Mel Lisboa sobre voltar a viver Rita Lee nos palcos: 'Foi um pedido dela'

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A atriz Mel Lisboa voltará aos palcos para interpretar Rita Lee. Após o sucesso do musical inspirado no livro de Henrique Bartsch, Rita Lee Mora ao Lado, de 2014, que mostrava a rainha do rock - ou padroeira da liberdade - sob o ponto de vista de uma vizinha, Mel agora assume a missão de viver Rita por ela mesma, desta vez, em um musical com roteiro adaptado de sua Uma Autobiografia (2016), que virou best seller.

Ao Estadão, a atriz definiu essa nova missão como um "privilégio". "Tenho consciência disso", conta ela.

A atriz comenta como surgiu a ideia deste novo projeto, que tem direção de Marcio Macena e Debora Dubois. "Estava no interior, e recebi a mensagem da Silvia Venna, empresária da Rita, falando que a Rita queria muito que a gente voltasse com a peça. Naquela época era complicado, porque estava tudo fechado… mas, depois, começamos a vislumbrar essa possibilidade", explica.

Em 2022, Rita pediu para Mel Lisboa ser sua voz novamente, desta vez, no audiolivro de Rita Lee: Uma autobiografia. Ao conversar com Guilherme Samora, que assina o roteiro da peça vindoura, os dois vislumbraram a possibilidade de transformar aquelas palavras em espetáculo.

"Remontar o Rita Lee Mora ao Lado não faria tanto sentido, já que, desta vez, havia o privilégio de ter a própria Rita contando sua história. A partir daí, entraram em cena os diretores Marcio [Macena] e Débora [Dubois], e a ideia do novo espetáculo ganhou forma", conta.

Coisas da vida

"É um ciclo muito bonito", diz Mel Lisboa, sobre reencontrar-se como Rita Lee nos palcos após uma década.

Os ensaios de Rita Lee: Uma autobiografia musical começaram na segunda, 19. A atriz - que começou a fazer aula de canto por causa do primeiro espetáculo sobre Rita - adianta que, desta vez, a peça terá ainda mais músicas, o que mostra ser um desafio ainda maior. "Por mais que eu me sinta mais preparada agora pela experiência que já tive, segue sendo um desafio tão grande quanto foi 10 anos atrás".

Quebrando a quarta parede

O roteiro da peça é assinado por Guilherme Samora, jornalista, escritor e amigo pessoal, a quem Rita carinhosamente chamou de "colecionador de mim". Ele deu vida a Phantom, ilustração-fantasma que aparece nas duas autobiografias da cantora, recurso que ela criou para fugir das notas de rodapé - que ela deveria considerar uma pieguice.

"Adaptar o livro que Rita escreveu para o musical é um desafio e uma missão de muita responsabilidade que eu recebi do Marcio Macena e da Debora Dubois", disse o jornalista ao Estadão. "A obra dela é genial e única. E não cabe tudo em duas horas e pouco de peça! Agora, nesse momento, os diretores estão dando forma a tudo com o elenco em leituras e ensaios. Eu não vejo a hora de ver como vai ficar."

O diretor Marcio Macena conta ao Estadão como foi o reencontro com Mel e Guilherme para recontar a história de Rita Lee, já após a morte da cantora, em maio de 2023.

O diretor ainda adianta detalhes da peça, como a proposta de que a Mel "quebre a quarta parede" e interaja diretamente com o público. "Isso tem nos emocionado muito durante esse curto processo… Essa, que já era uma vontade minha e da Debora, veio também como uma sugestão do Guilherme no roteiro e tem funcionado imensamente bem", diz.

"Infelizmente, a Rita não está aqui para ver desta vez", disse Mel Lisboa. Mas ela teve o mérito de ganhar o aval da cantora em 2014, quando subia ao palco para encarar o desafio de interpretar uma das artistas mais amadas do pais. O momento ficou marcado na memória da atriz.

"Tenho consciência do privilégio que é interpretar uma personagem tão importante pra história do país, e essa personagem estar lá, te assistir e ainda aprovar, te abraçar, confiar em você… é uma honra. Fico feliz também em saber que ela pode assistir a essa homenagem. Fico muito feliz de ter tido essa chance", finaliza.

Na época, inclusive, Rita fez questão de aparecer na plateia. Quando Mel surgiu no palco, foi ovacionada por Rita aos gritos de "gostosa!". Em sua autobiografia que agora ganha os palcos, a própria Rita comentou a alegria de ter visto Mel no teatro. "Mel Lisboa interpretou a Rita Lee melhor do que ela mesma, só que bem mais bonita", escreveu. A bênção da padroeira da liberdade, Mel Lisboa já tem.

Rita Lee: Uma Autobiografia Musical estreia dia 26 de abril, no Teatro Porto Seguro, em São Paulo.

