Quem deve bombar na música e na literatura em 2023

Variedades
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times
O que esperar de 2023? Um novo ano sempre vem com grandes expectativas - e não é diferente na área da cultura. Por isso, o Caderno 2 foi atrás dos nomes que devem se destacar em música, literatura, cinema e streaming. Eis a nossa lista: MÚSICA ZÉ IBARRA. O cantor, compositor e arranjador começou sua carreira há pelo menos sete anos, mas ganhou grande projeção em 2022. Foi uma das vozes da turnê Milton Nascimento - Última Sessão de Música, que marcou a despedida do compositor mineiro dos palcos. Neste ano também, o álbum Sim, Sim, Sim, da banda Bala Desejo, da qual Ibarra faz parte, ganhou o Grammy Latino de Melhor Álbum Pop em Português. CLARA X SOFIA. A dupla mineira formada pelas cantoras Clara Câmpara e Sofia Lopes irá abrir cinco shows da banda britânica Coldplay em março de 2023, no Rio e em Curitiba. Lançado em agosto deste ano, o primeiro álbum da dupla, Nada Disso é Pra Você, ganhou destaque nas plataformas digitais. JOTA.PÊ. Ex-participante do The Voice, o cantor paulista é conhecido por seu trabalho no o duo Àvuà, com Bruna Black Ligado à MPB, ele vai lançar seu primeiro trabalho solo no primeiro semestre de 2023. A produção será de Marcus Preto, que já trabalhou com nomes como Gal Costa, Erasmo Carlos, Tom Zé e Alaíde Costa. LUEDJI LUNA. A cantora e compositora baiana lançou recentemente o seu segundo álbum, BMDA deluxe, com 13 faixas, dez delas inéditas. Em janeiro, Luedji vai dividir o palco com Ivete Sangalo no Festival de Verão de Salvador. RUBEL. O cantor fluminense prepara o sucessor do álbum Casas, lançado em 2020, que deve ser duplo e será lançado ainda no primeiro semestre de 2023. Rubel esteve ao lado de Gal Costa no último show da cantora, em setembro, no Coala Festival. O cantor também gravou com Gal o single Baby. MÚSICA CLÁSSICA JOSÉ SOARES. Na pandemia, o regente assistente da Filarmônica de Minas Gerais assumiu os concertos da orquestra, transmitidos ao vivo, sem público. Foi uma revelação. Em 2023, ele continua com seu trabalho em Belo Horizonte, mas faz também, aos 25 anos, sua estreia à frente da Osesp, em concerto que terá o pianista Jean-Louis Steuerman como solista. MARINA MARTINS. A violoncelista brasileira de 23 anos vive na Alemanha, onde foi estudar com nomes como Pieter Wispelwey. Com a Filarmônica de Goiás, gravou em 2022 o Concerto para violoncelo de Claudio Santoro, em disco que deve ser lançado este ano. Na temporada 2023, fará dois concertos de câmara na Sala São Paulo, ao lado do pianista Lucas Thomazinho e do Quinteto Osesp. GABRIELE LEITE. Com 24 anos, a violonista foi escolhida em 2020 uma das 30 celebridades com menos de 30 anos pela Revista Forbes Radicada em Nova York, está finalizando seu doutorado em performance. Formou um duo com o violonista Eduardo Gutterres e é uma das criadoras da Brazilian Classical Guitar Community, que se dedica a gravações, a maior parte online, de música brasileira. PIERO SCHLOCHAUER. Em 2021, aos 23 anos, o compositor escreveu sua primeira ópera, encomendada pelo Festival Amazonas de Ópera, principal evento do calendário lírico na América Latina. No ano passado, venceu concurso promovido pelo Fórum Brasileiro de Ópera, Dança e Música de Concerto para uma nova ópera. LUIZ FERNANDO VENTURELLI. O violoncelista completa 23 anos na próxima temporada. Em 2017, venceu o Concurso Jovens Solistas da Osesp e se mudou para os EUA, onde estudou na Universidade Northwestern, em Chicago. A volta ao Brasil, em 2023, será em grande estilo: ele fará a estreia latino-americana do concerto para violoncelo do compositor peruano Jorge Villavicêncio Grossmann, tocando ao lado da Osesp. LITERATURA MIDRIA. A cientista social, poeta e slammer de 23 anos fez sucesso na Festa Literária Internacional de Paraty em 2022. Ela emocionou o público ao ler A Menina Que Nasceu Sem Cor, um de seus poemas mais conhecidos e que dá título a um livro publicado pela Jandaíra. Depois da Flip, a Rosa dos Tempos, selo do Grupo Record, adquiriu os direitos de Desamada, sobre a solidão das mulheres negras. RAFAEL GALLO. Vencedor do Prêmio Sesc e do São Paulo de Literatura com seus dois primeiros livros, ele se prepara para lançar o terceiro - Dor Fantasma, o mais recente vencedor do Prêmio Saramago, pela Globo. PRÍNCIPE HARRY. Desde que ele nasceu, há 38 anos, todo mundo já fica de olho em tudo o que ele faz. Mas em janeiro o príncipe ganhará ainda mais destaque com o lançamento internacional de sua autobiografia. O Que Sobra, contado com uma "honestidade crua e inabalável", sai aqui pela Objetiva. MOHAMED MBOUGAR SARR. Sensação da literatura francófona, o senegalês Mohamed Mbougar Sarr, de 32 anos, foi o primeiro autor da África subsaariana a ganhar o prestigioso Prêmio Goncourt - em 2021, com A Memória Mais Recôndita dos Homens. O romance, sobre um escritor que descobre um livro mítico e sai em busca do autor no Senegal, na França e na Argentina, será lançado pela Fósforo. E a Malê edita o segundo dele de seu catálogo: Terra Silenciada.

