Paes, reeleito, diz que 'é hora de parar com a polarização'

Política
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times
Ao manter a estratégia de ficar longe da polarização que se esperava para o pleito deste ano em todo o País, o prefeito da cidade do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), foi reeleito em primeiro turno ontem. A vitória se deu mesmo com a presença intensa do ex-presidente Jair Bolsonaro no Rio na última semana, em uma tentativa de garantir vitória no berço do bolsonarismo, apoiando Alexandre Ramagem (PL).

Após o resultado das urnas, o prefeito do Rio mandou uma "mensagem para o Brasil": "Chegou a hora de parar com essa polarização. Dá para se unir independente da visão de mundo. Cuidar de um estado tem muito a ver com cuidar de quem precisa. É uma mensagem para o Brasil. Queria agradecer ao presidente Lula, que ajuda a gente no Rio há muito tempo". Lula se manteve neutro na campanha carioca.

Paes dedicou a vitória em primeiro turno ao presidente e fez acenos ao governador Cláudio Castro (PL). No último debate da disputa no Rio, Ramagem fez críticas à atuação de Castro na Segurança Pública. "Governador Cláudio Castro, estamos do seu lado. A partir de hoje, terminam os conflitos", afirmou Paes ontem.

Segundo o prefeito, "não dá mais para continuar politizando tudo no Rio de Janeiro". Em outro ponto do discurso, Paes disse que, apesar de discordar de pontos da gestão do governador, está aberto para trabalhar com ele, assim como faz com o governo federal.

"O governador precisa entender que é dele esse papel (segurança pública)", pontuou. De acordo com o prefeito, Castro "não pode ceder à pressão política" e cita casos em que o governador teria colocado comandantes em batalhões para atender aliados.

PADRINHO

Bolsonaro abraçou a campanha de Ramagem, que cresceu nas pesquisas de intenção de voto e chegou a ameaçar o favoritismo do Paes. O ex-presidente acompanhou a votação no Rio, ao lado do afilhado, ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligêcia (Abin) em sua gestão.

Apesar de ter o apoio do presidente Lula, Paes não cedeu a pressões do PT e manteve em como vice um nome de sua confiança e do mesmo partido: Eduardo Cavaliere. Para 2026, um caminho desejado pelo prefeito é se candidatar ao governo do estado do Rio.

Os dois concorrentes representantes do bolsonarismo na capital fluminense, Rodrigo Amorim (União Brasil) e Ramagem (PL), fizeram uma dobradinha contra o atual prefeito no debate promovido pela TV Globo na última quinta-feira. Para atacar Paes, a dupla usou temas recorrentes do grupo liderado pelo ex-presidente, como aborto e liberação de drogas; também insinuou a participação do prefeito em esquemas de corrupção investigados pela Lava Jato.

Paes, por sua vez, voltou a associar o bolsonarista à política de segurança pública de Cláudio Castro (a quem ontem, reitere-se, acenou a bandeira branca): "No dia em que foram divulgados os últimos índices de segurança publica, o senhor estava ao lado do seu padrinho, o governador Cláudio Castro", alfinetou o prefeito agora reeleito.

VOTAÇÃO

Paes votou na manhã de ontem, acompanhado da família e do candidato a vice em São Conrado, na zona sul da cidade. Em entrevista após a votação, o atual chefe do Executivo municipal comentou que estava confiante em uma vitória no primeiro turno.

"Venho mais uma vez agradecer o carinho da população dessa cidade, ao longo de toda essa campanha, de todo esse processo. Espero muito poder vencer hoje, poder dar continuidade ao trabalho que a gente vem fazendo, de muito amor, de muita dedicação. Tenho certeza que a gente pode encerrar hoje essa votação para que o debate político e a politicagem não atrapalhem o nosso esforço de continuar governando o Rio de Janeiro", disse.

Questionado se o nível da campanha no Rio foi melhor do que o da disputa na capital paulista, o prefeito declarou que toda a repercussão negativa sobre a campanha paulista "é ruim para o processo democrático brasileiro".

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Em outra categoria

O presidente do Paraguai, Santiago Peña, foi hospitalizado no Hospital Samaritano do Rio de Janeiro nesta segunda-feira, 18, após sentir dores no peito, comunicou a presidência do país. O paraguaio está na cidade para participar da cúpula do G20 que ocorre até terça-feira, 19.

Segundo nota, ele está neste momento passando por exames de check-up e um informe deve ser emitido pelo hospital nas próximas horas. De acordo com fontes próximas a Peña, o presidente disse estar bem e passará a noite no hospital para acompanhamento.

Da mesma forma, o vice-presidente paraguaio, Pedro Alliana, disse nas redes sociais que conversou com Peña e que o presidente "se encontra bem e está a espera dos resultados de seus exames médicos".

O presidente, de 46 anos, participava da reunião de líderes de Estado no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, onde foi emitida hoje, antes do esperado, a declaração final da cúpula.

