Geração Z troca o smartwatch pelo relógio analógico; entenda a tendência

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Quem nunca depositou um valor sentimental em um relógio? Companheiro do tempo, já foi tema de poemas, cartas de amor, letras de música. "Mesmo um relógio parado está certo duas vezes por dia", clama Paulo Coelho em Brida (Ed. Paralela). "O relógio de pulso pula de uma mão para outra e, na verdade, nada muda", lamenta a banda O Teatro Mágico em Amém.

O "pulo" de uma mão para outra dos relógios nunca foi tão ameaçado desde que o item começou a ser usado como símbolo de status depois da Primeira Guerra Mundial. Afinal, quem precisa de relógios, calculadoras, termômetros ao ter um celular?

Mas eles, por mais irônico que possa parecer, são sobreviventes do tempo. E, agora, chegam às mãos de uma geração que já nasceu em meio às facilidades da tecnologia: a geração Z. No TikTok, os vídeos com a hashtag #relogio já ultrapassam as 100 mil publicações.

Jovens relatam procurar o objeto para fugir da tentação de olhar as notificações do celular ao checar as horas ou, até mesmo, por questão de segurança em cidades com altos índices de roubos e furtos. A costureira Brenda Falcão, de 29 anos, não é exatamente da geração Z, mas é bem imersa na tecnologia e resolveu substituir seu smartwatch por relógios analógicos.

Ela possui uma conta na rede social de vídeos em que faz reviews de celulares. Em um dos vídeos, dividiu opiniões ao dizer que fez a troca pelo relógio tecnológico pelo "vintage". Além de não exigir que a bateria seja recarregada quase todos os dias, o modelo analógico também lhe proporciona mais tranquilidade.

"Aqui onde eu moro não é tão calmo como em outros lugares. Geralmente, eu costumo olhar a hora no próprio relógio, não no celular", conta ela, que mora em Pacajus, no interior do Ceará. "Eu junto é útil ao agradável: o meu gosto e a situação também do lugar que moramos."

Também existem os que defendem que "smartwatch não é relógio". É o caso do filmmaker Bernardo Britto, que se define como "entusiasta da alta relojoaria". Britto faz sucesso falando sobre relógios nas redes sociais: tem mais de 300 mil seguidores no Instagram, 2 milhões de curtidas no TikTok e quase 60 mil inscritos em seu canal do YouTube.

O criador de conteúdo, que tem 29 anos e mora no Rio de Janeiro, ganhou seu primeiro relógio da avó quando tinha 7 anos. Desde então, defende o item como forma de expressão. "Fico triste quando dizem que relógio é só para dizer a hora, porque não é", diz.Para ele, o hábito da geração Z em usar relógios foi muito impactado pelos smartwatches nos últimos 5 ou 10 anos. "Eles começaram a olhar para o relógio como relógio. [...] E a 'galera' começou a se preocupar um pouco com a personalidade e aparência. Assim como estar bem vestido, usar um relógio legal transmite uma mensagem para quem você está conhecendo", comenta.

Mercado nacional vê crescimento

É a faixa etária de Britto e Brenda que, geralmente, ainda busca por relógios analógicos. O interesse pelo item, porém, vem em uma crescente nos últimos anos, como apontaram algumas marcas brasileiras ao Estadão. As clássicas Condor e Champion dizem focar em um público de 25 a 45 anos e a nova Statera Watch Co., de relógios mecânicos, foca nas pessoas de 30 a 50 anos.

A Condor, por exemplo, lançou parcerias com a Disney para tentar atrair mais o público jovem e estar "mais antenada nas tendências recentes", como descreve Anna Luisa Hrihorowitsch Monteiro, analista de comunicação da marca. "Observamos que há um crescente interesse de pessoas mais jovens, que estão descobrindo e mergulhando no encantador mundo da relojoaria mecânica como uma forma de expressão", diz Rafael Guimarães, cofundador da Statera, que diz que a marca percebeu uma estabilização nas vendas após um crescimento durante a pandemia.

A Statera foi fundada em 2022 e Rafael descreve que, no início, houve um receio em vender relógios mecânicos na época do digital. "Nos fez lembrar da Crise do Quartzo nos anos 1970, quando a relojoaria tradicional enfrentou uma grande ameaça. [...] [Mas] a Crise do Quartzo também evidenciou que a paixão pelos relógios mecânicos ia além da mera funcionalidade. Os relógios mecânicos resistiram porque são uma expressão de arte, tradição e 'savoir-faire' (saber-fazer) que os relógios a quartzo ou digitais não conseguem replicar", afirma.

Edmundo Nascimento, Head de Growth da Champion, comenta que, no início, os revendedores de relógios temiam por uma redução da demanda com o uso dos celulares - o que não aconteceu, já que o objeto sempre foi tratado como um item da moda. Por esse motivo, não gerou receio para a Condor, segundo Anna Monteiro. "O relógio vem crescendo ano a ano", aponta ela.

