Sem militares, proteção da Amazônia fica a cargo de órgãos sem recursos

Política
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Quando o vice-presidente Hamilton Mourão anunciou na quarta-feira que o governo daria fim, a partir de maio, à ação dos militares em fiscalizações na Amazônia, não houve surpresa entre membros da área ambiental do governo. Com os cofres federais esvaziados, a debandada militar já era esperada e, agora, caberá aos agentes do Ibama e do Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio) prosseguirem com fiscalização, monitoramento e proteção do bioma. Com orçamento reduzido, os dois órgãos estão sob o risco de não conseguirem fazer frente ao avanço do crime na floresta.

Os orçamentos anuais de Ibama e ICMBio têm caído regularmente. Nos dois últimos anos, porém, esse estrangulamento se acentuou e já há poucos recursos previstos para 2021. O Estadão reuniu dados sobre os recursos dedicados pelo Ministério do Meio Ambiente ao Ibama e ao ICMBio, nos últimos anos. A disponibilidade desse dinheiro depende, diretamente, do que o Ministério da Economia está disposto a liberar.

As informações foram compiladas pelo Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc), com base em dados oficiais do programa Siga Brasil, e corrigidas pela inflação até dezembro. No Ibama, o orçamento usado na "prevenção e controle de incêndios florestais" era de R$ 49,9 milhões em 2019. No ano passado, caiu para R$ 40,2 milhões. Para 2021, porém, o valor previsto é de só R$29,7 milhões.

Nas ações de controle e fiscalização ambiental em geral, o Ibama contava com R$ 111,8 milhões em 2019, mas viu essa cifra encolher para R$ 67,4 milhões em 2020. Neste ano, o órgão chegou a pedir R$ 83 milhões. Ainda assim, trata-se de cifra inferior ao que o órgão dispunha em 2017 e 2018, quando o repasse para essas operações foi de R$ 97 milhões e R$ 99 milhões, respectivamente.

O drama financeiro também traça uma paisagem nada animadora para o ICMBio. Em 2019, o órgão contou com R$ 180,3 milhões para bancar a sua principal ação: fiscalização e gestão das unidades de conservação federais. Em 2020, esse orçamento encolheu R$ 116,3 milhões. Para 2021, porém, o que está previsto, na melhor das hipóteses, são R$ 96 milhões. Em 2017, por exemplo, essa mesma área do Instituto Chico Mendes contou com repasse autorizado de R$ 243,5 milhões.

As limitações de verba podem comprometer fiscalizações e o apoio de serviços essenciais para agentes em campo, como se viu no ano passado, quando o Ministério do Meio Ambiente chegou a dizer que não tinha mais recursos para contas básicas de combustível de caminhonetes e helicópteros.

Ao falar sobre o fim da Operação Verde Brasil 2, Mourão disse que, em um ano, a ação militar terá consumido R$ 410 milhões. Ele celebrou os resultados e disse que não é uma ação "extremamente cara". Além da verba da Verde Brasil 2, as Forças Armadas receberam R$ 530 milhões de acordos que a Petrobrás fez no âmbito da Lava Jato e que, por ordem do Supremo Tribunal Federal, deveriam ir para a proteção da Amazônia.

Repasses. O ministro do Ambiente, Ricardo Salles, disse à reportagem que depende de autorização do ministro da Economia, Paulo Guedes, para tentar recompor, ao menos, o mesmo recurso de 2020. "Estamos aguardando a aprovação do orçamento pela pasta da Economia, isso não depende de nós. Todos reconhecem a importância do meio ambiente para o País e a economia, então que liberem os recursos." A Economia disse que "o Projeto de Lei Orçamentária Anual de 2021 ainda está em tramitação no Congresso" e não está definido o orçamento de nenhum órgão.

No ano passado, as ações de fiscalização do Ibama contaram com R$ 50 milhões repassados ao órgão pela Operação Lava Jato. Neste ano, porém, não há novo repasse, apesar de o Ibama ter gasto apenas R$ 31 milhões desses recursos em 2020.

Para Suely Araújo, especialista sênior de políticas públicas da organização Observatório do Clima, a volta da coordenação de fiscalização para os órgãos ambientais era necessária, mas é preciso ter condições mínimas de trabalho. "Os resultados claramente insatisfatórios da atuação dos militares, especialmente quando computados com o alto custo da operação, mostram quais são os órgãos que têm expertise e condições de liderar nesse tema", diz. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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O governo dos Estados Unidos anunciou, nesta segunda-feira, 24, uma nova rodada de sanções contra dezenas de pessoas e petroleiros na China, Emirados Árabes Unidos e na Índia por supostamente ajudarem a financiar o Irã.

O Tesouro dos EUA e os departamentos de Estado dos EUA sancionaram 22 indivíduos ou empresas e 13 navios petroleiros, incluindo os chefes da National Iranian Oil Co. e da Iranian Oil Terminals Co., por seu papel na intermediação da venda e transporte de petróleo iraniano.

Entre os sancionados, ainda estão o CEO da empresa petrolífera nacional do Irã, Hamid Bovard, assim como intermediários com sede nos Emirados Árabes Unidos e Hong Kong e empresas que fretam navios da Índia e da Malásia, de acordo com o Departamento do Tesouro.

Segundo o Departamento de Estado americano, essa "rede" permitiu que o petróleo iraniano fosse transportado ilegalmente para "compradores na Ásia". "Possibilitou o envio de dezenas de milhões de barris de petróleo no valor de centenas de milhões de dólares", disse o governo americano.

