R$ 67.276.114,60 durante o primeiro turno. No caso de um segundo turno, a quantia permitida é de mais R$ 26.910.445,80 a cada um dos concorrentes. O limite de gastos é calculado pelo TSE com base no tamanho de cada colégio eleitoral do País, ou seja, o número de eleitores de cada cidade brasileira.

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Diante de uma profunda divisão política e sob o choque das medidas do presidente americano Donald Trump, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva propôs nesta quarta-feira, dia 9, que os líderes da Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos (Celac) "deixem as diferenças de lado" e coordenem sua inserção no mundo para que não se vejam novamente como zona de influência do que chamou de "novas e velhas potências".

O petista calibrou seu discurso em Honduras para responder, principalmente, às ações do governo Trump que mais impactaram a região - as deportações em massa de imigrantes e o tarifaço comercial - e compartilhar a visão de que há em curso a formação de uma nova ordem global tendo como potências a China e os Estados Unidos.

"A história nos ensina que guerras comerciais não têm vencedores", disparou Lula, uma semana depois de Trump deflagrar a imposição de tarifas recíprocas que sobretaxaram em 10% todas as exportações da maioria dos países latino-americanos e caribenhos, exceto as ditaduras Venezuela (15% )e Nicarágua (18%).

Para Lula, o momento é um dos mais críticos da história para uma região que superou a escravidão e as ditaduras militares, mas ainda convive com miséria, exclusão social e fome.

"A ingerência de velhas e novas potências foi e é uma sombra perene ao longo desse processo. Agora, nossa autonomia está novamente em xeque. Tentativas de restaurar antigas hegemonias pairam novamente sobre nossa região", afirmou Lula. "A liberdade e a autodeterminação são as primeiras vítimas de um mundo sem regras multilateralmente acordadas. Migrantes são criminalizados e deportados sob condições degradantes. Tarifas arbitrárias desestabilizam a economia internacional e elevam os preços."

O presidente sugeriu a intensificação da integração comercial e econômica dos países como forma de se "proteger contra ações unilaterais". Ele citou que o comércio do Brasil com a Celac é de US$ 86 bilhões por ano, maior do que com os EUA.

Lula defendeu investimentos em infraestrutura de transporte, energia e telecomunicações para escoar bens e serviços, como os corredores bioceânicos e as rotas de integração sul-americana. Ele disse que o governo brasileiro poderá reativar um convênio de pagamentos e créditos recíprocos com a Aladi e expandir o sistema de pagamentos em moeda local.

Lula propôs em Tegucigalpa, capital hondurenha, que a Celac mude suas regras de funcionamento para escapar da paralisia. Ele sugeriu a criação de um grupo de trabalho que discuta formas de a entidade funcionar sem a necessidade de tomar decisões por consenso.

No diagnóstico brasileiro, a regra vem impedindo manifestações e ações conjuntas, por causa da fragmentação política entre governos de direita e de esquerda nas Américas e no Caribe. Para o presidente, a expectativa de uniformidade é "irrealista".

"Se seguirmos separados, a comunidade latino-americana e caribenha corre o risco de regressar à condição de zona de influência, em um nova divisão do globo entre superpotências. O momento exige que deixemos as diferenças de lado", defendeu Lula. "Nossa integração é uma tarefa inadiável, que não deve ficar à mercê de divergências ideológicas."

O presidente disse que no início dos anos 2000 houve um espírito plural e pragmático entre os líderes, que levou à criação da Celac e da Unasul (União de Nações Sul-americanas) - esta última um organismo que ele fracassou em tentar relançar, dois anos atrás.

Ele citou para a Celac iniciativas de resposta conjunta por parte de organizações como a Asean, a União Europeia e a União Africana. "É imperativo que a América Latina e o Caribe redefinam seu lugar na nova ordem global que se descortina. Nossa inserção internacional não deve se pautar em ação defensiva", disse.

Para Lula, os 33 países da região devem coordenar ações em três temas: defender ameaças à democracia; conter e superar as mudanças climáticas, exigindo mais fianciamento dos países ricos para transição justa e metas de redução de emissões; e superar a fome e a pobreza.

O petista disse que a Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza vai inaugurar os primeiros projetos no Haiti e na República Dominicana. Ele criticou ingerências de big techs contra soberania de países, tentativas de golpes de Estado ou de impor a democracia, disseminação de ódio e desinformação que deturpam a liberdade de expressão e o negacionismo; falou no risco da elevação do nível do mar para ilhas caribenhas e zonas costeiras, o colapso da Amazônia e o degelo da Antártida.

Lula propôs também, sob aplausos, que a Celac adote a defesa de uma candidatura única, de uma mulher, para o cargo de secretária-geral das Nações Unidas, em 2026. A ideia enfrenta resistências de governos conservadores, como o de Javier Milei.

Enquanto a Celac se reunia com líderes principalmente de esquerda em Honduras, Milei recebia visita do paraguaio Santiago Peña, em Buenos Aires.

A nona Cúpula da Celac decidiu em Tegucigalpa que, após o mandato da Colômbia em 2025, o Uruguai assumirá a presidência rotativa em 2026. A iniciativa é de um novo governo de esquerda, do presidente recém-empossado Yamandú Orsi.

A China negou qualquer envolvimento militar na Ucrânia, depois que Kiev disse ter capturado dois homens chineses no leste do país.

O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Lin Jian, disse nesta quarta-feira, 9, que Pequim ainda estava tentando confirmar com a Ucrânia os detalhes da captura dos dois cidadãos chineses que, segundo as autoridades, estavam lutando pelo exército russo.

Ele negou a afirmação do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, de que mais chineses se juntaram às forças russas.

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, defendeu a união entre os países latino-americanos e caribenhos em seu discurso na IX Cúpula da Celac, em Tegucigalpa, Honduras, e, sem citar os Estados Unidos, criticou a alta das tarifas imposta pelo presidente norte-americano, Donald Trump. "Tarifas arbitrárias desestabilizam economia internacional e elevam preço. A história nos ensina que guerras comerciais não tem vencedores", afirmou.

O evento reúne representantes dos 33 países da América Latina e do Caribe.

"A América Latina e o Caribe enfrentam hoje um dos momentos mais críticos da história. Percorremos um longo caminho para consolidar nossos ideais de emancipação", disse Lula.

O presidente defendeu que a atuação da região "não deve apenas se orientar por interesses defensivos" e que é preciso um programa de ação estruturada em outros temas, como na defesa da democracia e combate às mudanças climáticas. "É imperativo que a América Latina e o Caribe redefinam seu lugar na nova ordem global que de descortina", afirmou.

A fala do chefe do Executivo vai em linha com apuração do Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) na semana passada de que Lula aproveitaria o evento em Honduras para tentar arregimentar as Américas a ampliarem o comércio entre si depois do tarifaço de Donald Trump.

Presidentes do México e de Cuba também defendem a união dos países

"A esperança hoje é a unidade", disse a presidente do México, Claudia Sheinbaum, que também defendeu mais integração econômica e respeito à soberania dos países do grupo.

O presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel, foi na mesma linha.

"Em um momento em que o mundo vive uma escalada de tensões, com aumento dos conflitos bélicos e aprofundamento das desigualdades, é crucial unir esforços e trabalharmos juntos pelo bem-estar, a paz e a segurança do povo latino-americano e caribenho", disse ele. "Só a unidade pode nos salvar."