Neguinho da Beija-Flor anuncia último carnaval em 2025 em carta de despedida

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Luiz Antônio Feliciano Marcondes, o Neguinho da Beija-Flor, anunciou que atuará como intérprete na avenida pela última vez no carnaval de 2025. O anúncio foi dado pelo artista em uma entrevista concedida ao RJ1, programa da Rede Globo, e confirmado pela Beija-Flor por meio de uma publicação no Instagram nesta quarta-feira, 20.

O intérprete anunciou que, a partir de agora, se dedicará à carreira como cantor. Ele permaneceu na escola de samba por 50 anos. "Chegou a hora. Tenho que dar oportunidade a quem quer ser um Neguinho da Beija-Flor", disse ele, emocionado, durante a entrevista ao RJ1.

Luiz Antônio chegou à Beija-Flor no dia 11 de junho de 1975. À época, seu nome artístico era "Neguinho da Vala" - foi Anísio Abraão David, presidente de honra da escola de samba, quem sugeriu "Neguinho da Beija-Flor". No próximo ano, a escola, campeã por 14 vezes no carnaval do Rio de Janeiro, dedica um enredo ao carnavalesco Laíla, amigo do intérprete.

A Beija-Flor prestou uma homenagem à voz que por tantos anos comandou os desfiles da escola. "Sua voz ecoou em cada verso que cantamos, em cada vitória que celebramos e em cada nota 10 que nos fez vibrar. [...] Neguinho é, e sempre será, a essência da Beija-Flor. Não há Beija-Flor sem ele. Sua história está gravada em nossas cores, nossos sambas e nossos corações."

Neguinho da Beija-Flor também compartilhou, com a Rede Globo, uma carta se despedindo do carnaval. "Por você, venci o câncer, cantando na avenida ainda sob tratamento. Tenho fé que me curei graças a Deus e ao abençoado remédio do carnaval. Nunca esquecerei como a comunidade me recebeu, na volta aos ensaios, em nossa quadra sagrada. O aplauso e a montanha de carinho estão para sempre tatuados na memória", diz ele em um trecho.

Leia a carta de despedida do carnaval de Neguinho da Beija-Flor na íntegra:

"À minha amada Beija-Flor

O desfile de 2025 marcará minha despedida como intérprete de seus hinos na Passarela do Samba. No próximo carnaval, escreverei, com a comunidade nilopolitana, o ponto final da trajetória cinquentenária, tempo de muita felicidade e alegria. Vamos atravessar a Passarela do Samba pela derradeira vez, eu com a minha voz e o orgulho de sempre, sustentando a força e a magia de nossa comunidade que brilha no altar dos bambas. Será mais um momento de nosso amor eterno.

Lembro emocionado, querida escola, do início dessa história, quando cheguei jovenzinho para participar da disputa de samba, no inesquecível Sonhar com rei dá leão. Joãosinho Trinta, também recém-chegado, criara o enredo sobre o jogo do bicho e eu, então Neguinho da Vala, sonhava entrar para a ala de compositores. O saudoso carnavalesco permitiu que eu tentasse - e deu certo. Com o samba composto por mim, fomos campeões.

De lá para cá, você ganhou 14 carnavais, e me concedeu o privilégio de estar presente em todos. Fomos tricampeões duas vezes, levamos o Cristo mendigo coberto pela censura, na imagem mais conhecida do carnaval. E o mais importante: inserimos a Beija-Flor de Nilópolis na história da maior festa popular do Brasil. Em lugar de protagonista.

Consolidou-se a Maravilhosa e Soberana, como está no nosso hino-exaltação, Deusa da Passarela, que tive a honra de compor. E virou seu merecido apelido no planeta carnaval.

Por você, venci o câncer, cantando na avenida ainda sob tratamento. Tenho fé que me curei graças a Deus e ao abençoado remédio do carnaval. Nunca esquecerei como a comunidade me recebeu, na volta aos ensaios, em nossa quadra sagrada. O aplauso e a montanha de carinho estão para sempre tatuados na memória.

Por isso e muito mais, jamais cogitei receber salário da Beija-Flor. Nunca assinei contrato nem me submeti a qualquer burocracia. Nossa relação é única e dispensa protocolos. Costumo repetir que se alguém deve algo, sou eu a você, minha escola. Tenho muito orgulho de carregá-la em meu nome oficial, o da carteira de identidade: Luiz Antonio Feliciano Neguinho da Beija-Flor Marcondes.

Guardo como um tesouro a primeira carteira de integrante da ala de compositores. Está lá a data, 11 de junho de 1975, do começo de tudo. Dos companheiros originais, ainda estão aqui o patrono Anísio Abrahão David e a querida Pinah. Começamos juntos a aventura de conduzir uma pequenina escola da Baixada Fluminense ao panteão das gigantes de nossa cultura popular. E chegamos lá, com a participação de muitos outros sambistas que vieram depois e seguirão rumo ao futuro.