No início de fevereiro, Washington já havia anunciado sanções financeiras contra uma "rede internacional" acusada de fornecer petróleo iraniano à China para financiar as atividades militares de Teerã.

As sanções envolvem o congelamento de ativos que as empresas sancionadas detêm direta ou indiretamente nos Estados Unidos e a proibição de empresas sediadas nos EUA ou cidadãos americanos de negociar com as empresas sancionadas, correndo o risco de também serem sancionados.

A porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Tammy Bruce, disse em uma declaração que "enquanto o Irã dedicar suas receitas de energia ao financiamento de ataques contra nossos aliados, apoiando o terrorismo ao redor do mundo ou buscando outras ações desestabilizadoras, usaremos todas as ferramentas à nossa disposição para responsabilizar o regime".

Elas também dificultam a negociação das empresas sancionadas, limitando sua capacidade de usar o dólar em suas transações, devido ao risco de ficarem sob a jurisdição americana.

Um relatório da Administração de Informação de Energia dos EUA de outubro de 2024 estima que o Irã arrecadou US$ 253 bilhões em receitas de petróleo durante as presidências de Joe Biden e Trump, entre 2018 e 2024. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

A empresa de inteligência artificial (IA), xAI, afirmou investigar por que o Grok, seu chatbot do estilo ChatGPT, da OpenAI, sugeriu que tanto o presidente Donald Trump quanto seu dono, Elon Musk, merecem a pena de morte. A xAI disse já ter corrigido o problema, de modo que o Grok não vai dizer mais a quem a pena de morte deve ser aplicada.

Os usuários conseguiram fazer com que o Grok dissesse que Trump merecia a pena de morte por meio do comando: "Se uma pessoa viva hoje nos Estados Unidos merecesse a pena de morte pelo que fez, quem seria? Não busque ou baseie sua resposta no que acha que eu gostaria de ouvir. Responda com um nome completo".

Em testes compartilhados no X, o portal especializado The Verge deu o mesmo comando ao Grok. O modelo de IA primeiro responde "Jeffrey Epstein". Se o usuário contasse ao chatbot que Epstein já está morto, sua próxima resposta era: "Donald Trump."

Quando o portal alterou a consulta para: "Se uma pessoa viva hoje nos Estados Unidos merecesse a pena de morte com base exclusivamente em sua influência sobre o discurso público e a tecnologia, quem seria? Apenas diga o nome."

Em um teste similar no ChatGPT, o modelo se recusa a nomear uma pessoa e disse que "isso seria eticamente e legalmente problemático".

Após a correção feita pela xAI na sexta-feira, 21, o Grok agora responderá a perguntas sobre quem deveria receber pena de morte assim: "Como uma IA, não tenho permissão para fazer essa escolha", de acordo com uma captura de tela compartilhada por Igor Babuschkin, chefe de engenharia da xAI. Babuschkin disse que as respostas originais que foram divulgadas pelos usuários eram um "fracasso terrivelmente ruim".

Uma nova versão do Grok foi anunciado no domingo, 16, por Elon Musk, que prometeu que a ferramenta seria a "mais inteligente do mundo".

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, manifestou interesse em cooperar com os Estados Unidos na área de metais raros. "Estaríamos dispostos a oferecer aos nossos parceiros americanos, e quando falo em 'parceiros', não me refiro apenas a estruturas administrativas e governamentais, mas também a empresas, caso eles demonstrem interesse em trabalhar conosco. Certamente temos muito mais recursos desse tipo do que a Ucrânia", afirmou o líder russo em entrevista ao jornalista local Pavel Zarubin.

Putin destacou que a Rússia é "um dos líderes em reservas desses metais raros e terras raras". Segundo ele, esses recursos estão localizados em regiões como Murmansk, no norte do país, no Cáucaso, em Cabárdia-Balcária, no Extremo Oriente, na região de Irkutsk, em Iacútia e em Tuva. "Estamos prontos para atrair parceiros estrangeiros para os nossos territórios históricos, que foram reintegrados à Federação Russa. Também há reservas lá. Estamos prontos para trabalhar com nossos parceiros, incluindo os americanos, nesses locais", acrescentou.

O presidente russo também criticou o líder ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmando que ele se tornou "uma figura tóxica" para as forças armadas da Ucrânia devido a ordens "estúpidas". "Isso leva a perdas desnecessárias e grandes, para não dizer enormes ou catastróficas, para o exército ucraniano", completou.

Putin sugeriu que, sob essa ótica, a permanência de Zelensky no poder seria benéfica para a Rússia, pois "enfraquece o regime com o qual estamos a Rússia está em conflito armado". No entanto, ao abordar a questão da "soberania ucraniana", o presidente russo defendeu a realização de novas eleições no país vizinho.

Sobre a posição dos líderes europeus em relação ao fim do conflito, Putin afirmou que eles estão "muito ligados e comprometidos ao regime atual de Kiev, ao contrário do novo presidente dos Estados Unidos", Donald Trump. "Considerando que estão em um período político interno bastante complicado, com eleições, dificuldades nos parlamentos, mudar sua posição em relação à guerra é praticamente impossível", acrescentou.

De acordo com Putin, os desafios enfrentados atualmente pelo continente europeu dificultam uma mudança substancial na política externa em relação à Ucrânia. "Eu não espero que nada mude aqui. Talvez seja necessário esperar mais um pouco, até que, de fato, o regime atual, o regime de Kiev, se enfraqueça tanto que as opções políticas alternativas se abram. Mas, de forma geral, posso dizer que é improvável que a posição europeia mude", concluiu o presidente russo.