Sócio da clínica de laudo falso de Marçal desviou dinheiro para comprar barco

Política
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Sócio da clínica que teria emitido laudo falso usado pelo candidato Pablo Marçal (PRTB) para atacar o deputado Guilherme Boulos (PSOL) na disputa pela Prefeitura de São Paulo, Luiz Teixeira da Silva Júnior além de condenado pelo uso de documentos falsos para obtenção de registro de médico, é réu na Justiça de São Paulo por peculato enquanto gestor do hospital municipal de Cajamar, na região metropolitana.

Na ação, em curso na 2.ª Vara Judicial de Cajamar, Luiz Teixeira é acusado de ter "aceitado promessa de vantagem indevida" do ex-prefeito Toninho Ribas, entre 2015 e 2016. Para assegurar um contrato de gestão do hospital, Teixeira teria reformado o imóvel da sogra do ex-prefeito, transformando a casa em um ambulatório infantil.

Até a publicação deste texto, o Estadão buscou contato com a defesa de Teixeira e de Toninho Ribas, mas sem sucesso. O espaço está aberto.

Em nota, a defesa de Teixeira afirmou que ele "não possui qualquer envolvimento na elaboração do laudo médico" divulgado por Marçal. Segundo o texto, o nome de sua empresa foi usado "sem o seu consentimento por pessoa que lhe é desconhecida".

À Justiça de São Paulo, a defesa de Teixeira pediu que o processo fosse colocado em sigilo pelo fato de o médico atuar como perito judicial e exercer "função diplomática de adido de saúde perante o Consulado de Chipre". Os advogados pediram a absolvição de Teixeira sob alegação de falta de provas.

"A imputação feita pelo órgão acusador não transbordou os limites da mera argumentação, pois não há um mínimo de prova sequer capaz de afirmar ter ocorrido ou se concretizado o "fato criminoso", devendo ser o acusado Luiz Teixeira absolvido pela inexistência de crime, e não pela ausência de provas em si", sustenta a defesa.

Prestes a ir a julgamento, Luiz Teixeira também já carrega uma ficha no Tribunal de Justiça de São Paulo. Ele foi sentenciado por uso de documento falso, falsificação de documento particular e estelionato.

Quase um mês depois de ver o Ministério Público pedir sua condenação por desvio de dinheiro público, o médico vê seu nome arrastado para o centro de um furação: sua clínica estampa o documento usado por Pablo Marçal para Guilherme Boulos (PSOL).

Segundo a denúncia da Promotoria, Toninho Ribas ofereceu a Luiz Teixeira "vantagem indevida consistente na garantia de manutenção e prorrogação do contrato de gestão firmado pela prefeitura municipal com a Fenaesc, desde que Luiz Teixeira realizasse reforma e, consequentemente, garantisse expressiva valorização económica de imóvel pertencente à família de Antônio, mais precisamente a seus sogros" - no caso a instalação de um ambulatório infantil no local.

A peça levada à Justiça em 2017 diz que Luiz Teixeira aceitou a vantagem e fez as obras determinadas por Toninho no imóvel onde passou a funcionar o ambulatório infantil municipal. Durante a reforma, o então prefeito determinava como seriam executadas as melhorias, diz o documento.

A Promotoria narra que, segundo depoimento do próprio Luiz Teixeira no processo, foram investidos na reforma mais de R$ 1 milhão pertencentes à Fenaesc, quantia que não foi reembolsada por Toninho Ribas.

Em troca, o contrato foi mantido até janeiro de 2017, quando acabou interrompido pela prefeitura de Cajamar sob alegação de que Teixeira estaria desviando verbas públicas para contas pessoais.

A acusação abarca ainda outros supostos atos ilícitos e investigados, entre eles o filho de Toninho, Kaio Poloto. Ele teve o celular grampeado na investigação. Segundo a Promotoria, em uma conversa ele falou com o pai sobre "pagamento e eventual desvio de verbas municipais pelo gestor da Organização Social contratada para administrar o Hospital Municipal". A organização social era Luiz Teixeira.

O Ministério Público narra que, em uma ocasião, Kaio Poloto ligou para seu pai e contou que "o dinheiro que eles transferiram para a Fenaesc em 22 de dezembro foi desviado para contas de Liliane (esposa de Luiz Teixeira) e para a compra de um barco em benefício do próprio Luiz".

Luiz Teixeira teve a prisão decretada, ficou foragido. Ele foi condenado por uso de documento falso e falsificação de documento particular.

