Journey supera rixas internas e prova seu valor para além dos EUA com show notável

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Há um punhado de bandas que são gigantescas nos EUA, mas carecem de popularidade fora da Terra do Tio Sam. O Journey é uma delas, junto com Eagles e Foreigner, por exemplo. Mas é claro que todo mundo conhece ao menos um hit desses artistas.

No caso da atração que se apresentou neste domingo, 15, no Palco Mundo do Rock In Rio, o hino Don't Stop Believin' ultrapassou fronteiras e tornou-se uma das maiores canções de todos os tempos (no topo de uma lista da revista Forbes, inclusive). Logo, 99,9% das pessoas que estavam na Cidade do Rock esperavam pela exibição desta faixa - guardada para o final do show que durou 56 minutos.

Demora que fatalmente deixou o público morno durante a maior parte da apresentação. Por mais que sucessos como Be Good To Yourself; Lovin', Touchin', Squeezin'; Faithfully; Lights ou Separate Ways fossem interpretados com brilhantismo e grandiosidade, o clima fora do palco parecia contemplativo, com exceção dos poucos fãs devotos presentes.

Já o clima dentro do palco era protocolar, apesar do virtuosismo técnico. Isso porque o Journey tem uma rixa interna entre os dois membros fundadores: o tecladista Jonathan Cain, vestido com a camisa da seleção brasileira, e o guitarrista Neal Schon. Ambos se processaram recentemente por causa de um cartão de crédito.

Em uma ação de setembro de 2022, Schon acusou Cain de lhe impedir de acessar os dados do cartão de crédito da banda. O tecladista negou e acusou o guitarrista de gastar indevidamente o dinheiro do grupo. O caso ganhou uma solução em agosto deste ano, quando a Justiça nomeou um terceiro diretor para administrar a empresa de turnês do Journey, o que possibilitou novas excursões.

Também em 2022, Cain causou conflito ao tocar Don't Stop Believin' num evento com a presença de políticos republicanos, incluindo Donald Trump. A decisão incomodou Schon, que notificou o parceiro musical judicialmente.

Como se isso não bastasse, há o fator Steve Perry, emblemático vocalista que deixou o grupo em 1998 por desavenças com os demais integrantes. Em setembro de 2022, ele processou Schon e Cain e os acusou de terem cometido "fraude em um escritório de marcas registradas" da banda. No início de 2023, porém, o cantor recuou e retirou o processo contra os ex-colegas.

Tretas à parte e ancorado pela potência vocal do filipino Arnel Pineda (que faz jus aos agudos eternizados por Perry), o Journey segue na ativa, tendo lançado em 2022 o disco de inéditas Freedom, e feito turnês com frequência.

Pineda compensou a atmosfera estranha dos colegas com carisma e simpatia. Em determinado momento, se preocupou com a qualidade do som que estava sendo amplificado e, depois, se enrolou numa bandeira brasileira que continha o emblema do Cruzeiro.

O show no RIR foi apenas a segunda aparição da banda no Brasil, destino haviam visitado pela primeira vez em 2011. Em entrevista ao canal do jornalista André Barcinski, o promotor de shows Paulo Baron revelou ter feito uma oferta de 180 mil dólares para o grupo americano tocasse em São Paulo, mas que foi recusada.

A exclusividade foi benéfica ao festival carioca, que agora acumula no currículo uma rara e excepcional performance que será lembrada no futuro. E fica a torcida para que o Journey ganhe novos fãs e fique mais conhecido no Brasil.

Em outra categoria

Intérprete de algumas das canções mais famosas do Brasil, o cantor Amado Batista já vendeu mais de 12 milhões de discos. Nas últimas semanas, entretanto, o nome do artista repercutiu no noticiário e nas redes sociais por outra razão: 26 dias depois de completar 74 anos, o cantor se casou com a Miss UniversO Mato Grosso 2024, Calita Franciele Miranda de Souza, de 23 anos.

A diferença de idade de 51 anos, a beleza da noiva e a fortuna do noivo - Amado tem patrimônio estimado de mais de R$ 1 bilhão - só a fazenda onde o casamento foi realizado, em Cocalinho-MT, é avaliada em R$ 350 milhões - rendeu questionamentos sobre o matrimônio.

Mas a união foi feita com separação total de bens, regime jurídico segundo o qual, caso eles se separem ou algum deles morra, uma pessoa não terá direito a nenhuma parte do patrimônio da outra, salvo se o bem tiver sido comprado durante o casamento e a parte comprovar que contribuiu para a aquisição. Esse regime era obrigatório por lei sempre que um dos noivos tivesse 70 anos ou mais, como é o caso de Batista. Em fevereiro do ano passado, porém, o Supremo Tribunal Federal (STF) mudou a interpretação da regra.

Ao julgar um caso concreto, o STF determinou que o casal pode escolher qualquer regime de bens (comunhão total, quando passam a ser do casal todos os bens de qualquer das partes, inclusive os adquiridos antes do casamento; comunhão parcial, quando são do casal os bens adquiridos por qualquer das partes a partir do casamento; e separação total), basta fazer uma escritura pública em cartório anunciando o regime escolhido. O cantor poderia ter se casado em regime de comunhão total ou parcial de bens, portanto.

