Preta Gil morre aos 50 anos durante tratamento contra câncer

Variedades
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times

Preta Gil morreu neste domingo, 20, aos 50 anos de idade.A cantora passava por um tratamento contra um câncer. A informação foi confirmada pela assessoria da cantora ao site "Quem". Mais informações em instantes.

Preta anunciou que estava com câncer no intestino, também chamado de câncer colorretal, em janeiro de 2023. Ela descobriu a doença após exames que diagnosticaram a presença de um tumor adenocarcinoma na porção final do órgão.

A primeira fase de tratamento foi feita com cirurgia e sessões de radioterapia. A artista também teve de passar por uma histerectomia total abdominal, procedimento que consiste na remoção do útero, e por uma amputação de reto.

Em junho de 2023, Preta foi liberada pelos médicos para voltar a cantar. Na época, ela estava em turnê com o Gilberto Gil, seu pai, no show Nós, a Gente. Em entrevista para o Estadão à época, Preta disse que voltar aos palcos era receber uma "dose de cura". "É uma prescrição médica: voltar ao palco, estar com a família", disse.

Preta comemorou 50 anos de idade em agosto de 2024. Para marcar a data, ela lançou o livro Preta Gil: Os primeiros 50. Na época, em entrevista ao Estadão, ela se mostrou esperançosa. "Sou uma pessoa que chega aqui zero traumatizada com o que viveu, tudo serviu de lição pra mim, pra poder valorizar ainda mais esses próximos cinquenta. Estou cheia de gás, de ideias, de assuntos, e bora pra mais cinquenta que só tá começando".

No mesmo mês, Preta voltou a se tratar com quimioterapia após a recidiva do câncer em quatro diferentes lugares do corpo: dois linfonodos, uma metástase no peritônio e um nódulo no ureter. Em novembro, Preta sentiu dores na região abdominal e exames apontaram que ela estava com cálculos renais que entupiram o cateter que ela usava. Ela precisou interromper a quimioterapia e passar por cirurgia.

No mês de dezembro, Preta anunciou que faria para uma nova cirurgia para a remoção de tumores. Antes, no entanto, a cantora viajou aos Estados Unidos para se consultar com médicos de lá. Foi uma recomendação dos médicos brasileiros que acompanhavam seu caso. O objetivo era alinhar um novo tratamento no pós-operatório, já que a quimioterapia aplicada até então não havia surtido o efeito esperado.

Preta fez a cirurgia no dia 19 de dezembro. O procedimento durou cerca de 18 horas e transcorreu com sucesso, segundo as primeiras informações divulgadas naquele momento. Preta ficou 10 dias na UTI do Hospital Sírio Libanês. Quando foi para o quarto, passou a receber visitas de amigos e parentes e também a se comunicar por meio de seus perfil em redes sociais. Passou a virada de 2024 para 2025 acompanhada pelo pai. Gilberto Gil, e pela madrasta, a empresária Flora Gil, entre outros familiares. Foi quando foi vista a primeira foto de Preta após a cirurgia.

Ao longo do mês de janeiro, Preta mostrou sua rotina de recuperação dentro do hospital, com fisioterapia e caminhadas, sempre acompanhada por amigos e familiares. No dia 27 de janeiro, ela anunciou que havia colocado uma bolsa de colostomia definitiva.

Em um vídeo, Preta explicou a seus seguidores sua nova condição e como seria o processo de adaptação. "Está sendo um desafio muito maior, diário. Precisei ficar afastada para me concentrar em mim mesma, em ficar boa", disse, na época. Segundo ela, naquele momento, os exames mostravam que ela estava melhorando.

Em 7 de fevereiro, Preta passou por um novo procedimento cirúrgico, dessa vez para corrigir o rompimento de pontos de sutura em uma das cirurgias anteriores.

Mesmo internada, durante o processo de recuperação, Preta fez questão que falar sobre o câncer e divulgar informações sobre com o objetivo de diminuir o estigma sobre a doença.

"Um dia muito importante para a gente falar e disseminar informação, que é o mais importante. Um dos grandes problemas que a gente enfrenta no combate ao câncer é o estigma. Esse estigma é algo que foi criado e passado de geração em geração, e até hoje faz com que muita gente não se cuide, não busque ajuda, e tenha preconceito com a doença".

Ela alertou que os estigmas contribuem para que mais pessoas percam a luta contra a doença, culpando também o diagnóstico tardio. "A gente vai banalizando as coisas. Eu mesma fiz isso no começo, quando comecei a ter os primeiros sintomas.", disse. "Eu ainda tive sorte, no meu primeiro diagnóstico, de ter um tratamento precoce, e agora também", finalizou.