Em junho de 2017 a Justiça colocou o médico no banco dos réus por peculato e decretou sua prisão preventiva no processo sobre a reforma do imóvel da sogra de Toninho Ribas. A detenção foi imposta uma vez que a Justiça considerou que medidas cautelares alternativas não bastavam a Teixeira. Isso porque ele já era considerado foragido em razão de uma ordem de prisão decretada em outro processo, também por peculato.

Neste processo anterior, Luiz Teixeira e sua mulher Liliane foram acusados de 108 atos de peculato, além de lavagem de dinheiro, falsificação de documento e organização criminosa.

O decreto de prisão contra o médico nesse caso indica que ele teria "arquitetado um sofisticado esquema de desvio de verbas da saúde pública municipal para se apropriar ilicitamente dos recursos que deveriam se destinar ao hospital municipal de Cajamar".

Segundo a Promotoria alegou à época, o desvio seria de R$ R$1.85 milhão. A lavagem de dinheiro teria ocorrido por "meio de compras de bem de alto valor, doações à igreja e a políticos de expressão nacional e celebração de contratos fictícios".

O Ministério Público sustentou que Luiz Teixeira e sua mulher "faziam do crime um hábito de vida".

A ficha criminal de Luiz Teixeira indica que a prisão ocorreu somente em abril de 2019. Meses depois, o juízo de primeiro grau o absolveu e à sua mulher das acusações da Promotoria. A Justiça alegou que não havia "provas seguras para condenar os acusados". Em setembro do mesmo ano, Luiz Teixeira foi solto.

O MP recorreu da absolvição e conseguiu a reforma da decisão no Tribunal de Justiça de São Paulo. Teixeira pegou um ano e dois meses em regime aberto por uso de documento falso e falsificação de documento particular. A prisão foi convertida em prestação de serviços à comunidade por oito meses e 24 dias e multa de R$ 8,6 mil.

A pena começou a ser cumprida em setembro do ano passado.

Processo de peculato está prestes a ser julgado

O processo já está na fila de julgamento. Em agosto, o Ministério Público de São Paulo apresentou suas alegações finais - últimos argumentos - na ação penal.

A Promotoria diz que ficou devidamente comprovado que o ex-prefeito Toninho Ribas determinou a reforma de imóvel pertencente à sua sogra para que nele funcionasse o ambulatório infantil, gerando grande valorização do imóvel. Segundo o MP, o imóvel estava "em situação de total abandono antes das reformas".

"Aceitando a promessa da vantagem, Luiz Teixeira realizou as obras e, para tanto, despendeu quase um milhão de reais com a reforma, com a garantia de que o contrato seria mantido", segue o MP.

A Promotoria diz que o próprio Luiz Teixeira se complicou em depoimento. Segundo o Ministério Público, ele deixou claro que a construção do ambulatório infantil foi imposta "por Toninho Ribas", cabendo a ele também a escolha do local. Também relatou que foi orientado pela Procuradoria do município de que a manobra poderia gerar problemas para a mulher de Toninho Ribas e então foi solicitado que ele elaborasse uma carta no sentido de que havia identificado o prédio e manifestando interesse na construção no local.

"O gestor da Fenaesc também contou que foram gastos mais de 800 mil reais na reforma do local "para dar visibilidade política para a prefeitura" deixando claro assim um dos interesses de Antônio Carlos com a construção do Ambulatório Infantil", registrou o Ministério Público.

Segundo a Promotoria, Luiz Teixeira mudou de versão quando foi interrogado em juízo. O órgão ressaltou as inconsistências do relato e diz que o médico "trouxe narrativa visando se eximir da responsabilidade criminal, o que passa necessariamente por desmentir os fatos que levavam ao reconhecimento do crime de corrupção passiva".

Os "maus antecedentes" de Luiz Teixeira

Ao defender a condenação de Luiz Teixeira, o MP destaca a "culpabilidade" do médico, vez que aceitou vantagem indevida "obviamente com o intento de obter benefício econômico". O órgão frisou que o dinheiro investido na reforma do imóvel da família do ex-prefeito saiu de fato dos cofres públicos, dos repasses efetuados pela prefeitura para a Fenaesc.

A Promotoria também assinala os "maus antecedentes" de Luiz Teixeira. São citadas duas condenações anteriores do médico - uma por uso de documento falso e falsificação de documento particular e outra por estelionato.

