Prêmio Camões 2023 vai para tradutor e ensaísta português João Barrento

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O escritor português João Barrento, de 83 anos, é o vencedor do Prêmio Camões 2023, a premiação mais importante da literatura em língua portuguesa. Ele receberá 100 mil euros (pouco menos de R$ 540 mil, na cotação atual) como recompensa.

O autor é mais conhecido por traduções da língua alemã, incluindo livros de Goethe, Erich Fried e Peter Handke, vencedor do Nobel de Literatura. Foi professor da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa e construiu carreira também como ensaísta, crítico literário e cronista.

O anúncio foi feito nesta terça-feira, 10, após uma reunião virtual que terminou com consenso entre os jurados. Barrento foi descrito como "autor de uma obra relevante e singular em que avultam o ensaio e a tradução literária" em nota de justificativa do júri.

"Em particular, as suas traduções de literatura de língua alemã, que vão da idade média à época contemporânea, e em todos os gêneros literários, formam o mais consistente corpo de traduções literárias do nosso patrimônio cultural e constituem indubitavelmente um meio de enriquecimento da língua e de difusão em português das grandes obras da literatura mundial", diz o comunicado.

O Prêmio Camões é considerado um dos prêmios literários que melhor paga seus vencedores. O valor é concedido por meio de subsídio da Fundação Biblioteca Nacional (FBN), vinculada ao Ministério da Cultura, e do Governo de Portugal.

Em nota, a ministra Margareth Menezes parabenizou João Barrento. "É uma alegria ver nomes valorosos da Literatura recebendo reconhecimento por seu trabalho. João Barrento tem uma importante contribuição na formação do público, para além das traduções, é autor de ensaios e crônicas atemporais riquíssimas", disse.

Já o presidente da FBN, Marco Lucchesi, destacou que "João Barrento é dos nomes mais representativos da literatura portuguesa. Sua trajetória de professor, pesquisador, prosador e tradutor constitui uma das mais sólidas bases humanísticas do nosso tempo".

Prêmio Camões

O Prêmio Camões foi criado em 1988 em parceria entre os governos português e brasileiro para prestigiar "um autor de língua portuguesa que, pelo conjunto de sua obra, tenha contribuído para o enriquecimento do patrimônio literário e cultural de nossa língua comum". Atualmente, a comissão julgadora também conta com representantes de países africanos cuja língua oficial é o português.

Em 2023, seis membros participaram do júri: Abel Barros Baptista, Isabel Cristina Mateus (professores portugueses), Deonísio da Silvia (escritor brasileiro), Cléber Ranieri Ribas de Almeida (professor brasileiro), Inocência Mata, (professora de São Tomé e Príncipe) e Dionísio Bahule (ensaísta e crítico de arte de Moçambique).

Vencedores anteriores

Em 2022, o crítico literário, professor, pesquisar e romancista mineiro Silviano Santiago levou o Camões. Já em 2021, a escritora moçambicana Paulina Chiziane recebeu o prêmio, enquanto o português Vítor Aguiar e Silva venceu em 2020.

Em 2019, o vencedor foi Chico Buarque, que precisou esperar quatro anos para ter o documento assinado pelo presidente do Brasil, já que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) se recusou a cumprir o protocolo que daria o prêmio ao cantor.

Outros brasileiros que ganharam recentemente foram Raduan Nassar, Alberto da Costa e Silva, Dalton Trevisan, Ferreira Gullar, Lygia Fagundes Telles e Rubem Fonseca.

*Estagiária sob supervisão de Charlise Morais

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Após a troca de laboratório fornecedor, o Ministério da Saúde informou nesta quinta-feira, 1°, que recebeu mais de 1,3 milhão de doses da vacina atualizada contra a covid-19. As doses da Pfizer foram recebidas em Guarulhos.

"Essa entrega aconteceu em 14 dias. Foi um recorde, mais rápido até mesmo que no período da pandemia", disse o ministro da Saúde, Alexandre Padilha.

A entrega, que faz parte de uma primeira remessa, que tem 7,4 milhões de doses previstas, ocorre dez dias após a pasta enviar uma nota técnica aos Estados e municípios informando sobre a troca e alertando que poderia haver "interrupção pontual da distribuição da vacina covid-19 destinada à população acima de 12 anos em algumas localidades, nas próximas três semanas".

