Juliano Cazarré fala sobre estado de saúde de filha com doença rara

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O ator Juliano Cazarré atualizou o estado de saúde da filha Maria Guilhermina, diagnosticada com Anomaria de Ebstein, uma doença rara congênita que afeta uma das válvulas do coração.

Em entrevista ao jornal O Globo, o ator comentou que a filha - a quinta de seis filhos - tem apresentado melhoras. "Há bastante tempo, ela não tem nenhuma intercorrência grave. Agora já está passando várias horas por dia sem respirador - ou seja, o quadro respiratório e o diafragma já estão mais fortes", comemora o ator.

"Ela está muito espertinha, percebendo tudo o que acontece ao redor. E também sorri e se mexe muito. Está ficando maior, comprida, pesada, com o cabelo grande", completou.

A Anomalia de Ebstein é uma doença rara que atinge apenas uma a cada 20 mil crianças recém-nascidas. A síndrome, uma má-formação na válvula tricúspide do coração, afeta o fluxo de sangue no corpo. Com isso, as crianças que nascem com a anomalia podem ter insuficiência cardíaca após o nascimento.

Cazarré está no elenco de Três Graças, na qual incorpora o ex-traficante evangélico Jorginho Ninja. Além disso, voltou aos palcos com o monólogo Compliance, em cartaz no Teatro Prio, no Rio de Janeiro.

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A Câmara Municipal de São Paulo aprovou em segundo turno nesta quarta-feira, 29, o projeto de lei que prevê o reajuste do Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU). O texto agora vai para a sanção do prefeito Ricardo Nunes (MDB).

A medida corrige o tributo em no máximo 10% por ano para qualquer imóvel - seja moradia ou comércio. Os vereadores reduziram o limite da correção das propriedades não-residenciais, antes de 15%.

A proposta de reajuste, de autoria da Prefeitura, foi aprovada com 30 votos favoráveis e 19 contrários (veja abaixo a lista de votos). A Secretaria Municipal da Fazenda afirma que a revisão da planta de valores é "exigência legal". Também apontou que foram realizadas três audiências públicas para discutir o projeto com a população. Associações de moradores de vários bairros criticam a medida.

Entenda o reajuste

A medida mantém o limite de reajuste anual do imposto em 10% para moradias. No caso dos imóveis não residenciais, o Executivo propôs inicialmente manter o teto anual em 15% (como já é atualmente), mas uma emenda coletiva de vereadores da base governista reduziu o percentual para 12%. Uma nova emenda, apresentada nesta quarta-feira, 29, pelo líder do governo, definiu a trava em 10% tanto para domicílios como para comércios.

O projeto de lei também amplia a faixa de isenção do tributo, passando a não cobrar o imposto de residências avaliadas em até R$ 260 mil - atualmente, o limite é de R$ 230 mil. Moradias de até R$ 390 mil terão desconto no imposto - hoje, a redução vale para propriedades de até R$ 345 mil.

A Prefeitura destacou que mais de 1 milhão de imóveis serão isentos de IPTU e mais de 500 mil terão descontos. "Além disso, a trava prevista no PL limita em 10% o reajuste anual do IPTU para imóveis residenciais com valorização acima desse valor na PGV", declarou, por nota.

Com a nova emenda desta quarta, todas as moradias em Zonas Especiais de Interesse Social (Zeis) - quadras com habitações de famílias de baixa renda - passaram a ser isentas. O texto inicial da Prefeitura não cobrava o tributo apenas das Zeis 1, 2 e 4. Com a mudança, o número de imóveis isentos em Zeis passou de 285 mil para 313 mil.

Outra mudança da emenda, torna isentos todos os terrenos e moradias da Companhia de Habitação Popular do Município de São Paulo (Cohab-SP) e da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo (CDHU).

O IPTU é calculado com base na Planta Genérica de Valores (PGV), que determina o valor venal dos imóveis. Atualizada a cada quatro anos pela Prefeitura, a PGV define o custo médio do metro quadrado de cada quadra da cidade, considerando o preço em imobiliárias e sites de venda de imóveis.

O projeto de lei deste ano atualiza a PGV. Como mostrou o Estadão, o preço médio do metro quadrado territorial chegou a subir até 90% em alguns setores da cidade em relação a 2022, última atualização. A Prefeitura, no entanto, diz que só 4% dos imóveis terão reajuste do valor venal para o ano que vem superior a 40%, na comparação com este ano.

