Como o Brasil tenta convencer países a quadruplicar o uso global de combustíveis sustentáveis

Geral
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times

Brasil, Índia, Japão e Itália lançaram nesta terça-feira, 14, uma iniciativa para conseguir o compromisso político de outros países a fim de quadruplicar o uso de combustíveis sustentáveis globalmente. O documento foi intitulado "Compromisso de Belém pelos Combustíveis Sustentáveis" ou "Belém 4x".

A ideia é que o compromisso seja oficializado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante a Cúpula de Líderes, que antecede a COP-30, e será realizada nos dias 6 e 7 de novembro, em Belém (PA). Ele permanecerá aberto a adesões posteriores.

Revelada durante a reunião pré-COP, a iniciativa é paralela e não faz parte dos acordos oficiais e metas da COP-30, Conferência das Partes das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC).

A diplomacia brasileira trabalha para convencer mais países a participar do compromisso. As delegações receberam um documento com a nota conceitual sobre a iniciativa e vão levar o assunto às capitais.

A ideia é que os futuros membros realizem reuniões anuais em nível de ministros e possam fazer um monitoramento da evolução da iniciativa.

A meta de quadruplicar a produção e consumo de combustíveis sustentáveis tem como base relatório da Agência Internacional de Energia que fala sobre a multiplicação das soluções até 2035, com base em dados de referência do ano passado.

Durante discurso de abertura da reunião sobre transição energética, a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, defendeu o fim dos subsídios "ineficientes" para combustíveis fósseis.

Marina citou acordo feito durante a COP-28, em Dubai, que decidiu que os países fariam uma transição rumo ao fim do uso dos combustíveis fósseis.

"A decisão representa um chamado para eliminar progressivamente os subsídios ineficientes aos combustíveis fósseis. Hoje, esses subsídios variam de 1,5 a 7 trilhões de dólares, a depender da metodologia", disse. A ministra defendeu que o dinheiro vá para fontes renováveis: "Em contraste, os subsídios e investimentos em energias renováveis são muito menores: cerca de US$ 170 bilhões nos países do G-20, ou US$ 500 bilhões se incluirmos o investimento privado", afirmou.

Na reunião, segundo fontes ouvidas pelo Estadão, boa parte dos países focou em dizer que estão caminhando rumo a renováveis e em garantir a eficiência energética.

Dois anos atrás, esses mesmos quatro países fizeram parte do lançamento da Aliança Global de Biocombustíveis (GBA), durante o G-20 na Índia. A coalizão também é voltada ao fomento da produção e uso de combustíveis renováveis e reúne 32 países atualmente e 14 organizações internacionais.

Mas, diferentemente daquela ocasião, a nova iniciativa para quadruplicar o uso de biocombustíveis não tem participação - até o momento - dos Estados Unidos, maior produtor e exportador mundial de etanol, um player incontornável do setor.

O governo Donald Trump inclusive abriu investigação sobre o Brasil e reclama do acesso do etanol americano ao mercado brasileiro. O país decretou um tarifaço que atingiu o Brasil e a Índia com 50% sobre exportações.

No entanto, diplomatas argumentam que o aumento de demanda não seria suprido sozinho por nenhum dos maiores produtores do mundo - os EUA, que detêm metade da produção global, Brasil, China, União Europeia e Índia.

Segundo diplomatas, um dos objetivos é fomentar políticas públicas nacionais, como o estabelecimento de mandatos de mistura de etanol na gasolina, uma forma de garantir um impulso aos biocombustíveis.

A aliança engloba esse tipo de combustível para o setor de transporte rodoviário, assim como o aéreo e marítimo, cuja descarbonização é considerada mais complexa por causa da falta de opção viável de eletrificação. Outros setores de difícil descarbonização são as indústrias de cimento e aço.

A meta de multiplicar por 4 o uso de biocombustíveis é global - e não em cada país - e também não tem um único tipo ou tecnologia de combustível como rota para descarbonização do setor de transportes.

A sugestão é fomentar um mix com opções líquidas e gasosas, como biodiesel, etanol, hidrogênio verde (que sofre uma onda de desinvestimento) e derivados, biogás, e-fuels (sintéticos), SAF (combustível sustentável de aviação) e bunker (para navios) entre outros.

Segundo diplomatas, há interesse de países como a África do Sul em produzir biogases e biocombustíveis. "A ideia é aumentar esse leque de opções para todo mundo e também trazer as cadeias de produção para perto de onde tem energia rica e barata", disse Laís Garcia, chefe da Divisão de Energias Renováveis do Itamaraty. "Aumentar a oferta de alternativas aos combustíveis fósseis faz parte dessa ideia de fazer uma transição segura, ordenada. Faltava essa sinalização política forte que a parte da eletricidade já tem."

