Câmara indica que vai manter prisão de Daniel Silveira

Política
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times

A Câmara vai decidir nesta sexta-feira, 19, o destino do deputado Daniel Silveira (PSL-RJ) e tudo indica que manterá a prisão decretada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes, na noite de terça-feira, 16, depois que o parlamentar divulgou um vídeo com ameaças e ofensas aos integrantes da Corte. Líderes de pelo menos sete partidos, até mesmo do Centrão, grupo aliado ao presidente Jair Bolsonaro, confirmaram a orientação às bancadas para votar contra Silveira e enviar o caso ao Conselho de Ética.

O presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), se reuniu com Bolsonaro, no Palácio do Alvorada, e o avisou que a tendência da Casa será rifar Silveira porque a maioria não quer comprar briga com o Supremo. Alvo de outros dois inquéritos, como o que investiga a disseminação de fake news e os atos antidemocráticos, o aliado bolsonarista pode ser cassado.

"Reputo esse caso como absolutamente fora da curva e espero que tenha tratamento correto", disse Lira, na noite desta quinta, 18, após se reunir com o presidente do Supremo, Luiz Fux, ao lado do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG). "Há um ambiente de paz e de busca de consenso", emendou Pacheco. Ministros do STF receberam sinais de que a Câmara manterá Silveira na cadeia.

A sessão de hoje está marcada para as 17h e a votação deve ser nominal. Para que a prisão do deputado seja confirmada pela Casa são necessários 257 votos (maioria absoluta dos 513 deputados). O revés para o aliado de Bolsonaro ficou claro na longa reunião de líderes partidários com Lira, na tarde de ontem. "Nossa bancada terá ampla maioria para manter a prisão", disse o presidente do Republicanos, Marcos Pereira (SP), aliado de Lira e Bolsonaro.

A própria Mesa Diretora da Câmara protocolou representação contra Silveira no Conselho de Ética, na qual pede a perda de mandato do deputado, sob o argumento de que ele quebrou o decoro ao publicar vídeo nas redes sociais atacando a honra dos ministros do STF e fazendo apologia do AI-5, o mais duro ato da ditadura militar.

Audiência

Após Moraes determinar a prisão em flagrante de Silveira, outros capítulos contribuíram para que até aliados do parlamentar começassem a mudar o tom. Por 11 votos a zero, o plenário do Supremo decidiu manter a prisão do deputado nesta quarta, 17. Além disso, uma audiência de custódia com Silveira, ontem, indicou que ele deve continuar atrás das grades.

O juiz Aírton Vieira, que atua no gabinete de Moraes, resolveu manter Silveira preso ao menos até um pronunciamento oficial da Câmara. À noite, o deputado foi transferido da Superintendência da Polícia Federal, no Rio, para o Batalhão Especial Prisional da Polícia Militar. Antes de sua transferência, a PF apreendeu dois celulares de Silveira na sala da superintendência em que ele estava detido (mais informações nesta página).

O Estadão apurou que esse fato pode dificultar ainda mais o relaxamento da prisão. Durante a audiência, Silveira adotou tom que contrasta com suas declarações contra o STF no vídeo postado nas redes. "No meu entendimento, com todo o respeito à magistratura e à decisão do senhor ministro (Alexandre de Moraes), tenho para mim que a situação reputada como flagrante, assim não poderia tê-lo sido", disse Silveira.

No vídeo, porém, o deputado não economizou nos ataques. "Suprema Corte é o cacete. Na minha opinião, vocês já deveriam ter sido destituídos do posto de vocês e uma nova nomeação convocada e feita de 11 novos ministros. Vocês nunca mereceram estar aí", afirmou ele, na ocasião, defendendo a cassação de pelo menos um integrante da Corte. "Tudo que eu quero. Um ministro cassado. Para os outros 10 idiotas pensarem 'Pô, não sou mais intocável'."

Como o Estadão revelou, a votação unânime no Supremo e a denúncia da Procuradoria-Geral da República forçaram Lira e outros aliados ao governo a rever a estratégia esboçada anteriormente para tentar livrar Silveira da cadeia. O presidente da Câmara, que passou o dia em reuniões, tem usado a necessidade de votar projetos da agenda econômica como justificativa para resolver rapidamente o imbróglio político. Esse foi um dos temas da conversa de Lira e Pacheco, ontem, com o ministro da Economia, Paulo Guedes (mais informações nesta página).

