Cid Moreira, uma voz que se misturou à história nacional

Variedades
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times
O jornalista e apresentador Cid Moreira morreu na manhã de quinta-feira, 3. Durante quase três décadas apresentador do Jornal Nacional e uma das vozes e rostos mais conhecidos da televisão brasileira, que ajudou a construir, ele tinha 97 anos. Estava internado no Hospital Santa Teresa, em Petrópolis. A causa da morte foi falência múltipla de órgãos, após quadro de pneumonia.

O jornalista enfrentava problemas nos rins e fazia diálise - o que, segundo sua mulher, Fátima Sampaio, a família decidiu manter em segredo, para preservar sua privacidade. Fátima explicou também, em depoimento ao programa Encontro, na manhã de ontem, que Cid Moreira pediu para que seu corpo fosse enterrado em Taubaté: "Ele quer ficar perto da primeira esposa e do filho que se foi. Ele amava Petrópolis, então vamos fazer uma despedida lá e outra no Rio".

Nascido em 29 de setembro de 1927, Cid Moreira começou a trabalhar ainda na adolescência. Pretendia ser contador na Rádio Difusora de Taubaté, mas a voz chamou a atenção e ele acabou sendo remanejado para a função de locutor.

Certa vez, um correspondente da Rádio Bandeirantes que cobria notícias do Vale do Paraíba ficou afônico e foi substituído por Moreira. Na sequência, ele foi convidado pelo diretor da emissora e passou dois anos na nova casa, antes de migrar para a Mayrink Veiga, no Rio. Teve ainda uma breve passagem pelo teatro na década de 1960, como narrador da peça Como Vencer na Vida Sem Fazer Força, estrelada por Moacyr Franco e Marília Pêra.

Além das locuções, Cid Moreira emprestava também sua voz a comerciais e cinejornais, como o histórico Canal 100: "Na época a TV estava engatinhando. O Canal 100 já focalizava e filmava os jogadores em close. Isso marcou muito, foi um jornal de cinema maravilhoso", lembrava ele.

Na televisão, começou como um dos apresentadores do Jornal de Vanguarda, da TV Excelsior. Passou ainda pela TV Rio, em que ficou até chegar à Globo, em maio de 1969. À época, antes da criação do Jornal Nacional, o principal telejornal da emissora chamava-se Jornal da Globo. Em 2018, ele relembrou ao Estadão as circunstâncias de sua chegada: "Luiz Jatobá, que era o apresentador, deu uma opinião no ar. Alguns dias depois eu estava no lugar dele, e ele no meu lugar."

Tarimba

Meses depois, em setembro, estreou o Jornal Nacional. Em 2019, Cid Moreira relembrou a primeira edição do programa: "Para dizer a verdade, eu não estava ansioso na época, não. Eu e o Hilton Gomes estávamos apresentando, há uns quatro meses, o Jornal da Globo, então tínhamos uma certa tarimba na função. A novidade ali era o aumento do público, que deixaria de ser só do Rio de Janeiro. A apreensão maior era dos técnicos, que recebiam e enviavam as imagens através de links nessa nova etapa do jornal".

A atração logo começou a fazer sucesso. "Na época, o Repórter Esso era sinônimo de notícia, o jornal mais famoso. Então quando o Jornal Nacional começou a ser visto pelas pessoas, eu senti isso. Eu era apontado na rua: 'Olha lá, o Repórter Esso!'", relembrou.

Cid Moreira deu seu "Boa noite" cerca de 8 mil vezes à frente do Jornal Nacional - o último deles em uma participação especial em breve homenagem aos 50 anos da Rede Globo, em 2015. O apresentador se orgulhava de uma citação no Guinness Book, o Livro dos Recordes, como aquele que mais tempo ficou à frente de um telejornal, em torno de 27 anos. Em 1996, quando fazia parceria com Sérgio Chapelin, a Globo os substituiu pela dupla William Bonner e Lillian Witte Fibe.

Voz do principal telejornal do País à época da ditadura militar (1964-1985), ele costumava fugir das polêmicas: "Sou apolítico, detesto política. Eu só chegava à emissora para ler o jornal, não era o editor. Apenas o apresentador". Em 1994, leu tanto um editorial da emissora contrário ao então governador fluminense, Leonel Brizola, quanto o direito de resposta obtido pelo político na Justiça.

Foi de sua época de Jornal Nacional uma história curiosa, com ares de lenda, confirmada pelo próprio décadas depois: a de que teria apresentado uma edição usando uma bermuda em baixo do paletó. Segundo relatava, o fato ocorreu num sábado de carnaval, quando estava jogando tênis - esporte que praticou até os 90 anos, época em sofreu uma queda ao perder o equilíbrio durante uma partida - em Petrópolis.

