Autor Raphael Montes indica livros do gênero romance policial e mostra sua coleção

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Experimente pesquisar por 'autores de romance policial' no Google. O resultado entrega uma série de escritores consagrados, mas quase todos estrangeiros. Agatha Christie, Conan Doyle, Harlan Coben… Um brasileiro, no entanto, se destaca na lista: Raphael Montes. Desde que publicou seu primeiro livro, Suicidas, em 2012, o carioca tem desbravado um gênero pouco explorado no País.

O currículo literário de Montes é extenso, mesmo com apenas 33 anos. Suas obras, como Dias Perfeitos, Jantar Secreto e Bom Dia, Verônica, que ganhou uma série adaptada na Netflix, foram traduzidas para diversos países: dos Estados Unidos ao mundo árabe. "Da edição chinesa, eu só reconheço a minha foto na orelha", brinca o autor, mostrando um exemplar em mandarim que fica em uma área de sua estante de livros etiquetada como 'Rapha no Mundo'.

Montes abriu o escritório de seu apartamento, na zona sul do Rio de Janeiro, ao Estadão. Na conversa, mostrou alguns de seus livros preferidos e contou quais são suas referências na literatura.

Agatha Christie no topo

A biblioteca de Raphael Montes já começa com um pedaço generoso de suas prateleiras dedicadas à romancista britânica. "Lá em cima, é a minha coleção completa de Agatha Christie. Agora estão relançando as obras nessas versões coloridas aqui e eu também estou colecionando", mostra o escritor, apontando para os exemplares da HarperCollins Brasil, que entregaram uma cara mais 'moderninha' às obras da autora.

Do catálogo de Agatha, Montes revela que O caso dos dez negrinhos, atualmente publicado como E não sobrou nenhum, é sua obra favorita. O livro foi lançado originalmente em 1938. "Tenho praticamente todas as edições. Sempre que encontro alguma diferente, eu compro."

A 'Rainha do Crime' também está presente dentro de um móvel de época, que pertenceu aos avós de Montes, onde o escritor guarda uma de suas maiores relíquias: exemplares originais da Coleção Vampiro. "É a maior coleção de romance policial e de ficção científica lançada em língua portuguesa. No português de Portugal, não do Brasil", ele explica. Cai o Pano - O Último Caso de Poirot, de Agatha, é um dos destaques da coletânea que Montes garimpou no sebo Baratos da Ribeiro, no bairro de Botafogo.

Romances policiais: o que ler?

Ao longo do passeio por sua estante recheada de suspenses, Montes pinçou cinco títulos que considera leituras interessantes para quem está buscando uma ficção policial. Eis a lista:

O silêncio da chuva, de Luiz Alfredo Garcia-Roza (1996): Garcia-Roza é considerado o grande autor brasileiro do gênero e criador do personagem Espinosa, um inspetor de polícia. "Gosto muito dos livros dele. Os últimos não são tão bons, mas os primeiros são realmente incríveis", avalia Montes. O Silêncio da Chuva levou o Prêmio Jabuti de melhor romance em 1997 e ganhou uma adaptação em longa-metragem, dirigida por Daniel Filho, e lançada em 2021.

O talentoso Ripley, de Patricia Highsmith (1955): Montes salienta Highsmith como uma de suas maiores influências. "Li a biografia dela, que mostra como foi complexo uma mulher começar a escrever literatura policial", ele conta. Ripley é sua mais reconhecida criação e foi adaptado para o audiovisual com uma série na Netflix. Da norte-americana, o autor também destaca O perdão está suspenso, Este doce mal [em coautoria com Carlos Ramires] e Carol, romance lésbico que também virou filme.

As diabólicas, de Pierre Boileau-Narcejac (1955): "Um dos meus romances favoritos", diz Montes sobre a obra de 168 páginas do escritor parisiense. Na estante do autor brasileiro, uma edição do ano de 1987 lançada pela editora Globo.

A dama fantasma, de Cornell Woolrich (1942): Woolrich é contemporâneo de grandes nomes como Raymond Chandler e do Dashiell Hammett, mas "é melhor que os dois", na avaliação de Raphael Montes. Ele também escreveu Casei-me com um morto, A noiva estava de preto e outros romances clássicos.

O homem dos círculos azuis, de Fred Vargas (1991): Não se engane. Fred é uma mulher: a francesa Frédérique Audoin-Rouzeau, de 67 anos. Tal qual outros autores do segmento, tem um personagem característico em suas principais histórias: o comissário Adansberg.

Das páginas às telas

O escritório de Raphael Montes, onde fica sua biblioteca, é também o local onde ele realiza salas de roteiro. São reuniões para discutir ideias e potenciais projetos audiovisuais. O carioca foi colaborador em A Regra do Jogo, novela da Globo exibida em 2015, e com Bom Dia, Verônica, produção da Netflix que estreou em 2020, consolidou o status de roteirista. Ele guarda os scripts da série encadernados com carinho.