Nas redes, porém, bolsonaristas intensificaram os ataques ao STF. O pastor Silas Malafaia ameaçou fazer campanha contra integrantes da bancada evangélica que votarem pela manutenção da prisão. "Deputado evangélico que votar em favor dessa aberração de manter um deputado preso por suas falas vou denunciar, para nunca mais ser votado por nós."

PF encontra dois celulares

A Polícia Federal encontrou dois celulares na sala em que o deputado federal Daniel Silveira (PSL) ficou preso nas noites de terça e anteontem. De acordo com a PF, um dos aparelhos foi o mesmo que havia sido apreendido durante o cumprimento do mandado de prisão. O ministro Alexandre de Moraes, que assinou o mandado, já foi informado sobre os celulares na prisão. Um inquérito foi instaurado para investigar como e quem entregou os celulares ao deputado.

No dia seguinte à prisão, o advogado André Rios, que representa o deputado, negou que ele estivesse com um celular e realizando postagens na internet. Sua conta no Twitter, no entanto, tem sido movimentada mesmo após sua prisão. "O celular dele está com a assessoria, eles que fazem as postagens", afirmou Rios, que também não vê problemas em eventuais publicações soarem como provocação. Silveira foi transferido da Superintendência da PF para a Unidade Prisional da Polícia Militar do Rio. / FÁBIO GRELLET e SAMUEL COSTA

DOIS TONS DE SILVEIRA

Antes da prisão

"Tô sendo o quê, ogro? Ah, tô sendo tosco? O que que você espera? Que eu seja o quê? Que eu tenha um tipo de comportamento adequado para tratar a Vossa Excelência? É claro que eu não vou ter.. cagando e andando para vocês."

Depois da prisão (em audiência de custódia)

"No meu entendimento, com todo o respeito à magistratura e à decisão do senhor Ministro, tenho para mim que a situação reputada como flagrante, assim não poderia tê-lo sido, entendo, com todo respeito reiterado que não estávamos diante de uma situação de flagrante."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Em outra categoria

Em mais um esforço de sua agenda de deportação em massa, o governo Donald Trump vai oferecer um auxílio em dinheiro e pagar as viagens de volta para casa aos imigrantes indocumentados que deixarem os Estados Unidos voluntariamente, disseram autoridades nesta segunda-feira, 5.

A política, que oferecerá US$ 1.000 (R$ 5.600) e uma passagem aérea de volta, faz parte da iniciativa do governo Trump para persuadir imigrantes a se deportarem como forma de ajudar o presidente a cumprir suas ambiciosas promessas de imigração. Autoridades disseram que um imigrante de Honduras já aceitou a oferta do governo e voou de Chicago de volta ao seu país de origem.

Nas últimas semanas, o governo americano tem aconselhado cada vez mais certos imigrantes a deixarem o país antes de serem alvos das autoridades. Também adotou políticas para tornar a vida desconfortável para aqueles que estão no país sem status legal, como impedir o acesso de certos migrantes a serviços financeiros.

O dinheiro oferecido aos imigrantes que partem por conta própria será pago após a confirmação da viagem de volta por meio de um aplicativo lançado pelo governo Trump no início deste ano, chamado CBP Home. Autoridades afirmam que o programa economizará recursos do governo, evitando os custos necessários para prender, deter e transportar pessoas para fora do país em aviões fretados pelo governo.

"Se você está aqui ilegalmente, a autodeportação é a melhor, mais segura e mais econômica maneira de deixar os Estados Unidos e evitar ser preso", disse Kristi Noem, secretária de segurança interna, em um comunicado.

O governo Trump anunciou na semana passada que havia deportado cerca de 140.000 imigrantes dos EUA desde janeiro. Os números, até o momento, estão muito longe da promessa central de campanha de Trump: remover milhões de pessoas que estão ilegalmente no país.

O número não é muito diferente da quantidade de deportações do governo Biden no mesmo período de tempo. Porém, as expulsões do republicano tem sido muito mais controvertidas, com uso de aviões militares, deportação sem o devido processo legal - em violação à Constituição americana - e com imigrantes legais sendo deportados erroneamente, como foi o caso do salvadorenho Kilmar Abrego Garcia.

As deportações podem ser custosas e demoradas, visto que as autoridades americanas frequentemente precisam deter migrantes por um longo período de tempo, coordenar documentos de viagem e preparar voos fretados para diversos países.