O telejornal começava por volta das 20 horas e Moreira costumava chegar à Globo quatro horas antes. "Eu estava na minha casa na serra, desci e fui 'engolido' por uma tempestade, que atrasou a minha viagem. Não pude passar em casa para me compor para o Jornal Nacional, mas tinha lá no estúdio um paletó, camisa e gravata. Fui correndo. O Léo Batista já estava sentado na bancada e a Alice Maria, roendo as unhas. Acabei de dar o nó da gravata e... 'No ar'. Até hoje eu tenho pesadelos com essa situação", relembrou no programa Altas Horas, em 2014. Ele também falou sobre o episódio e repetiu o figurino em entrevista a Patrícia Poeta quando completou 96 anos.

Após sair da frente das câmeras do Jornal Nacional, continuou fazendo locuções para a Rede Globo. Entre as mais marcantes, as do quadro do mágico Mister M., no início dos anos 2000, no Fantástico, e o grito de "Jabulani!" nas vinhetas esportivas sobre a bola da Copa do Mundo de 2010.

Bíblia

Desde o fim dos anos 1990, também cedeu sua voz à leitura do Novo Testamento. Os discos fizeram sucesso e, nas décadas seguintes, Cid Moreira seguiu fazendo inúmeros trabalhos voltados à religião cristã e à leitura da Bíblia.

Em 2020, lançou o podcast 'Bom Dia, Cid Moreira' e fez parte de uma rádio online, a Conhecer, com programas em que lia crônicas, poemas e trechos da Bíblia. Sua vida foi tema do documentário Boa Noite, da diretora Clarice Saliby, exibido pela primeira vez em 2021.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Em outra categoria

A Enel São Paulo informou na noite desta quinta-feira, 17, que já procedeu com o restabelecimento da energia de 100% dos clientes que ficaram sem luz em razão do evento climático ocorrido na última sexta-feira (11) e que tinham registro ativo no sistema (solicitações feitas nos dias 11 e 12 de outubro).

Em resposta à questionamento da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) sobre notícia veiculada na imprensa nacional de que a Justiça determinou que a Enel restabeleça o fornecimento de energia elétrica em toda a Grande São Paulo em um prazo de 24 horas, a empresa diz que não há qualquer descumprimento de decisão judicial oriunda da referida ação civil pública no tocante ao restabelecimento dos serviços de energia elétrica.

A decisão, publicada no Diário Oficial da Justiça de quinta-feira, impôs multa de R$ 100 mil por hora caso o prazo não seja cumprido, sem limite máximo de valores em caso de acúmulo de horas.

Em comunicado enviado à CVM, a empresa destaca que a ação judicial em referência tem como objeto a qualidade de fornecimento de energia elétrica, como outras ações (portanto, relacionada ao curso normal dos negócios da companhia). "O pedido liminar foi formulado de forma incidental no âmbito de ação civil pública já em curso desde 18 de dezembro de 2023, não se tratando, portanto, de uma nova demanda judicial", diz.

"A companhia esclarece que não há qualquer descumprimento de decisão judicial oriunda da referida ação civil pública no tocante ao restabelecimento dos serviços de energia elétrica aos afetados pelo evento climático de 11 de outubro de 2024", afirma.

Um menino de 6 anos morreu após levar uma picada de abelha, no município paranaense de Sengés, na tarde de segunda-feira passada, dia 14. Ele sofreu um choque anafilático (o tipo mais grave de reação alérgica) quando o veneno da abelha entrou em seu organismo.

Segundo a Polícia Civil, Cristofer Yuri Silva de Melo estava no sítio de seu avô, para onde foi com a família no fim de semana para comemorar o Dia das Crianças, celebrado no sábado, 12. Por volta das 13h, a criança estava na cozinha quando levou a picada no pescoço.

Os familiares tiraram o ferrão da abelha e passaram álcool no local da ferida, mas o menino começou a ficar roxo.

A família cogitou levar Cristofer ao posto de saúde de Sengés, mas, segundo a mãe da criança, constatou que não havia médico no local. Decidiram então ir para o Hospital Municipal Carolina Lupion, em Jaguariaíva, a cerca de 50 km do sítio.

Durante o trajeto, quando conseguiram sinal de celular, acionaram o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), que por sua vez pediu apoio ao Serviço Integrado de Atendimento ao Trauma em Emergência (Siate).