O subsecretário da Receita Municipal, Thiago Rubio Salvioni, afirmou, em audiência pública, que o valor venal atribuído pela Prefeitura atualmente é de cerca de 50% do preço de mercado. "Nossa intenção com a PGV é reequilibrar esse valor entre a base de cálculo da PGV e os valores de mercado. Mas nossa meta não é chegar a 100%. Perseguimos um patamar de 70% de valor de mercado", declarou.

A nova PGV de cada quadra da cidade foi publicada no anexo do projeto de lei da Prefeitura. São mais de 2.700 páginas de PDF, com os códigos dos endereços.

O gabinete do vereador Celso Giannazi (Psol) fez um levantamento com base nesses dados, calculando o valor médio do metro quadrado territorial por setor fiscal de São Paulo - a capital tem 310 setores, que são divisões menores do que os distritos criados para fins tributários. Os assessores técnicos, então, compararam a proposta de PGV para 2026 com a anterior, de 2022, chegando à variação média no período por setor. O valor de 2022 foi corrigido pela inflação.

Uma emenda do vereador Celso Giannazi aprovada nesta quarta torna obrigatório, a partir de 2028, que a Prefeitura, quando enviar a proposta de reajuste para a Câmara, também disponibilize um site com uma calculadora onde a população possa checar qual será o reajuste do IPTU para o imóvel dela, antes da aprovação do projeto de lei.

Moradores de SP reclamam da alta do IPTU

Moradores de vários bairros de São Paulo têm criticado o reajuste. Eles reclamam que a alta do imposto não vem acompanhada de melhorias nos serviços prestados pela Prefeitura. Entre as principais queixas estão buracos nas ruas, falta de zeladoria e segurança.

Para a Associação Viva Leopoldina, a correção de até 10% por ano é injusta.

O setor do Jaraguá-Pirituba, na zona noroeste, foi o que registrou a maior variação do preço do metro quadrado territorial (91%).

Nos Jardins, na zona oeste, onde a alta do metro quadrado chega a 70%, o IPTU também incomoda.

Outro setor que teve um dos maiores aumentos foi Pinheiros (média de 69% do metro quadrado territorial). A associação Pró-Pinheiros aponta que o dado "indica profundo distanciamento entre a Prefeitura e a realidade vivida pelos moradores e comerciantes do bairro".

Já o presidente da Associação de Moradores e Amigos da Barra Funda, Edivaldo Godoy, afirma que a população do bairro também ficou revoltada com o tributo (alta média de 57% do metro quadrado).

Quais vereadores votaram a favor?

Ana Carolina Oliveira (Podemos)

André Santos (Republicanos)

Carlos Bezerra Jr. (PSD)

Danilo do posto de saúde (Podemos)

Dr. Milton Ferreira (Podemos)

Edir Sales (PSD)

Ely Teruel (MDB)

Fábio Riva (MDB)

Gabriel Abreu (Podemos)

George Hato (MDB)

Gilberto Nascimento Jr. (PL)

Isac Felix (PL)

João Jorge (MDB)

Kenji Ito (Podemos)

Major Palumbo (Podemos)

Marcelo Messias (MDB)

Pastora Sandra Alves (União)

Paulo Frange (MDB)

Ricardo Teixeira (União)

Roberto Tripoli (PV)

Rute Costa (PL)

Sandra Santana (MDB)

Sansão Pereira (Republicanos)

Sargento Nantes (Podemos)

Silvão Leite (União)

Silvinho Leite (União)

Simone Ganem (Podemos)

Sonaira Fernandes (PL)

Thammy Miranda (União)

Zoe Martinez (PL)

Quais vereadores votaram contra?

Alessandro Guedes (PT)

Amanda Vettorazzo (União)

Celso Giannazi (Psol)

Cris Monteiro (Novo)

Eliseu Gabriel (PSB)

Hélio Rodrigues

Jair Tatto (PT)

Janaina Paschoal (Podemos)

João Ananias (PT)

Keit Lima (Psol)

Luana Alves (Psol)

Lucas Pavanato (PL)

Marina Bragante (Rede)

Nabil Bonduki (PT)

Prof. Toninho Vespoli (Psol)

Renata Falzoni (PSB)

Senival Moura (PT)

Silvia da Bancada Feminista (Psol)

O procurador-geral de Justiça, Antônio José Campos Moreira, disse nesta quarta-feira, 29, que o Ministério Público do Rio de Janeiro não participou da megaoperação policial contra o Comando Vermelho (CV).