Em outra categoria

A Andreani Logística anunciou nesta terça-feira, 29, a suspensão dos serviços prestados à Fundação Butantan, incluindo o armazenamento de insumos utilizados na produção de vacinas. O centro de pesquisa, por sua vez, afirma que o contrato com a empresa foi encerrado dentro do prazo previsto e nega qualquer interrupção inesperada.

A versão da Andreani, no entanto, é diferente. Segundo a empresa, o contrato original teve vigência de abril de 2023 a abril de 2024, com solicitação da fundação para que a operação fosse mantida por mais seis meses, enquanto uma nova licitação era elaborada. A previsão era de que a prorrogação se encerrasse em 30 de setembro. Em agosto, porém, o Butantan já havia selecionado a empresa Simas Logística como vencedora da concorrência.

Em 30 de setembro, a fundação teria enviado à Andreani uma prorrogação unilateral do contrato até abril de 2025 - decisão que a empresa afirma que não aceitou nem assinou. "Estamos prestando serviço sem contrato. Não existe negócio unilateral, e o Butantan agiu de forma arbitrária. Isso está sendo discutido em juízo", afirma a Andreani.

A disputa pela gestão logística, armazenamento e distribuição de vacinas já foi levada ao Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) e ao Tribunal de Contas do Estado (TCE-SP), após a Andreani, segunda colocada no certame, contestar a legalidade da contratação da Simas. Um dos principais pontos de questionamento é a transparência do processo. Segundo a Andreani, o edital exigia a apresentação de uma licença que comprovasse a atuação da empresa em São Paulo - o que facilitaria a logística -, mas o documento da Simas não foi disponibilizado, mesmo após solicitação formal.

Outro ponto de crítica da Andreani é o que considera "falta de preparo da nova operadora". De acordo com a empresa, nas últimas 48 horas, equipamentos do Butantan que estavam sob sua guarda foram transferidos para uma fazenda da fundação e não para instalações da Simas, em um movimento que comprovaria a ausência de estrutura adequada.

A Andreani afirma que a única movimentação solicitada até o momento foi essa. A denúncia foi levada ao Ministério Público.