Historicamente, a obrigatoriedade da separação total foi adotada pelo legislador para proteger o patrimônio da pessoa considerada idosa e o direito dos seus sucessores. Em tese, evitaria o casamento por interesse com uma pessoa rica e já no fim da vida. O Código Civil de 1916 obrigava a adoção desse regime nos casamentos que envolvessem homens com 60 anos ou mais ou mulheres com 50 anos ou mais.

Quase noventa anos depois, o Código Civil de 2002 manteve a obrigação da separação total, agora para homens ou mulheres com 60 anos ou mais. Em dezembro de 2010, uma lei proposta pela deputada federal Solange Amaral aumentou para 70 anos a idade a partir da qual vigorava a obrigatoriedade.

"Fui motivada por um amigo de 63 anos que foi se casar pela segunda vez. Ele me disse: 'Eu posso escolher o presidente da República, mas não posso escolher meu regime de casamento'. A expectativa de vida dos brasileiros aumentou. Então, por que discriminar uma pessoa de 60 anos?", afirmou na ocasião a parlamentar, em entrevista à Agência Câmara de Notícias.

Mudança após caso de Bauru

A mudança mais recente se deve a uma disputa judicial que começou após a morte de um homem em Bauru. Ele ficou viúvo e aos 72 anos passou a viver com uma companheira. Morreu 12 anos depois, em 2014.

Em 2017 o STF estipulou que companheiros têm os mesmos direitos do cônjuge, e a mulher então decidiu ingressar na Justiça para tentar receber parte da herança.

Mas ela esbarrava em outra regra, a obrigatoriedade de separação total de bens estabelecida pelo Código Civil quando o casamento envolvia uma pessoa com mais de 70 anos. Os advogados Ageu Libonati Junior e Alex Libonati foram à Justiça em nome da mulher alegando que esse artigo do Código Civil era inconstitucional, por violar os princípios da dignidade da pessoa humana e da igualdade.

Em primeira instância, em março de 2018, a juíza Lícia Pena, da 2ª Vara de Família e Sucessões de Bauru, aceitou os argumentos e determinou que a companheira do morto recebesse parte da herança.

Os descendentes dele recorreram ao Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), que reformou a sentença, passando a considerar constitucional a obrigatoriedade de separação total quando algum dos cônjuges tem 70 anos ou mais.

"A intenção do legislador foi de justamente proteger a pessoa do idoso e seus herdeiros necessários de casamentos realizados única e exclusivamente por interesses econômico-patrimoniais. Isso nada tem de irregular", registrou o desembargador Alexandre Marcondes, relator do recurso, em seu voto, em junho de 2019.

Os irmãos Libonati recorreram ao STF, que julgou o novo recurso em fevereiro de 2024. "O dispositivo (...), se interpretado de maneira absoluta, viola o princípio da dignidade da pessoa humana e o da igualdade", afirma trecho da decisão do ministro Luís Roberto Barroso, relator do recurso.

"O princípio da dignidade humana é violado em duas de suas vertentes: da autonomia individual, porque impede que pessoas capazes para praticar atos da vida civil façam suas escolhas existenciais livremente; e do valor intrínseco de toda pessoa, por tratar idosos como instrumentos para a satisfação do interesse patrimonial dos herdeiros", segue o texto.

"O princípio da igualdade, por sua vez, é violado por utilizar a idade como elemento de desequiparação entre as pessoas. (...) As pessoas idosas, enquanto conservarem sua capacidade mental, têm o direito de fazer escolhas acerca da sua vida e da disposição de seus bens", continua.

A decisão determinou que a partir dali, na falta de disposição expressa dos cônjuges, seja adotada a separação total, que, no entanto, pode ser substituída mediante escritura pública. "Nos casamentos e uniões estáveis envolvendo pessoa maior de 70 anos, o regime de separação de bens previsto no art. 1.641, II, do Código Civil pode ser afastado por expressa manifestação de vontade das partes, mediante escritura pública".

No caso que gerou a decisão, a companheira do homem que morreu em Bauru não teve direito à partilha, porque o casal não havia feito em vida o documento estabelecendo regime diferente da separação total de bens. A mudança é permitida para qualquer casal que esteja vivo, mesmo para quem casou antes da decisão do STF.

A alteração foi considerada justa pelos especialistas. "A regra já está prestes a ser modernizada mais uma vez: o projeto de reforma do Código Civil que foi protocolado no Senado em 31 de janeiro estipula como regra para cônjuge de qualquer idade o regime de comunhão parcial, como é hoje para quem tem menos de 70 anos", conta Libonati Junior.