Chegou a minha hora. Em 2025, cantarei a exaltação de meu parceiro Laíla - a quem conheci ainda antes do primeiro carnaval, na lendária roda de samba do Bola Preta -, como epílogo dessa odisseia que durou meio século de folia e felicidade. Superou muito meus melhores sonhos. E continuarei lhe amando. Você pode contar comigo por toda a eternidade.

Obrigado por tudo, minha escola, minha vida, meu amor.

Olha a Beija-Flor aí, gente!"

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Uma árvore de grande atingiu ao menos dois carros que estavam estacionados no Parque do Carmo, localizado na zona leste de São Paulo, na terça-feira, 4. Um deles é um Renault Sandero da cor preta que foi atingido no teto por um tronco. Os vidros também estouraram com o impacto. O mesmo ocorreu com o Honda Fit da cor cinza, que estava parado ao lado. Ninguém ficou ferido.

A Secretaria do Verde e do Meio Ambiente disse que a equipe de manejo e de técnicos responsáveis estiveram no local do incidente, dentro do Parque do Carmo. "Prestaram todo o apoio necessário para a remoção da árvore e orientação aos proprietários dos veículos atingidos", disse a pasta. A secretaria acrescenta que está investigando o motivo da queda árvore e o laudo técnico está em elaboração.

Na madrugada de segunda-feira, 3, caiu uma árvore plantada pela arquiteta Lina Bo Bardi (1914-1992) no jardim do Teatro Oficina, na Bela Vista, região central de São Paulo, em função das chuvas que atingiram a capital no fim de semana.

Na queda, a árvore quebrou alguns vidros do janelão do teatro. Ninguém se feriu. A queda, ocorrida por volta das 3h15, foi anunciada pelo perfil do teatro nas redes sociais.

Em razão das chuvas, o Corpo de Bombeiros também informou que registrou ao menos 24 chamados para queda de árvores entre a meia-noite e a tarde de terça-feira. Outras ocorrências também foram registradas na segunda.

Uma operação deflagrada nesta terça-feira, 4, pela Corregedoria da Polícia Civil de São Paulo apreendeu 23 telefones celulares no presídio destinado a policiais civis, no Carandiru (zona norte da capital). Atualmente, 69 agentes estão presos lá.

A operação, chamada Video Vocacionis (Videochamada, em adaptação livre em latim), foi motivada por uma investigação sobre dois policiais civis que estão nesse presídio. A Corregedoria concluiu que os investigadores Valdenir Paulo de Almeida, o Xixo, e Valmir Pinheiro, cujo apelido é Bolsonaro, usaram celulares para fazer videochamadas de dentro do presídio e pressionar pelo menos um comparsa a omitir informações a respeito deles durante depoimentos à polícia e à Justiça. Eles tiveram o auxílio de dois familiares, segundo a investigação. O Estadão não localizou as defesas de Xixo e Bolsonaro.

Os dois policiais foram presos preventivamente pela Polícia Federal em setembro do ano passado, acusados por crimes contra a administração pública, usura, tráfico de drogas e lavagem de dinheiro. Segundo o Ministério Público de São Paulo (MP-SP), eles receberam R$ 800 mil em propina para arquivar investigação de tráfico de drogas. Os dois teriam ligações com Antônio Vinícius Gritzbach, delator da facção criminosa PCC morto no Aeroporto de Guarulhos no ano passado.

A maioria dos celulares estava enterrada em um jardim situado em área comum do presídio, segundo pessoas que acompanharam a operação. Além dos 23 aparelhos, foram apreendidos:

- 14 carregadores

- 26 fones de ouvido

- 11 smartwatchs (relógios com acesso à internet)

- R$ 21.672,15

- dólares

- euros

- notebook

- roteador

- pequena quantidade de droga

Paralelamente à busca de objetos proibidos realizada no presídio, a operação desta terça-feira também cumpriu mandado de busca e apreensão contra um delegado da Polícia Civil que não está preso, mas é investigado por suspeita de participação no esquema para arquivar investigação sobre tráfico de drogas. Ele não teve o nome divulgado, mas também teria ligações com Gritzbach.

A operação teve o apoio com apoio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MP-SP, da secretaria estadual da Administração Penitenciária, da Controladoria-Geral do Estado, da Polícia Científica e da Guarda Civil Metropolitana.

O Ministério Público (MP) deu dez dias para a Prefeitura de São Paulo rescindir o contrato das obras referentes ao túnel na Avenida Sena Madureira, na Vila Mariana, na zona sul da capital, sob o risco do prefeito Ricardo Nunes (MDB) ser alvo de uma ação civil pública por improbidade administrativa. A recomendação é resultado de um dos três inquéritos abertos no MP para investigar a obra. Questionada, a Prefeitura disse que irá acatar.