A alta do Hospital Sírio Libanês ocorreu no dia 11 de fevereiro, depois de 55 dias. Preta, então, seguiu para sua casa, em São Paulo, para continuar a recuperação e a reabilitação pós cirúrgica.

Após um período em casa, Preta foi liberada pelos médicos para passar o carnaval, no início de março, em Salvador. Ela esteve no Camarote Expresso 2222, comandado pelo seu pai, Gilberto Gil. Preta também aproveitou para tomar um banho de mar. Ela postou um vídeo do momento nas redes sociais. "Foi melhor do que eu sonhei! Fui liberada pelos médicos a dar um mergulho no mar, e hoje finalmente aconteceu!", escreveu ela.

Na ocasião, ela usava a bolsa colostomia e explicou que a cirurgia feita na região das nádegas ainda a incomodava. "Ainda está em fase de cicatrização. Mas eu esperei muito por esse dia. Estava sonhando no hospital com esse píer especificamente". Preta estava acompanhada por amigos e pela neta, Sol de Maria.

No dia 8 de março, Preta foi internada na UTI do Hospital Aliança Star para tratar de uma infecção urinária. Ela mesma acalmou seus seguidores, com um comunicado nas redes sociais. "Estou sendo bem cuidada e, em breve, estarei em casa", escreveu na época.

Filha de Gilberto Gil, ganhou fama para além do pai

Nascida no Rio de Janeiro, Preta Maria Gadelha Gil Moreira era a terceira filha do cantor e compositor Gilberto Gil. Sua mãe, Sandra Gadelha, conhecida como Drão, foi musa inspiradora de Gil na música Drão, que falava do rompimento do casamento entre os dois.

Preta tinha como irmãos Nara e Marília, filhas de Gil como Belina de Aguiar, Maria e Pedro (morto em 1990), também filhos de Sandra, e Bem, José e Bela, filhos de Gil com a empresária Flora Gil. Era sobrinha de Caetano Veloso por parte de mãe e afilhada da cantora Gal Costa.

Preta foi casada com o ator Otávio Müller, com quem teve seu único filho, o músico Francisco Gil. Era avó de Sol de Maria, nascida em 2015. Preta namorou os atores Caio Blat, Marcos Palmeira, Paulo Vilhena e o apresentador Marcos Mion.

Ela também foi casada com Rodrigo Godoy, com quem rompeu no período em que tratava o câncer. Preta acusou Godoy de traí-la enquanto ela fazia quimioterapia. O assunto gerou debates na sociedade.

Atriz, cantora e empresária, Preta ganhou fama depois de lançar seu primeiro álbum, em 2003, Prét-A-Porter. O trabalho, em um primeiro momento, ficou marcado por uma polêmica. A foto de capa trazia Preta nua. Anos mais tarde, em uma entrevista, Preta revelou que até mesmo seu pai, Gil, achou a foto "desnecessária".

"Meu pai é um sábio. Ele sabia exatamente o que eu iria passar depois. E não deu outra. Eu lancei o disco achando que eu estava abafando, que era bonita e gostosa. E aí veio um enxurrada de muitas críticas na época, de muito conservadorismo, muito preconceito", disse Preta em uma entrevista ao jornalista Pedro Bial.

Passado esse momento inicial, o álbum ganhou destaque pela faixa Sinais de Fogo, uma composição de Ana Carolina e Antonio Villeroy. Preta, então, passou a se apresentar como cantora e ganhou forte identificação sobretudo com o público gay. Preta, então, se tornou uma importante voz contra o preconceito, racismo e homofobia. Mais tarde, com a doença, Preta também se tornou uma voz importante na divulgação da prevenção e no diagnóstico precoce do câncer.

Como cantora, Preta ainda lançou outros cinco álbuns. O último deles, Todas As Cores, de 2017, trouxe as participações de Gal Costa, Pabllo Vittar e Marília Mendonça. Seu projeto Bloco da Preta foi um dos mais bem sucedidos do carnaval carioca.

Como atriz, Preta trabalhou em novelas como Agora É Que São Elas, Caminhos do Coração, Os Mutantes e nas séries As Cariocas e Pé na Cova.

Preta também teve destaque como empresária. Ela foi um das fundadoras da agência de marketing de influência e entretenimento Music2 + Mynd8. A empresa desenvolveu projetos para nomes como Pabllo Vittar, Xamã, Camilla de Lucas, Jessi Alves, Douglas Silva, Pequena Lo, entre outros artistas, atletas e influenciadores. Em 2019, a agência ganhou Prêmio Caboré, voltado aos profissionais da propaganda.

