'Aprendi a me cuidar', diz atriz Carol Castro

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Carol Castro anda tendo um ano de 2025 intenso. Após ser destaque na novela Garota do Momento, a atriz pintou no streaming na série Jogo Cruzado, do Disney+, retornou aos palcos com a peça A Manhã Seguinte, no Rio de Janeiro, e ainda encontrou tempo para filmar Nosso Lar 3 - Vida Eterna, sequência espírita que adapta o quarto livro da saga de Chico Xavier atribuída ao espírito André Luiz. Como dar conta de tudo isso?

"Nem eu sei", responde Carol, sincera, em entrevista ao Estadão. "Obviamente o corpo sente, mas eu estou em um momento de muita acolhida. Agradeço muito pois sei que é fruto de muitos anos de dedicação. Agradeço até a mim mesma por nunca ter desistido, porque já me passaram vários questionamentos por estar cansada, por ter pouco tempo para mim."

A atriz dribla a exaustão para retornar aos cinemas com a sequência de Nosso Lar em 2027, mas se diz grata desde já pela missão de interpretar Zenóbia. Na história do filme, dirigido por Wagner de Assis, sua personagem é a líder de uma casa espiritual nas terras umbralinas que precisará enfrentar desafios sombrios para salvar a alma de Domênico (Fábio Assunção), seu grande amor de uma vida passada.

"Ela tem uma missão muito bonita e importante, de liderar um lugar de cura, onde os espíritos de luz cuidam dos seres que vivem nos umbrais e aceitam ser resgatados", explica. "Ela representa muito também o sagrado feminino dentro do filme. O Wagner (de Assis, diretor) achou importante focar na história da Zenóbia para mostrar essa potência feminina que ainda está tão mal compreendida."

Uma das missões de Zenóbia na história será a de resgatar a alma de Domênico. O personagem de Assunção é um ex-padre que se perdeu em propósitos indignos durante a vida, e o filme promete tratar sobre o amor do ponto de vista espiritual com a jornada dos dois.

"Ela e sua equipe têm a missão de pescar o maior número possível de almas, mas essas almas precisam querer. Ela está nessa missão há mais de 100 anos e de repente reencontra um grande amor de uma de suas vidas", detalha Castro. "No fim, a gente vê que todos os encontros têm uma conexão. Ela teve que abrir mão de um amor puro e arrebatador da adolescência, e o filme conta tudo isso para que as pessoas o vejam como uma história de amor. É um filme que fala dos conceitos do espiritismo, mas vai além."

Reencontro com Fábio Assunção

As filmagens de Nosso Lar 3 aconteceram no Rio de Janeiro, poucas semanas após Carol e Fábio encerrarem as gravações da novela Garota do Momento, da TV Globo, na qual interpretavam Clarice e Juliano.

"Foi uma continuação de uma parceria muito rica. Não teve como não fazer piadas sobre o Juliano não largar a Clarice nem no umbral", ri a atriz. "Foram seis dias entre o fim das gravações de Garota do Momento e a pré-produção de Nosso Lar. Consegui fugir para Fernando de Noronha e fiquei seus dias no mar me energizando, deixando Clarice para trás e me preparando para a Zenóbia. E reencontrar o Fábio foi praticamente continuar, estávamos juntos na semana anterior."

Atriz tem relação fluida com espiritualidade

Embora esta seja a estreia de Carol na franquia Nosso Lar, não é sua primeira experiência com obras de temática espírita. Em 2023, ela estrelou Ninguém é de Ninguém, também dirigido por Assis e inspirado em um livro homônimo de Zíbia Gasparetto. A atriz explica que parte de sua própria experiência fluida com as religiões para estudar e se aprofundar no tema em seus trabalhos.

"Sempre me identifiquei muito com o Espiritismo desde pequena, muito por causa da minha mãe. Fiz a primeira comunhão, sou batizada e acredito em Deus, mas minha crença vai muito além. O que eu acho interessante é que o Espiritismo não julga outras religiões e eu venho de anos vivendo isso na prática", resume.

Carol, que morou com a mãe e os avós maternos em Natal, RN, por cerca de cinco anos, explica que conheceu muitas vertentes religiosas no período. "Minha mãe sempre foi uma grande curiosa, então participei de reuniões de sufismo, li muitos livros para crianças sobre o sufi, conheci um grupo Hare Krishna que ficou na minha casa em Natal... Sempre estive próxima de diversas práticas, e respeito e me interesso por todas aquelas que não julgam as outras e não fazem lavagem cerebral", pontua.

Neste mesmo sentido, a atriz acredita que o terceiro Nosso Lar pode transmitir uma mensagem necessária para o momento político do País.

"(Com o filme), eu vi o quanto nós mulheres e nós seres humanos somos fortes. A Zenóbia tem essas missões que denotam força e potência, mas o filme mostra o quanto tudo passa, seja no umbral ou na vida terrena, tudo passa. Só o amor é eterno e essa mensagem é muito potente, principalmente nos dias de hoje, em que vivemos momentos tão bélicos e de tanta intransigência e absurdos."

