Revoltados com 'Emilia Pérez', mexicanos celebram o Oscar do Brasil: 'Ganhou o cinema'

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A vitória de Ainda Estou Aqui no Oscar 2025 foi celebrada não só no Brasil, mas também no México. Os mexicanos, que se sentiram desrespeitados pelo filme Emilia Pérez, comemoraram a vitória do Brasil na categoria de Melhor Filme Internacional. Apesar de se passar no México, Emilia Pérez concorreu pela França, país do diretor Jacques Audiard e também onde foi filmada a maior parte da trama.

Conhecido por falar de filmes e séries nas redes sociais, o ator, comediante e influenciador mexicano Javier Ibarreche postou uma foto celebrando a vitória de Ainda Estou Aqui para seus mais de 1,3 milhão de seguidores. "Ganhou o Brasil! Ganhou o cinema", escreveu Ibarreche.

Curiosamente, o post do influenciador mexicano celebrando a vitória do Brasil no Oscar foi curtido por Paulina Gomez Fernandez, uma das filhas de Roberto Gomez Bolaños, criador e intérprete do Chaves, série de absoluto sucesso no Brasil. Javier Ibarreche estava em Los Angeles para o Oscar e conduziu entrevistas no tapete vermelho.

Nos estúdios de TV do México, o prêmio do Brasil também foi bastante comemorado. Um brasileiro usuário do X (antigo Twitter) compartilhou um vídeo do momento em que Ainda Estou Aqui é anunciado como Melhor Filme Internacional, categoria em que Emilia Pérez também concorria e era apontado como favorito, e os apresentadores e comentaristas da TV Azteca celebram. "A união latino-americana", escreveu.

Por que os mexicanos não gostaram do filme 'Emilia Pérez'?

Emilia Pérez gerou controvérsias e críticas pelo público mexicano, principalmente devido à forma como retrata o país, com estereótipos e falta de representatividade.

A produção foi acusada de reforçar estereótipos negativos sobre o México, explorando a violência dos cartéis de drogas de forma que muitos consideraram superficial e desrespeitosa.

A falta de representação autêntica da cultura mexicana, tanto no elenco quanto na equipe de produção, também foi um ponto de crítica. A escolha de atores não mexicanos para papéis principais, bem como a performance de alguns deles, como a de Selena Gomez, cujo espanhol foi criticado, também contribuíram para a insatisfação.

A diretora de elenco Carla Hool chegou a afirmar que as três personagens principais foram pensadas para atrizes mexicanas, mas que após "uma grande busca no México, nos Estados Unidos, na Espanha e na América Latina", concluiu que as melhores profissionais não eram nativas do país central à trama, o que muitos mexicanos também consideraram como desrespeito às artistas do país.

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Um incêndio atinge um prédio na noite desta terça-feira, 11, na Avenida São João, próximo da Rua Aurora, no centro de São Paulo. Ao todo, sete viaturas foram mobilizadas para atender a ocorrência, que segue em andamento.

Conforme os Bombeiros, o fogo se concentrou no quarto andar do prédio e informações preliminares apontavam para a presença de uma vítima no local.

O segurança Aércio Márcio Caldas Monteiro, 40 anos, contou ao Estadão que ouviu um barulho alto, um estrondo, seguido de fumaça saindo de dentro de um apartamento no quarto andar.

Ele pegou um extintor e correu na direção da residência. No local, ele presenciou que uma mulher estava dentro da casa e a puxou para fora do apartamento.

Monteiro avisou os demais moradores do prédio e pediu para que todos evacuassem. À reportagem, ele descreveu o edifício como um local antigo e que os moradores, na sua maioria, são idosos.

Havia a suspeita inicial de um dos idosos, morador do 5° andar, não tivesse escapado do incêndio. Mas, conforme apurou a reportagem, não foram identificadas vítimas fatais no local.

Por volta das 22h, os Bombeiros informaram a presença de uma única vítima, que foi retirada do apartamento sem ferimentos graves e que não precisou de atendimento médico. "Fogo extinto e local deixado em segurança", disse a corporação.

Enquanto na Zona Azul da Cúpula do Clima das Nações Unidas (COP30) negociadores travam longas conversas para chegar a acordos sobre o combate às mudanças climáticas, em uma casa na região central de Belém o consenso chegou de forma inesperada: o cantor Gilberto Gil e Cacique Raoni concluíram que não tinham muito a dizer.

