CCBB homenageia o centenário de Zé Kéti com série de shows

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No filme Rio, Zona Norte (1957), de Nelson Pereira dos Santos, o sambista Espírito da Luz, interpretado pelo ator Grande Otelo, tenta defender seu sustento compondo e vendendo sambas, mas padece nas mãos do trapaceiro Maurício, personagem de Jece Valadão, um agente que pagava uma merreca por suas composições.

Entretanto, certo dia, Luz tem seu dia de glória ao conseguir se aproximar de uma das grandes estrelas do rádio da época, Angela Maria. No foyer da emissora, o compositor entrega à cantora um papel com a letra de Malvadeza Durão. Após aprender a melodia, Angela, com sua voz quente e brasileira, entoa os versos que falam da morte de um malandro assassinado no morro. A estrela promete gravá-la.

O samba Malvadeza Durão, na verdade, é de Zé Kéti, compositor que completaria 100 anos no próximo mês de novembro. Para marcar a efeméride, o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) de São Paulo promove, nesta semana, uma série de shows para celebrar a obra do compositor. As apresentações já passaram pelas cidades do Rio de Janeiro, Brasília e Belo Horizonte e, agora, depois de um adiamento por conta das restrições trazidas pela pandemia, chegam à capital paulista.

A proximidade de Zé Kéti com o cinema é apenas uma das facetas do compositor nascido José Flores de Jesus, natural do Rio de Janeiro, mais especificamente da zona norte da cidade. Um de seus maiores sucessos, A Voz do Morro, está na trilha sonora de Rio, 40 Graus, também de Pereira dos Santos, orquestrada pelo maestro Radamés Gnattali.

Nas apresentações do CCBB, na sexta-feira, 6, caberá ao músico e cantor Zé Renato e ao pianista Cristóvão Bastos relembrar as canções que Zé Kéti fez para as trilhas de filmes. Renato tem intimidade com a obra do sambista. Em 1996, ele lançou o álbum Natural do Rio de Janeiro, apenas com canções do compositor. À época, Bastos foi um dos músicos que fez os arranjos do projeto.

Reconhecimento

"Naquele momento, eu senti que as pessoas não estavam muito ligadas à obra do Zé Kéti. Muita gente até conhecia as músicas, mas não sabia que ele era o compositor. Além do prazer de gravar essas canções, era quase um dever meu fazer com que a obra dele fosse reconhecida. Não foi um sucesso popular, mas fez um barulho", conta Zé Renato.

A faixa que abre o álbum é Opinião, samba-protesto que fez parte do lendário espetáculo de mesmo nome, dirigido por Augusto Boal, que estreou no fim do conturbado ano de 1964. Zé Kéti atuou no show ao lado de João do Vale e Nara Leão, que depois foi substituída por Suzana de Moraes e, por fim, por Maria Bethânia.

Zé Renato fez um arranjo mais sinfônico para o samba, que, segundo ele, nasceu em uma caminhada. O objetivo era acrescentar algo novo para uma canção já tão gravada. "Minha fascinação pela música se dá pelas melodias. E Zé Kéti era um melodista fantástico. Era completamente intuitivo, não tocava nenhum instrumento. Não são melodias fáceis de se cantar. Eram populares, mas com requinte", opina.

O músico teve um período curto de convivência com Zé Kéti - o sambista morreu em 1999, aos 78 anos, vítima de uma parada cardíaca. Os dois foram apresentados por outro compositor, Elton Medeiros, parceiro do sambista em Psiquiatra, e fizeram alguns programas de televisão juntos.

"Ele estava em uma fase de querer curtir a vida, paquerar as mulheres, encontrar com amigos para cantar seus sambas e falar sobre o amor que ele tinha pela Portela, que era a escola de coração dele. Eram momentos sempre divertidos. Ele não se lamentava sobre nada, vivia modestamente. Havia sempre um certo sorriso em seus olhos", conta o músico, que a partir daí começou a frequentar alguns ensaios de escola de samba e diz que foi muito bem recebido. "As pessoas são muito agradecidas por esse disco em homenagem ao Zé Kéti. Ele era muito querido no mundo do samba", diz.

No sábado, dia 7, a homenagem se dará pelo conjunto Sururu na Roda e o compositor Moacyr Luz. Juntos, eles lembrarão as grandes parcerias de Zé Kéti com nomes como Paulinho da Viola, Monarco, Nelson Cavaquinho, Cartola, entre outros. A música que dará nome à apresentação será Diz Que Fui Por Aí, parceria com Hortênsio Rosa, um dos grandes sucessos do compositor, cuja versão mais conhecida é a gravada por Nara Leão, em 1964.

Aliás, foi Nara que, nos anos 1960, após romper com a imagem de musa da bossa nova, trouxe os compositores do morro de volta para o que era considerado o Olimpo da chamada música popular brasileira. Na contracapa de seu disco Opinião de Nara, ela escreveu: "eles revelam que além do amor e da saudade, pode o samba cantar a solidariedade, a vontade de uma vida nova, a paz e a liberdade".