'Old money' e 'Vovôcore'

A consultora de moda Thamyris Curado, de 34 anos, formada em Jornalismo, também defende que os relógios nunca estiveram "em baixa". "Eles são clássicos", afirma. O item, porém, está sendo mais procurado por tendências de moda que tomaram conta das redes sociais.

Ela cita o "Old Money", tendência que busca o tradicionalismo, com roupas lisas, e "foge daquilo que não é considerado elegante". Recentemente, a tendência do "Vovôcore", que valoriza itens "vintage", também esteve nas roupas e nas telas da geração Z. No ano passado, o "Vovôcore" apareceu no Pinterest Predicts, relatório do Pinterest que prevê as maiores tendências para o ano seguinte - segundo a rede social, a busca por "Estilo vovô" cresceu 60%.

Thamyris diz que os smartwatches não possuem lugar nas novas tendências: "Relógio digital é só na academia", defende ela em seus atendimentos. "Quando eu trago um relógio analógico, eu estou comunicando uma coisa. Quando eu trago um relógio esportivo, voltado para o digital, eu estou comunicando outra", aponta ela, completando que os smartwatches possuem um objetivo funcional, e não estético.

Os brechós em São Paulo já percebiam essa procura por itens "vintage" pelo público underground paulistano há tempos. O Frou Frou Vintage, no Baixo Augusta, por exemplo, foi fundado em 2007 mirando nesses consumidores. A loja, porém, começou a perceber um crescimento da procura há menos de um ano.

Giovanna Belucci, que fundou o brechó com a mãe, Luzia Belucci, diz que sempre usou relógios antigos - até mesmo os que não funcionavam. "Esse nosso nicho também já usava e, ultimamente, eu sinto que é uma tendência de moda mesmo. Tanto que a gente passou a se dedicar mais. Mandar todos para o restauro, deixar tudo perfeitinho... Porque as pessoas procuram por essas relíquias", conta.

Onde comprar e o que saber antes?

É possível comprar relógios novíssimos em sites de marcas brasileiras, como as citadas nesta matéria - Condor, Champion e Statera Watch Co. - ou em revendedores dos produtos oficiais. Os valores dependem do modelo e exclusividade: há aqueles vendidos por R$ 200 aos que chegam até a R$ 17 mil.

Para quem busca modelos "vintage", as melhores opções são brechós e feiras de antiguidade. A Frou Frou Vintage (Rua Augusta, 725, Consolação), atualmente, tem modelos "garimpados" em Londres que vão de R$ 280 a R$ 800.

Bernardo Britto também sugere as feiras da Praça XV de Novembro, no Rio, aos sábados, as da Praça Benedito Calixto, em São Paulo, aos sábados, do bairro do Bixiga e do Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (MASP), aos domingos.

Ele, porém, diz que o ideal é ficar alerta para possíveis falsificações. "É bom sempre procurar procedência, se atentar se o preço está esquisito", afirma.

Para escolher bem o relógio, Thamyris explica que o melhor modelo é o adaptado à medida do pulso de cada pessoa. "O relógio ideal é o que vai ficar no centro do seu pulso e não vai tomar conta do pulso inteiro", diz.

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Um avião agrícola caiu nesta quinta-feira, 14, quando fazia a pulverização de lavouras de cana-de-açúcar, em Fernandópolis, na região Noroeste do Estado de São Paulo. O piloto, único ocupante da aeronave, morreu no local, segundo o Corpo de Bombeiros. Ele foi identificado como Rogério Guido, conhecido como 'Lelo'.

O avião pertence a uma empresa de aviação agrícola sediada em Adamantina, cidade da região onde também morava o piloto. A Força Aérea Brasileira (FAB) e a Polícia Civil apuram as causas do acidente.

De acordo com informações do Corpo de Bombeiros de Fernandópolis, a corporação foi comunicada por trabalhadores rurais da região sobre a queda de um avião próximo a uma usina de cana-de-açúcar, a 20 km da área urbana. A equipe chegou ao local e encontrou a aeronave agrícola destruída. O piloto já estava sem vida.

O avião caiu em uma área de brejo e ficou destruído. O corpo do piloto foi retirado das ferragens e encaminhado para o Instituto Médico Legal (IML). O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) foi avisado pelos bombeiros.

A FAB informou que investigadores do serviço regional do Cenipa, localizado em São Paulo, foram acionados para realizar a ação inicial de ocorrência envolvendo a aeronave de matrícula PP-PLR, em Fernandópolis.

Rogério Guido era considerado um piloto experiente. Ele deixou esposa e filhos. Em sua rede social, a Voando Baixo Aviação Agrícola, comunidade de pilotos agrícolas, lamentou a morte de 'Lelo'. "Nossas mais sinceras condolências pela perda do comandante Rogério Guido. Hoje nos despedimos de um profissional exemplar e uma pessoa que deixou uma marca profunda nas vidas de quem teve o privilégio de conhecê-lo", postou, desejando conforto aos familiares e amigos.

A 5.ª Câmara de Direito Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo condenou Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, líder do Primeiro Comando da Capital (PCC), e a mulher dele, Cynthia Giglioli Herbas Camacho, por lavagem de dinheiro do tráfico de drogas.