Rapha é um aficionado por cinema. Parte considerável da biblioteca é uma ode aos grandes mestres da sétima arte. Ao lado da mesa de trabalho, uma miniatura de Alfred Hitchcock. À mão, estão roteiros de filmes como Corra, de Jordan Peele, Fargo, dos Irmãos Coen, Pequena Miss Sunshine e Doze Homens e Uma Sentença. "Gosto de entender como os diretores pensam. Dirigir um filme é uma coisa que tenho muita vontade de fazer."

"Confesso que gosto de estudar estrutura de roteiro e de entender as técnicas de Hollywood. Nem que seja para rompê-las. Mas eu acho importante conhecer", diz Raphael Montes

O corredor que dá acesso à biblioteca de Montes dá o tom do fanatismo pelas telonas: uma série de pôsteres, em tamanho grande, estão espalhados pelas paredes. Dentro do cômodo, no entanto, apenas um se destaca: o cartaz de O Bebê de Rosemary, clássico de Roman Polanski, de 1968. Na prateleira, meio escondidinho, um xodó do acervo: a edição original do livro de Ira Levin, que inspirou o longa. "Eu achei numa livraria em Nova York", diz o escritor, mostrando o exemplar de 1967.

Montes acredita que o sucesso do filme, ganhador do Oscar de roteiro adaptado, foi transpor às lentes cinematográficas exatamente o que o livro descreve. "A grande esperteza do Polanski foi filmar exatamente como está escrito. Você abre o livro e vê o filme, cena a cena é o que acontece no livro. E ele mesmo já deu entrevista e falou que era uma obra pronta para filmar."

Outra adaptação venerada é Clube da Luta. Criada no papel por Chuck Palahniuk, alçada à tela grande pelas mãos de David Fincher. "O Chuck é um cara que faz histórias com premissas muito doidas. E um dos livros que eu mais gosto dele é Snuff." Na obra, uma atriz pornô conhecida mundialmente está prestes a se aposentar e quer fazer seu último grande filme. Para isso, precisa transar com o máximo de homens possíveis. "É bem maluco, mas o livro se realiza muito bem. A escrita é maravilhosa."

Para o cinema, o trabalho de roteiro mais recente de Raphael Montes é Uma Família Feliz, com Reynaldo Gianecchini e Grazi Massafera no elenco. É uma adaptação do livro do autor de mesmo título, que também é sua obra bibliográfica mais atual. Antes, ele fez uma parceria com Ilana Casoy, parceira de longa data, na trinca de filmes sobre o caso Suzane von Richthofen lançados pelo Prime Video: A Menina que Matou os Pais, O Menino que Matou Meus Pais e A Menina que Matou os Pais: A Confissão.

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O Tribunal de Contas da União (TCU) decidiu, por unanimidade, abrir mão da análise prévia sobre a construção do túnel Santos-Guarujá, dando sinal verde para a continuidade do processo de contratação liderado por projeto estadual aprovado em São Paulo.

O relator do processo, ministro Bruno Dantas, discorda da análise de técnicos do TCU que haviam apontado que o projeto dependia de análise, por receber aporte federal. Contudo, Dantas disse que o projeto é estadual, sem vínculos que obrigam a análise.

O Estadão/Broadcast apurou que o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), se envolveu pessoalmente nas tratativas com os ministros da Corte de Contas para obter a decisão nos moldes desejados pelo Estado.

Segundo interlocutores do TCU, o Palácio do Planalto também ajudou a viabilizar esse entendimento, que permite, por exemplo, que o edital de concessão do túnel seja realizado amanhã. O presidente do TCU, ministro Vital do Rêgo, disse que a dispensa permite ganhar até um ano de celeridade.

O ministro Bruno Dantas disse que cabe ao Tribunal deferência à solução negociada entre a União e o Estado de São Paulo. "Veja-se que o convênio não afastou a competência da União. Pelo contrário, foi exatamente o instrumento que a atraiu", disse o ministro ao destacar que, fosse apenas estadual, o projeto não seria fiscalizado pelo TCU.

A dispensa de análise prévia não se estende para o controle externo do TCU sobre a aplicação de recursos públicos da União.

O projeto do túnel imerso ligando os municípios será executado por meio de parceria público-privada (PPP), com valor de investimento estimado em R$ 5,96 bilhões. Desse valor, R$ 5,13 bilhões serão divididos entre os governos de SP e o federal. O restante será da concessionária que vencer o leilão previsto para ser realizado em agosto. A futura empresa será responsável pela construção, operação e manutenção do ativo.

