Apontado como um dos mandantes da morte do delator do Primeiro Comando da Capital (PCC), Emilio Gongorra Castilho, também conhecido como João Cigarreira ou Bil, é um dos traficantes da facção criminosa. A Polícia Civil realiza uma operação nesta quinta-feira, 13, para prendê-lo. A reportagem tenta contato com a defesa.
Até as 11 horas, ele ainda não havia sido encontrado. A polícia ouvia o depoimento de parentes e pessoas ligadas ao traficante. As buscas foram realizadas em diversos endereços, dentre eles um galpão de propriedade de Castilho. No local, a polícia atua com o auxílio de cães farejadores.
Segundo apurado pelo Estadão, Castilho também seria o elo entre o PCC e a facção Comando Vermelho, oriunda do Rio de Janeiro. Durante o planejamento do assassinato, a suspeita é de que ele recebeu auxílio de Diego Amaral, vulgo Didi, também integrante da facção e procurado pela polícia. A reportagem também tenta contato com a defesa de Amaral.
O crime teria sido motivado pelo fato de Gritzbach estar solto e ter revelado às autoridades nomes de faccionados, além dos esquemas de lavagem de dinheiro do PCC com empresas.
Na delação ao Ministério Público, o empresário forneceu informações sobre as operações da facção e também denunciou policiais de dois departamentos de Polícia Civil e duas delegacias da cidade de São Paulo. Ele relatou como inquéritos foram suspostamente manipulados por policiais para livrar integrantes do PCC da acusação de crimes, mediante pagamento de propinas em dinheiro e até mesmo com a transferência da propriedade de imóveis.
O Estadão já havia revelado que Cigarreiro e Ademir Pereira de Andrade, outro traficante do PCC, seriam os supostos responsáveis por contratar os PMs para matar o delator. A facção teria oferecido R$ 3 milhões pela morte do empresário.
Desde novembro, quando o empresário foi morto, 26 suspeitos foram presos. Dentre eles, 17 policiais militares, cinco policiais civis e quatro pessoas suspeitas de relação com Kaue Amaral Coelho, apontado como "olheiro" dos assassinos no dia da execução. Ele ainda está foragido e a Secretaria da Segurança Pública oferece R$ 50 mil por informações sobre ele.
Investigação sobre lavagem de dinheiro do PCC
Antonio Vinicius Lopes Gritzbach estava no centro de uma das maiores investigações feitas até hoje sobre a lavagem de dinheiro do PCC em São Paulo, envolvendo os negócios da facção na região do Tatuapé, zona leste paulistana.
Sua trajetória está associada à chegada do dinheiro do tráfico internacional de drogas ao PCC. Ele fechara acordo de delação premiada em abril do ano passado. Em reação, a facção pôs um prêmio de R$ 3 milhões pela sua cabeça.
Gritzbach era um jovem corretor de imóveis da construtora Porte Engenharia quando conheceu o grupo de traficantes de drogas de Anselmo Bechelli Santa Fausta, o Cara Preta. Vinícius Gritzbach foi demitido pela empresa em 2018.
Foi a acusação de ter mandado matar Cara Preta, em 2021, que motivou a primeira sentença de morte contra ele, decretada pela facção.
Para a polícia, Gritzbach havia sido responsável por desfalque em Cara Preta de R$ 100 milhões em criptomoedas e, quando se viu cobrado pelo traficante, decidira matá-lo. O empresário teria contratado Noé Alves Schaum para matar o traficante.
O crime foi em 27 de dezembro de 2021. Além de Cara Preta, o atirador matou Antonio Corona Neto, o Sem Sangue, segurança do traficante. Conforme as investigações, Schaum foi capturado pelo PCC em janeiro de 2022, julgado pelo tribunal do crime e esquartejado por um criminoso conhecido como Klaus Barbie, referência ao oficial nazista que atuou na França ocupada na 2ª Guerra, onde se tornou o Carniceiro de Lyon.