Embora o início oficial das atividades da Simas estivesse previsto para 17 de abril, a Andreani afirma que continuou recebendo cargas. "De 1º até 28 de abril, recebemos 340 paletes de insumos, sendo 40 apenas na segunda-feira, 28", afirma. A empresa também alega que nenhum desses materiais foi retirado até agora - versão contestada pelo Butantan, que informa já ter transferido 900 paletes para a nova operadora.

Segundo a Andreani, os serviços vêm sendo mantidos sem contrato e com valores determinados de forma unilateral pelo Butantan. A empresa afirma que, a partir desta quarta-feira, 30, deixará de receber novos insumos e de transportar cargas já armazenadas - função que também está sob sua responsabilidade - caso não seja apresentado um cronograma detalhado de transferência, amparado legalmente, com respeito aos valores comerciais anteriormente pactuados e acesso completo à documentação do processo licitatório.

A empresa afirma ainda que o imbróglio coloca em risco a integridade dos insumos. Ela assegura que as cargas sob seus cuidados seguirão armazenadas e refrigeradas, mas se recusa a receber novos insumos para armazenamento ou a realizar o transporte dos que já estão armazenados.

O que diz o Butantan?

A Fundação Butantan afirma que a Simas Logística, vencedora da licitação, dispõe de um galpão já qualificado e começou a receber insumos desde 3 de abril - informação que, assegura, foi previamente comunicada à Andreani.

Inicialmente, a fundação afirma que foram encaminhados materiais não refrigerados e, a partir de 30 de abril, a nova operadora também passará a receber insumos refrigerados. "Mais de 900 paletes já foram transferidos para as instalações da Simas, e a previsão é de que toda a migração seja concluída até o fim de maio", diz o Butantan.

O centro de pesquisa também destaca que o contrato com a Andreani foi firmado por inexigibilidade de licitação - modalidade diferente de uma contratação emergencial - e foi prorrogado unilateralmente com base na Lei 14.133/2021. "A empresa segue prestando serviços até o encerramento do contrato, em 30 de abril. Após essa data, caberá à Andreani permitir a retirada do restante dos materiais, já que a Simas está plenamente capacitada para armazenar e operar com os insumos", afirma.

A fundação assegura que não há risco de interrupção na produção de vacinas, especialmente considerando que a entrega das doses contra gripe ao Ministério da Saúde já foi concluída e que essa produção, a de maior volume do Butantan, só será retomada no segundo semestre, como ocorre regularmente.

A instituição também defende a regularidade do processo licitatório. Afirma que todo o procedimento foi conduzido com transparência e dentro da legislação, sendo reiteradamente validado por decisões judiciais favoráveis, e acrescenta que a Simas teria apresentado uma proposta com preço 45% inferior ao da segunda colocada, gerando uma economia estimada em R$ 72 milhões. "O que ocorreu, portanto e simplesmente, foi que a Andreani perdeu uma licitação", afirma o Butantan.

Segundo a fundação, a Andreani apresentou diversos recursos, todos sem sucesso. Além do recurso administrativo indeferido no âmbito do próprio Butantan, a empresa teve três pedidos de liminar negados pela Justiça - dois já em segunda instância - e teve indeferido também, pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE-SP), o pedido de suspensão do certame. O processo ainda está em fase de instrução para julgamento do mérito, mas relatório técnico da fiscalização do TCE concluiu pela regularidade da licitação e improcedência da representação feita pela empresa.

Um metalúrgico de 22 anos morreu baleado durante discussão no trânsito em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, na madrugada do domingo, 27. O autor do tiro fugiu e não havia sido identificado até a publicação desta reportagem, segundo a polícia.

Patrick da Silva Brito morava em Diadema e na noite de sábado, 26, foi à festa de aniversário de um amigo em São Bernardo do Campo. Ao fim do evento, na madrugada de domingo, pegou carona com um amigo que também mora em Diadema. Durante o trajeto, enquanto passavam por uma rua próxima do Corredor ABD, se depararam com um carro parado na via, impedindo a passagem. Fora do veículo, um casal discutia.