Houve interrupção, nesta semana, na vacinação em uma capital, o Rio de Janeiro.

Entenda a troca de laboratório

Em 2024, as empresas Zalika, que representa o laboratório indiano Intituto Serum, e a Pfizer, venceram a licitação (pregão) do Ministério da Saúde para fornecer vacinas contra a covid para o Programa Nacional de Imunizações (PNI). A primeira ficou responsável pelo fornecimento de doses para adultos a partir de 12 anos, enquanto a segunda, para o público pediátrico (6 meses a 11 anos).

O edital e os contratos têm uma cláusula que obriga as empresas ganhadoras a fornecerem as vacinas com cepas atualizadas mediante solicitação da pasta. Em outubro do ano passado, ocorreu a primeira execução do pregão. As atualizações de vacinas aprovadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) eram para o tipo XBB. De acordo com a nota, a Zalika realizou a primeira entrega de 3 milhões de doses em dezembro.

Para as próximas entregas, porém, o ministério exigiu que ambas as empresas fornecessem vacinas com a cepa JN.1 na sua composição, a mais atualizada até o momento.

A Zalika submeteu à Anvisa o pedido de atualização de seu novo imunizante em dezembro. Para dar continuidade à campanha de vacinação durante o período de análise pela agência, o Ministério da Saúde diz ter distribuído um estoque de vacinas atualizadas da Moderna.

A Anvisa reprovou a atualização duas vezes. Uma em 30 de janeiro, e outra, após nova análise, em 13 de março. A empresa ficou impedida de fornecer vacinas ao ministério.

A pasta precisou iniciar um processo de transição de fornecedores e contratos, e convocou a segunda colocada no processo licitatório para continuidade do fornecimento. Neste caso, a própria Pfizer. O contrato foi assinado no dia 14 de abril.

O contrato prevê o fornecimento de 57 milhões de doses, em remessas, conforme adesão da população à campanha de vacinação, com previsão de execução de até dois anos.

O cineasta Martin Scorsese anunciou nesta quinta-feira, 1, que já trabalha em um documentário que trará conversas que teve com papa Francisco, no que ele chama de "a última entrevista do pontífice em profundidade para o cinema".

O documentário, chamado Aldeas - A New Story, "está enraizado na crença do papa na natureza sagrada da criatividade", nas palavras de seus produtores. A produção vai mostrar o trabalho do Scholas Ocurrentes, um movimento educacional criado pelo papa e pelo projeto Aldeas, que apoia a produção de curta-metragens para promover a compreensão cultural.

Antes de morrer, Francisco classificou o documentário como "um projeto extremamente poético e muito construtivo porque vai às raízes do que é a vida humana, a sociabilidade humana, os conflitos humanos, a essência da jornada de uma vida".

O biógrafo do papa, Fabio Marchese Ragona, que trabalhou com Francisco na autobiografia Vida: minha história através da História (Ed. Harper Collins), que também deve se tornar um filme, afirmou em entrevista ao jornal francês Le Monde que classificaria o pontificado de Francisco como "revolucionário", centrado "no que eu chamaria de uma revolução de ternura. A Igreja de Francisco, segundo Ragona, não julga e não olha os fiéis de cima para baixo.

"Eu também destacaria a proximidade de Francisco com o público e sua forma de se comunicar - franca direta, acessível a todos", afirmou Ragona. "Muitos diziam que era apenas marketing, mas quem o conhecia pessoalmente pode testemunhar que ele, de fato, é assim. E tudo isso com uma certa ironia: comigo, ele nunca encerrava um encontro ou um telefonema sem uma piada. Toda manhã ele rezava para São Thomas More (1478-1535) pelo dom do bom humor."

Segundo Ragona, Francisco conseguiu fazer o que a congregação havia pedido para o futuro papa antes do conclave de 2013, uma reforma estrutural da cúria romana, uma reorganização dos escritórios, incluindo uma reforma econômica e uma simplificação das regras e procedimentos administrativos.