São frequentes também os problemas envolvendo migrantes de países que não aceitam seus cidadãos ou tornam o processo tão complexo que a remoção demora ainda mais.

O custo médio para o Departamento de Imigração e Alfândega dos EUA prender, deter e remover um imigrante ilegalmente nos Estados Unidos é de US$ 17.121 (R$ 96,7 mil), segundo o Departamento de Segurança Interna. A agência afirma que, mesmo com o custo do auxílio, uma "autodeportação" reduziria o encargo de uma deportação em cerca de 70%.

Trump sugeriu uma política de incentivo a viagens em uma entrevista recente à Fox News.

"Mas o que queremos fazer é ter um programa de autodeportação, que ainda nem anunciamos", disse ele à emissora em meados de abril. "A única coisa que ainda não decidi é: o que vamos fazer? Vamos dar a eles um estipêndio, algum dinheiro e uma passagem de avião, e então vamos trabalhar com eles, se forem bons, se os quisermos de volta, vamos trabalhar com eles para trazê-los de volta o mais rápido possível."

Trump prometeu deportar pelo menos 1 milhão de pessoas no primeiro ano de seu segundo mandato e tem usado agências federais, ordens executivas e até mesmo a centenária Lei de Inimigos Estrangeiros para facilitar sua promessa, muitas vezes com ramificações legais questionáveis.

"Fui eleito para tirá-los daqui", disse ele no domingo, 4, em uma entrevista no programa "Meet the Press" da NBC onde admitiu não saber se precisava obedecer à Constituição no caso dos direitos de não-cidadãos. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta segunda-feira, 5, ter mantido uma "boa e produtiva" conversa por telefone com o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan. Em publicação na Truth Social, Trump citou discussões sobre a guerra entre Rússia e Ucrânia, a situação na Síria, Gaza e outros temas.

"Acabei de ter uma conversa telefônica muito boa e produtiva com Erdogan sobre muitos assuntos, incluindo a guerra com a Rússia/Ucrânia, tudo sobre a Síria, Gaza e mais", escreveu Trump.

O presidente revelou ainda que Erdogan o convidou para visitar a Turquia em uma data futura e que o líder turco também irá a Washington.

Trump destacou seu relacionamento próximo com Erdogan durante seu primeiro mandato.

O republicano também expressou otimismo em relação a uma possível mediação para encerrar o conflito na Ucrânia. "Estou ansioso para trabalhar com o presidente Erdogan para acabar com a guerra ridícula, mas mortal, entre a Rússia e a Ucrânia - AGORA!", escreveu.

A presidente da Comissão Europeia, braço administrativo da União Europeia, Ursula Von der Leyen, afirmou que o bloco protegerá cientistas estrangeiros que se mudarem para a região, em meio ao esforço europeu para alcançar Estados Unidos e China em tecnologias inovadoras como a inteligência artificial. "Acredito que a ciência é a chave para o nosso futuro aqui na Europa. Sem ela, simplesmente não poderemos enfrentar os desafios globais de hoje, da saúde às novas tecnologias, do clima aos oceanos", disse em uma conferência em Paris nesta segunda-feira, 5.

Von der Leyen usou seu discurso para promover uma série de políticas que a Comissão pretende adotar para atrair pesquisadores ao continente.

Entre as medidas estão a proposta de uma Lei da Área Europeia de Pesquisa, para reforçar a livre circulação de conhecimento e dados no bloco, um pacote de 500 milhões de euros de apoio a pesquisadores, novas bolsas e incentivos direcionados a cientistas que atuam em tecnologias de fronteira, como a IA. "Queremos que a Europa lidere em tecnologias prioritárias - de IA à computação quântica, do espaço a semicondutores e microeletrônica, da saúde digital à genômica e biotecnologia", afirmou.

No mesmo evento, o presidente francês, Emmanuel Macron, também fez um apelo para que cientistas venham ao país.

O plano europeu surge enquanto universidades nos EUA enfrentam cortes propostos pelo presidente Donald Trump no financiamento federal à pesquisa. Uma proposta orçamentária americana datada de 2 de maio prevê cortes de bilhões de dólares em programas voltados ao ensino superior.

"O papel da ciência no mundo de hoje está sendo questionado. O investimento em pesquisa fundamental, livre e aberta está sendo questionado. Que gigantesco erro de cálculo", disse Von der Leyen em Paris. Fonte: Dow Jones Newswires.