Em outra categoria

Morreu neste domingo, 20, o jovem Lucas da Silva Santos, de 19 anos, que estava internado em São Bernardo do Campo (SP) após consumir bolinhos supostamente envenenados. A suspeita é de que o alimento tenha sido entregue por Admilson Ferreira dos Santos, padrasto do garoto, preso na última quarta-feira, 16.

O rapaz estava internado desde a madrugada de 12 de julho na unidade de terapia intensiva do Hospital de Urgência e, nesta tarde, seu estado de saúde se agravou, evoluindo para morte encefálica.

"A Prefeitura de São Bernardo lamenta a morte do jovem e seguirá colaborando com as autoridades. O município ainda aguarda resultados de exames do IML (Instituto Médico Legal) para mais detalhes sobre o que provocou o quadro clínico", diz a nota da administração municipal.

De acordo com a prefeitura, a família de Lucas autorizou a doação de órgãos.

Prisão de padrasto

O padrasto de Lucas foi preso na quarta-feira, 16, suspeito de envenenar o rapaz. Segundo a delegada Liliane Doretto, do 8° Distrito Policial de São Bernardo, o pedido de prisão ocorreu após contradições em depoimentos dados à investigação.

"Eu vou representar pela prisão dele (...). (Ele é o principal suspeito) por conta de várias controvérsias e inconsistências no depoimento", disse Liliane em entrevista à imprensa na tarde de terça-feira, 15. A reportagem não localizou a defesa de Admilson.

Uma das suspeitas de cometer o crime era a tia de Lucas, irmã de Admilson. O homem teria acusado a irmã de dar os bolinhos, e dito que ambos não tinham uma boa relação. A investigação, no entanto, não aponta para isso, segundo a delegada.

"O tempo todo ele tentou colocar a culpa na irmã, dizendo que ela ofereceu os bolinhos, mas não é verdade. Há áudios mostrando que foi ele quem pediu. É ele quem entrega os bolinhos pessoalmente para cada um da família".

Liliane afirmou ainda que Lucas e o padrasto tinham uma relação próxima, mas que o jovem estaria perto de mudar de endereço após conhecer uma pessoa. "Isso acarreta, dispara algum alerta no Admilson de posse e acho que ele se viu desesperado ao ver que poderia perdê-lo."

De acordo com a delegada, ele estava perturbado e confuso nos depoimentos que deu às autoridades. "As falas estavam tumultuadas com medo de perder o Lucas", disse.

Segundo Liliane, existe a possibilidade de o padrasto estar apaixonado por Lucas. "Eu creio que seja um crime passional", afirmou. "Eu não sei se ele queria dar um susto ou evitar a ida do Lucas para outra cidade. Fato é que Lucas foi, sim, envenenado", destacou a delegada na ocasião.

Liliane disse não saber qual substância foi usada para contaminar o bolo que fez o jovem passar mal e que aguarda o laudo técnico da perícia.

Uma arquibancada do rodeio de Eldorado (SP) desabou na noite de sábado, 19, deixando 60 pessoas feridas, uma delas em estado grave.

Segundo a Polícia Militar, a estrutura colapsou por volta das 23h. As vítimas foram socorridas e peritos trabalham no local neste domingo, 20, para investigar as causas do desabamento.

De acordo com a prefeitura, dos 60 feridos, 20 foram classificados como casos de emergência e 40 foram considerados de menor gravidade.

Ao todo, dez pacientes precisaram ser transferidos para hospitais da região: seis foram encaminhados ao Hospital Regional de Registro, dois foram para o Hospital de Pariquera-Açu e dois foram levados para o Hospital de Jacupiranga.

"Assim que o incidente aconteceu, todas as pessoas feridas foram prontamente atendidas pelas equipes de emergência presentes no local", diz a nota de esclarecimento da administração municipal.

"Agradecemos, de maneira especial, o pronto apoio dos municípios vizinhos e do Consaúde (Consórcio Intermunicipal de Saúde do Vale do Ribeira e Litoral Sul), que enviaram ambulâncias e profissionais para reforçar o atendimento. Nosso reconhecimento se estende também aos médicos e equipes de saúde que, mesmo fora de seus plantões, atenderam prontamente ao chamado, demonstrando compromisso, empatia e dedicação à vida", acrescenta o comunicado.

A prefeitura afirma que segue acompanhando o estado de saúde dos feridos e oferecendo suporte às famílias, e informa que o caso será investigado.

"Uma apuração rigorosa será iniciada para investigar as causas do ocorrido, identificar os responsáveis e adotar medidas preventivas que evitem situações semelhantes no futuro."

Festa é cancelada

O acidente ocorreu pouco antes da apresentação da dupla Gian & Giovani. Em um vídeo nas redes sociais, os cantores lamentaram o episódio e afirmaram que vão remarcar a apresentação quando as vítimas tiverem se recuperado.

