Quem é Wagner Moura, o 1.º brasileiro premiado como melhor ator no Festival de Cannes

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Por André Carlos Zorzi

Wagner Moura ganhou o prêmio de melhor ator do Festival de Cannes neste domingo, 24, por sua atuação no filme O Agente Secreto, de Kleber Mendonça Filho. Foi a primeira vez na história da categoria que um brasileiro foi premiado.

Vale lembrar que, na categoria de atuação feminina, Fernanda Torres (por Eu Sei Que Vou Te Amar, de 1986) e Sandra Corveloni (por Linha de Passe, em 2008) já haviam vencido como melhor atriz.

No filme, seu personagem, Marcelo, é um especialista em tecnologia que foge de um passado misterioso e volta à cidade de Recife, em Pernambuco, em plena ditadura militar, em busca de uma vida mais tranquila, mas percebe que isso não será tão simples.

Ele não esteve presente para receber o prêmio, que foi entregue ao diretor do longa, que estava na França.

Quem é Wagner Moura

Nascido em Salvador, capital da Bahia, em 27 de junho de 1976, o ator tem 48 anos atualmente e recebeu o prêmio mais importante de sua carreira no Festival de Cannes deste ano.

O público em geral deve se lembrar especialmente de suas passagens pela TV. Ganhou projeção nacional quando participou de seriados da Globo no começo dos anos 2000. Entre eles, Carga Pesada, em que viveu Pedrinho, filho do personagem Bino (Stênio Garcia), que apareceu com recorrência na primeira temporada da série. Em 2003, também esteve no elenco fixo do quadro Homem Objeto, do Fantástico, inspirado na peça de mesmo nome de Luis Fernando Veríssimo.

Depois, ao lado de Lúcio Mauro Filho, Bruno Garcia e Lázaro Ramos, estrelou o seriado Sexo Frágil, que teve duas temporadas na Globo. Fez sua estreia em uma novela em A Lua Me Disse (2005), na faixa das 7. No ano seguinte, deu vida a Juscelino Kubitschek em sua juventude na série JK (2006).

Foi em Paraíso Tropical que conseguiu mais destaque e ficou marcado pelo grande público, interpretando Olavo, vilão que tinha um alto cargo na empresa da família, mas era preterido na linha sucessória. Na trama, chamavam atenção suas cenas com a prostituta Bebel (Camila Pitanga), com quem tinha uma relação de altos e baixos.

Wagner Moura no cinema

A partir de 2007, Wagner Moura passou a dar mais prioridade à sua carreira cinematográfica, que já existia antes. Em Carandiru (2003), foi elogiado ao viver o personagem Zico. Também esteve em longas como Deus É Brasileiro (2003) e Cidade Baixa (2005).

Sua estreia nos longas-metragens se deu em Sabor da Paixão (2000), protagonizado por Penélope Cruz, em que contracenou com Murilo Benício e seu amigo e conterrâneo Lázaro Ramos, com quem atuaria em outros tantos filmes.

O Capitão Nascimento, de Tropa de Elite (2007) acabou sendo um marco em sua carreira. O filme, que foi pirateado e visto por muitos espectadores antes mesmo de sua estreia oficial, foi bastante elogiado e é cultuado até os dias de hoje. Ele voltou como Coronel na sequência da produção, em 2010.

Em seguida, vieram outros longas conhecidos, como Saneamento Básico (2007), Ó Paí, Ó (2007), VIPs (2010), O Homem do Futuro (2011). Também buscou carreira internacional integrando o elenco de Elysium (2013) e Trash - A Esperança Vem do Lixo (2014).

Após Praia do Futuro (2014), que chamou atenção à época quando um cinema 'avisava' aos espectadores sobre uma cena de relação homossexual, o ator foi trabalhar no exterior por alguns anos. Estrelou a série Narcos, da Netflix, como o protagonista na série que abordava a vida do traficante colombiano Pablo Escobar.

Em Marighella (2019), lançou-se como diretor no longa sobre a história do guerrilheiro que marcou o Brasil na década de 1960, acusado de ser terrorista pelo regime militar. No longa, foi vivido por Seu Jorge.

Entre seus outros trabalhos recentes de Wagner Moura, estão um personagem na série Sr. e Sra. Smith (2024), do Amazon Prime Vídeo, e outro no filme Guerra Civil (2024).

