Tom Ripley: por que o vigarista de Patricia Highsmith é tão fascinante? Especialistas analisam

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'Charmoso', 'imoral' e 'camaleônico' são apenas alguns adjetivos apropriados para rotular Tom Ripley, personagem complexo e multifacetado que completa 70 anos em 2025. Sua primeira aparição, no clássico O Talentoso Ripley (1955), nasceu da mente inventiva da escritora americana Patricia Highsmith (1921-1995), referência no gênero de suspense.

Na trama publicada há sete décadas, Ripley, um golpista de baixo escalão, vê sua sorte mudar ao receber uma proposta tentadora: ir até a Itália e convencer Dickie Greenleaf, filho de um empresário milionário, a voltar para os EUA e assumir os negócios da família. Mas a história toma outros rumos quando o vigarista é seduzido pela vida de playboy e mostra-se capaz de tudo para mantê-la.

Para acompanhar a efeméride, o livro acaba de ser reeditado pela Intrínseca, com nova capa e projeto gráfico, junto com os outros quatro capítulos da série, que retorna às livrarias cinco anos após a editora adquirir a coleção Ripley, antes publicada pela Companhia das Letras desde 2002.

Em 2021, a Intrínseca lançou versões de O Talentoso Ripley e Ripley Subterrâneo (1970) em formato de capa dura, com preços elevados, que se esgotaram rapidamente - cerca de 25 mil exemplares foram vendidos. Já O Jogo de Ripley (1974) estava fora de catálogo há anos.

Os três primeiros volumes já estão à venda, enquanto O Garoto que Seguiu Ripley (1980) e Ripley Debaixo d'Água (1991), antes também indisponíveis, serão disponibilizados em julho para completar icônica pentalogia.

"Há um tempo notamos que muitos leitores aguardavam o lançamento das novas edições. Agora, os cinco livros estão sendo publicados em brochura, o que torna os preços mais atraentes. Desta forma, as obras voltam ao mercado com o potencial de conquistar novas gerações", afirma a editora-executiva Rebeca Bolite.

Anti-herói fascinante

Mas o que explica o fascínio do público em torno de um sociopata? É inegável que os leitores nutrem simpatia pelo anti-herói, construído de maneira minuciosa por Highsmith. Apesar de seus atos nefastos, Ripley, capaz de assumir a identidade de outras pessoas como mecanismo de sobrevivência, é indiscutivelmente sedutor e inteligente.

Para Daniel Puglia, professor de Literaturas em Língua Inglesa na USP, o personagem reflete uma imagem estranhamente familiar: a do nosso próprio rosto no espelho. "Não estamos diante de um vilão que claramente deve ser desmascarado e punido, nem frente a um herói desafortunado que merece toda nossa solidariedade. Highsmith não criou uma marionete previsível. Tom Ripley tenta navegar nas águas do mundo dos ricos e privilegiados. É uma rota perigosa. Entre o êxito e o naufrágio temos um limite muito tênue", afirma.

Não por acaso, a figura transcendeu as páginas e foi explorada em vários projetos audiovisuais, mais notavelmente no filme de 1999 estrelado por Matt Damon, indicado a cinco Oscars, e na minissérie estrelada por Andrew Scott - que chegou à Netflix em 2024. Destaca-se também o longa-metragem francês O Sol Por Testemunha (1960), protagonizado pelo astro Alain Delon.

"As produções para TV e cinema sempre agitam o mercado editorial, e muitas vezes relembram o público de obras-primas literárias", reconhece Rebeca.

Entre o ordinário e o extraordinário

Raphael Montes, autor sensação de thrillers psicológicos contemporâneos como Jantar Secreto, Uma Família Feliz e a recém-lançada telenovela Beleza Fatal, considera O Talentoso Ripley um marco determinante em sua formação. Ele conta que aprendeu a criar suas tramas surpreendentes lendo as histórias de Highsmith, costumeiramente descrita como uma mulher amarga, viciada em álcool e com manias esquisitas.

"Os personagens da Patricia Highsmith são todos ambíguos e transitam numa espécie de zona cinzenta em que você sempre se pergunta até onde eles podem chegar. Ela costumava dizer que suas histórias são sobre pessoas ordinárias em situações extraordinárias. Sem dúvida o Tom Ripley é quem mais representa essa visão de mundo com a qual eu compartilho tanto. Somos todos potencialmente bons e potencialmente maus, como eu até já disse em uma entrevista ao Estadão", analisa o escritor de 34 anos.