Carol Castro além do trabalho

Embora esteja surfando em um bom momento profissional, Carol conta que transformou sua forma de olhar o trabalho. Aos 41 anos, ela precisou encontrar forças no último ano para passar pela morte do pai, o ator Luca de Castro, aos 70, e por algumas questões de saúde. Incentivada por ele a ingressar na atuação ainda na infância, ela destaca que precisou viver o luto em meio a compromissos de trabalho e, com isso, entendeu como deveria priorizar os momentos para autocuidado e ao lado da filha.

"Em Jogo Cruzado, eu tive esse momento de passar por cima de uma lesão e continuar filmando, perder o meu pai e passar por um dos maiores lutos. Meu pai sempre foi o meu muso inspirador, principalmente pelo fato de eu ser atriz e ter crescido nesse universo graças a ele. Nos falávamos todos os dias, trocávamos mensagens, meme de gatinho, coisas importantes, coisas variadas", recorda. "Depois precisei voltar, terminar a série antes de operar de fato. Eu diria que, no meu comprometimento com o ofício, aprendi a ter momentos de me reconectar comigo mesma e procurar me cuidar. Nem que seja ali no banho por uns minutinhos", ri.

Em outra categoria

Uma operação policial deflagrada na região turística de Caraíva, distrito de Porto Seguro, extremo sul da Bahia, terminou com um tiroteio e cinco suspeitos mortos. A ofensiva policial envolveu agentes da Polícia Federal (PF), Civil e Militar e mirou traficantes ligados ao Comando Vermelho.

Segundo as investigações, o grupo em questão praticava homicídios e assaltos na região, além de fazer ameaças aos moradores e comerciantes por meio de vídeos divulgados na internet, exibindo armas de grosso calibre e tentando impor horários de toque de recolher.

De acordo com informações do governo da Bahia e da Polícia Federal, os agentes de segurança foram recebidos com tiros pelos criminosos e revidaram. Cinco integrantes da facção foram atingidos. Eles foram socorridos, mas não resistiram.

A polícia foi mobilizada para Caraíva, área turística da região sul da Bahia, para cumprir mandados de busca e apreensão em razão da operação "Vertice I", deflagrada após investigações sobre a atuação da organização na região.

Durante a operação, foram apreendidos armamentos, sendo dois fuzis, uma submetralhadora, duas pistolas e uma granada. Drogas também foram apreendidas, mas a Polícia Federal não especificou o tipo e a quantidade.

A PF afirma que os cinco suspeitos atingidos e mortos "são apontados como lideranças locais e conhecidos pela violência com que atuavam na região".

Conforme a Secretaria de Segurança da Bahia, os alvos da operação estavam envolvidos com homicídios, tráficos de armas e drogas, lavagem de dinheiro e corrupção de menores. As identidades dos suspeitos não foram informadas.

A investigação que levou quatro advogados à prisão em Manaus nesta quinta-feira, 6, por suspeita de envolvimento com o Comando Vermelho (CV), teve início a partir de conversas no WhatsApp.

Um dos líderes da facção, o traficante Alan Sérgio Martins Batista, conhecido como "Índio" e "Sangue Azul", teve o sigilo de mensagem quebrado em outra investigação.

Ao analisar os diálogos, a Polícia Federal encontrou mensagens entre o chefe do CV e os advogados Gerdeson Zuriel de Oliveira Menezes, Alisom Joffer Tavares Canto de Amorim, Janai de Souza Almeida e Ramyde Washington Abel Caldeira Doce Cardozo.

O Estadão busca contato com as defesas. A OAB-AM protestou contra "violações de prerrogativas profissionais".

Os diálogos ocorreram em dois grupos no WhatsApp: Rotativo dos Sistemas e CDPM. As conversas indicam que os advogados recebiam ordens do traficante e serviam como interlocutores entre a cúpula da facção e criminosos presos.

A investigação aponta que eles levavam recados para dentro dos presídios e, ao mesmo tempo, colhiam informações dos presos para manter as lideranças do CV inteiradas sobre o que ocorre nas cadeias.

Em uma conversa, em fevereiro, "Sangue Azul" encaminha comunicado sobre uma trégua entre o Comando Vermelho e o Primeiro Comando da Capital (PCC). Em seguida, Alisom Joffer e Janai de Souza respondem que levariam a informação aos presos no mesmo dia.

Em outra conversa, Janai transmite no grupo um relatório atribuído ao conselho do CV no pavilhão 6 do Centro de Detenção Provisória de Manaus I. O documento detalha que o conselho decidiu punir um detento conhecido como "Coelho" porque ele estaria "oprimindo" outros presos com agressões verbais e físicas.

Ramyde Cardozo também aparece nos diálogos com "Sangue Azul". O advogado teria se comprometido a entrar com maconha em um presídio, segundo a PF. Em uma mensagem, ele afirma ter recorrido a "pessoas de confiança" para passar a droga, mas informa que elas teriam trocado o plantão. A Polícia Federal suspeita que funcionários da penitenciária tenham sido cooptados para fazer vista grossa e facilitar a entrada de drogas.

