'É o reencontro do Brasil com sua cultura', diz Nachtergaele sobre 'O Auto da Compadecida 2'

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Se o primeiro filme de O Auto da Compadecida tinha a amizade inabalável de João Grilo e Chicó como guia da história, inspirada na peça de Ariano Suassuna, o segundo longa-metragem tem um outro elemento praticamente indissociável de sua essência: o tempo. Afinal, O Auto da Compadecida 2, principal estreia da semana nos cinemas, carrega as marcas evidentes dos 20 anos que se passaram desde o lançamento do primeiro filme.

A cidade continua a mesma - Taperoá, no sertão nordestino. E a amizade de João Grilo (Matheus Nachtergaele) e Chicó (Selton Mello) continua florescendo e se afirmando, com rezas de um lado e histórias de pescador do outro. Mas isso parece ser a única coisa que ficou. Afinal, o diretor Guel Arraes faz questão de marcar o tempo agindo nessa amizade: João ficou sumido; Chicó ficou sozinho à espera de Rosinha (interpretada por Virgínia Cavendish), que também sumiu; e novas lideranças surgiram na cidade, como o Coronel Ernani (vivido pelo ator Humberto Martins).

Tudo é tempo, tudo se ancora no passado e no presente. O futuro, como sempre, surge de maneira nublada, nunca dando as caras. "É um filme sobre a amizade resistindo", resume Matheus Nachtergaele ao Estadão. "O tempo passou de verdade. Aconteceram coisas. E, quando eles se reencontram, algo está intacto. Isso se chama amizade, que é um sentimento nobre, bonito. No final, o tempo é determinante em várias coisas no filme."

CRENÇAS

A história, em essência, fala sobre um João Grilo que volta para Taperoá depois de ficar um tempo longe da cidade e do amigo Chicó. Quando ele retorna, ressurge a crença de que renasceu pelas mãos de Nossa Senhora (interpretada no primeiro filme por Fernanda Montenegro e, agora, por Taís Araújo). É aí que ele vira quase-santo, cabo eleitoral e até mesmo se envolve em pequenas artimanhas e rolos com o radialista local (Eduardo Sterblitch) e com o amigo carioca (Luis Miranda) que se passa pelo poderoso bispo da região.

"Contar essa história provoca uma mistura de emoções. É uma coisa de responsabilidade, porque O Auto da Compadecida virou filme de cabeceira dos brasileiros", diz Nachtergaele, voltando, mais uma vez, a falar do tempo. "Devolver o carinho é honrar o que foi sentido durante 25 anos. Isso mudou nossas vidas, nos encheu de responsabilidade para o cinema que íamos fazer depois, para as escolhas que também fizemos no trabalho na televisão. Você tem que estar à altura desse carinho. Isso é uma mistura de coisas bonitas. De certa forma, é um encontro do Brasil com a sua cultura."

Ariano Suassuna morreu em 2014, sem deixar qualquer tipo de continuação da peça O Auto da Compadecida. O roteiro de Guel Arraes, Adriana Falcão e João Falcão, assim, nasce a partir de uma inspiração em Suassuna, mas não diretamente de um texto seu.

Com quase todos os personagens do primeiro filme mortos após o julgamento celestial, foi preciso encontrar novos moradores de Taperoá. Dentre as novidades, estão os já citados Coronel Ernani, de Humberto Martins, e o radialista Arlindo, de Sterblitch - que, é claro, querem se valer do capital político de João Grilo para comandarem a prefeitura da cidade. Outra boa novidade é o trambiqueiro Antônio do Amor, de Luís Miranda, amigo de João.

"É interessante mergulhar no universo de O Auto da Compadecida, de Suassuna, ainda mais quando você tem espaço para criar e pensar no personagem", conta Martins. "Eu fui desenvolvendo o Coronel Ernani de dentro para fora, pensando em um homem seco, vazio, quase como um escorpião tentando desesperadamente se agarrar a algo."

LOUCURA

Há ainda mais novidades, como a sedutora Clarabela (Fabíula Nascimento), filha de Ernani. E a nova atriz por trás do papel de Nossa Senhora: Taís Araujo. "Quando o Guel Arraes me ligou e explicou a proposta, eu aceitei imediatamente. Depois que desliguei, pensei que era uma loucura, uma responsabilidade gigantesca. Aos poucos, fui entendendo que se tratava de uma nova representação da Nossa Senhora", diz Taís. "Procurei focar na relação entre Nossa Senhora e o João Grilo, buscando uma intimidade sagrada, próxima. Essa visão de trazer o sagrado para perto foi essencial para mim. Afinal de contas, Nossa Senhora é humana, como todos nós."