O amigo de Patrick, que dirigia um Citroen C4 Cactus branco, buzinou pedindo passagem. O homem responsável pelo outro veículo sacou um revólver e disparou dois tiros na direção do motorista, segundo foi registrado na Polícia Civil.

Quando o amigo de Patrick percebeu a reação do rapaz, manobrou e tentou fugir, mas um dos tiros atingiu a nuca de Patrick. O amigo saiu com o veículo rumo a um hospital e, no caminho, encontrou guardas-civis municipais e pediu ajuda. Patrick chegou vivo ao hospital, mas não resistiu.

O caso está sendo investigado pelo Setor de Homicídios e Proteção à Pessoa da Polícia Civil em São Bernardo do Campo, segundo a Secretaria da Segurança Pública do Estado. Até a noite de terça-feira, 29, o autor dos tiros não havia sido identificado.

Ainda hoje, muitos órgãos para transplante são transportados em embalagens que usam o gelo para manter refrigeração, sem controle preciso da temperatura. Pensando nisso e em outras demandas baseadas na realidade brasileira, pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) desenvolveram uma embalagem inteligente que promete mudar esse cenário.

O produto é equipado com um sistema de monitoramento em tempo real, via internet, que permite rastrear o órgão e detectar qualquer queda ou alteração de temperatura durante o transporte. A embalagem, além disso, possui uma autonomia de até 6 horas e conexão de backup para garantir a continuidade do processo em situações adversas.

"Ela tem várias funcionalidades para dar um suporte em tempo real e garantir que esses órgãos e tecidos sejam transportados na temperatura adequada, diferentemente do gelo, em que não temos controle algum", detalha Bartira de Aguiar Roza, coordenadora do projeto e professora da Escola Paulista de Enfermagem da Unifesp. "O objetivo é reduzir perdas e otimizar o trabalho."

De acordo com a professora, existe uma perda estimada de 5% dos órgãos que são transportados a uma longa distância. As caixas, ela explica, precisam passar por diferentes ambientes, como aeroportos e táxis, onde muitas vezes a temperatura do ar-condicionado não é suficiente para manter a refrigeração adequada.

"Além disso, existem os requisitos de segurança, de rastreabilidade. Existem produtos que são transportados com alta tecnologia, mas, quando falamos de órgãos humanos, estamos transportando com iglu de gelo. Precisamos responder várias demandas, não só a demanda de perdas, mas também assegurar a rastreabilidade", diz.

A inovação é mais cara do que as embalagens padrão. A estimativa é de que chegue ao mercado por um valor entre R$ 10 mil e R$ 15 mil. "Mas, comparando com caixas desenvolvidas em outros países, é mais barata", assegura a pesquisadora. "Caixas (estrangeiras) que ainda usam gelox, mas são rastreadas são vendidas por R$ 80 mil no Brasil. Desenvolvemos o produto para ter uma caixa nossa, da qual possamos nos orgulhar e que, sobretudo, seja mais barata."

Recentemente, foi concluída a etapa de validação pré-clínica da nova embalagem por meio de um estudo de caso-controle. Nessa fase, foi feita uma comparação entre o modelo atualmente utilizado no Brasil e a proposta desenvolvida pelos pesquisadores. Segundo Bartira, os resultados demonstraram que a nova embalagem é segura para o transporte de órgãos e tecidos destinados a transplantes.

O produto ainda deve passar por outros testes com órgãos humanos e a expectativa é que esteja disponível no mercado no início de 2026. A embalagem começou a ser desenvolvida em 2017, sem nenhum tipo de apoio financeiro, e em 2020 recebeu um aporte da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep).

A tecnologia foi desenvolvida pela Unifesp, por meio da Escola Paulista de Enfermagem e da Escola Paulista de Medicina, em parceria com a São Rafael Câmaras Frigoríficas, Instituto Mauá de Tecnologia (IMT) e o Centro de Tecnologia em Embalagem para Alimentos do Instituto de Tecnologia de Alimentos (ITAL).