Na COP-28, em Dubai, foi realizado o primeiro Balanço Global do Acordo de Paris (GST, na sigla em inglês). Na ocasião, além de decidir que os países fariam uma transição rumo ao fim dos combustíveis fósseis, as partes assumiram uma meta de triplicar a capacidade de energias renováveis até 2030.

De acordo com o diretor do Departamento de Energia do Itamaraty, João Marcos Paes Leme, a iniciativa se conecta com as metas assumidas no GST para caminhar rumo ao fim do uso de fósseis.

"Isso é uma resposta para implementar o GST. O GST prevê a descarbonização dos sistemas energéticos, a diminuição das emissões no setor de energia. Nós temos que saber como fazer", disse.

"Esperamos um bom número de adesões para que no processo de descarbonização os combustíveis sustentáveis tenham um papel relevante em complementação à eletrificação e outras tecnologias mais avançadas", disse Paes Leme, segundo quem há interesse de países europeus.

Em outra categoria

O apresentador William Bonner está aproveitando as férias após deixar a bancada do Jornal Nacional para visitar a cidade de Nova York, nos Estados Unidos, ao lado de sua mulher, a ceramista Natasha Dantas.

Nas redes sociais, registros na cidade foram publicadas pela companheira do jornalista e por amigas do casal. Nesta quarta, 19, eles visitaram dois pontos turísticos famosos da cidade: o Central Park e o Rockefeller Center.

Bonner se despediu do Jornal Nacional em 31 de outubro, após passar 29 anos comandando o telejornal da Globo. O jornalista de 62 anos está agora em férias prolongadas e deve retornar à TV somente em 2026 para sua estreia no Globo Repórter.

César Tralli, que antes apresentava o Jornal Hoje, assumiu a bancada do JN ao lado de Renata Vasconcellos. Desde o final do ciclo no telejornal, Bonner e Natasha têm compartilhado a rotina de férias de forma esporádica nas redes sociais.

Quando anunciou sua saída do JN, o apresentador disse que buscava uma rotina mais tranquila e a possibilidade de viajar com mais frequência, inclusive para ver os filhos.

Dois deles, Laura e Vinícius, moram em Paris, cidade que deve estar entre os próximos destinos do jornalista. Ele também é pai de Beatriz - os trigêmeos têm 28 anos e são fruto do relacionamento com Fátima Bernardes, com quem foi casado por 26 anos e se separou em 2016.

O show do rapper Kanye West - ou Ye, como ele tem se identificado artisticamente - na cidade de São Paulo foi oficialmente cancelado. O evento já vinha enfrentando impasses após sua realização no Autódromo de Interlagos ser vetada pela Prefeitura.

O cancelamento foi anunciado em nota divulgada nesta quinta-feira, 20, pela produtora Holding Entretenimento & Networking, responsável pelo show, nas redes sociais. A apresentação estava marcada para o dia 29 de novembro, mas ainda não tinha local definido.

A revogação do acordo para realizar o show em Interlagos teria sido motivada por comportamentos preconceituosos por parte do rapper, incluindo publicações nas redes e uma canção com apologia ao nazismo.

Na última semana, o evento chamou a atenção do Ministério Público de São Paulo (MSSP), que oficiou o Comandante do Comando de Policiamento de Choque, Coronel-PM Racorti, a manter policiais de prontidão para prendê-lo em caso de discursos antissemitas.

O que diz a produtora

"Fizemos todos os esforços para garantir a realização do evento, mesmo com o cachê do artista, taxas para uso do autódromo e demais despesas necessárias já estarem pagas, infelizmente, a autorização de uso do Autódromo de Interlagos foi revogada, unilateralmente, pela administração pública, escapando completamente da nossa esfera de atuação", diz a nota da produtora.

"Além do cancelamento do contrato do recinto, ficou claro nas últimas semanas que o ambiente e as vontades políticas não permitiriam a realização do espetáculo neste município, não nos restando outra alternativa. Respeitamos muito os poderes constituídos, mas não concordamos com essa atitude, uma vez que um show dessa magnitude proporciona acesso à cultura, ao entretenimento e fomenta a economia da cidade", completa o comunicado.

Nota data e reembolso

A produtora informou ainda que busca uma nova data em outra cidade para trazer Kanye West ao Brasil. "Para aqueles que desejarem aguardar uma nova data, os ingressos já adquiridos seguirão válidos automaticamente para a nova data, sem necessidade de qualquer ação por parte do público", diz a empresa.

Os ingressos para o show estavam esgotados. O possibilidade de reembolso integral também será oferecida. Segundo a produtora, todos os compradores receberão instruções detalhadas sobre a política de reembolso por e-mail e/ou WhatsApp cadastrados no ato da compra em até 24 horas.

