O que diz a crítica internacional sobre 'Motel Destino', o filme brasileiro em Cannes

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O longa mais recente de Karim Aïnouz, Motel Destino, entrou na 77ª edição do Festival de Cannes na última quarta-feira, 22. Com os olhos da mídia internacional voltados para o suspense policial de recorte noir, Motel Destino traz no elenco o estreante Iago Xavier como o protagonista Heraldo, além de Fábio Assunção, como Elias, e Nataly Rocha, que vive Dayana, em um triângulo amoroso explosivo.

O jornal The Guardian descreve o filme como um "thriller noir erótico brasileiro com atuações fantásticas", centrado na jornada de Iago pelo motel, e "representado de forma fantástica pelo seu trio central: três atuações físicas intensas e inconscientes, em que os seus corpos estão frequentemente à mostra, sensuais mas frágeis", finaliza a crítica de Peter Bradshaw.

O lado político de Motel Destino também recorre à crítica internacional. David Canfield descreve, para a Vanity Fair, que "O filme mais sexy de Cannes, Motel Destino, mira no político". Sobre a estética e a fotografia do filme, a crítica também observa "a paleta de cores, o ritmo suado de um romance tropical proibido que só Aïnouz poderia concretizar: [um longa] de sensibilidade sutil e queer, politicamente carregado e com uma narrativa intransigente".

Em contrapartida, o Deadline ressalta a transformação (ou não) dos personagens em cena, e critica o ritmo. "Apesar de uma história rica em potencial - pobreza, traumas de infância e uma vida em fuga - o protagonista permanece praticamente inalterado no final do filme."

"Entretanto, Dayana, que se move com confiança, surge como uma personagem mais dinâmica e com mais camadas. Desde o início, a sua jornada é multidimensional, os seus desejos e intenções são claros e ela experimenta um crescimento genuíno ao longo do filme. Dayana e Rocha são os verdadeiros destaques de Motel Destino", completa a crítica de Valerie Complex para o jornal.

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Um homem de 47 anos morreu depois de ser baleado por um policial militar de folga durante uma briga de trânsito. O caso ocorreu na madrugada deste sábado, 18, no bairro Novo Osasco, em Osasco, na Grande SP. De acordo com a Secretaria Estadual da Segurança Pública (SSP), o PM foi autuado em flagrante e levado para o Presídio Militar Romão Gomes.

A SSP não divulgou o nome do policial, por isso a reportagem não conseguiu contato com a defesa.

O caso ocorreu na rua Doutor Bento Vital. A SSP informou que, quando a Polícia Militar chegou ao local, uma equipe do Samu já havia constatado a morte do homem de 47 anos. A Polícia apreendeu o carro, a arma, o carregador e as munições do agente de folga e ouviu testemunhas no local. A ocorrência foi registrada como homicídio no 5° DP de Osasco.

De acordo com um levantamento do Instituto Sou da Paz com base em dados da SSP, policiais de folga mataram 69 pessoas nos oito primeiros meses de 2024. Agentes em serviço mataram 441 pessoas no mesmo período.

Em novembro de 2024, um jovem foi morto por um policial militar de folga depois de ter furtado dois pacotes de sabão de um mercadinho no bairro Jardim Prudência, na zona sul de São Paulo. O agente Vinicius de Lima Britto atirou nas costas de Gabriel Renan da Silva Soares depois que escorregou ao fugir da loja. O PM foi preso em 6 de dezembro.

Naquele mês, outro PM de folga matou um jovem em frente a uma casa noturna em Santa Cecília, região central de São Paulo. O agente, Diego Ferreira Pinto de Souza, trabalhava como segurança no estabelecimento. Ele atirou contra o rapaz, identificado como Alisson Ricardo Rosa, que exibia uma réplica de arma de fogo.

O corpo do empresário André Feldman, de 50 anos, será sepultado neste domingo, 19, no Cemitério Israelita do Butantã, na zona oeste da capital, a partir das 14h. Ele e a esposa morreram na queda de um helicóptero em Caieiras, na Grande São Paulo, na noite da quinta-feira, 16. O corpo da também empresária Juliana Feldman, de 49 anos, foi velado e enterrado no sábado, 18, no Cemitério da Saudade, em Americana, na região de Campinas.

Duas pessoas sobreviveram ao acidente de helicóptero: o piloto Edenilson de Oliveira Costa e Bethina Feldman, filha do casal, que completou 12 anos na sexta-feira, 17. De acordo com nota divulgada no sábado pela empresa na qual André era CEO, a menina estava bem e em observação. O piloto tinha quadro estável e passava por avaliação médica. A reportagem tentou contato com o Hospital das Clínicas para atualizar o quadro de saúde dos dois, mas não teve resposta.

O tenente Maxwel de Souza, da Defesa Civil do Estado de São Paulo, informou ao Estadão que Edenilson cuidou de Bethina durante as 9h que se passaram desde o último sinal da aeronave até a localização das vítimas. "Foi um ato heroico deste piloto", disse.

Empresário era CEO de empresa de 'bet'

André Feldman está relacionado na Receita Federal como um dos quatro sócios da empresa Big Brazil Tecnologia e Loteria S.A., aberta em abril de 2021, com sede em Americana. No cadastro consta que a empresa tem como finalidade a exploração de jogos de azar e apostas.

Licenciada da Caesars Sports Book Brazil, a Big Brazil foi uma das cinco empresas que iniciaram um processo junto ao Ministério da Economia para operar legalmente no mercado de apostas esportivas no Brasil. O pedido de licença incluía apostas online, como o Fortune Tiger, conhecido como 'jogo do tigrinho". Em seu cadastro, a empresa informa que tem licença federal para atuar no Brasil.

Juliana era formada em economia e sócia da empresa Bem Participações e Gestão S.A., com atuação na locação e administração de imóveis.

Além de Bethina, o casal André e Juliana Feldman deixa os filhos gêmeos Enrico e Manoela, de 9 anos, que não estavam na aeronave.

O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) ofereceu denúncia contra uma médica da Maternidade Escola da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) por injúria racial. De acordo com a denúncia, Evelise Pochmann da Silva teria proferido insultos racistas contra uma técnica de enfermagem. Durante um desentendimento no trabalho, ela teria dito à colega: "Vou te colocar no tronco".

A reportagem tentou contato com Evelise, mas não recebeu resposta. A defesa da médica não foi localizada. A UFRJ foi procurada, mas não retornou.

Segundo a 2ª Promotoria de Justiça de Investigação Penal Especializada do MPRJ, o caso ocorreu na manhã do dia 1° de abril de 2024. As injúrias raciais teriam sido proferidas durante um desentendimento no trabalho. A médica teria questionado a organização das tarefas com as seguintes ofensas: "Vai trabalhar como? Vai lavar? Vai passar? Eu vou te colocar no tronco!". A última frase faz referência ao período da escravidão no Brasil.

O MPRJ pede que Evelise seja condenada à prisão por crime de injúria racial; a pena prevista pela legislação é de 2 a 5 anos de reclusão. Os procuradores também requerem pagamento de indenização para reparação dos danos morais sofridos pela vítima. A denúncia foi enviada à Vara Criminal da Comarca da Capital.

O promotor de Justiça Alexandre Themístocles declarou, segundo o MPRJ, que a médica "feriu a honra e a dignidade da vítima, reforçando estereótipos racistas e a ideia preconceituosa de que pessoas negras não seriam aptas para trabalhos intelectuais".