Filmado inteiramente dentro de estúdios, novo longa abraça a tecnologia digital

Nessas mudanças todas que acompanham O Auto da Compadecida, o tempo atravessa muitas outras discussões.

Para começar, a tecnológica: enquanto o primeiro longa-metragem se valeu da película para ser feito, este novo capítulo abraça muito mais a tecnologia digital. Toda a produção foi rodada dentro de estúdios, inclusive com telões simulando o cenário do sertão.

"O tempo é determinante inclusive na estética final do Auto 2. É feito com as tecnologias mais avançadas disponíveis, mas de um jeito que honra a estética do primeiro", diz o ator Matheus Nachtergaele. Selton Mello, enquanto isso, relembra como o primeiro filme causou espanto por decisões de tecnologia da época - e espera que isso se repita.

"O primeiro foi feito em película. Era o que havia de mais avançado na época", diz. "Causava espanto: 'nossa, vocês vão fazer em película? No sertão? Com aquele calor?'. É muito bacana ver isso acontecendo de novo, a partir de uma outra tecnologia", diz o ator.

Outro marco temporal que surge é pensar como o cinema nacional mudou de lá para cá. No primeiro filme, lançado nos cinemas em 2000, após a estreia da série em 1999, o mercado brasileiro estava se recuperando da "terra arrasada" dos anos anteriores. Foi o filme de Chicó e João Grilo que retomou parte da esperança.

Agora, 24 anos depois, os personagens retornam em outro momento de recuperação, após o cinema do País sofrer a partir de uma polarização política. Nachtergaele acredita que é a hora de refazer uma conexão.

"Hoje em dia, o cinema brasileiro é um cinema de bandeiras difíceis. É corajoso, bonito, aguerrido. O Auto da Compadecida foi responsável por fazer as pazes do brasileiro com o cinema naquela época. Havíamos passado por um período difícil antes, e o filme ajudou a reconstruir essa relação", diz.

"A celebração de Auto 2 traz isso mais uma vez, as pazes que fizemos. Estamos num momento lindo. O Selton, por exemplo, está brilhando em um drama (ele se refere ao filme Ainda Estou Aqui), que traz as pessoas de volta ao cinema. E agora, ao mesmo tempo, como o Chicó, ingênuo, romântico e mentiroso. Ele consegue vibrar em duas sintonias, no melhor que o cinema brasileiro tem a nos oferecer."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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Por Redação

A ciclista Thais Bonatti, de 30 anos, morreu neste sábado, 26, após ser atropelada na manhã de quinta-feira, 24, pelo juiz aposentado Fernando Augusto Fontes Rodrigues Júnior, de 61 anos, na cidade de Araçatuba, interior do Estado de São Paulo. A reportagem não localizou a defesa de Bonatti.

Em nota, a Santa Casa de Araçatuba, onde a vítima estava internada, informou que Thais veio a óbito à 1h27 deste sábado. Ela estava internada na UTI.

"Apesar dos esforços de todas as equipes que atuam na unidade e no Centro Cirúrgico, a vítima não resistiu à gravidade dos politraumas, fratura de pelve e de traumatismo craniano encefálico sofridos", disse o hospital. O corpo foi encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML) para autópsia.

"1h30 da madrugada eu estava em casa e recebi uma ligação da Santa Casa dizendo que ela tinha morrido. Então, enquanto ele (o juiz) estava dormindo com a família dele, eu estava escolhendo o caixão para a minha irmã. Ele está solto e o sentimento é de revolta", disse William Bonatti em entrevista ao Brasil Urgente, da Band.

O que aconteceu

Na manhã da última quinta, 24, o juiz estava a bordo da sua caminhonete modelo Ford Ranger, quando parou o veículo perto de um supermercado na Avenida Waldemar Alves, no bairro Jardim Presidente.

Ele estava acompanhado de uma mulher que, no momento em que o carro estava parado, teria tentado passar para o seu colo, segundo informações do boletim de ocorrência.

O juiz aposentado, então, teria acelerado o carro e passado com a caminhonete por cima de Thais Bonatti, que estava de bicicleta perto do veículo.

A vítima foi levada em estado grave para a Santa Casa de Araçatuba, onde não resistiu e faleceu neste sábado.

De acordo com a Polícia Civil, o juiz apresentava fala desconexa, falta de coordenação motora e forte odor etílico quando foi abordado pelos policiais.