Entenda a polêmica com o show de Kanye West

O anúncio oficial da vinda do artista ao Brasil aconteceu em 1º de julho, mas a confirmação do local foi feita pela produção somente em 31 de agosto. No dia 10 de outubro, foi exposto que a Prefeitura e a direção do Autódromo haviam rescindido o acordo.

Em nota enviada à Folha de S. Paulo, a Prefeitura alegou que "no momento da reserva da data para o evento, os organizadores não informaram ao Município qual artista seria contratado" e que a decisão de revogar a apresentação seria uma medida prevista em contrato. "A atual gestão não compactua com qualquer conduta criminosa de apologia ao nazismo e/ou racismo".

Até então, a Holding Entretenimento & Networking dizia que a apresentação seguia confirmada para a cidade, e que "em breve" seria divulgado "um posicionamento oficial sobre o novo local do show".

Com a informação de que a apresentação estava mantida, o evento atraiu a atenção do MPSP, que oficiou o Comandante do Comando de Policiamento de Choque, Coronel-PM Racorti, a manter policiais de prontidão para prendê-lo em caso de discursos antissemitas.

De acordo com o despacho da Promotoria de Justiça de Direitos Humanos, assinado pela promotora Ana Beatriz Pereira de Souza Frontini e enviado ao Estadão, o objetivo da ordem é impedir "que o cantor Kanye West (...), no recinto do Autódromo de Interlagos ou qualquer outro lugar no território brasileiro, promova, cante, divulgue ao público música intitulada Heil Hitler ou qualquer outra música que faça alusão ao nazismo, utilize camiseta com suástica, símbolo ampla e historicamente associado ao nazismo, ou qualquer outro símbolo nazista, dirigido ao público, em mídias sociais ou qualquer outro veículo de comunicação ou exposição ao público".

O discurso antissemita de Kanye West/Ye

Em diversas postagens no X (antigo Twitter), West fez diversas postagens ofensivas, incluindo "Eu sou nazista", "Eu amo Hitler, e agora, vadias?", "Eu nunca vou me desculpar por meus comentários sobre judeus", "judeus na verdade odeiam pessoas brancas e usam pessoas negras" e "Eu sou racista, estereótipos existem por uma razão e todos eles são verdade".

Ele também foi processado por um ex-funcionário, Trevor Phillips, que alegou ter sido discriminado pelo rapper, atribuindo a ele frases como "os judeus querem acabar comigo" e "os judeus roubam todo o meu dinheiro" e "Hitler foi genial". Outro antigo empregado de West, Murphy Aficionado, o acusou de assédio, citando um incidente em que o antigo chefe o forçou a ouvir ele e sua parceira, Bianca Censori, fazendo sexo.

West chegou a se desculpar por suas falas antissemitas em 2023, mas voltou atrás e reforçou as falas preconceituosas no começo de 2025, mesma época em que afirmou ter descoberto que está no espectro autista. Ele voltou a pedir desculpas meses depois, dizendo estar "farto de antissemitismo".

Já em relação à canção citada pelo MSSP, Heil Hitler, ela foi lançada em maio de 2025, com diversas referências ao nazismo, tendo sua veiculação banida de plataformas como o YouTube e Spotify. Após declarar que havia "rompido com o nazismos", Ye relançou a faixa sob o título Hallelujah, trocando as referências à ideologia do regime de Adolf Hitler por alusões ao cristianismo.

Quase duas décadas após ser cancelada, Joey, o derivado de Friends estrelado por Matt LeBlanc, finalmente teve seus episódios finais liberados ao público. As oito partes que encerram a trama nunca chegaram a ser exibidas nos Estados Unidos em 2006, quando a produção foi interrompida ainda na segunda temporada.

Agora, todo o conteúdo, incluindo esses capítulos inéditos, está disponível no canal oficial de Friends no YouTube. Ao todo, são 46 episódios que compõem a série completa.

Trama de 'Joey'

Lançada em 2004, Joey acompanhava o personagem Joey Tribbiani em sua mudança de Nova York para Los Angeles, onde tentava impulsionar a carreira como ator. Na nova fase da vida, ele dividia o cotidiano com a irmã Gina, vivida por Drea de Matteo, e o sobrinho Michael, interpretado por Paulo Costanzo. O elenco também conta com Jennifer Coolidge e Andrea Anders.

Criada pelos produtores de Friends Shana Goldberg-Meehan e Scott Silveri, a série estreou com grande expectativa e chegou a registrar mais de 18 milhões de espectadores no episódio piloto. O interesse, no entanto, esfriou ao longo das duas temporadas, o que levou ao cancelamento antecipado.