Puglia alerta para uma contribuição pouco discutida na obra da artista. "Na forma e no conteúdo de vários de seus livros, as tensões psicológicas estão relacionadas às tensões socioeconômicas. Quer de maneira explícita, quer de maneira implícita, as ligações que ela elabora nunca são desprovidas de interesse. O caráter atual das correlações entre psicopatia e contextos de profunda desigualdade social é algo que merece nota", pontua o docente.

Rebeca, por sua vez, acredita que o estilo revolucionário da autora continua sendo um norte para autores e cineastas da atualidade. "Para ela, o psicológico é tão importante quanto a trama em si, e sua escrita, que já influenciou Alfred Hitchcock na década de 1950, seguirá influenciando novas gerações", diz.

Coleção Ripley

Autor: Patricia Highsmith

Tradução: José Francisco Botelho e Fernanda Abreu

Editora: Intrínseca (R$ 59,90; R$ 39,90 o e-book)

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O Ministério da Saúde prorrogou até 11 de julho o prazo para que Estados, municípios e o Distrito Federal façam adesão ao edital do Mais Médicos Especialistas. Serão ofertadas 500 bolsas de educação pelo trabalho para médicos certificados pela Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM) ou titulados pela Associação Médica Brasileira (AMB).

A ação faz parte do programa Agora Tem Especialistas, que tem como objetivo reduzir o tempo de espera por consultas, exames, cirurgias e tratamentos no sistema Único de Saúde (SUS).

De acordo com a pasta, em nota, os gestores devem indicar os estabelecimentos de saúde que possuem capacidade formativa e estrutura necessária - como equipamentos, salas de atendimento, insumos, medicamentos - conforme estabelecido no edital. O resultado final está previsto para o dia 16 de julho.

A etapa seguinte do edital é a abertura de inscrições para profissionais que já são especialistas atuarem em hospitais regionais, policlínicas e ambulatórios prioritários para o SUS.

A região Sudeste/Centro-Oeste, que responde por mais da metade da capacidade de armazenamento de água para produzir energia, deve ter chuvas dentro da média histórica em julho, aponta o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET).

No Sul, a perspectiva é de chuvas acima da média no centro-leste do Paraná e na porção sul do Rio grande do Sul, onde os acumulados do mês podem ultrapassar os 130 milímetros (mm). Em áreas do nordeste rio-grandense e oeste do Paraná, a previsão é que as chuvas fiquem abaixo da média para o período, e nas demais regiões as precipitações devem ocorrer próximas à média histórica.

Para a região Nordeste são previstas chuvas acima da média no norte do Ceará, sudoeste da Paraíba, leste e centro de Pernambuco e nordeste de Alagoas, com acumulados que podem ultrapassar os 60 mm. No restante da região, a previsão climática do INMET indica volumes de chuva próximos à média.

Já o Norte do País deve ter chuvas mais localizadas no leste do Acre, extremo noroeste do Amazonas, e em áreas ao norte do Pará. Em contrapartida, a previsão indica chuvas abaixo da média climatológica em praticamente todo o estado do Amapá e na divisa de Roraima com o Amazonas. Nas demais áreas da região, os volumes previstos devem ficar próximos à média histórica, período em que, climatologicamente, já se observa uma redução das chuvas.

Poucos dias após a morte da turista brasileira Juliana Marins, que escorregou em uma trilha no Monte Rinjani, na Indonésia, outro visitante se acidentou no local. Na última sexta-feira, 27, um alpinista malaio foi resgatado em segurança após escorregar em um trecho rochoso e úmido a 200 metros da ponte que liga ao Lago Segara Anak.

De acordo com o portal indonésio Jakarta Globe, o homem, identificado apenas pelas iniciais "NAH", estava consciente e foi levado ao centro de saúde comunitário de Senaru para exames. Lá, os profissionais constataram apenas escoriações leves na cabeça.

O caso reacende preocupações referentes à segurança dos turistas que visitam a região. No dia 21 de junho, a publicitária Juliana Marins escorregou durante a trilha e caiu em um desfiladeiro no Monte Rinjani. Após quatro dias de tentativas frustradas de resgate, foi encontrada morta pela equipe de buscas. A família vê negligência e excesso de demora das autoridades indonésias em providenciar ajuda à jovem.

As informações do governo local desde o início do caso foram marcadas por acusações de erros e fake news. As autoridades chegaram a afirmar para a família que Juliana tinha recebido alimentos e água - o que nunca ocorreu. Os socorristas só alcançaram o local onde ela estava quatro dias depois do acidente.

O Monte Rinjani é um destino popular na Ilha de Lombok, na Indonésia, e atrai milhares de turistas todos os anos. Com seus 3.726 metros de altitude, a trilha já registrou pelo menos 180 acidentes e oito mortes em cinco anos, de acordo com levantamento feito pela Globonews.