Imagens de câmeras recolhidas pela polícia mostram que uma mulher nua estava em seu colo no momento do acidente. Ela teria se vestido e deixado rapidamente o local.

Júnior foi conduzido à Delegacia Seccional e submetido a um exame clínico que constatou que estava "alcoolizado/embriagado" no momento do atropelamento.

A polícia deu voz de prisão a Júnior e, na sequência, a sua prisão em flagrante foi convertida em preventiva (sem prazo pré-definido).

Na sexta-feira, 25, ele foi liberado após o pagamento de fiança no valor de R$ 40 mil, e vai responder em liberdade.

Histórico do juiz

Rodrigues Júnior fez sua carreira como juiz da 1.ª Vara Cível de Araçatuba, a 530 quilômetros da capital São Paulo, até se aposentar em 15 de agosto de 2019.

Segundo dados do Tribunal de Justiça de São Paulo, disponíveis no Portal da Transparência da Corte, entre janeiro e junho, ele teve rendimento bruto somado de R$ 917 mil. Com os descontos, seu contracheque líquido bateu em R$ 781 mil acumulados no período, média de R$ 130 mil por mês.

Um homem, identificado como Gustavo Rodrigues Guimarães, morreu na tarde de ontem, 25, após cair de uma altura aproximada de 50 metros na Cachoeira da Usina, na zona rural da cidade de Alto Paraíso de Goiás, na região da Chapada dos Veadeiros.

O acidente ocorreu enquanto ele praticava highline e atravessava uma fita suspensa sobre a queda d'água.

Segundo relatos de testemunhas, Gustavo caiu diretamente sobre as pedras à margem do poço da cachoeira. Amigos que estavam no local tentaram reanimá-lo por meio de manobras de RCP (ressuscitação cardiopulmonar), mas ele não respondeu.

O Corpo de Bombeiros de Goiás foi acionado e, ao chegar ao local, encontrou a vítima deitada na borda do poço, com sangramento intenso na região de trás da cabeça e sem sinais vitais. A equipe do Samu confirmou o óbito.

A Polícia Técnico-Científica, o Instituto Médico Legal (IML) e a Polícia Civil também foram chamados para os procedimentos legais, e o corpo foi recolhido ainda na tarde de ontem.

Nas redes sociais, Gustavo mostrava um pouco da rotina de viagens e da prática da modalidade esportiva que realizava durante o acidente. Além do highline, ele compartilhava o dia a dia trabalhando com montagens de palco e praticando malabarismo.

Amigos e familiares se mobilizam nas redes para arrecadar fundos destinados ao translado do corpo e ao custeio do sepultamento.

Um incêndio atinge uma indústria de vasilhames na tarde deste sábado, 26, em Guarulhos, na Grande São Paulo. O Corpo de Bombeiros informou que foi acionado às 14h32. A informação inicial é que não há vítimas.

"Graças a Deus não há vítimas", disse a capitã Karoline Burunsizian, porta-voz do Corpo de Bombeiros, em entrevista ao programa Brasil Urgente, da Band. "A brigada da empresa que estava combatendo as chamas no início falou que não há vítimas dentro, não havia funcionários. Estamos trabalhando com essa informação", continuou.

Segundo a capitã, o foco dos agentes é evitar que o fogo se alastre para outras partes do prédio. Karoline afirmou ainda que o material incendiado é uma mistura de plástico e produtos químicos.

"Nós estamos fazendo esse levantamento com a empresa. Provavelmente são vasilhames de plástico com produto químico no interior. Mas o que é exatamente [a substância] só vamos saber depois das equipes no local confirmarem", acrescentou a porta-voz.

Inicialmente, seis viaturas foram deslocadas para a rua Atleca Fratucelli Lopes, nº 189, no bairro Vila Nova Bonsucesso. Porém, na última atualização do caso, às 15h59, os Bombeiros disseram que 40 homens em 12 viaturas trabalhavam para conter as chamas.

Nas redes sociais, usuários relatam que é possível avistar a fumaça a dezenas de quilômetros de distância, como o Tucuruvi, na zona norte da capital paulista. Outros pontos mencionados são Tatuapé, Guaianases e as cidades de Cotia e Osasco.

O local do incêndio fica a pouco mais de 6 km de distância do Aeroporto Internacional de Guarulhos, onde as chamas também podem ser vistas de acordo com relatos publicados nas redes sociais.

A administração do aeroporto informou que pousos e decolagens ocorrem normalmente no local.