"Todo dia o presidente Lula toma decisões que afetam a vida de um País inteiro, mas até o ano passado não podia decidir qual regime de bens adotar, no casamento, porque tem mais de 70 anos. Isso era justo?", pergunta o advogado Ricardo Telles Teixeira, que em 2023 também impetrou recurso perante o STF questionando a constitucionalidade da obrigatoriedade do regime de separação total. "Um jovem de 16 anos pode se casar, se for autorizado pelos pais, e escolher qualquer regime de bens. Já um homem de 70 anos, muito mais experiente do que o outro, não podia escolher. Era descabido", conclui.

"A decisão representa uma evolução no reconhecimento da autonomia privada e da dignidade da pessoa idosa. A imposição automática da separação total, independentemente da capacidade civil ou da vontade dos cônjuges, criava uma limitação excessiva, sem considerar casos em que o septuagenário tem plena condição de gerir seus bens e deseja compartilhá-los com o cônjuge", avalia o advogado Emanuel Pessoa, mestre em Direito pela Harvard Law School e doutor em Direito Econômico pela USP.

A Polícia Civil de São Paulo prendeu os dois homens envolvidos no assassinato do ciclista Vitor Medrado, de 46 anos. Ele foi baleado durante um assalto em frente ao Parque do Povo, no Itaim Bibi, na zona sul,, em fevereiro.

Segundo a Secretaria da Segurança Pública, a polícia prendeu nesta quarta-feira, 19, Jeferson de Souza Jesus, de 27 anos, conhecido como "Gordo da Paraisópolis". Ele pilotava a moto no dia do crime e foi encontrado em Paraisópolis, na zona sul, durante uma operação da 1ª Delegacia de Roubos e Latrocínios.

O comparsa dele, Erik, responsável por efetuar o tiro que matou a vítima, já havia sido preso há pouco mais de uma semana. A informação, entretanto, não tinha sido divulgada para não atrapalhar as investigações.

Segundo o delegado Ronaldo Sayeg, responsável pelo Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), foi necessário uma análise minuciosa de câmeras de segurança para identificar o suspeito preso nesta quarta. "Notamos as características físicas dele, percebemos que era um homem mais forte. Depois, acompanhamos toda a rota realizada por essa moto, que saiu lá de perto do parque, onde o Vitor foi morto, até a comunidade de Paraisópolis", explicou.

Em postagem nas redes sociais, o secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite, comentou as prisões. "Os dois criminosos envolvidos na morte do ciclista Victor Medrado estão presos. Hoje, prendemos o piloto da moto, que tem passagens por tráfico e receptação. O bandido que atirou também está preso. Parabéns aos policiais civis, que chegaram à líder da quadrilha e aos executores."

O crime

O ciclista estava na calçada quando foi abordado por dois rapazes em uma moto. Câmeras de segurança na região registram o crime. Os criminosos efetuaram os disparos, pegaram o celular da vítima e fugiram. Policiais militares viram Medrado caído com um ferimento causado por disparo de arma de fogo, na região do pescoço. Ele foi socorrido ao Hospital das Clínicas, mas não resistiu aos ferimentos.

Conforme mostrado pelo Radar da Criminalidade, ferramenta exclusiva do Estadão, em 2024, o total de crimes desse tipo na capital paulista cresceu 23,2% em relação a 2023. No final de semana, um homem foi arrastado por um carro após ter o celular roubado em Pinheiros (zona oeste). No mês passado, uma mulher foi agredida por dois ladrões de bicicleta, perto da Ciclovia do Rio Pinheiros, na região oeste, Após anunciar o crime e jogá-la no chão, eles fugiram levando a bicicleta da vítima, de 51 anos.

No fim de janeiro, um jovem de 23 anos foi morto pelos ladrões na frente do namorado na zona oeste. No mesmo mês, o delegado Josenildo Belarmino, de 32 anos, foi morto em assalto na Chácara Santo Antônio, perto do Consulado Americano, na zona sul.

O papa Francisco tem apresentado leves progressos do ponto de vista respiratório e motor, de acordo com informações divulgadas na tarde de terça-feira, 18, pelo Vaticano. A situação permanece estável dentro de um quadro complexo. Um novo boletim médico deve ser divulgado nesta quarta-feira, 19.

Ainda de acordo com a Santa Sé, na noite de segunda-feira, 17, para terça-feira, 18, Francisco não fez uso da ventilação mecânica. Na ocasião, fez uso apenas de uma cânula, um tubo de plástico colocado em suas narinas que fornece oxigênio de alto fluxo.

"Essa é uma boa notícia que deve ser recebida com cautela, pois se trata de uma redução gradual", salientou a Santa Sé.

Os médicos indicaram que Francisco se encontra estável, depois de um período crítico marcado por crises respiratórias que o fizeram temer pela sua vida, embora ainda não tenham especificado quando poderá deixar o hospital.

Aos 88 anos, o pontífice está internado no Hospital Gemelli desde 14 de fevereiro para tratamento de uma pneumonia bilateral.

Em carta publicada ainda na terça-feira, o papa Francisco pediu o fim dos conflitos armados no mundo. O pontífice segue internado em Roma devido a uma pneumonia bilateral. Segundo o Vaticano, o quadro de saúde tem apresentado melhora e ele está estável.