"Se todos deram opinião, eu também posso dar", iniciou Abel Ferreira, ao ser perguntado sobre o gramado sintético. No último ano, o treinador do Palmeiras criticou o campo do Allianz Parque, que resultou na troca do termoplástico por cortiça; em 2025, na esteira do movimento dos atletas contra o campo artificial, o treinador português diz "entender Neymar" e os problemas que o sintético traz, em especial nas "articulações". Também criticou os gramados no Brasil.
"Entendo o Neymar. Estivemos no Mundial e vocês viram a qualidade da grama natural. É melhor que o carpete que minha mulher tem casa. Se a Uefa viesse aqui fiscalizar os gramados do Brasil, passaria um. Ou dois, não sei como está o do Juventude", disse Abel Ferreira, na coletiva após a vitória por 3 a 1 sobre o Botafogo-SP pelo Campeonato Paulista. O treinador debateu durante sete minutos sobre o tema.
"A pergunta que vocês têm de fazer é: por que o Atlético-MG fez uma arena nova, colocou gramado novo e vai trocar para o sintético?" Nesta semana, um movimento dos jogadores do Brasileirão, liderado por Neymar, Lucas Moura e Thiago Silva, pediu pela proibição do uso do gramado sintético no País. Ele contou com a participação de jogadores das mais diversas equipes, incluindo Dudu, que atuou por quatro anos no Allianz Parque após a instalação do campo artificial.
"Não está escrito cientificamente que um gramado sintético provoca mais lesões do que um gramado natural ruim", afirmou o treinador. De fato, segundo publicação da revista científica inglesa The Lancet, não há uma correlação entre o sintético para o aumento de lesões. Inclusive, de acordo com a publicação, a incidência de problemas físicos nos campos artificiais é menor quando comparado ao natural - 14% inferior, em média.
Além da velocidade do jogo - pontuada por Lucas Moura nesta semana -, atletas reclamam o aumento no índice de lesões. Em 2023, por exemplo, Luis Suárez não foi utilizado pelo Grêmio em partidas na qual a equipe jogaria em um campo sintético. "O problema das lesões não é o sintético. O que acontece no sintético, por experiência própria, é que em termos de articulação (os jogadores) sofrem mais. Mas o gramado é uniforme, não tem buracos", pontuou o treinador.
Na Série A, dois clubes utilizam o campo em seus estádios: Palmeiras (Allianz Parque) e Botafogo (Nilton Santos). Citado por Abel, o Atlético-MG está próximo de adotar o sintético na Arena MRV. Além destes, a Arena da Baixada, do Athletico-PR, e a Mercado Livre Arena Pacaembu também adotaram o gramado sintético ao longo dos últimos anos.
"Tem um gramado top no Brasil. Não vou dizer qual é, já disse quinhentas vezes", afirmou, em provável referência ao campo da Neo Química Arena. "Se tiverem como deixar todos igual a ele, top. Mas não há condições de um gramado natural acompanhar a densidade de jogos do Brasil. É como ter uma Ferrari e colocar para andar em um campo esburacado."
"Adoro quando os jogadores se unem em torno de uma causa. O futebol brasileiro. Está certo falar ao do gramado. Em cinco anos que estou aqui, tivemos zero mudanças no futebol", completou o treinador, que também destacou, ao longo da coletiva, que o Palmeiras não teria vantagem ao jogar no sintético por "ter sido o melhor visitante" em seus últimos campeonatos. Em 2024, a equipe foi a segunda melhor jogando fora de casa, atrás apenas do Botafogo.
Após a partida contra o Botafogo-SP, o Palmeiras chega para a última rodada do Paulistão precisando vencer e torcer para um tropeço da Ponte Preta para avançar às quartas de final. A equipe de Abel Ferreira encara o Mirassol, fora de casa, enquanto os campineiros encaram, no Moisés Lucarelli, o Red Bull Bragantino.
Abel Ferreira reconhece problema de 'articulação' na grama sintética e critica campos no Brasil
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