COM A PALAVRA, A DEFESA DE LUIZ TEIXEIRA

Desde as primeiras horas da madrugada do sábado - dia 05 de outubro -, de forma inaceitável e sem justificativa, diversas acusações, ameaças e ofensas, têm sido direcionadas ao Dr. Luiz Teixeira da Silva Júnior, sua esposa e seus filhos, ocasionando grande angústia e apreensão em relação à integridade física e mental de todos.

Em respeito, e compromissado com a transparência do processo eleitoral, o Dr. Luiz Teixeira, de maneira intencional, aguardou o encerramento do horário de votação deste primeiro turno para se pronunciar publicamente e esclarecer que não possui qualquer envolvimento na elaboração do laudo médico referente ao Sr. Guilherme Castro Boulos.

Ademais, esclarece que o Dr. José Roberto de Souza nunca trabalhou ao seu lado, assim como nunca prestou atendimento ao Sr. Guilherme Castro Boulos em sua clínica, ressaltando que o seu nome - e o de suas empresas - foram utilizados sem o seu consentimento por pessoa que lhe é desconhecida.

Todos os fatos que estão sendo relacionados ao Dr. Luiz Teixeira serão devidamente esclarecidos nos autos da investigação, cujo resultado é de seu absoluto interesse.

Aclaramos, por fim, que o Dr. Luiz Teixeira está à inteira disposição das autoridades competentes para fornecer os esclarecimentos necessários.

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Antes da largada do G-20 no Rio, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai participar neste domingo, dia 17, de 11 reuniões fechadas com chefes de Estado e de governo que já chegaram ao Brasil. Todos os encontros, individuais, ocorrerão no Forte de Copacabana. Serão recebidos por Lula os líderes de África do Sul, Malásia, Itália, Emirados Árabes Unidos, União Europeia, Vietnã, Angola, Turquia, Egito, França e Bolívia.

Além de assuntos bilaterais e de negócios entre o Brasil e esses países, o presidente deve tratar dos temas prioritários do G-20 e da tentativa de finalizar as discussões, emperradas por questões geopolíticas e clima. O presidente francês, Emmanuel Macron, visitou antes a Argentina na esperança de destravar as cinco frentes de objeção levantadas pelo presidente Javier Milei e que podem impor uma derrota ao G-20 de Lula.

Outro assunto permanente na agenda com Macron é a resistência do seu agronegócio e do seu país ao acordo entre Mercosul e União Europeia, pauta também de discussões com Ursula von der Leyen, a presidente da Comissão Europeia.

Conflitos globais

O G-20 também precisa ainda aparar arestas relacionadas à mensagem que vão enviar sobre os conflitos globais, como a guerra na Ucrânia e na Faixa de Gaza. A solução encontrada até agora poupa de críticas diretas e nominais a Rússia e Israel, o que gerou insatisfação. O tema tende a entrar em pauta no domingo, já que Lula conversará com primeira-ministra italiana Giorgia Meloni, presidente atual do G-7, grupo aliado da Ucrânia.

Já África do Sul, Turquia, Egito e Emirados Árabes Unidos devem abordar a situação nos territórios palestinos, agora assunto no G-20 por causa da guerra movida por Israel contra o grupo terrorista Hamas.

O presidente dedica o dia quase inteiro às discussões face a face com presidentes e primeiros-ministros, de países membros e convidados ao G-20, grupo das 20 maiores economias do mundo. A única exceção é um compromisso com prefeitos, na iniciativa Urban 20, liderada pelo prefeito do Rio, Eduardo Paes.

Na terça-feira, dia 19, a expectativa do Palácio do Planalto é que Lula faça reuniões no Museu de Arte Moderna com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e com os primeiros ministros da Índia, Narendra Modi, do Japão, Shigeru Ishiba, e do Reino Unido, Keir Starmer.

Lista de bilaterais confirmadas para este domingo

Presidente da República da África do Sul, Cyril Ramaphosa

Primeiro-Ministro da Malásia, Anwar Ibrahim

Primeira-Ministra da República Italiana, Giorgia Meloni

Príncipe Herdeiro de Abu Dhabi, Sheikh Khaled bin Mohamed bin Zayed Al Nahyan

Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen

Primeiro-Ministro da República Socialista do Vietnã, Pham Minh Chinh

Presidente da República de Angola, João Manuel Gonçalves Lourenço

Presidente da República da Türkiye, Recep Tayyip Erdogan

Presidente da República Árabe do Egito, Abdel Fattah El-Sisi

Presidente da República Francesa, Emmanuel Macron

Presidente do Estado Plurinacional da Bolívia, Luis Arce

A primeira-dama do Brasil, Rosângela da Silva, a Janja, xingou neste sábado, 16, o bilionário Elon Musk, que rebateu dizendo que o atual governo vai "perder a próxima eleição'. A mulher do presidente Luiz Inácio Lula da Silva hostilizou o empresário no Rio, onde participa de atividades relacionadas ao G-20. A reportagem fez contato com a assessoria de Janja para comentar o assunto, mas ainda não recebeu resposta.