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Um avião da companhia aérea Latam solicitou prioridade de pouso no Aeroporto Internacional de Guarulhos (SP) na noite de segunda-feira, 24, por "questão técnica", segundo informou a empresa. Foi o segundo caso do dia no terminal da Grande São Paulo. Mais cedo, a Gol também relatou problemas. Ambas as companhias disseram que os passageiros ficaram bem

"O pouso do voo LA3613 (São Luís-São Paulo/Guarulhos) ocorreu em completa segurança no destino e os passageiros desembarcaram sem intercorrências. A companhia reforça que adota todas as medidas de segurança técnicas e operacionais para garantir uma viagem segura para todos", disse a Latam.

No caso da Gol, o trajeto do voo G3 1033, entre o Santos Dumont (SDU) e Congonhas (CGH), também foi alterado em razão de problemas técnicos.

"O voo foi alternado para Guarulhos (GRU), onde pousou normalmente, sem qualquer intercorrência. Todos os clientes desembarcaram no aeroporto da Grande São Paulo e receberam as facilidades previstas pela Resolução 400 da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).

Em nota, o Aeroporto Internacional de São Paulo informou que, em decorrência da necessidade de dois pousos com prioridade, foi ativado o plano de emergência para o acompanhamento da chegada de duas aeronaves. "Nenhuma ação extraordinária foi necessária."

O Ministério Público de Pernambuco (MP-PE) se manifestou favoravelmente a um pedido do dono da casa de apostas Esportes da Sorte, Darwin Henrique da Silva Filho, investigado na Operação Integration, para retirar do caso a juíza Andréa Calado da Cruz, da 12ª Vara Criminal de Pernambuco.

O empresário alega, por meio da defesa, que a magistrada é parcial na condução dos trabalhos, atropelou ritos processuais e já fez um pré-julgamento. Calado da Cruz, por sua vez, critica a "inércia do órgão ministerial", vislumbra um possível esquema de lavagem de dinheiro do jogo do bicho por meio de bets e tenta manter ampliado o escopo da operação que acabou atingindo outra casa de apostas, a Vaidebet, ligada ao cantor Gusttavo Lima.

Procurada pela reportagem para comentar o caso, a juíza não se manifestou.

Darwin Filho apresentou ao Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), em dezembro, uma exceção de suspeição contra a juíza. Caso o pedido seja julgado procedente, a magistrada fica impedida de continuar atuando no caso.

Nesta segunda-feira, 24, o Ministério Público de Pernambuco se manifestou sobre o pedido e concordou com o investigado afirmando que Andréa Calado da Cruz não tem condições de permanecer à frente do processo. Para os promotores de Justiça, "fatos e circunstâncias" da atuação da juíza "indicam claramente quebra da imparcialidade subjetiva e objetiva, bem como flagrante violação do sistema acusatório".

O MP-PE alega que ela "falta com a verdade", atua como "verdadeira magistrada investigadora" e tem "paixão pela investigação". O trabalho da Promotoria é liderado pelo coordenador do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), Roberto Brayner.

"A magistrada se arvora implacável combatente da criminalidade, proferindo inconcebíveis acusações em face da atuação do Ministério Público, ao mesmo tempo em que manifesta juízo de prelibação [análise de admissibilidade, antes do mérito] sobre a culpabilidade dos investigados, violando o princípio da imparcialidade", diz o parecer.

A ação foi movida por Darwin, da pernambucana Esportes da Sorte, na esteira de uma briga que já resultou no arquivamento da investigação sobre a Vaidebet, casa de apostas paraibana de José André da Rocha Neto e de Aislla Rocha, próximos de Gusttavo Lima.

A Promotoria não viu indícios de crimes na operação da Vaidebet e pediu o arquivamento. A juíza foi contra e o caso subiu para apreciação da Procuradoria-Geral de Justiça (PGJ), a chefia do MP de Pernambuco. A cúpula acompanhou o entendimento dos promotores e essa parte da investigação acabou arquivada. Durante a briga, a magistrada chegou a afirmar nos processos que o MP "protege interesses".

Ao destacar a necessidade de arquivamento da parte relacionada à Vaidebet, o MP reiterou a existência de "fortes indícios de práticas de atividades empresariais ilícitas" na operação da Esportes da Sorte. Agora, a bet investigada e os promotores concordam, em uma mesma ação, sobre a postura da juíza da 12ª Vara.

Após o arquivamento, a Polícia Civil de Pernambuco pediu a reabertura da investigação contra a Vaidebet, no fim de janeiro. Para os investigadores, liderados pelo delegado Paulo Gustavo Gondim, a compra de um helicóptero que pertencia à Esportes da Sorte realizada pelos donos da Vaidebet "demonstra mais uma vez o elo" entre os dois grupos.