Durante cerca de 20 minutos, nesta terça-feira, 11, Gil e Raoni falaram sobre a relação com a natureza e a importância de proteger o meio ambiente da devastação. A ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, também participou do evento, que foi organizado pela entidade Conservação Ambiental.

Em Refloresta, Gil canta que "manter em pé o que resta não basta". E conclui que "o jeito é convencer quem devasta a respeitar a floresta". Durante a conversa, o cantor explicou que a inspiração para defender o meio ambiente por meio das músicas tem origem em sua relação com a natureza desde quando ainda estava na barriga da mãe.

"Essa consciência de pertencer à natureza foi se consolidando e é uma coisa que não parou até hoje e não vai parar nunca. No meu modo de ver, no meu modo de esperar, eu acho que nem depois da morte isso vai parar", refletiu Gil.

Em suas reflexões sobre vida e morte, Gil reiterou que a natureza é o único caminho comum. "Esse sentimento profundo sobre pertencer ao mundo, pertencer à terra, pertencer à natureza e ser responsável por esse pertencimento, esse convívio com essa força, acho que tudo isso vai permanecer", finalizou.

Liderança reconhecida mundialmente, Cacique Raoni fez um apelo para que os povos indígenas somem forças com os brancos para preservar a natureza. As falas de Raoni foram traduzidas do idioma kayapó por seu neto Patxon Okreãjti Metuktire.

"Não podemos mais continuar querendo brigar com os brancos. Nós temos que trabalhar agora a paz entre nós. É isso que eu venho fazendo desde muito tempo", disse.

Raoni destacou que é preciso uma mudança de rumo para salvar o meio ambiente. "O que os madeireiros fazem desflorestar, o que as empresas mineradoras e os garimpeiros fazem de revirar a terra não é bom. Isso se continuarem esse trabalho de destruição, podemos ter problemas maiores", disse.

Ao fim da conversa, tocando um maracá, como que em forma de oração pela tarefa difícil de salvar o planeta do aquecimento global, Gil transmitiu ao público uma dose de esperança e cantou: "Andar com fé eu vou, que a fé não costuma faiá".

O presidente do BNDES, Aloisio Mercadante, disse que o Brasil tem instrumentos para avaliar a sua biodiversidade e que o País precisa ter métrica própria com reconhecimento internacional. "É importante termos uma métrica e estratégia próprias para medição de carbono que seja complementar às que já existem".

Segundo Mercadante, existe interesse do investidor estrangeiro no Brasil, que vem ganhando bastante credibilidade. "Precisamos perder o complexo de vira-lata e liderar o movimento globalmente", disse, reiterando que o Brasil precisa de mecanismos para impulsionar o mercado de carbono.

Mercadante participou do lançamento da certificadora de carbono Ecora, que ocorre na noite desta terça, em Belém do Pará, às margens da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30). A certificadora é uma parceria do BNDES com o Bradesco e o Fundo Ecogreen, na qual o banco público é sócio minoritário.

"Precisamos de certificações robustas adaptadas à realidade do Brasil. Outras certificadoras conhecem melhor outras realidades e nós respeitamos isso. Vamos manter credibilidade internacional e perseguir esse objetivo", acrescentou Marcelo Noronha, CEO do Bradesco, presente ao evento. "A Ecora é uma certificadora de carbono com conhecimento profundo do Brasil", afirmou.

Para o executivo, o Brasil pode ser o principal hub de crédito de carbono do mundo. "O Brasil é um exportador natural de crédito de carbono", disse Noronha. Ele acrescentou que o lançamento da empresa é um compromisso com a ciência e o desenvolvimento sustentável.

Ele contou que o projeto vem sendo debatido há mais de um ano, mas não quis informar os valores investidos no desenvolvimento da certificadora. Noronha acrescentou que a Ecora pode ganhar mais um ou dois parceiros no futuro próximo. "Estamos discutindo com mais um ou potenciais parceiros", afirmou o presidente do Bradesco.

Também presente ao evento, o diretor de Planejamento e Relações Institucionais do BNDES, Nelson Barbosa, disse que é interesse do Brasil fomentar o mercado de carbono a partir das florestas tropicais. "Isso se encaixa na diretriz do governo brasileiro", afirmou.

Barbosa acrescentou que o BNDES está preparando projetos de concessão de áreas florestais. Segundo ele, "somente a última concessão efetivada elevou em 35% a área total concedida". "Tudo isso gera emprego e tecnologia no Brasil e permite enfrentar o próximo desafio, que é a biodiversidade", disse.