"Nesses e em outros fronts, como o da luta contra a pedofilia, o caminho está longe do fim", disse o biógrafo. "Mas, na minha opinião, ele foi um grande papa porque conseguiu mudar as coisas, pelo menos um pouco. Mesmo ciente de que estava fazendo inimigos, ele sempre seguiu em frente."

A Polícia Civil busca pistas do assassinato da professora Fernanda Reinecke Bonin, de 42 anos, encontrada morta, na segunda-feira, 28, em um terreno próximo ao Autódromo de Interlagos, na zona sula de São Paulo.

A educadora tinha o pescoço amarrado com um cadarço e sinais de estrangulamento. Ela dava aulas de matemática em uma escola de alto padrão na capital.

A Secretaria da Segurança Pública (SSP-SP) informou nesta quinta-feira, 1, que as investigações seguem para apurar se o crime configura latrocínio - roubo seguido de morte -, conforme registrado inicialmente, ou homicídio. Nesse caso, a hipótese é de que alguém planejou a morte da educadora, podendo ter simulado um roubo.

O carro que ela dirigia e o celular de Fernanda desapareceram e ainda não foram encontrados. A SSP ressalta que a natureza da ocorrência pode ser revista e ajustada durante o curso do inquérito, sem prejuízo para a investigação.

Esposa, familiares e funcionários de prédio ouvidos

A polícia ouviu a esposa da professora, que teria sido a última pessoa a falar com ela, e outros familiares da vítima. Funcionários do prédio onde Fernanda morava também foram ouvidos. A investigação analisa imagens do sistema de vigilância do edifício de câmeras de monitoramento da região. O objetivo é estabelecer o percurso feito pelo veículo até o local onde o corpo foi encontrado.

Conforme a investigação, Fernanda saiu de casa para socorrer a companheira, de 45 anos, que teve um problema mecânico com seu carro, na Avenida Jaguaré, na zona oeste. As duas estavam casadas há oito anos, mas há cerca de um ano moravam em casas separadas. A mulher levava os dois filhos do casal para a residência da professora, quando seu carro parou. Como estava com as crianças, ela pediu ajuda e enviou sua localização para a companheira.

Imagens de câmeras de vigilância do prédio mostram Fernanda Bonin descendo sozinha pelo elevador, portando seu celular. Em seguida, ela deixa o prédio em seu carro, uma SUV Hyundai Tucson.

Segundo a esposa, a professora não chegou ao local combinado. Em depoimento à polícia, ela disse que o carro voltou a funcionar cerca de meia hora depois e se dirigiu ao prédio da professora para deixar as crianças, mas ela não estava. Como não conseguiu contato e no dia seguinte a professora não foi trabalhar, ela comunicou o desaparecimento à polícia.

Corpo encontrado após denúncia anônima

Na manhã de segunda-feira, após denúncia anônima, policiais militares encontraram o corpo no terreno localizado na Avenida João Paulo da Silva, na Vila da Paz. O local é ermo e pouco iluminado. Fernanda estava caída de costas, vestida com calça, blusa, meia e sandálias, aparentando um pijama, e com sinais típicos de estrangulamento.

Os pertences dela - o celular e o automóvel - não foram encontrados, o que levou a polícia a suspeitar inicialmente de latrocínio. No mesmo dia, o foco das apurações passou a incluir o homicídio.

A polícia aguarda os laudos da perícia no local em que o corpo foi encontrado e da necropsia da vítima, que deve confirmar se a morte ocorreu mesmo por asfixia mecânica (estrangulamento).

O corpo de Fernanda Bonin foi sepultado nesta quarta-feira, 30, em um cemitério de Santo André, na região do ABC paulista.

A direção da Beacon School, onde Fernanda lecionava, emitiu uma nota de pesar pela morte da docente. "A professora Fernanda Bonin marcou profundamente a vida de muitos estudantes e colegas com sua dedicação, gentileza e compromisso com a educação, e deixará muita saudade."

Dados da SSP-SP mostram que o número de homicídios subiu no primeiro trimestre deste ano na capital paulista em relação ao mesmo período do ano passado. Foram 132 vítimas de homicídio doloso entre janeiro e março de 2025, dez a mais do que em 2024. Já as vítimas de latrocínio caíram de 17 no trimestre inicial de 2024 para 13 no deste ano - quatro vítimas a menos.