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A cidade de São Paulo não deve ter fortes chuvas na noite deste sábado, 8, segundo boletim divulgado pelo Centro de Gerenciamento de Emergências Climáticas (CGE) da Prefeitura. As chances de rajadas de vento, porém, se mantêm.

No Paraná, ao menos seis pessoas morreram e 750 ficaram feridas após a passagem de um tornado na tarde de sexta-feira, 7, na região centro-oeste do Estado.

A previsão era de que a chuva seguisse em direção a São Paulo, segundo o Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná (Simepar).

Até houve registros de fortes chuvas na capital durante a madrugada deste sábado, mas a situação não se prolongou. No fim da tarde, os termômetros marcavam 25°C, com umidade relativa em torno dos 73%, segundo o CGE.

O boletim divulgado no meio da tarde, às 15h, apontou que as instabilidades que atingiram a capital e a região metropolitana durante a madrugada já se afastaram em direção ao Sul de Minas e do Rio de Janeiro.

"Não são mais esperadas chuvas significativas ao longo do dia, mas ainda há potencial para a ocorrência de rajadas de vento de até 80km/h durante todo o dia e noite, o que vai favorecer a acentuada queda da temperatura", diz o CGE.

Climatempo alertou para ventania em São Paulo

Na sexta-feira, 7, a Climatempo alertou para o risco de ventos fortes inicialmente na Região Sul e, ao longo deste sábado, no Sudeste.

"No decorrer da tarde do sábado, o ciclone se desloca pelo oceano, indo em direção à costa de São Paulo e do Rio de Janeiro", afirmou, em nota.

Na madrugada e manhã de domingo, 9, a previsão é de que o ciclone se afaste em alto mar, na altura do Rio de Janeiro e do Espírito Santo.

Defesa Civil emitiu alerta para os riscos de ciclone

Desde quinta-feira, 6, a Defesa Civil do Estado de São Paulo alerta para os riscos do ciclone extratropical, seguido por uma frente fria, que começou a se formar na sexta sobre o Sul.

O ciclone e a frente fria começaram a se formar a partir de uma área de baixa pressão atmosférica e ganharam força entre o Norte da Argentina e o Paraguai durante a tarde e a noite de quinta.

Os estados do Sul do País são os mais afetados, mas o fenômeno também fez o tempo ficar instável em São Paulo e outras regiões.

O Paraná viveu, nesta sexta-feira, 7, um dos eventos meteorológicos mais severos de sua história recente. Ao menos seis pessoas morreram e 773 ficaram feridas após a passagem de um tornado na região centro-oeste do Estado. Os fortes ventos deixaram um rastro de destruição na cidade de Rio Bonito do Iguaçu, município de cerca de 14 mil habitantes localizado a aproximadamente 380 quilômetros de Curitiba.

O Estadão conversou com Sheila Paz, meteorologista do Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná (Simepar), que detalhou as causas, a dimensão e as implicações climáticas do tornado. Ela explicou que a passagem de uma frente fria associada à formação de um ciclone na costa do Rio Grande do Sul deu origem a supercélulas de tempestade que levaram à formação do tornado.

O Simepar ainda investiga a ocorrência exata, mas a meteorologista confirma que três tornados foram registrados no Estado entre as 18h e as 20h de sexta-feira. O mais intenso atingiu Rio Bonito do Iguaçu, com ventos estimados em 250 km/h, o que corresponde à categoria F3 na escala Fujita, usada para medir a intensidade de tornados.

"É um tornado extremamente violento e devastador, o pior evento de tempestade da história recente do Paraná", afirmou Sheila, acrescentando que cerca de 80% da cidade foi afetada. Registros mostram que as rajadas provocaram destelhamento de residências, além de quedas de árvores e postes.

Apesar do impacto, Sheila explicou que tornados não são fenômenos desconhecidos na região. "Eles fazem parte da nossa climatologia. O que aconteceu foi que esse passou exatamente sobre uma cidade pequena, o que fez o estrago ser amplamente sentido", disse. Ela destacou que muitos eventos semelhantes ocorrem em áreas rurais, sem deixar registros visíveis ou danos significativos.

Segundo a meteorologista, a primavera é uma estação especialmente crítica, marcada pela passagem de frentes frias e tempestades intensas. "Nos últimos dois meses, tivemos várias tempestades severas no Paraná e em toda a região Sul. Estamos vivendo uma temporada muito movimentada", afirmou.

O que causou a formação do tornado?