Ele afirmou que tomou conhecimento somente na manhã de terça-feira, 28, quando a ação já estava em curso. Ainda de acordo com o procurador, o MP acompanha a contabilização dos corpos e irá investigar as ações.

"Temos o dever de apurar todos os fatos com rigor sem estabelecer premissas. O MP lamenta profundamente o número de mortes. Todas as mortes. Sobretudo, em especial, aos quatro policiais", afirmou.

Ele destacou ainda que a operação não foi propagada para fazer a retomada de território - a polícia cumpriu mandados judiciais. E defendeu uma unidade entre todas as esferas de poder.

"O ideal é que União, o governo federal, o Estado, a prefeitura, deixando de lado interesses políticos de momento, elaborem uma política de segurança pública de Estado e não uma política de governo. Essa briga não interessa a ninguém."

Muro do Bope e dinâmica da operação

Mais cedo, a cúpula da segurança pública do Rio deu detalhes da operação. Um dos diferenciais, segundo o comando da PM, foi a montagem do "Muro do Bope", linha de contenção formado por agentes de segurança para empurrar os bandidos para o topo do morro. A ação dessa terça-feira, 28, que terminou com 119 mortos, foi a mais violenta da história do Rio de Janeiro.

"Incursão de tropas do Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais) na área mais alta da montanha da Serra da Misericórdia, que divide esses dois complexos (Penha e Alemão), operando o que a gente chamou de 'Muro do Bope', uma linha de contenção formada por policiais que empurravam os criminosos para o topo da montanha", disse o secretário da Polícia Militar do Rio, Marcelo de Menezes, nesta quarta-feira, 29.

Especialistas apontaram "lambança operacional" da ofensiva policial, que teve alto número de mortes, causou pânico nas comunidades e levou transtornos a outros pontos da cidade. O número supera o do massacre do Carandiru.

O governador Cláudio Castro (PL), por sua vez, classificou a operação como um "sucesso" e disse que as únicas vítimas foram os quatro policiais que morreram baleados nos confrontos.

Conforme Menezes, a estratégia tinha "objetivo claro: proteger a população de bem que mora naquela região." Ainda segundo ele, "a grande maioria dos confrontos, quase a totalidade, se deu na área de mata. E a opção pelo confronto se deu pelos marginais, pelos narcoterroristas. Aqueles que quiseram ser presos, foram presos, basta os senhores avaliarem o grande número de presos nessa operação."

Ainda de acordo com o secretário da PM, a operação teve 60 dias de planejamento. O Estado diz que a estratégia foi necessária para avançar sobre um território dominado pelo crime organizado. O CV chegou a usar drones com bombas na reação, o que expõe o crescente poder bélico dos traficantes.

O governo do Estado reclamou de falta de apoio federal na ação, mas o Ministério da Justiça e da Segurança disse que não foi chamado para essa operação.

"Não fomos comunicados de que seria deflagrada neste momento. Houve um contato anterior, do pessoal da inteligência da Polícia Militar com a nossa unidade no Rio para ver se haveria alguma possibilidade de atuarmos em algum ponto neste contexto", disse Andrei Rodrigues, diretor-geral da Polícia Federal.

"A partir da análise do planejamento operacional, a nossa equipe entendeu que não era uma operação razoável para que a gente participasse", acrescentou.

Veja os demais números divulgados pelo governo do Rio:

presos: 113, dos quais 33 são de outros Estados

Adolescentes apreendidos: 10;

Armas: 118, sendo 90 fuzis e 26 pistolas e um revolver;

14 artefatos explosivos;

centenas de carregadores - ainda não contabilizados;

milhares de munições - ainda não contabilizadas;

toneladas de drogas - ainda não contabilizadas;

Fila de corpos no Complexo da Penha

A operação foi a mais letal da história do Estado. Moradores do Complexo da Penha, na zona norte carioca, um dos locais onde houve a operação, levaram ao menos 60 corpos para a Praça São Lucas durante a madrugada e o início da manhã desta quarta-feira, 29.

"Ninguém nunca viu no Brasil o que está acontecendo aqui", disse Jéssica, uma moradora. Ela estava no meio da multidão que tentava identificar as vítimas. "Ninguém nunca viu no Brasil o que está acontecendo aqui", afirma Jéssica. Os corpos estavam amarrados, tinham marcas de facadas. A reportagem presenciou ao menos um corpo decapitado.