Os líderes do G20 divulgaram na noite desta segunda-feira, 18, o comunicado final da reunião, após a Argentina assinar o texto. O documento cita múltiplos desafios para a economia mundial e alerta para o aumento de riscos de piora da atividade diante da elevada incerteza no mundo.

"Observamos boas perspectivas de um pouso suave da economia global", afirma o comunicado, de 22 páginas. Os bancos centrais dos países permanecem com o compromisso firme de garantir a estabilidade dos preços, ou seja, o controle da inflação.

A atividade econômica mundial tem se mantido "mais resiliente do que o esperado" em muitos países e a inflação está baixando, ressalta o documento. Ainda assim, o G20 alerta que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) tem sido desigual entre os países, o que aumenta o risco de divergências econômicas.

"Vivemos em tempos de grandes desafios geopolíticos, sociais e climáticos", comenta o G20, ressaltando que esse ambiente requer ações urgentes. O texto ressalta ainda que os avanços para reduzir a pobreza e erradicar a fome tiveram reveses desde a pandemia de covid.

Com apenas seis anos para atingir os objetivos das metas sustentáveis das Nações Unidas para 2030, apenas 17% das metas de desenvolvimento sustentáveis estão em curso.

País emplaca menções desejadas em pontos mais sensíveis das negociações

O Brasil conseguiu emplacar no comunicado final da reunião de cúpula do G20, divulgado nesta segunda-feira, 18, menções desejadas aos principais pontos que defendia, como a taxação dos super-ricos, a condenação enfática da guerra em Gaza e o compromisso com financiamento a serviços florestais.

Guerras

A declaração final faz uma forte condenação a conflitos bélicos na linha do que esperava a delegação brasileira. A guerra na Faixa de Gaza tem destaque e os líderes pedem um cessar-fogo abrangente na região. Ainda, demonstra "profunda preocupação" com a escalada de tensão no Líbano.

O documento também condena o terrorismo em "todas as suas formas e manifestações" e reafirma compromisso com o avanço de um mundo livre de armas nucleares. Há uma cobrança para resolução pacífica de conflitos e os esforços para tratar crises. "Apenas com a paz alcançaremos a sustentabilidade e a prosperidade", diz.

Rússia

Os líderes não fazem uma condenação à Rússia e o nome do país não aparece no comunicado. Há apenas uma menção no documento à guerra da Ucrânia.

Ucrânia

O texto não condena o conflito na Ucrânia, que está completando mil dias, com a mesma ênfase que condena a guerra no Oriente Médio. Na Ucrânia, o texto fala do sofrimento humano e do impacto negativo da guerra nas cadeias produtivas globais, nos alimentos, inflação e na segurança energética. O G20 afirma apoiar iniciativas para a paz duradoura na região.

Super-ricos

O comunicado fala da intenção do grupo de buscar cooperação para taxar os super-ricos, que no texto são descritos como aqueles com "patrimônios ultra elevados". Taxar os mais ricos é uma das formas de financiar o combate à fome e à pobreza e reduzir desigualdades. Mas o tema não era consenso desde reuniões anteriores. Inicialmente, a Argentina se mostrou contrária a esse tipo de ação e os Estados Unidos não queriam uma taxação global única, mas sim dentro de cada país.

Financiamentos a serviços ambientais

A declaração final foi clara ao afirmar o compromisso do G20 em mobilizar financiamento "novo e adicional" para florestas, conforme desejado pelo governo brasileiro. O texto diz "reconhecer que as florestas fornecem serviços ecossistêmicos cruciais", uma sinalização de que esse financiamento pode incluir a preservação, ou seja, o pagamento pela manutenção da floresta em pé. O documento fala, ainda, em financiamento "concessional e inovador" para países em desenvolvimento.

O fundo para florestas tropicais proposto pelo governo brasileiro, TFFF na sigla em inglês, também é mencionado, embora não haja um compromisso de adesão explícito dos países do grupo.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, o primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, e a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, não participaram da foto oficial da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza lançada nesta segunda-feira, 18, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva na cúpula de líderes do G20.

Os três líderes chegaram atrasados ao momento da fotografia e as demais lideranças preferiram não esperar. A foto estava prevista para ocorrer às 14h10, mas só saiu por volta das 15h30. A agenda de eventos da cúpula está atrasada desde o começo, com os cumprimentos aos líderes, que deveriam finalizar até às 10h se estendendo por quase uma hora.

Os líderes americanos e canadenses estavam em uma reunião bilateral antes da foto. Em seguida, o presidente dos EUA foi visto saindo do Museu de Arte Moderna do Rio, onde estão ocorrendo as negociações.

A aliança foi lançada oficialmente esta manhã, no momento em que Lula confirmou a adesão de 82 países. O projeto é o principal tópico da presidência brasileira no G20 no Rio e talvez o único que tenha algum avanço concreto. A Argentina foi o último país a aderir, depois que uma lista oficial com 81 nações foi divulgada pelo governo brasileiro.

Além dos países fundadores, a aliança terá 66 organismos internacionais, entre eles fundações como Gates e Rockfeller e bancos multilaterais, como BID e Banco Mundial.