Conforme o Simepar, os temporais na região estão associados a uma combinação de fenômenos que incluem o deslocamento de uma frente fria impulsionada por um sistema de baixa pressão atmosférica formado entre o Paraguai e o sul do Brasil, ao mesmo tempo que um ciclone extratropical se desloca do continente para o oceano.

"Observamos o avanço de uma frente fria associada a um ciclone bem estruturado entre o litoral gaúcho e o Atlântico. À frente dessa frente fria, se formaram células de tempestade que evoluíram para supercélulas. Dentro delas, houve a formação dos tornados", explicou Sheila.

O evento desta semana foi agravado por um ambiente atmosférico altamente instável, com "grande corredor de umidade e temperaturas elevadas" no interior do Estado, favorecendo o surgimento de supercélulas. "O ciclone trouxe umidade e energia em excesso e, quando encontrou calor no interior, criou as condições ideais para a formação desses sistemas", explicou.

Diferença entre tornado, ciclone e furacão

Um dos principais pontos de confusão entre o público é a diferença entre tornado, ciclone e furacão. Sheila explica que são fenômenos distintos, tanto em escala quanto em duração.

"O furacão é um sistema gigantesco, com centenas de quilômetros de extensão, formado sobre oceanos tropicais. Ele mantém ventos muito fortes por horas ou dias, como o furacão Melissa, que passou pela Jamaica recentemente", afirmou.

"Já o tornado tem dezenas de metros de diâmetro, forma-se dentro de uma supercélula e dura poucos segundos ou minutos. No caso do Paraná, a destruição observada ocorreu em cerca de 30 segundos."

O ciclone, por sua vez, é uma área de baixa pressão atmosférica, e pode ser o ponto de partida para uma frente fria e tempestades severas, como as que atingiram o Paraná. "O ciclone que se formou na costa do Rio Grande do Sul ajudou a organizar a frente fria, que por sua vez criou o ambiente propício às supercélulas. Dentro delas, surgiram os tornados", explicou.

Sheila lembra que o Brasil só registrou um furacão verdadeiro em sua história: o Furacão Catarina, em 2004, que atingiu o litoral de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul. "Furacões não pertencem à nossa climatologia, mas supercélulas e tornados sim", explicou.

Mudanças climáticas

Embora tornados façam parte da climatologia do Sul, Sheila reconhece que há sinais de mudança. "Os estudos mais recentes indicam aumento da intensidade e da frequência. Esses fenômenos sempre existiram, mas hoje acontecem com mais força e são registrados com mais facilidade. Essa chavinha já virou."

Para a meteorologista, a situação observada no Paraná se soma a um quadro mais amplo de eventos extremos na região. "O que vimos no Rio Grande do Sul no ano passado mostra que o clima está mudando. Temos tempestades mais severas, mais destrutivas, e isso exige preparo e investimento em monitoramento", disse.

A meteorologista reforça que, diante de um cenário climático mais severo, a educação da população e o fortalecimento dos sistemas de alerta são fundamentais. "É essencial que as pessoas saibam como agir diante de uma tempestade. Alertas precisam chegar com antecedência e a população precisa entender a gravidade desses eventos. Só assim conseguiremos reduzir o impacto humano e material."

O prefeito de Belém, Igor Normando (MDB), assinou neste sábado, 8, um acordo de cooperação técnica com a prefeita de Paris, Anne Hidalgo, para realizar um intercâmbio de projetos de sustentabilidade e urbanismo em meio aos trabalhos da Conferência do Clima das Nações Unidas, a COP30, na capital paraense.

A cerimônia foi realizada na sede da prefeitura de Belém. Depois da assinatura, a prefeita de Paris foi levada para conhecer um museu que funciona no local.

"A prefeita é uma referência no que diz respeito a cidades caminháveis, cidades arborizadas e resilientes, e uma referência também em urbanismo sustentável, então para nós é um motivo de satisfação e um momento em que Belém dá uma grande virada de chave e entra no mapa do planeta, tendo hoje essa oportunidade de assinar esse termo de cooperação técnica que vai fazer com que nossa cidade possa se capacitar ainda mais para os desafios pós Cop30", afirmou o prefeito.

Anne Hidalgo lembrou que Belém era conhecida como a Paris da América Latina e ressaltou a arquitetura e a riqueza cultural da cidade. No final do século 19, em uma época de prosperidade econômica por causa do ciclo da borracha, Belém ganhou esse apelido devido à realização de reformas inspiradas na capital francesa.