Janja participava de uma mesa de debates com o influenciador Felipe Neto sobre combate à desinformação no Cria G-20, um dos eventos paralelos à Cúpula de Líderes, que ocorre nos dias 18 e 19 de novembro, no Rio.

Ao fim do painel, ela pediu a palavra para destacar a dificuldade de aprovação de leis para regulamentar plataformas de mídias sociais e reforçou seu impacto em tragédias climáticas por causa da disseminação de informações falsas.

Então, sem razão aparente, abaixou-se por causa do que parecia ser um ruído no ambiente onde estava. Ela interrompeu o discurso e disparou: "Acho que é o Elon Musk. Eu não tenho medo de você. Inclusive, fuck you, Elon Musk", disse Janja.

O bilionário reagiu em seu perfil no X momentos depois, indicando por meio da sigla "lol" que estava dando risadas do ocorrido. Ao comentar outro post na plataforma, Musk afirmou que "eles", em indicação ao governo atual, vão perder as próximas eleições.

Musk é aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro e travou em embate com o Supremo Tribunal Federal sobre desrespeito a ordens legais no Brasil. Ele associava o tribunal ao governo Lula, mas, no evento, Janja afirmou que Moraes é um "grande parceiro" no combate à desinformação.

O ex-presidente Jair Bolsonaro também tentou explorar politicamente a declaração, afirmando em post no X que o Brasil tem novo problema diplomático.

Lula já mandou uma série de indiretas a Musk antes, sobretudo criticando suas operações da SpaceX. Ele foi agora apontando recentemente para integrar o futuro governo Donald Trump, como chefe do departamento de eficiência.

Nesta semana, Janja também criticou a Argentina de Javier Milei por se opor ao avanço de pautas de gênero, no momento em que a diplomacia brasileira e até a francesa se esforçam para convence-lo a ceder e aprovar um resultado final no G-20.

O bilionário norte-americano Elon Musk reagiu neste sábado, 16, ao xingamento feito contra ele pela primeira-dama do Brasil, Rosângela da Silva, a Janja. O empresário, dono do X, compartilhou uma publicação do deputado bolsonarista Nikolas Ferreira (PL-MG) na rede social e escreveu "lol", um símbolo usado na internet equivalente a uma risada.

Nikolas, um dos principais apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro, postou o vídeo de Janja durante um painel de debates no G-20 e escreveu "Essa é a esquerda tolerante". "Eles vão perder a próxima eleição", escreveu Musk, ao comentar outra publicação que reproduzia o vídeo de Janja.

No evento, Janja disse: "Eu não tenho medo de você. Inclusive, fuck you, Elon Musk". Outros bolsonaristas, como os deputados Carla Zambelli (PL-SP) e Carlos Jordy (PL-RJ), também se manifestaram nas redes sociais.

"Esse é o nível da primeira-dama do Brasil", escreveu Jordy. Zambelli, por sua vez, chamou Janja de "irresponsável". "Lula já quer confusão com @realdonaldtrump? Quem vai pagar é o Brasil! Casal de irresponsáveis!", disse a parlamentar, ao mencionar o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, que indicou Musk para um cargo no novo governo.

Ex-secretário de Comunicação do governo Bolsonaro, Fabio Wajngarten foi outro que se manifestou. "Se o Brasil sofrer sanções por parte dos EUA por conta dessa fala irresponsável e absolutamente gratuita o que vai acontecer? Tá xingando um Ministro de Estado Americano. E a tal promoção do discurso de ódio? O @ItamaratyGovBr já se manifestou?", disse, em referência ao Ministério das Relações Exteriores do Brasil.

Musk travou recentemente um embate com o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). O X chegou a ficar suspenso no Brasil por cerca de 40 dias após o empresário, que também é dono da Tesla e da Space X, recusar-se a cumprir decisões da Corte sobre remoção de conteúdo da rede social.