A juíza Andréa Calado da Cruz deu encaminhamento à solicitação, no último dia 7 de fevereiro, e defendeu à PGJ novamente a continuidade das apurações.

"A autoridade policial apresentou indícios que sugerem uma tentativa clara de ocultação, com base em documentos que demonstram a falta de registro dos pagamentos e a circulação de bens entre empresas de forma suspeita. Isso é um indício que configura, sim, um padrão de dissimulação, tornando ainda mais plausível a acusação de lavagem de dinheiro, que não pode ser descartada apenas com base na argumentação incompleta. As evidências não podem ser ignoradas, e os elementos probatórios indicam que a verdadeira natureza dessas transações ainda precisa ser devidamente investigada", destacou.

A defesa recebeu o pedido de reabertura com "estranheza" por entender que ele "não é novo" e que já foi devidamente enfrentado pela investigação.

Ao menos 130 arraias ticonha (Rhinoptera bonasus e R. brasilienses), uma espécie ameaçada de extinção, foram encontradas mortas na manhã desta terça-feira, 25, em São Vicente, no litoral de São Paulo. A principal hipótese desta mortandade é de que os animais tenham sido pescados, mas descartados em razão da ilegalidade da captura e também da sua comercialização. Elas foram localizadas em toda extensão da Praia de Itararé, desde as proximidades da Ilha Porchat até a Pedra da Feiticeira.

Professores e estudantes do campi de São Vicente da Universidade Estadual Paulista (Unesp), onde funciona o Instituto de Biociências, foram convocados e passaram o dia no local fazendo a remoção dos animais. As arraias foram levadas para os laboratórios da instituição e vão ser usadas, agora, para estudo e pesquisa. A reportagem do Estadão procurou a prefeitura de São Vicente e aguarda retorno.

O professor e pesquisador Rodrigo Domingues, docente da disciplina de Ecologia da Unesp, explica que é comum, nesta época do ano, cardumes de arraias ticonha se deslocarem pela costa do País. O comportamento, diz, pode estar associado ao ato de reprodução ou de obter alimentos. Por esse motivo, ele acredita que os animais tenham sido vítimas de uma pesca de arrasto, quando os pescadores estendem uma longa rede e fazem um movimento de arrastar a rede e capturar o máximo de peixes possível.

"As raias não têm valor econômico, não têm comércio para elas aqui. Além de tudo, é proibida a pesca delas. Se eles tivessem vendido essas espécies teriam cometido um crime", diz Domingues. "Então, provavelmente, essa pesca de arrasto deve ter acertado um grande cardume de arraia, os pescadores descartaram, e aí ficou espalhado raia pela praia inteira", acrescentou o docente, que também coordena o Laboratório de Genômica e Ecologia Marinha na Unesp.

Além de Domingues, outro docente e dois estudantes ajudaram na remoção das arraias. Só a equipe da Unesp recolheu 130 unidades do animal. O professor da universidade acredita que o número de mortos pode ser ainda maior, visto que, antes da chegada dos pesquisadores, outras arraias já tinham sido removidas por outras pessoas.

O cardume encontrado é heterogêneo, diz o pesquisador. Em uma primeira análise, os professores e estudantes da Unesp identificaram que havia, no grupo de arraias, indivíduos fêmeas, machos, juvenis e adultos. "No caso dessa captura, eles eram bastante misturados", diz o docente.

As ticonhas são de uma espécie de arraias ameaçadas de extinção, conforme a lista vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN) e também do ICMBio, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade.

"Tantos indivíduos sendo mortos de uma espécie que já se encontra de maneira vulnerável. Nossa preocupação é sempre nesse sentido. Você retirar uma boa parcela da população, sendo que já é a população de uma espécie que está ameaçada de extinção", lamenta o pesquisador, que defende uma maior fiscalização para esse tipo de pesca.

As arraias foram levadas ao laboratório da Unesp, onde passarão a ser objetos de estudo e investigação, como aspectos biológicos, do que estavam se alimentando e em qual estágio reprodutivo se encontravam. "Vão ser estudadas também se era uma estrutura majoritariamente formada por indivíduos adultos ou por indivíduos jovens, por exemplo", destaca o Domingues.

Os especialistas acreditam ter removido todos os indivíduos, mas fazem um alerta no caso de outros banhistas se depararem com uma arraia morta na beira da praia. "Alguns indivíduos mortos permaneceram ali na praia, só que, com a maré enchendo, numa altura que não dava mais para enxergar", diz. "Então, pode ainda ter o perigo ali de alguma criança brincando, ou mesmo algum adulto entrar na água, pisar nesse animal morto e acabar se ferindo com o ferrão. E é uma dor muito forte". No caso de encontrar uma arraia, a recomendação é acionar a Polícia Ambiental, orienta o docente da Unesp.