Grandes cidades focam em ter água e postos de saúde perto dos blocos

Variedades
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times

A onda de calor no País prossegue pelo menos até quarta-feira e continua a desafiar foliões e administrações públicas. O Estadão perguntou às prefeituras das cidades com maiores carnavais de rua do País - São Paulo, Rio, Salvador, Recife, Olinda e Belo Horizonte - sobre o que farão para remediar o calor e evitar que foliões passem mal. As medidas mencionadas envolvem oferta gratuita de água, caminhões-pipa nos maiores blocos para refrescar e equipes médicas a postos.

Em São Paulo e no Rio, um grupo de foliões intitulado "As Águas Vão Rolar" criticou as ações municipais. Eles reivindicam a criação de um gabinete de crise, ampliação da oferta de água e maior flexibilidade para horário dos blocos.

"A Prefeitura (de São Paulo) anunciou que serão oferecidos 2,2 milhões de copos de água nos três finais de semana de desfiles dos blocos. O número, porém, representa menos de 15% do público estimado em 16 milhões pela gestão municipal durante os dias de folia", argumenta o grupo. O Município, por sua vez, diz que além dos copos há "bebedouros e caminhões de água potável com torneira nos trajetos".

De acordo com Carlos Machado, pesquisador de saúde pública da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), duas medidas são essenciais: distribuição de água gratuitamente e posicionamento de equipes de saúde com materiais próprios para resfriamento de pessoas em estado de emergência. "Alterar os horários dos blocos é bem-vindo, mas não garante que não haverá problema com calor."

O especialista aponta que a responsabilidade em relação ao calor deve ser compartilhada. "A prefeitura tem de oferecer água e fazer uma campanha de prevenção e conscientização. Já as pessoas devem levar uma garrafinha, um boné, se alimentar bem e evitar exposição nos horários mais críticos", diz. A utilização de caminhões-pipa também é bem vista pelo médico, assim como a distribuição de viseiras e bonés, como faz a prefeitura de Olinda.

No Rio, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) afirma que preparou um "esquema especial" de atendimento pré-hospitalar nas áreas de maior concentração de público, em Centro, Copacabana e Ipanema. A prefeitura de Belo Horizonte informou que separou estações de hidratação pela cidade mas, até o momento, "não houve registro de aumento na procura por atendimento de saúde devido ao calor".

INOVAÇÃO

A prefeitura de Salvador está promovendo, este ano, o Observatório do Clima nos principais circuitos da folia. "Dois equipamentos foram instalados, um deles no Campo Grande e o outro na Rua Dias D'Ávila, na Barra."

Os dados coletados devem ser utilizados no planejamento da cidade nos próximos carnavais, como por exemplo para promover melhorias na ventilação de determinado circuito de trio elétrico. A prefeitura do Recife não respondeu até as 17 horas de ontem.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Em outra categoria

Vinte e quatro horas após a tentativa de invasão de povos indígenas à área de negociações da Cúpula do Clima das Nações Unidas (COP-30) - a chamada Blue Zone -, o cenário nas ruas que dão acesso ao local mudou completamente. No início da noite desta quarta-feira, 12, dezenas de carros da Polícia Militar estavam estacionados de forma enfileirada com os giroflex acesos. Veículos da PM também circulavam pelas vias, que estão fechadas desde a cúpula dos líderes da COP, na semana passada.

Nas noites anteriores da conferência, também havia policiamento nas ruas. Mas eram, normalmente, dois carros nos locais de acesso. Nesta quarta, há também um maior número de policiais, além de cães e ônibus da PM.

Na terça-feira, 11, manifestantes tentaram acessar a área restrita a credenciados. Eles conseguiram ultrapassar o sistema de Raio-X, mas foram parados por um bloqueio de segurança antes de acessarem o local. Portas da entrada foram quebradas.

A Blue Zone é uma espécie de grande tenda. É uma estrutura temporária, tipicamente usada em feiras e congressos, ou seja, frágil.

O acesso para chegar ao local é fechado para carros. É preciso caminhar cerca de 10 minutos até a entrada.

O presidente da Cúpula do Clima das Nações Unidas (COP-30), o embaixador André Corrêa do Lago, no entanto, minimizou nesta quarta-feira, 12, a tentativa de invasão à área onde acontece o evento. "O incidente de ontem (terça) é uma coisa que acontece num país democrático como o Brasil", afirmou Lago. As últimas edições da COP foram realizadas em países com restrições a protestos: Azerbaijão (2024), Emirados Árabes Unidos (2023) e Egito (2022).

A ONU, responsável pela segurança no espaço, afirmou que dois seguranças ficaram feridos e que investiga o episódio. Informou também garantir a segurança do espaço.

"Houve certo excesso, mas acredito que é uma coisa que entra em um contexto muito mais amplo. A gente não pode deixar de lembrar, como disseram muito bem a ministra Marina (Silva, do Meio Ambiente) e a ministra Soninha (Sônia Guajajara, dos Povos Indígenas), que essa já é a COP mais inclusiva", afirma Lago.

Segundo o presidente da COP, o evento tem propiciado "pleno espaço para (quem quiser) manifestar todas as suas reticências, discordâncias, dificuldades". "Nós achamos que quanto mais tiver um bom debate, tranquilo, vai ser muito bom", disse Lago.