Fabiano Salek, um dos fundadores do Sururu na Roda, grupo que esteve presente no renascimento do bairro boêmio da Lapa, no Rio de Janeiro, nos anos 2000, diz que Zé Kéti sempre foi popular nas rodas de samba. "É importante preservar o legado de pessoas como ele, que elevaram a cultura brasileira a outro patamar. Elas não podem cair no esquecimento", diz o músico.

Para Salek, é importante ressaltar as parcerias nascidas na época do conjunto A Voz do Morro, que Zé Kéti integrou ao lado de Paulinho da Viola, Elton Medeiros, Nelson Sargento, Anescarzinho do Salgueiro, Jair do Cavaquinho, Zé Cruz e Oscar Bigode, que lançou três LPs entre os anos de 1965 e 1967 e se apresentou no Zicartola, famoso restaurante dos mangueirenses Dona Zica e Cartola, no centro do Rio de Janeiro.

"Era uma reunião de craques. Fizeram músicas lindas, tanto no sentido poético quanto melódico. Zé Kéti é um cronista das questões populares", diz.

O Sururu, que além de Salek é formado por Alceu Maia, Ana Costa e Sílvio Carvalho, vai se juntar a Moacyr Luz para interpretar sambas como O Meu Pecado, Nega Dina, Peço Licença, Mascarada, em parceria com Medeiros, entre outros músicos.

A série de shows será aberta por um debate sobre o machismo e a misoginia nas letras de samba conduzido por Fabiana Cozza e João Cavalcanti, nesta quinta, dia 5. Em seguida, os dois se apresentam juntos em um passeio sobre a obra de Zé Kéti. No domingo, dia 8, o grupo Casuarina e a cantora Nilze Carvalho encerram a temporada relembrando a passagem de Zé Kéti pelo show Opinião.

CCBB

Rua Álvares Penteado, 112, Centro

Ingressos a R$ 30

Compras pelo www.eventim.com.br

Programação série A Voz do Morro

Quinta-feira, 5/8

18h

Bate-papo Em Tempo: Machismo Não é Questão de Opinião

Fabiana Cozza e João Cavalcanti

19h

Show Eu Sou o Samba

Fabiana Cozza e João Cavalcanti Trio

Sexta-feira, 6/8

19h

Show Zé Kéti e o Cinema

Zé Renato e Cristóvão Bastos

Sábado, 7/8

17h

Show Diz Que Fui Por Aí

Sururu na Roda e Moacyr Luz

Domingo, 8/8

17h

Show Um Sambista de Opinião

Casuarina e Nilza Carvalho

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Vale Tudo estreia nesta segunda-feira, 31. O remake traz diversos personagens já conhecidos do público, em versões adaptadas com algumas diferenças. Confira abaixo quem é quem e os principais nomes do elenco da novela.

Entre os protagonistas estão Raquel (Taís Araújo) e Maria de Fátima (Bella Campos). Mãe e filha, vivem em Foz do Iguaçu. Interessada em ascender socialmente e encantada por César (Cauã Reymond), ela vai ao Rio de Janeiro após pegar a maior parte da herança deixada pelo avô, Salvador (Antonio Pitanga).

Sua mãe, então, vai atrás da filha e se muda para a capital fluminense, em Vila Isabel, onde encontrará personagens diversos, como Poliana (Matheus Nachtergaele) e Aldeíde (Karine Teles). Ela também se apaixonará por Ivan (Renato Góes), funcionário que aceita um cargo baixo cargo na empresa TCA, mas almeja voos maiores.

Também vivem na região Consuelo (Belize Pombal), Jarbas (Leandro Firmino), André (Breno Ferreira), Jessica Marques (Daniela), Lucimar (Ingrid Gaigher), Vasco (Thiago Martins), Jorginho (Rafael Fuchs) e Gilda (Letícia Vieira).

Os Roitman e TCA

O núcleo da família Roitman envolve os donos da empresa TCA, sendo focados principalmente na figura de Odete (Débora Bloch), que vive fora do Brasil e acaba tendo que retornar ao País que detesta em determinado momento da trama. Marco Aurélio (Alexandre Nero), ex-marido de Heleninha (Paolla Oliveira), é quem comanda as coisas na empresa, tendo Freitas (Luis Lobianco) como braço direito.

Marco e Helena, que tem problemas com o alcoolismo, são pais do jovem Tiago. Ainda há espaço no núcleo para Afonso (Humberto Carrão), outro filho de Odete Roitman, e Celina (Malu Galli), a quem a matriarca tem confiança, e o mordomo Eugênio (Luis Salém).

Agência Tomorrow

Ainda há destaque para a Agência Tomorrow - na versão original de Vale Tudo, uma revista de moda - que gerencia conteúdos de influenciadores. Lá trabalham Renato (João Vicente), Solange (Alice Wegmann), Sardinha (Lucas Leto), Marieta (Cacá Ottoni) e Suzana (Bruna Aiiso).