O Rio de Janeiro voltou ao estágio 1 às 6h desta quarta-feira, 29, segundo o Centro de Operações da Prefeitura. No momento, os meios de transportes operam normalmente. Todas as vias estão liberadas para o tráfego de veículos. O estágio 1 é o primeiro em uma escala de cinco e significa que não há ocorrências de grande impacto

A região havia entrado no estágio 2 às 13h48 de terça-feira, devido a ocorrências policiais que interditaram, de forma intermitente, diversas ruas das zonas norte, oeste e sudoeste da cidade, impactando os modais de transportes e a locomoção da população pela cidade.

A operação contra o Comando Vermelho no Rio, que terminou com mais de 100 mortos, de acordo com o governo do Estado, nesta terça-feira, 28, reacende o debate sobre a classificação de facções criminosas como grupos terroristas.

O governo de Luiz Inácio Lula da Silva e parte de especialistas em segurança pública são contrários ao enquadramento por entender que não há propósitos ideológicos. Já a oposição - principalmente o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) - acredita que a classificação vai contribuir para o combate ao crime ao facilitar o bloqueio de dinheiro e a cooperação internacional.

Atualmente, o Comando Vermelho e o Primeiro Comando da Capital (PCC) são considerados organizações criminosas, conforme a Lei 12.850/2013. Isso significa que são vistos como grupos com estrutura hierárquica voltada à prática de crimes. A legislação atual permite interceptações telefônicas, delações premiadas e acordos de cooperação internacional.

Após a megaoperação policial contra integrantes do CV nos complexos do Alemão e da Penha, governadores se pronunciaram sobre a necessidade de enquadramento das facções como grupos terroristas. Tarcísio afirmou que sua equipe "vai mergulhar" no debate.

Na prática, o governador pretende mobilizar aliados para levar a discussão ao Congresso Nacional, onde já existem propostas sobre o tema. "Vamos buscar um grande consenso", afirmou Tarcísio em entrevista à CNN.

O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), usou as redes sociais também para classificar os grupos como "facções terroristas".

Para equiparar as associações criminosas ao crime de terrorismo, seria necessário alterar a Lei nº 13.260/2016, a Lei Antiterrorismo, de 2016.

Na Câmara, o PL 1283/2025, apresentado pelo deputado Danilo Forte (União-CE), é a proposta mais adiantada. Como já foi aprovada urgência em maio, cabe apenas a decisão do presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), de colocar o projeto na pauta de sessão. O projeto ainda precisa, portanto, ser votado no plenário.

O texto prevê que "impor domínio ou controle de área territorial" é prática criminosa e deve ser enquadrado na lei antiterrorismo.

O projeto sugere ainda "ampliar as motivações do crime de terrorismo, especificar infraestruturas críticas e serviços de utilidade pública, estender a aplicação da lei a organizações criminosas e a milícias privadas que realizem atos de terrorismo".

Na justificativa da proposta, Forte citou os ataques criminosos contra provedoras de internet que geraram "apagões" do serviço em regiões controladas pelo CV no Ceará no mês de março.

O secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite (PP), inclusive, deve se licenciar do cargo para voltar à Câmara dos Deputados, onde tem mandato, e relatar o projeto de lei que equipara facções criminosas a terroristas. Nikolas Ferreira (PL-MG) havia sido designado relator da proposta, mas ele aceitou ceder lugar a Derrite.

Derrite chegou a Brasília na terça-feira, 28, para tratar da articulação do projeto. Ele repete a tática usada em março, quando também foi exonerado do cargo para relatar o projeto de lei que pôs fim à saída temporária de presos dos presídios. "Um dos motivos de eu estar aqui em Brasília hoje é tratar do projeto de lei que visa classificar organizações criminosas como terroristas. Quem lança granadas nas tropas policiais não tem outra classificação", afirmou em vídeo gravado para as redes sociais.

Governo federal não vê motivação ideológica nas facções

As últimas manifestações do governo federal apontam direção diferente. O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, entende que PCC e CV não possuem inclinação ideológica para serem classificadas como terroristas. "Grupos terroristas são aqueles que causam perturbação social, política, têm uma inclinação ideológica etc, o que não acontece com as organizações criminosas", explicou o ministro na semana passada.

As declarações foram dadas durante divulgação do projeto Antimáfia, documento do Ministério da Justiça e Segurança Pública que muda alguns entendimentos na legislação sobre organização criminosa e endurece as ações de combate contra facções. O texto foi enviado para avaliação da Casa Civil e ainda terá de passar pelo Congresso.

