CCXP tem fila de 1 hora por button, casamento cosplayer e bebê geek

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Ficar mais de uma hora numa fila por um button. Renovar os votos de casamento rodeado de pessoas fantasiadas de heróis, feiticeiros e monstros. E até circular pelos corredores empurrando carrinho com bebezinho. Isso tudo pode valer a pena se você é um apaixonado por cultura pop na CCXP.

Foi isso e um tantão mais que encontrou quem foi ao festival nesta quinta-feira, 30, primeiro dia oficial do evento. Apesar do alto fluxo de pessoas, era visível pelos espaços livres entre os estandes que o ápice de público ainda não chegou. Mas, também, uma quinta-feira. É natural menos gente.

Isso, aliás, foi o que atraiu diversos casais a trazerem os bebês para a CCXP. Não raro, entre os pavilhões, as pequenas figurinhas rechonchudas apareciam acompanhadas dos pais. E a experiência era boa. "É uma delícia vir com bebê", disse a analista de planejamento Thais Mesquita, que foi grávida à CCXP de 2022 e agora voltou com neném.

"Tem infraestrutura para tudo isso. Na verdade, para a gente é como se fosse o Natal do nerd. A gente espera por esse momento o ano inteiro", completou a analista. Ao lado, Ruan, o pai corrobora. "Está sendo ótimo", afirmou o professor de educação física. "Todo mundo passa e baba. Eu fico acompanhando."

Eles contam que conseguiram até entrar em ativações, como são chamadas as atividades que ocorrem dentro dos estandes das marcas. "Em algumas ele consegue participar, interage junto com a gente. Outras não, mas está sendo uma maravilha", comemora.

Já Tiago Bezerra de Magalhães, foi com a mulher, o afilhado pré-adolescente e o bebezinho de colo para compartilhar do amor pela cultura pop. "E meu primeiro filho. Trazer ele para mim é uma alegria, eu gosto muito disso. Venho todos os anos, desde o primeiro eu estou aqui. É uma felicidade enorme", conta o pai, que é coordenador de treinamento.

Do topo da experiência de frequentar as dez edições da CCXP, Tiago avaliou que o festival estava relativamente vazio no meio da tarde, em comparação com o que conhece do evento. Ainda não tinha entrado em estandes com o bebê, porém afirmou que tentaria se encontrasse algum interessante.

Mas quem levou a neném para dentro até do Palco Thunder, o maior - e mais barulhento - da feira, foi o servidor público Fernando Andrade. Acompanhado da mulher, a engenheira Sofia Busico, eles empurravam o carrinho da pequena e esperta Alice, de um ano e dois meses.

"É muito estímulo, muita luz e muito som, só que ela está lidando super bem. Está super interessada, querendo interagir, participar. Ela é muito curiosa", conta o pai, que reforça que para se locomover com ela pelo pavilhão reduz a velocidade e redobra os cuidados.

"Está fácil porque as pessoas abrem caminho, tem acessibilidade", aponta. Uma vantagem, é que pessoas com crianças de colo têm acesso preferencial em todos os espaços da CCXP.

Só que Fernando vai voltar sozinho nesta sexta-feira, 1. "Para poder aproveitar mais", diz. O que faz sentido, porque a tendência é o público só aumentar. Os efeitos, já começaram a ser sentidos na quinta.

Calor e filas

Por vezes o pavilhão da São Paulo Expo ficava um tanto abafado e quente. Nem o robusto sistema de condicionamento de ar foi capaz de manter o espaço fresco 100% do tempo. E o principal sintoma da feira era percebido facilmente: as filas.

Não na entrada. O fluxo desde a abertura dos portões, ao meio-dia, foi muito tranquilo. Acessos organizados e sem tumultos. Mas tentar um lugar nas ativações podia ser um calvário.

"Eu fiquei duas horas aqui", disse o estagiário de TI, Eduardo Silveira Alves, que acabava de descer um enorme escorregador inflável para ganhar um brinde. Apesar disso, a organização do espaço foi inteligente: transformou a própria fila em um jogo de tabuleiro.

No alto, um telão exibia um dado que girava e mostrava um número. Quem estivesse na casa correspondendo do tabuleiro da fila ganhava um prêmio - que poderia ser de furar a fila e passar na frente a um videogame.

Eduardo ganhou somente uma camiseta após a maratona, mas não achou ruim. "Um menino ganhou um controle do Xbox ali, então talvez valesse a pena. Com certeza amanhã eu volto aqui", cravou.

Outro que empenhou bastante tempo do dia em fila foi o estagiário de marketing Gustavo Genaro. Foi cerca de uma hora até entrar na ativação, que durou cerca de vinte minutos. "Acho que valeu muito a pena. Está bem tipo fiel ao jogo, todo um estilo anos 50, pós-apocalíptico ", avaliou. De brinde na saída, um pin de prender na roupa.

Há também estúdios de cinema organizando a fila online, liberando horários de marcação periodicamente. O sistema funciona, mas também tem gargalos: a concorrência feroz dos participantes, problemas técnicos e até mesmo restrições da rede de dados e de bateria dos dispositivos.

"Eu prefiro o sistema de fila. Por mais junte [muito público] a gente tem acesso. Foi uma dificuldade achar o site de agendamento", afirma a estudante Ana Clara Silva.