"Essa licitação está completamente contaminada por crimes. Não tem o menor cabimento dar continuidade nessas obras", disse o promotor Silvio Marques ao Estadão.

As construções começaram em setembro de 2024, com um custo estimado em R$ 531 milhões, mas foram paralisadas após diversas determinações judiciais. Para além das irregularidades na licitação, a obra também é investigada pelos impactos ambientais por conta do corte de árvores. No ano passado, ativistas e moradores da região realizaram inúmeros protestos no local.

"Já comuniquei a empresa que não tem possibilidade de acordo. Eu quero só a rescisão. Caso a Prefeitura queira, ela pode fazer uma nova licitação e adequar, inclusive, as exigências ambientais", explicou o promotor.

No documento, Silvio Marques afirma que o contrato firmado com a construtora Álya Construtora S.A., antiga construtora Queiroz Galvão S.A., "decorre de fraude da qual a empresa participou e que envolve outras licitações do Programa de Desenvolvimento do Sistema Viário Estratégico Metropolitano de São Paulo, sob a responsabilidade da Dersa - Desenvolvimento Rodoviário S.A., antiga empresa do governo de São Paulo."

No ano passado, a promotoria de Justiça do Patrimônio Público e Social da capital já havia pedido esclarecimentos à Prefeitura sobre a motivação para ter seguido o projeto, que foi anunciado inicialmente na gestão Gilberto Kassab (2006-2012) e embargado durante a Lava Jato, com a mesma construtora, a antiga Queiroz Galvão, rebatizada como Áyla. Na ocasião, o MP destacou que a empresa foi demandada em ação civil de improbidade administrativa do Ministério Público Federal e ação civil pública do MP-SP.

No ofício, Silvio Marques ainda afirma que a manutenção da Áyla como contratada decorreu de parecer de um assessor jurídico, que posteriormente admitiu à Promotoria ter errado "ao não verificar as fraudes e crimes contra a Administração Pública nas licitações do Programa de Desenvolvimento do Sistema Viário Estratégico Metropolitano de São Paulo".

Segundo o promotor, a responsabilidade desse assessor não está excluída. Já a do secretário municipal e do prefeito ainda será analisada. "O parecer é absolutamente irregular. Esse não tem como deixar fora. Com relação as outras, tenho que ver."

O que exatamente prevê a obra?

Segundo a Prefeitura, o projeto prevê a construção de dois túneis com duas faixas cada, em sentidos contrários no cruzamento da Rua Sena Madureira com a Rua Domingos de Morais. A gestão diz que a obra "beneficiará mais de 800 mil pessoas" que circulam na região da Vila Mariana diariamente para acessar a Avenida Ricardo Jafet, que faz ponte com a Rodovia dos Imigrantes e a região do Ipiranga.

A conexão com a Ricardo Jafet ocorrerá pelas ruas Vergueiro e Embuaçu, que devem receber "adequações viárias de sinalização". Os túneis terminam a cerca de 1,2 quilômetros da avenida.

Um deles terá início na Rua Souza Ramos e desemboque na Rua Sena Madureira, na altura da Rua Botucatu, totalizando 977 metros de túnel, intervenções de emboque e desemboque e galerias.

Já o outro sairá da Rua Sena Madureira, próximo à Rua Mairinque, e desembocará na área pública municipal próximo à Rua Sousa Ramos, na Chácara Klabin. São 674 metros no total.

Quais as críticas dos moradores e ambientalistas?

Além da derrubada de árvores centenárias que compõem hoje um corredor verde na Rua Sena Madureira, os manifestantes criticam as intervenções em uma área que, conforme a nova versão do Plano Diretor, de 2023, é de interesse social para moradia popular e de proteção ambiental. Cerca de 200 famílias que vivem uma comunidade na Rua Sousa Ramos terão que sair para dar lugar aos túneis.

Conforme o mapa de áreas do novo Plano Diretor, parte das construções passa por zonas especiais de Proteção Ambiental (ZEPAM) e de Interesse Social 1 (ZEIS-1). Mas na época em que o projeto dos túneis foi criado e o contrato assinado, há mais de dez anos, essas marcações ainda não existiam.

Parte das obras de túneis na Vila Mariana será na Zona Especial de Proteção Ambiental que fica entre as ruas Maurício Francisco Klabin, Afonso Celso, Coronel Luis Alves e Souza Ramos. Ali, passa o córrego Embuaçu, que está sendo canalizado pela Prefeitura, além de dezenas de árvores. Esse tipo de zona, segundo o Plano Diretor, "possui vegetação significativa" e é "destinada à preservação e proteção ambiental";

Ao lado da área de vegetação, está a comunidade Souza Ramos, cuja área é considerada no Plano Diretor como Zona Especial de Interesse Social 1, quando há "ocupações irregulares aptas à regularização fundiária". Pelo tempo em que vivem ali, boa parte dos moradores têm direito à usucapião. A obra dos túneis envolveria a retirada de população desta comunidade.