O pacote é uma tentativa do governo federal de protagonizar o tema da segurança pública após entraves colocados à PEC da Segurança Pública, sistema integrado de ação dos governos federal, estadual e municipal para atacar o crime organizado. O projeto Antimáfia também representa uma alternativa ao projeto em discussão na Câmara.

A ideia de classificar facções como o PCC e o CV como terroristas esteve na pauta de uma reunião entre membros do governo Trump com o Ministério da Justiça e Segurança Pública em maio. O governo Lula rechaçou a sondagem feita pelos norte-americanos, que pediram a categorização de PCC e CV como terroristas.

A comitiva liderada por David Gamble alegara, segundo relatos de pessoas envolvidas ao Estadão, que a legislação americana permitiria sanções mais pesadas contra as duas facções se elas fossem enquadradas de tal modo pelo governo do Brasil.

Os americanos mencionaram que o FBI (a Polícia Federal norte-americana) avaliava que o PCC e o CV estavam presentes em 12 estados americanos, como Nova York, Flórida, Nova Jersey, Massachusetts, Connecticut e Tennessee.

As duas facções têm usado o território americano para lavar dinheiro, por meio de brasileiros que viajam ao país, de acordo com membros da comitiva de Trump. Eles citaram que 113 brasileiros tiveram visto negado pela Embaixada dos Estados Unidos após terem sido identificados como ligados às quadrilhas.

'Classificação como terrorista é grande bobagem', diz especialista

O enquadramento das facções como grupos terroristas é uma "grande bobagem", na visão de Samira Bueno, diretora executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

"Não estamos vendo terrorismo. O que o Comando Vermelho e o PCC fazem é por dinheiro. Eles querem ganhar dinheiro. De novo há uma tentativa de enquadrar o problema de uma forma distorcida porque a política não deixa a gente avançar. Por isso, nós vemos essa situação há tanto tempo no Rio de Janeiro", afirmou à Rádio Eldorado nesta quarta-feira.

Este é mesmo entendimento de Márcio Christino, promotor do Ministério Público de São Paulo e autor do livro Laços de Sangue - A História Secreta do PCC. Para ilustrar sua argumentação, o especialista cita como exemplo de terrorismo o ataque do grupo Hamas contra Israel em outubro de 2023, estopim dos conflitos na Faixa de Gaza.

"Neste ataque não existiu objetivo de lucro, de ganho patrimonial. Foi um ataque político. PCC e CV adotam o formato de cartéis, união de interesses criminosos pautados pelo tráfico", explica.

O ex-secretário nacional de Segurança Pública José Vicente Filho também discorda de uma eventual nova classificação. Em sua visão, a resposta adequada já está prevista no Pacote Antimáfia.

"Cada crime terá uma resposta própria. Não é necessário (enquadramento como terrorista). A prioridade é impor penas que desestimulem a ação criminosa, garantindo que os responsáveis passem o maior tempo possível em cumprimento de pena. Isso já está contido na legislação Antimáfia", diz o especialista.

Veja perguntas e respostas sobre o tema:

Qual é a diferença entre grupo criminoso e grupo terrorista?

A motivação é a principal diferença entre os dois. De maneira geral, terroristas atuam com fins ideológicos ou políticos, buscando determinado objetivo. Já facções como o PCC visam o lucro, especialmente por meio do tráfico de drogas, armas e crimes financeiros.

Qual é o tratamento legal dado às facções PCC e CV?

O PCC é uma organização criminosa nos termos da Lei 12.850/2013, que aborda grupos com estrutura hierárquica voltada à prática de crimes. Essa lei permite interceptações telefônicas, delações premiadas e acordos de cooperação internacional para combater a facção.

O que define um grupo terrorista?

A Lei Antiterrorismo brasileira (Lei 13.260/2016) define terrorismo como a prática de atos violentos com a finalidade de provocar terror social ou generalizado, motivados por razões de xenofobia, religião, ideologia política ou preconceito.

Por que a designação é importante?

A classificação como grupo terrorista pode ativar bloqueio de recursos financeiros e promover cooperação internacional mais rápida, além de impor penas mais severas aos criminosos.

Existem riscos nesta designação?

Especialistas apontam o risco de banalização do conceito de terrorismo, abuso da nova interpretação contra determinados grupos políticos e movimentos sociais. /

*Colaborou Guilherme Caetano