Os socorristas encontraram a família durante o trajeto e constataram que a criança estava sofrendo parada cardiorrespiratória. Eles tentaram reanimá-lo, mas Cristofer morreu durante o trajeto.

A família relatou à polícia que no início do ano Cristofer já havia sido atacado por abelhas - naquele caso, por um enxame, e chegou a levar picadas de mais de dez insetos. Ele teve inchaço temporário, mas foi medicado com antialérgico e se recuperou rapidamente.

A família disse ter ouvido dos médicos que, naquela ocasião, nenhuma das picadas foi em locais que fazem o veneno circular rapidamente pelo corpo, daí a reação ter sido muito menos grave.

Cristofer foi sepultado na terça-feira, 15, no cemitério municipal de Sengés.

A reportagem não conseguiu contato com a prefeitura de Sengés para responder sobre o funcionamento do posto de saúde.

O Estado de São Paulo está em alerta para o risco de novos temporais a partir desta sexta-feira, 18. O volume de chuva acumulado poderá chegar, em algumas regiões, a 200 milímetros - ou seja, 200 litros dentro de um espaço de um metro quadrado.

Conforme a Defesa Civil do Estado, grandes volumes de água poderão vir acompanhados de vendavais que podem chegar a mais 60 km/h, além de granizo.

Para a área da capital e região metropolitana, a previsão é de 95 mm entre sexta e domingo, 20. Na sexta-feira anterior, a cidade de São Paulo e outras da região metropolitana ficaram sem energia em razão de um apagão provocado pelas tempestades.

Conforme a Enel, cerca de 3,1 milhões de consumidores foram afetados pelo blecaute, que persistiu ao longo desta semana. A concessionária diz que já restabeleceu o serviço para a maior parte dos clientes e afirma que vai reforçar suas operações nos próximos dias diante do risco de tempestade.

A Prefeitura de São Paulo afirmou que a quantidade das chuvas não deve ser igual à que foi observado na última sexta-feira, mas reconhece que o cenário exige atenção para reparar os danos já causados e evitar novos transtornos.

Na capital paulista, há previsão de pancadas de chuva na tarde e noite de sexta-feira. Também há possibilidade de temporal ao longo do fim de semana, quando as temperaturas também deverão ficar mais amenas, com máxima na casa dos 20ºC.

Outras regiões do Estado

O capitão Roberto Farina, da Defesa Civil, explica que a previsão dos acumulados corresponde a um volume total de chuvas que poderão cair entre sexta e domingo nas regiões citadas.

"A maneira como a chuva vai ser distribuída pode variar. Para uma região onde são esperados 200 mm de chuva, por exemplo, pode ser que chova 50 mm na sexta, 100 mm no sábado e 50 mm no domingo. Ou, então, que chova quantidades diferentes em outros dias", diz.

Previsão de Chuva

- Capital e Região Metropolitana: 95 mm

- Araçatuba, Bauru, Campinas, Franca, Barretos, Ribeirão Preto, São José do Rio Preto, Sorocaba, Serra da Mantiqueira: 200 mm

- Litoral Norte (Ubatuba, Ilhabela e São Sebastião): 150 mm

- Baixada Santista (Santos, São Vicente, Praia Grande e Guarujá)

- Vale do Paraíba (São José dos Campos, Taubaté e Campos do Jordão): 100 mm

- Presidente Prudente: 90 mm

- Vale do Ribeira e Itapeva: 60 mm

Orientações de segurança

- Evite lugares abertos, como praias, campos de futebol e estacionamentos;

- Evite ficar perto de objetos altos e isolados, como árvores, postes, caixas d'água e quiosques;

- No momento da chuva, mantenha distância de aparelhos e objetos ligados à rede elétrica, como geladeiras, fogões e Tvs;

- Evite tomar banho durante a tempestade;

- Em caso de ventos fortes, tenha cuidado com a queda de árvores, postes, fios e semáforos;

- Não desafie a força das águas nem tente transpor uma enxurrada ou andar em áreas tomadas por alagamentos;

- Se estiver em uma área de encosta, observe sinais de movimentação do solo, como rachaduras nas paredes, árvores e postes inclinados, e água lamacenta;

- Se um fio energizado cair sobre o veículo, permaneça dentro do carro e ligue para o serviço de emergência.

Cadastre-se para receber um SMS ou WhatsApp sobre riscos de desastre - A Defesa Civil de São Paulo envia mensagem (SMS) diretamente para os cidadãos. Para receber alertas, envie SMS com o CEP da região para o número 40199 ou cadastre-se no WhatsApp, iniciando interação com o número (61) 2034-4611. (Colaborou Renata Okumura)