O prefeito de Eldorado, Noel Castelo (Solidariedade), também divulgou um vídeo ao lado do diretor de Saúde do município e do chefe da comissão organizadora do rodeio.

Castelo agradeceu a prontidão das equipes de resgate e a ajuda de municípios vizinhos, como Jacupiranga e Sete Barras. O prefeito também confirmou o cancelamento da programação prevista para este domingo.

O juiz Daniel Pellegrino Kredens, da 4ª Vara Cível de Novo Hamburgo (RS), negou ação indenizatória movida pelo município contra o humorista Léo Lins por show de stand-up com 'piadas ofensivas a diversas minorias'. A decisão negou o pedido de condenação do humorista ao pagamento de R$ 500 mil de indenização, ao considerar que a liberdade de expressão artística permite a 'exploração de temas polêmicos' e que não é possível instaurar uma 'censura indireta' ao autor de piadas.

O Estadão pediu manifestação da prefeitura de Novo Hamburgo, que pode recorrer. O espaço está aberto. No início de junho, em uma outra ação, de caráter criminal, Léo Lins foi condenado a oito anos e três meses de reclusão por racismo e discriminação em piadas. A sentença da 3.ª Vara Criminal Federal de São Paulo considerou que o show 'Léo Lins - Perturbador' incitou discriminação e preconceito contra minorias. A sentença afirmou que o exercício da liberdade de expressão não é absoluto e que houve caracterização dos crimes de racismo e capacitismos.

A ação civil pública na qual Léo Lins foi absolvido é de autoria do município de Novo Hamburgo que se insurgiu contra o show 'Peste Branca', exibido pelo humorista em julho de 2023.

Segundo o município, o comediante teria 'ridicularizado' Novo Hamburgo com piadas que, supostamente, difamavam autoridades locais. Também foi alegado que o show foi marcado por piadas de cunho 'racista, capacitista e gordofóbico', o que teria gerado 'ampla revolta popular'.

O município de Novo Hamburgo, localizado na região metropolitana de Porto Alegre, pleiteou uma condenação de R$ 500 mil em indenização por danos morais coletivos. "O conteúdo do referido show ofende minorias sociais, propaga preconceitos e fere a dignidade dos cidadãos de Novo Hamburgo", afirmou o autor da ação.

Ao negar a ação, o juiz Daniel Pellegrino Kredens sustentou que a liberdade de expressão do humorista deve ser protegida, 'inclusive quando se traduz em formas de humor ácido e irreverente, que, muitas vezes, desafiam as convenções sociais e provocam desconforto nas audiências'.

O juiz menciona o entendimento do Supremo Tribunal Federal na Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 4451, também conhecida como 'ADI do Humor', e pontua que o humorista pode se expressar de maneira provocativa sem que o Judiciário intervenha de forma prévia ou ostensiva.

"No caso do humorista Leonardo Lins, como citado, mesmo que parte da sociedade possa entender suas piadas como agressivas ou de mau gosto, isso não pode ser razão suficiente para que haja uma restrição prévia à sua liberdade de expressão, sob pena de instaurar um mecanismo de censura indireta", destaca Daniel Kredens na sentença.

A decisão destaca que o município não conseguiu provar que o show 'Peste Branca' tenha causado comoção social negativa, protestos ou denúncias formais.

O magistrado afirma que, ao longo do processo, não há indícios de 'prejuízo concreto' a indivíduos ou grupos.

"O Município limita-se a reproduzir trechos de piadas, muitas vezes descontextualizadas, como se o seu conteúdo, por si só, fosse suficiente para ensejar a responsabilização dos réus", anota o magistrado.

Kredens ressalta que não é possível exigir reparação por dano moral coletivo sem demonstrar qualquer impacto real. "A simples antipatia institucional por determinado conteúdo artístico não é suficiente para justificar condenação judicial."

A decisão também menciona a autonomia do público e o 'dever de tolerância democrática'. Segundo o juiz, o público que acompanha a carreira de Léo Lins tem conhecimento do seu trabalho com humor ácido, por vezes politicamente incorreto.

Ele sustenta que, quando o público compra o ingresso, já sabe que o show se trata de um 'ambiente voltado ao riso, à crítica social e à sátira'.

"A solução, em uma sociedade plural e livre, é sempre a escolha individual: quem se sente ofendido com determinado tipo de humor tem todo o direito de não consumir esse conteúdo. Mas não pode impor sua sensibilidade como padrão absoluto à coletividade, tampouco mobilizar a máquina judicial para interditar aquilo que pessoalmente desaprova", conclui o juiz da 4.ª Vara Cível de Novo Hamburgo.