Incluído no Novo PAC, o túnel será a maior obra do programa federal. Atualmente, mais de 21 mil veículos cruzam diariamente as duas margens utilizando balsas e catraias, além de 7,7 mil ciclistas e 7,6 mil pedestres. Com a nova estrutura, a travessia será feita em poucos minutos, reduzindo filas e otimizando o fluxo logístico do Porto de Santos.

Toda a estrutura terá 1,5 km de extensão, sendo 870 metros submersa. Haverá três faixas de rolamento por sentido, com uma delas para a passagem do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT). O túnel também terá acesso para travessia de pedestres e ciclistas. A previsão é de que as obras sejam iniciadas ainda neste ano.

Policiais do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), da Polícia Civil de São Paulo, apreenderam 28 carros e sete motos nesta terça, 25, durante uma operação nos municípios de Cotia e Vargem Grande Paulista, na Grande São Paulo.

Conforme o Deic, a frota de veículos está relacionada a apuração de associação criminosa e estelionato. "Os automóveis eram obtidos e vendidos utilizando fraude na documentação. Os levantamentos apontam a possibilidade de envolvimento de funcionário do cartório no esquema."

A operação policial foi conduzida por agentes da 2ª Delegacia da Disccpat (Investigações sobre Crimes de Intervenção Estratégica), sendo desvendada a estratégia dos participantes no crime.

"Eles simulavam as intermediações da venda de veículos dos verdadeiros proprietários. Os criminosos negociavam e recebiam o pagamento. A documentação de venda era feita utilizando a falsificação dos proprietários originais. Para autenticar a falsificação, era usado o serviço da funcionária do cartório", explicou o Deic.

Durante a ação, os policiais também recolheram notebooks, aparelhos de telefonia móveis e diversos documentos. Segundo a investigação, todo material será analisado pela polícia.

A área que concentra o maior número de pessoas com curso superior completo no Brasil é a de Negócios, Administração e Direito (8.408.722), seguida de Saúde e Bem-Estar (4.146.840) e Educação (3.601.124). Os dados fazem parte do Censo 2022 e foram divulgados na manhã desta quarta-feira, 26, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A porcentagem da população brasileira com ensino superior completo praticamente triplicou nas últimas décadas, passando de 6,8% para 18,4%, entre 2000 e 2022.

A porcentagem de pessoas com ensino superior completo aumentou entre brancos e negros (pretos e pardos), mas ainda há diferenças significativas entre as etnias. Na população preta, o aumento foi de 5,8 no período, saindo de 2,1% para 11,7%. Entre os pardos, o nível cresceu um pouco menos, 5,2 vezes, passando de 2,4% para 12,3%. O maior aumento foi entre os brancos, de 9,9% para 25,8%. No recorte por gênero, os números mostram que já há mais mulheres com superior completo do que homens: em 2022, elas eram 20,7% das graduadas contra 15,8%.

Mas há variações muito expressivas, entre as áreas de graduação escolhidas por homens e mulheres, negros e brancos. Dentre as 40 áreas de formação selecionadas pelo IBGE, a de "Serviço Social" foi a que mais registrou a participação feminina. Em 2022, 93,0% das pessoas com curso de graduação concluído nesta área eram mulheres.

As mulheres registravam também participação expressiva entre as pessoas com cursos de graduação concluídos em outras áreas, como "Enfermagem" (86,3%) e "Formação de professores sem áreas específicas" (92,8%). No polo oposto, no entanto, apenas 7,4% das pessoas com curso de graduação concluído em "Engenharia Mecânica e Metalurgia" eram mulheres.

No recorte por raça, mais uma vez as desigualdades chamam atenção. Por exemplo, em 2022, entre as pessoas formadas em Medicina, 75,5% eram brancas, 19,1% pardas e 2,8% pretas. Entre os graduados em Serviço Social, 47,2% eram brancas, 40,2% pardas e 11,8% pretas. A outra única área em que a porcentagem de negros (pretos e pardos) ultrapassa a de brancos é a de Religião e Teologia, em que 48,2% são brancos, 11,0% pretos e 39,8% pardos.

Número de pessoas com curso de graduação concluído por área geral de curso de graduação em 2022:

Negócios, Administração e Direito

8.408.722

Saúde e Bem-Estar

4.146.840

Educação

3.601.124

Engenharia, Produção e Construção

2.371.066

Artes e Humanidades

1.921.753

Ciências Sociais, Comunicação e Informação

1.754.239

Ciências Naturais, Matemática e Estatística

960.347

Computação e Tecnologias da Informação e Comunicação

817.628

Agricultura, Silvicultura, Pesca e Veterinária

536.708

Serviços

499.370

Não sabe/mal especificada

836.493