Boletim médico divulgado na tarde deste sábado, 22, indica uma piora do estado de saúde do papa Francisco. Segundo o comunicado do Vaticano, o papa teve um crise respiratória asmática prolongada e sua condição é "crítica".
Por conta da falta de ar, foi necessária a aplicação de uma terapia de alto fluxo de oxigênio. Ainda de acordo com o boletim médico, exames de sangue revelaram uma "trombocitopenia, associada à uma anemia o que exigiu a administração de transfusões de sangue".
Na análise do pneumologista Elie Fiss, do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, o quadro sinaliza um agravamento considerável nas condições de saúde do pontífice, de 88 anos. Segundo explicou o médico, o alto fluxo de oxigênio é uma terapia respiratória não invasiva cujo objetivo é fornecer oxigênio ao paciente.
"O cateter nasal de alto fluxo de oxigênio fica no nariz e injeta oxigênio para dentro dos pulmões por pressão", explicou o pneumologista. "O uso dessa terapia indica uma insuficiência respiratória grave, com risco até de intubação."
Segundo Elie Fiss, os resultados do exame de sangue também indicam um agravamento do quadro.
"Esse resultado mostra que a pessoa tem uma infecção muito grave: cai o número de plaquetas (trombocitopenia) e o número de glóbulos vermelhos (anemia)", disse o médico.
"Precisamos lembrar que estamos falando de um paciente de quase 90 anos, com pneumonia dupla polimicrobiana. Há um risco muito alto de ser levado a uma unidade de terapia intensiva."
Na sexta, 21, em coletiva de imprensa no hospital, a equipe médica responsável pelo tratamento do papa já havia dito que a maior preocupação era por conta do risco de os germes das vias respiratórias entrarem na corrente sanguínea, causando sepse - infecção generalizada.
O pontífice foi internado no dia 14, após uma semana de bronquite. Já no hospital, passou por exames e foi diagnosticado com pneumonia bilateral. De acordo com Gabriel Santiago, coordenador nacional de Pneumologia da Rede D'Or, quando se fala em pneumonia bilateral, significa que a infecção afeta os dois pulmões.
Esse quadro pode ser mais grave do que uma pneumonia "comum", que acomete apenas parte de um pulmão, sobretudo no caso do papa. O médico lembra que o pontífice teve uma infecção pulmonar grave quando era jovem, o que levou à remoção de parte do seu pulmão direito, além da evolução para alterações chamadas de bronquiectasias, que são alargamentos dos brônquios e dificuldade de expectorar a secreção.
Ainda de acordo com o especialista, o mais importante nesses casos é garantir um tratamento adequado, escolhendo antibióticos específicos para as bactérias envolvidas, com o apoio de testes de sensibilidade desses micro-organismos. O objetivo é controlar a infecção e evitar a evolução do quadro com complicações ainda mais graves.