Nouvelle Vague: Quarteto francês encerra festa da Mimo

Geral
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times

As versões, essa ardilosa tentação, tem um case de sucesso quando pensamos em Nouvelle Vague. Esse quarteto francês concebido por Marc Collin e Olivier Libaux já mostrava em seu primeiro álbum, em 2004, uma conjunção que criava rara identidade original a partir de duas ou três apropriações: a bossa nova, e sua prima europeia, a chanson francesa, e os hits do pós-punk e do new wave dos anos 1980. Gêneros aparentemente conflagrados e em lados opostos que jamais habitaram um mesmo lugar com tanto conforto.

O que o Nouvelle Vague fez foi usar a ideia de base e de canto da bossa nova, com uma instrumentação pequena e uma emissão naturalista, para colocá-la em músicas conhecidas que estiveram em cena em algum momento do punk e do rock entre os anos 1980 e o final dos 1990. Mais tarde, seguiram sendo econômicos nos arranjos, mas não tão ligados à bossa e usando mais canções conhecidas. Um bom álbum mais recente para percebê-los é Curiosities, de 2019. Sweet Dreams, do Eurythmics; Under The Flag, do vanguardista britânico Fad Gadget, de 1982; e Blank Generation, que batizou o disco do excepcional Richard Hell and the Voidoids, de 1977. Tudo acariciado pelas vozes de Mélanie Pain e Élodie Frégé, as cantoras do Nouvelle.

Essa beleza drenada das durezas do punk, tornando-as suaves, e das suavidades da bossa, fazendo-as incisivas, é algo que estará no repertório de um show especial que o grupo fará para os brasileiros neste domingo (28), às 20h, para fechar a temporada do Mimo Festival 2021. Será um show pré-gravado, com um conceito inédito pensado para a Mimo. Marc Collin, um dos idealizadores, fala do desafio em pensar algo que faça o meio online se tornar "quente". "Eu acho que, em geral, apresentações em live não são muito interessantes e há toda essa falta de relacionamento entre o público e o artista. Então, escolhi fazer algo completamente diferente. Será como um programa de TV dos anos 70." Deixemos a surpresa.

Marc fala agora dos primeiros caminhos do grupo para chegar a um formato digno que não o confundisse com uma eterna "banda cover". "A ideia principal para o primeiro álbum era de que as cantoras não conhecessem as músicas originais dos covers que íamos fazer. Então, apenas mostrávamos a melodia e as letras. Elas não tinham nada que as influenciasse. Acho que essa foi a chave do projeto." Uma desconstrução semiótica interessante. Sem signos de referências, sem cópias.

Sobre os graus de parentesco que os sistemas de canto e composição brasileiro e francês parecem guardar desde os anos de 1960, Marc diz: "Você está certo, e o que temos mais em comum é o fato de nossos cantores poderem cantar baixinho, bem baixinho. Sabe, é como se você pudesse sussurrar, como fazia João Gilberto... A lenda Henri Salvador (cantor nascido na Guiana Francesa, mas naturalizado na França, morto em 2008) dizia que todos os mestres da bossa haviam se inspirado em seu canto ao assistirem aos filmes franceses daquela época".

Sobre as novidades do quarteto, Marc adianta. "Vamos lançar um novo single em maio, um cover de Girls and Boys, do Blur."

A Mimo terá, antes do Nouvelle Vague, uma programação que começa às 17h, com o DJ Montano, para vir então Ana de Oliveira e Sergio Ferraz (17h25); Natasha Falcão (17h40); Almério (18h15); e o pianista e cantor Zé Manoel (19h10). O último dia desta primeira edição online da reunião de músicos nacionais e internacionais que existe há 16 anos terá também, entre 15h e 16h30 de hoje, um encontro entre biógrafos como Kamille Viola e Toninho Vaz, conduzido pela jornalista e mestra em biografias, Chris Fuscaldo.

Cinema forte

Uma outra perna do evento, sempre com destaque na programação, é voltada ao cinema. Serão sete filmes que ficarão disponíveis nos três dias de evento para serem assistidos a qualquer momento pela plataforma da Vimeo. Basta acessar o endereço www.vimeo.com/mimofestival. Os filmes desta temporada são tão bons que fazem pensar se a Mimo não deveria virar de vez o eixo colocado nos shows, com o esgotamento das lives, para os documentários e filmes musicais. São eles: Nouvelle Vague By Nouvelle Vague, do mentor do grupo de mesmo nome, Marc Collin; A História de Um Silva, de Marcelo Gullarte e Felipe Silva, sobre o funkeiro MC Bob Rum; Antes que me esqueçam, meu nome é Edy Star, de Fernando Moraes Souza; Vinil, Poeira e Groove, de Diego Casanova, sobre a resistência do vinil; O Astronauta Tupy, de Pedro Bronz, sobre a carreira do músico Pedro Luis; Alô... Tudo Bem?, de Helios Molina, sobre como a extrema direita destruiu a máquina cultural na França; e Clara Estrela, de Susanna Lira e Rodrigo Alzuguir, sobre Clara Nunes. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Em outra categoria

Por Laysa Zanetti

Caco Ciocler vai entrar para o elenco de Vale Tudo, interpretando um personagem inédito na trama. O ator será Esteban, um interesse amoroso de Celina (Malu Galli). A informação foi publicada pela coluna Play, do jornal O Globo, e confirmada por Caco em seu perfil no Instagram.