Casamento

Quem não teve que enfrentar fila foi o casal Lucas Monteiro e Beatriz Fontes de Oliveira Alves. Os lugares deles estavam reservados do altar fictício montado no estande de uma plataforma de streaming para a celebração do casamento deles. Mas calma, era só simbólico.

Os dois são fãs de Harry Potter e foram os primeiros a declararem o "sim" do enlace em uma CCXP. Mais tarde, outros casais também puderam participar da ação com trajes temáticos e sair de lá com um certificado de casamento - de brincadeirinha -, foto impressa e lembrancinhas.

Lucas e Beatriz já são casados de papel passado há quase cinco anos. Eles viram a oportunidade como uma renovação de votos. "Foi muito nostálgico e é sempre muito emocionante descer as escadas vestida de noiva", disse Beatriz, que usava um vestido branco, coberto com uma capa de bruxa e cachecol da Grifinória.

"Foi muito legal ter outras pessoas presentes também, tão fãs de Harry Potter quanto a gente. Foi uma experiência bem diferente do primeiro casamento e emocionante também", contou Lucas, que é youtuber de cultura pop. O celebrante foi Thiego Novais, que também é youtuber, mas especializado em Harry Potter.

Ao final, teve até arremesso de buquê.

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O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, anunciou nesta quarta-feira, 5, a oferta de dez vagas em presídios federais para líderes de facções presos no Rio de Janeiro. A decisão atende a um pedido do governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL).

De acordo com o ministro, as vagas no Sistema Penitenciário Federal serão abertas de imediato. "A missão é a cooperação total entre União e o RJ. Estamos empenhados em combater o crime de forma cooperativa e integrada", disse Lewandowski.

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O projeto visa reestruturar e fortalecer o sistema de segurança por meio da integração entre os entes federados. Entre outras coisas, ele amplia as atribuições das polícias federais, inclui previsões de financiamento do setor na Constituição e democratiza colegiados que formulam diretrizes de segurança para o País.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva lamentou o desabamento do teto da Igreja e Convento de São Francisco de Assis, em Salvador. Em nota divulgada na noite desta quarta-feira, 5, o petista afirmou que o governo está à disposição das autoridades locais para auxiliar neste momento, bem como na reconstrução do local.

"Com tristeza e pesar, soube do desabamento do teto da Igreja e Convento de São Francisco de Assis, em Salvador, que resultou em uma vítima fatal e deixou outras seis pessoas feridas", diz nota divulgada na noite desta quarta-feira, 5.

"O governo federal está à disposição das autoridades locais para auxiliar neste momento tão difícil, bem como na reconstrução desse lugar sagrado para milhares de brasileiros. Expresso minha solidariedade aos familiares e amigos de Giulia Panchoni Righetto, jovem que perdeu a vida na tragédia, e a todas as vítimas que ficaram feridas", complementou.

Parte do teto da Igreja de São Francisco de Assis, localizada no Pelourinho, região do Centro Histórico de Salvador, desabou na tarde desta quarta. O acidente provocou a morte de Giulia Panchoni Righetto, 26 anos, paulista de Ribeirão Preto. Outras pessoas ficaram feridas, de acordo com o Corpo de Bombeiros da Bahia.

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As obras de restauração, além de raras, às vezes são mal feitas: numa delas, por exemplo, o empreiteiro responsável contratou moradores do bairro como pedreiros e usou cimento impermeável para assentar azulejos - eles absorveram a umidade e estouraram.

A igreja é tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), que desde o ano passado previa reformar o templo. Uma ordem de serviço para contratar serviços de restauração da igreja e do convento anexo foi assinada em 1 de outubro de 2024. A previsão era investir R$ 1,2 milhão nas obras.

Contatado pela reportagem, o Iphan não se manifestou sobre o estágio atual dessa reforma até a publicação deste texto. Em entrevista à CNN, o superintendente do Iphan na Bahia, Hermano Fabrício, afirmou que essa obra não havia começado.

Segundo ele, a última reforma realizada no imóvel pela instituição foi o reassentamento de azulejos no claustro, pátio interno onde os religiosos realizam atividades de contemplação, estudo ou trabalho. Ele afirmou ainda que não tinha ocorrido vistoria recente no imóvel, até porque a manutenção dele cabe ao proprietário e não à instituição.

Declarada em 2009 uma das Sete Maravilhas de Origem Portuguesa no mundo, a igreja vive estado de penúria há décadas. Em junho de 2023, um dos pátios da igreja foi parcialmente fechado após se constatar risco de desabamento do pináculo (cúpula de ferro que fica no topo da igreja e pesa uma tonelada e meia) direito da torre da igreja. Até uma rua no entorno da igreja teve que ser interditada. Na época, a obra de restauração do pináculo estava apenas em fase de licitação.

Em 2010, reportagem do Estadão já denunciava os problemas de conservação da igreja, que se acumulavam desde o final do século 19. "Cada obra, no ritmo de verbas que recebemos do Patrimônio Histórico, demora dez anos para ser concluída, quando já é hora de começar outra", disse na ocasião o então guardião do convento, frei Afonso.

O relato sobre a reforma em que foi usado cimento impermeável e contratados moradores da vizinhança consta dessa reportagem, segundo a qual uma das grandes obras de restauração do prédio havia sido realizada em 1983 - hoje, há 42 anos.