Personagens e atores do elenco de 'Vale Tudo'

- Raquel (Taís Araújo)

- Maria de Fátima (Bella Campos)

- Ivan (Renato Góes)

- Afonso Roitman (Humberto Carrão)

- Odete Roitman (Débora Bloch)

- Helena Roitman (Paolla Oliveira)

- Tiago Roitman (Pedro Waddington)

- Marco Aurélio Roitman (Alexandre Nero)

- Freitas (Luis Lobianco)

- Carlos (Felipe Ricca)

- Cecília (Maeve Jinkings)

- Aldeíde (Karine Teles)

- Poliana (Matheus Nachtergaele)

- Celina (Malu Galli)

- César (Cauã Reymond)

- Consuelo (Belize Pombal)

- Daniela (Jessica Marques)

- Mordomo Eugênio (Luis Salém)

- Eunice (Edvana Carvalho)

- Fernanda (Ramille)

- Flávia (Ywyzar Guajajara)

- Gilda (Letícia Vieira)

- Jarbas (Leandro Firmino)

- Jorginho (Rafael Fuchs)

- Laís (Lorena Lima)

- Leila (Carolina Dieckmann)

- Luciano (Licínio Januário)

- Lucimar (Ingrid Gaigher)

- Marieta (Cacá Ottoni)

- Renato (João Vicente de Castro)

- Rubinho (Julio Andrade)

- Sardinha (Lucas Leto)

- Olavo (Ricardo Teodoro)

- Solange (Alice Wegmann)

- Vasco (Thiago Martins)

- Suzana (Bruna Aiiso)

- André (Breno Ferreira)

- Bartolomeu (Luis Melo)

- Bruno Meireles (Miguel Moro)

Preta Gil participou do Domingão Com Huck deste domingo, 30. Ela cantou duas músicas, Brasil (tema da novela Vale Tudo) e Sinais de Fogo. A artista também falou sobre seu estado de saúde - ela passa por tratamentos após diagnóstico de um câncer no intestino em 2023.

A cantora foi elogiada por Luciano Huck: "Você está dando uma lição de vida para muita gente que está enfrentando o câncer. Você virou farolete, luz, de que dá para enfrentar com um sorriso, força, mesmo quando tudo parece estar muito escuro. Vou falar um palavrão. Você é f***, Preta. Que bom que está aqui."

Preta Gil fez um discurso emocionado: "Obrigada. Só gratidão de poder estar passando pelo que estou passando, que não é fácil, com apoio da minha família, dos amigos, dos médicos, podendo me tratar com dignidade."

"Agora entro numa fase difícil, complicada. Porque aqui no Brasil a gente já fez tudo que podia. Agora as minhas chances de cura estão fora do Brasil, é para lá que eu vou para voltar para cá curada e poder voltar a fazer o que amo, voltar a cantar, vir aqui, ser jurada, brincar com minha neta, meus sobrinhos, ver o meu filho."

"Tenho muita coisa a fazer aqui, nessa vida. Então me recuso a aceitar que se findou para mim agora. Acho que ainda tenho uma caminhada. Fé, ciência e amor. Acreditar nas novas oportunidades que tem fora do Brasil. Se tenho esse privilégio, e sei que sou uma mulher privilegiada e tenho essa condição, eu vou, porque tenho muito amor à vida, a isso aqui. Sei que temos que aprender a lidar com a finitude", concluiu Preta Gil.

O Lollapalooza Brasil já não é mais o mesmo. Se antes um público alternativo desembolsava uma boa grana para assistir às maiores bandas indie dos anos 2010, agora o festival se tornou mais mainstream com os principais nomes do pop.

Mas, neste domingo, 30, a banda Foster The People levou o Lollapalooza "raiz" ao Palco Budweiser, o principal do festival, ao se apresentar pela quinta vez no Brasil. O grupo é um dos principais nomes da leva indie de 15 anos atrás e tocou no palco antes de Justin Timberlake.

Estava claro que era Timberlake a quem o público esperava. Em grande parte do show, os presentes assistiam à apresentação da banda norte-americana de braços cruzados, tiravam fotos ou aproveitavam para descansar depois de um dia intenso.

O Foster The People resolveu fazer o "arroz com feijão". Recentemente, o grupo lançou o álbum Paradise State of Mind com o mesmo estilo contagiante e as letras sombrias de Mark Foster. Mesmo com apenas Mark sobrando da formação original, a banda optou por concentrar boa parte do setlist em seu primeiro disco de estúdio, Torches.

Mas nem a nostalgia foi suficiente para puxar a plateia. Até pérolas como Sit Next To Me fizeram o público permanecer indiferente.

Mark até tentou arriscar frases em português - com direito a "obrigado" e "cantem comigo". Foi apenas com a controversa Pumped Up Kicks, que já fez a banda até cogitar a deixar de tocá-la nos shows pela letra que descreve um ataque em uma escola, que a plateia se juntou e elevou os celulares para filmar cada segundo.

Com o show, a banda mostrou que ainda é interessante: abusou de intervalos instrumentais e de efeitos de voz. Tocou também a ótima Lost In Space, do novo álbum.

Ficou claro, porém, que o público do festival não é mais o mesmo da última década. "Oito anos é muito tempo", disse Mark pouco antes do fim do show sobre o tempo em que a banda demorou para voltar ao País. Ele está certo.