Na versão de 1988 da novela, a irmã de Odete não teve sua vida afetiva explorada e, portanto, o personagem Esteban não existiu. Ainda não se sabe qual será a sua história ou como vai conhecer Celina.

Na trama original, Celina era interpretada por Nathalia Timberg, e dedicava a maior parte do tempo aos sobrinhos e aos cuidados da mansão. Desta vez, a autora Manuela Dias pretende adicionar mais camadas à sua história e dar a ela mais autonomia.

"Celina é uma cinquentona que não se casou, criou os filhos da irmã e não trabalha", resumiu Galli ao jornal O Globo, explicando os novos traços da personagem. "A gente trouxe o interesse dela pelas artes plásticas, ela é uma incentivadora dos artistas. É mais ativa nesse sentido."

Longe das novelas desde a refilmagem de Pantanal, Caco vai começar a gravar suas cenas no folhetim neste sábado, 3. Recentemente, participou da minissérie Os Quatro da Candelária e do filme Meu Sangue Ferve por Você, cinebiografia de Sidney Magal.

Miguel Falabella foi afastado das apresentações desta semana do espetáculo Uma Coisa Engraçada Aconteceu a Caminho do Fórum, em São Paulo. O comunicado foi feito nas redes sociais da peça nesta quinta-feira, 1º, que explica que o ator passa por um problema de saúde.

Em seu perfil, Falabella detalhou a situação, e revelou que precisou se afastar porque está com uma hérnia de disco. "Estou com muita dor, não estou conseguindo andar direito e, por isso, infelizmente não estou fazendo Uma Coisa Engraçada Aconteceu a Caminho do Fórum. Como dizia minha mãe, doença é aluguel que a gente paga para usar o corpo", declarou.

A peça é uma adaptação brasileira do musical com letra e música de Stephen Sondheim, ambientado na Roma Antiga e inspirado nas comédias farsescas de Plauto. A história acompanha Pseudolus, personagem de Falabella que é um escravo determinado a conquistar sua liberdade. Para isso, ele promete ajudar seu jovem amo a conquistar a amada. Ivan Parente, Giovanna Zotti, Carlos Capeletti, Mauricio Xavier e Lucas Colombo também integram o elenco da peça.

Diante da ausência de Falabella, o protagonista será interpretado por Edgar Bustamante nas próximas sessões, desta quinta a domingo, 4.

Nos comentários das publicações, fãs e amigos desejam melhoras a Miguel. "Cuidaremos do nosso lourão mais que amado e ele já já estará de volta pro palco", comentou Danielle Winits. "Boa recuperação, chuvisquinho. Já já você está 100% e de volta aos palcos pra receber todo carinho e amor que você merece", desejou o também ator Daniel Rangel.

A peça Uma Coisa Aconteceu a Caminho do Fórum está em cartaz de quinta a domingo no Teatro Claro Mais SP, com apresentações às 20h (quinta e sexta), 16h e 20h (sábado) e 15h e 20h (domingo).

A série argentina O Eternauta acaba de chegar à Netflix e já tem conquistado os espectadores. Baseada na HQ homônima considerada uma das maiores obras da literatura argentina, ela tem uma história trágica por trás: seu criador, Héctor Oesterheld, foi morto pela ditadura na Argentina na década de 1970.

Nascido em Buenos Aires em 1919, Oesterheld é um dos principais nomes dos quadrinhos e da ficção cientifica na Argentina. Escreveu alguns romances e outras HQs, além de ter publicado em revistas de grande importância, mas O Eternauta é considerada a sua obra-prima.

A trama acompanha um grupo de sobreviventes de uma nevasca mortal que precisa lutar contra uma ameaça alienígena. Com Juan Salvo como protagonista, o quadrinho foi publicado entre 1957 e 1959 com ilustrações de Francisco Solano López, com uma versão mais politizada sendo lançada na década de 1970.

Oesterheld frequentemente dizia que o herói de O Eternauta era um "herói coletivo". No final dos anos 1960, ele também escreveu biografias em quadrinhos de Che Guevara e Evita Perón, importantes líderes de esquerda, em parceria com o cartunista Alberto Breccia.

Naquele período, o autor já era envolvido com os Montoneros, organização político-militar argentina de esquerda que tinha objetivo de resistir e derrubar a ditadura no país. As quatro filhas de Oesterheld, Estela, Diana, Beatriz e Marina, também estavam envolvidas com o grupo.

As Forças Armadas da Argentina, já vigiando a atividade de Oesterheld, começaram a fechar o cerco em sua família. A primeira desaparecida foi Beatriz, que tinha apenas 19 anos, em 1976. Meses depois, foi a vez de Diana, seguida de Marina, ambas grávidas na época. A última foi Estela, já no final de 1977.

Oesterheld desapareceu em abril daquele ano. Acredita-se que tenha sido fortemente torturado física e psicologicamente, sendo obrigado a ver fotos das filhas executadas, e que foi morto apenas em 1978. O seu corpo nunca foi encontrado. Das filhas, apenas Beatriz pôde ser velada.

A morte do autor e de seus familiares só foi reconhecida em 1985, com um julgamento histórico que resgatou a memória dos desaparecidos e revelou os horrores da ditadura na Argentina.