Como aconteceu a confusão na COP

Vídeos obtidos pela reportagem mostram os manifestantes gritando palavras de ordem em defesa da taxação de grandes fortunas, enquanto seguranças tentam retirá-los da zona azul. Alguns manifestantes subiram em mesas com faixas de protesto. Outros empunhavam bandeiras, bastões, megafones, arcos e flechas.

Em sua contas nas redes sociais, o Coletivo Juntos escreveu: "Ocupamos a COP-30 porque quem luta contra a crise climática é o povo e não os bilionários".

Os indígenas protestavam com uma bandeira "Palestina livre" e contra a exploração de petróleo na Margem Equatorial da foz do Rio Amazonas.

O Vaticano publicou na última terça-feira, 3, uma carta ao bispo de Bayeux-Lisieux, na França, na qual o Dicastério para a Doutrina da Fé considera definitivamente "não sobrenatural" o fenômeno envolvendo as supostas aparições de Jesus na cidade de Dozulé, ligadas à figura de Madeleine Aumont.

A nova instrução aprovada pelo papa Leão XIV afirma que Jesus pode responder a orações, mas não fez aparições na região. "Parece enganoso, tanto do ponto de vista teológico quanto pastoral-simbólico, comparar a "Cruz Gloriosa" de Dozulé com a de Jerusalém", diz o texto assinado por dom Víctor Manuel Fernández.

As aparições teriam ocorrido entre 1972 e 1978, segundo Madeleine. A mensagem principal incluiria o pedido de construir uma cruz luminosa, com 738 metros de altura. Segundo o texto publicado, "o conteúdo das supostas mensagens, embora contenha exortações à conversão, à penitência e à contemplação da Cruz, levanta algumas questões teológicas delicadas que merecem esclarecimento, para que a fé dos fiéis não seja exposta ao risco de distorções".

A carta afirma que "qualquer outro sinal, por mais devoto ou monumental que seja, não pode ser colocado no mesmo plano".

O Dicastério reforçou ainda que, embora a veneração da cruz seja legítima e importante como "meio de conversão" e aprofundamento da fé, ela não deve apoiar-se em aparições privadas que assumam "autoridade sobrenatural" sem o adequado discernimento eclesial.

Na última semana, o Vaticano instruiu os católicos do mundo a não se referirem a Maria como "corredentora". Segundo o decreto, a Igreja reconhece que Maria "cooperou" na obra redentora de Cristo, mas não atuou como uma mediadora.

O decreto apontou que o título de "corredentora" carrega um risco de "obscurecer a única mediação salvífica de Cristo", podendo causar "confusão e desequilíbrio na harmonia das verdades da fé cristã".

O tempo frio e chuvoso deve continuar na segunda quinzena do mês de novembro em grande parte do Brasil. Por influência de fatores como o La Niña (queda na temperatura das águas superficiais do Oceano Pacífico, que muda o clima no mundo todo) e a formação de ciclones extratropicais, as temperaturas não devem subir como o esperado a pouco tempo da chegada do verão.

Nos últimos dias, as temperaturas voltaram a subir em grande parte das regiões Sul e Sudeste, mas devem cair novamente em breve. No Sul, as previsões apontam a formação de um ciclone extratropical no próximo domingo, 16, com chuva forte e tempo severo entre o Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

Marcelo Seluchi, coordenador de Operações e Modelagem do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), ressalta que a previsibilidade de sistemas meteorológicos particulares para além de duas semanas é difícil de ser feita.

"Os modelos meteorológicos podem estar até apontando que vão se formar três sistemas [no restante do mês], mas depois a realidade pode ser bem diferente da previsão, justamente porque elas não têm confiabilidade", ressalva.

Seluchi destaca que, basicamente, toda frente fria no Brasil está associada a um ciclone extratropical em algum lugar, normalmente sobre o Oceano Atlântico, e muitas vezes ocorre rapidamente. "Ciclones não são infrequentes, muito pelo contrário", afirma.

Em São Paulo, a previsão é de que uma frente fria fraca faça as temperaturas caírem entre quinta e sexta, com as máximas indo de 30ºC para 22ºC. Para o restante do mês, a chuva deve predominar, segundo o serviço de meteorologia Tempo Ok.

"Na segunda quinzena, os padrões mais típicos da climatologia do fenômeno La Niña organizam a chuva mais ao norte, intensificando a ocorrência de canais de umidade entre o Centro-Oeste, Minas Gerais e Sul da Bahia", relata o meteorologista da Tempo OK, Lucas Carvalho.

Outro efeito do La Niña seria o aumento da chuva e da nebulosidade no Nordeste na metade final do mês, com temperaturas menos quentes.

Eventos climáticos extremos como o tornado que devastou a cidade de Rio Bonito do Iguaçu, no Paraná, podem voltar a se repetir, mas é difícil prevê-los com antecedência. "Fenômenos meteorológicos de grande intensidade e magnitude são de extrema complexidade. Dessa forma, são necessários estudos rigorosos, para o aprimoramento de ferramentas de previsão, visando à antecipação e amenização dos danos sociais e econômicos" conclui Carvalho.