Marcola e a mulher foram acusados de usar um salão de beleza, o Diva's Hair, em São Paulo, como uma empresa de fachada para incorporar o dinheiro do tráfico.

O desembargador Damião Cogan, relator do caso, concluiu que eles "tentaram dissimular os valores depositados em dinheiro de origem ilícita como operações regulares do salão".

Marcola foi condenado a 6 anos e 4 meses de prisão em regime fechado. A pena de Cynthia foi de 4 anos de reclusão em regime aberto.

Marivaldo da Silva Sobrinho e Maria do Carmo Giglioli da Silva, sogros de Marcola, também foram condenados. Eles seriam laranjas na compra de uma casa de mais de R$ 3 milhões, com dinheiro vivo, em um condomínio de luxo em Granja Viana. As penas foram de 3 anos de reclusão.

"O pagamento da transação imobiliária em espécie possibilitou a ocultação da verdadeira origem do dinheiro, possibilitando a integração de valores ilícitos como lícitos no patrimônio da família de Marcos Willians", concluiu o relator.

A decisão da 5.ª Câmara de Direito Criminal foi unânime. Marcola e os familiares haviam sido absolvidos na primeira instância. Ele está preso em uma penitenciária federal há mais de 20 anos.

Em depoimento, Marcola afirmou que, desde a sua prisão, "não adquiriu bens ou teve lucro ou ganho com facção criminosa".

Para o desembargador Damião Cogan, a justificativa não convence: "É consabido que sendo o 'líder máximo' do PCC todos os demais integrantes da facção criminosa tem obrigação de pagar 'pedágio' mensal para a mantença dele e dos demais integrantes da cúpula da organização ilícita, sob pena de severas sanções praticadas pelos 'disciplinas' da citada organização."

Antes de abrir o salão, Cynthia vendia lingerie e perfume na porta de presídios. Hoje, segundo ela, o lucro com o salão gira em torno de R$ 60 mil mensais. Em depoimento, ela afirmou que sofre "perseguição" da polícia e que o negócio é regular.

A Prefeitura de São Paulo vai fechar definitivamente o Hospital Bela Vista, localizado no centro da cidade e referência no atendimento à população em situação de rua na capital. A unidade estava interditada pela Vigilância Sanitária estadual desde o fim de outubro e, no momento, é alvo de investigação do Ministério Público de São Paulo (MPSP) sobre supostas irregularidades e mortes de pacientes no local.

A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) informou que está entregando o prédio onde funciona o hospital, seguindo o pedido do MPSP e da vigilância.

A interdição do Bela Vista aconteceu no dia 31 de outubro, após uma fiscalização envolvendo a vigilância, o MPSP e o Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp).

Na época, a SMS afirmou que o motivo da medida seriam problemas estruturais, mas o promotor do caso, Arthur Pinto Filho, aponta outras questões. Segundo Filho, o levantamento do Cremesp indicou irregularidades diversas, chamando a atenção para a ocorrência de 17 mortes na unidade de terapia intensiva (UTI) do hospital em agosto e outras 15 em setembro. Dessas, seis podem ter envolvido "erros grotescos".

O promotor destaca que ainda é necessária uma melhor análise das mortes para compreensão dos fatos. O ministério aguarda também o relatório da Vigilância Sanitária "para ter uma visão em conjunto do que exatamente aconteceu ali", completa Filho.

Ainda segundo o promotor, outra tarefa nas próximas semanas será analisar o que é de responsabilidade da Prefeitura e o que compete à organização social que geria o local - a Associação Filantrópica Nova Esperança (AFNE). Só então serão feitas as devidas cobranças judiciais.

Outras irregularidades

Além da UTI, foram identificados problemas nos quartos de isolamento, onde havia pacientes infectados com tuberculose. O local não teria um sistema adequado de tratamento do ar para impedir que outras pessoas fossem infectadas, diz Filho.

A fiscalização também identificou que não havia profissionais em quantidade suficiente para atender a demanda; falta de equipe qualificada conforme exigências da legislação; escalas incompletas de médicos plantonistas; irregularidades na central de esterilização de materiais cirúrgicos, com falha na separação entre os equipamentos limpos e sujos; inconsistências no controle e distribuição de medicamentos controlados e ausência de licença da Vigilância Sanitária.

O que diz a prefeitura

Em nota, a SMS reitera que a interdição do hospital foi determinada por motivos estruturais, "visando adequações técnicas às normas da Vigilância Sanitária". Diz ainda que, por ser um imóvel locado, não pode realizar melhorias estruturais diretamente.

Em relação aos pacientes, a pasta informa que as últimas pessoas internadas no local estão sendo transferidas para outros hospitais municipais, conforme determinação da Vigilância Sanitária. A previsão é de que as transferências terminem ainda nesta semana.

O hospital abriu suas portas em 2020 e permaneceu em operação por quatro anos. Na nota, a SMS destaca que "desde sua abertura durante a pandemia, o hospital prestou importantes serviços de saúde à população, sendo aberto inicialmente para atender a demanda de pacientes acometidos pela covid-19 e, posteriormente, referenciado para população em situação de rua".