Gerdeson Zuriel também teria transmitido "relatórios" dos presos aos líderes do CV. Ele é suspeito de "emprestar" suas contas bancárias para "Sangue Azul" movimentar recursos sem chamar a atenção de autoridades.

Ao decretar a prisão dos advogados, a juíza Ana Paula Podedworny, 4.ª Vara Federal Criminal do Amazonas, afirmou que eles prestaram "fundamental auxílio" ao CV e ocuparam "função de grande importância para o funcionamento da facção".

"Assim agindo possibilitam a manutenção do elo e da comunicação entre os membros e permitem a coesão e o pleno funcionamento do Comando Vermelho no Estado do Amazonas", diz a decisão.

COM A PALAVRA, A OAB DO AMAZONAS

A Ordem dos Advogados do Brasil - Seccional Amazonas informa que membros da Comissão de Defesa das Prerrogativas Profissionais acompanham o cumprimento de mandados de busca e apreensão e de prisão em desfavor de advogados.

As violações às prerrogativas verificadas durante a operação estão sendo devidamente apuradas e as providências cabíveis serão adotadas, inclusive com a comunicação à autoridade judicial que expediu os mandados.

A OAB Amazonas, por meio de sua Comissão de Prerrogativas, permanece vigilante e presta toda a assistência necessária aos advogados e advogadas, reafirmando seu compromisso intransigente com a defesa dos princípios da legalidade, mas que observe as prerrogativas da advocacia e com o Estado Democrático de Direito.

COM A PALAVRA, AS DEFESAS

O Estadão busca contato com as defesas dos advogados. O espaço está aberto para manifestação.

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), afirmou em entrevista ao Flow Podcast nesta quinta-feira, 6, que a megaoperação no Rio de Janeiro - que deixou 121 mortos, entre eles quatro agentes de segurança - foi bem planejada e executada. "Tive bastante contato com o Cláudio Castro (PL) nesse período, até para prestar apoio, prestar solidariedade, porque eu acho que tem que ter muita coragem para fazer esse enfrentamento", disse.

Segundo o chefe do Executivo paulista, "não houve registro de civis atingidos ou de balas perdidas" durante a operação. No entanto, dados do Instituto Fogo Cruzado apontam três casos de vítimas por projéteis dispersos: um homem em situação de rua, uma mulher ferida dentro de uma academia e outro homem baleado em um ferro-velho.

Tarcísio afirmou que o Estado não pode deixar a população das comunidades à própria sorte e precisa se fazer presente nesses territórios. Ele acrescentou que essa realidade evidencia uma "perda de soberania" do Estado sobre determinadas áreas, em um contraponto ao discurso de soberania nacional adotado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em temas de política externa e o tarifaço do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

Tarcísio explicou que a operação seguiu a estratégia conhecida, nas ações contra forças irregulares, como "Martelo e Bigorna". Segundo ele, o território foi dividido em várias unidades, que avançaram expulsando os criminosos das áreas onde estavam, com o objetivo de evitar confrontos que pudessem gerar efeitos colaterais para a população civil. Ele se compadeceu com as mortes de policiais, mas ressaltou que não combater o crime organizado seria uma "derrota maior".

"Temos também que lamentar a morte dos policiais, porque, quando morre um policial, isso dói. Dói em quem está na linha de frente, dói em quem comanda a Polícia Militar, dói em quem está à frente do Estado", afirmou o governador. "Em compensação, a derrota maior seria deixar o crime organizado fazer o que está fazendo. Aí seria rendição, e o Estado não pode se render, porque aquelas pessoas que estão lá precisam da mão segura do Estado."

O governador detalhou ainda que os criminosos foram sendo empurrados para uma área de mata, no Morro da Misericórdia, onde o BOPE já realizava o cerco. De acordo com ele, as equipes conseguiram isolar e conter os suspeitos, o que, em sua avaliação, tornou a operação muito bem-sucedida do ponto de vista do planejamento. "Quem quis se render foi preso, mais de cem criminosos. Quem resolveu não enfrentar o Estado saiu com vida e vai responder pelos seus crimes na Justiça. Quem partiu para o enfrentamento acabou sendo neutralizado", continuou.

Ele salientou a aprovação majoritária da população brasileira nas pesquisas de opinião e disse que representam um "não aguento mais". Segundo levantamento da AtlasIntel, 55,2% dos brasileiros aprovam a ação, enquanto 42,3% a desaprovam. Ele aproveitou o ensejo para contextualizar as operações Escudo e Verão, realizadas na Baixada Santista por sua gestão, e afirmou que foi preciso estancar o avanço e o domínio territorial do crime organizado. Disse ainda que nenhum governante tomaria um risco desse porte por vontade própria e que ações desse tipo só são realizadas porque se fazem necessárias.

Tarcísio também mencionou um caso não especificado no Ceará como exemplo da expansão do crime organizado em outras regiões do País e afirmou: "O que está acontecendo em algumas cidades do Nordeste, no Ceará por exemplo, é muito grave. O criminoso chega e diz: 'Vaza', e o cidadão tem que sair da sua casa, do seu patrimônio."