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'A Vela' aborda conflito familiar entre filha drag queen e seu pai letrado

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Quando decide tirar a própria vida em uma das passagens mais icônicas do romance Madame Bovary, de Gustave Flaubert, Emma Bovary se encontrava frustrada por não conseguir encontrar na vida real os amores e paixões que aprendera a admirar na literatura. Um casamento e casos extraconjugais frustrantes levaram a jovem camponesa ao suicídio na obra publicada em 1856.

Mais de um século separa a clássica personagem do romance de Flaubert e sua homônima, a drag queen Emma, personagem do drama A Vela, escrito pelo dramaturgo Raphael Gama e que estreia quinta-feira, 19, com única transmissão dentro do projeto Palco Instituto Unimed BH em Casa, às 20h30, no canal oficial do Teatro Claro Rio, Sesc Minas e da produtora Pólo BH no YouTube.

Na obra, Emma é, na verdade, Cadu, um jovem rapaz que, tal qual na obra do século 19, se vê frustrado com as expectativas de um relacionamento, mas, na obra contemporânea, o problema é a relação entre pai e filho. Cadu é expulso de casa pelo pai, Gracindo, que, embora cumpra todos os requisitos de uma figura dita culta e letrada, não consegue aceitar a orientação sexual do filho.

"Quis trazer a discussão para o ambiente da cultura, lembrar a todos que preconceito nem sempre é falta de informação e que precisamos, independente de nossa formação, ou classe social, fazer um exercício catártico e repensar, se preciso, posturas, priorizando sempre o amor e o respeito como forças motrizes de, quem sabe, um mundo mais justo", explica o autor.

Estrelado por Herson Capri e Leandro Luna sob a direção de Elias Andreato, A Vela é um espetáculo nascido, principalmente, da relação de amizade entre diretor e autor e daquilo que Andreato considera uma pequena malandragem de Luna, que assina a produção do espetáculo.

"Raphael me mandou o texto e achei interessante. Sugeri algumas mudanças e decidimos dar para o Luna, porque eu achava que tinha tudo a ver com a personagem. Ele gostou e começamos a pensar no projeto: entramos na Lei Aldir Blanc e o Luna me sacaneou, porque eu ganhei um prêmio do edital e ele, como produtor, incluiu a peça, sendo que eu poderia ter pegado o dinheiro e ficado em casa sem fazer nada", ri o diretor que, originalmente, coestrelaria a obra.

À medida que a produção foi se desenvolvendo, Andreato e Luna chegaram à conclusão de que seria importante ter uma terceira via no elenco e, numa conversa com a produtora Priscilla Squeff, surgiu o nome de Herson Capri.

"Ela leu o texto, olhou pra mim e imediatamente veio o nome do Herson e eu aceitei de imediato, peguei o telefone e fui atrás dele, na cara de pau, oferecendo o texto. Ele aceitou ler e passou um dia, dois, uma semana, e aí, quando eu já estava abrindo mão dele, ele me liga a uma da manhã aceitando o convite", conta Luna.

Capri corrobora: "Era um convite irrecusável. E eu recuso muita coisa, ou porque o texto não combina comigo, ou porque eu não vejo verdade na obra, mas esse texto já era muito forte. Superatual e, ao mesmo tempo, atemporal, universal. O espetáculo tem um conteúdo muito sólido, muito forte e sem levantar bandeira. É uma história simples e nessa simplicidade nós fazemos uma narrativa atemporal, e o Elias faz isso de uma maneira muito delicada e contundente. É esse o tipo de teatro que eu quero fazer".

Na obra, após ser rejeitado pelo pai e passar anos fora de casa, Cadu retorna ao lar montado como a drag queen Emma Bovary para ajudar o pai a encaixotar suas coisas para que possa se mudar para uma casa de repouso após a morte da esposa. "Quis falar sobre a diferença entre o conhecimento adquirido e o conhecimento prático, e que diplomas não nos protegem de sermos ignorantes. Junto a isso há a paixão que tenho de falar sobre a pessoa na sociedade após os 60 anos, e o quanto ela precisou aprender num mundo que conflita tanto a todo tempo", diz Gama.

Para Andreato, A Vela conversa diretamente com o Brasil contemporâneo ao apresentar a figura da intolerância em sua figura mais pura. "É isso o Brasil de hoje, são essas as pessoas que estão ali, que tratam a cultura com esse negacionismo tanto quanto tratam a saúde. E é de caso pensado. Fazem isso porque a arte e a cultura fazem do indivíduo um progressista, um humanista, lhes dá alteridade, faz olhar para o outro, e eles querem destruir isso. E vai ser difícil recuperar tudo isso que eles destruíram", acredita.

Capri reforça, lembrando dos dois incêndios que varreram parte do acervo da Cinemateca. "Perdemos tudo do Glauber! Enquanto artistas, temos de nos posicionar e dizer que o que está aí é o que há de pior e não serve! Quem votou por necessidade ou por acreditar, tem que fazer a mea culpa e voltar atrás, não é possível! Se não for do ponto de vista político, do humano. É a maior crueldade que já existiu nesse país, não dá nem mais para dizer o nome desse homem, que é burro, é ignorante. A cultura nunca fez parte da vida dessas pessoas, eles nunca viram um filme, uma peça, nunca ouviram uma música, mas eu tenho esperança que eles vão passar. E nós continuamos".

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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Após especulações sobre a saúde de Renato Aragão terem repercutido em um podcast na última quinta-feira, 3, o Estadão entrou em contato com Lilian Aragão, mulher do humorista, a respeito do tema. "O Renato vai bem e segue cheio de humor", informou neste domingo, 6, destacando a suposição como "falsa e maldosa".

Em entrevista ao podcast SaladaCast na última quinta-feira, 3, Rafael Spacca, documentarista que tem foco na trajetória do grupo Os Trapalhões, afirmou que o humorista de 90 anos estaria com problemas cognitivos: "Especula-se Alzheimer. Mas a suspeita principal é demência".

Questionada a respeito da declaração pelo Estadão, Lilian Aragão, que também é responsável por gerenciar a carreira do artista, enviou a seguinte nota: "A insinuação acerca do estado de saúde do Renato Aragão, além de falsa e maldosa, demonstra uma profunda falta de respeito. O Renato vai muito bem e segue cheio de humor".

Conhecido especialmente por seu personagem Didi Mocó, o comediante fez história com o grupo Os Trapalhões entre as décadas de 1960 e 1990, ao lado de Dedé Santana, Mussum e Zacarias.

Entre suas aparições mais recentes na TV, recebeu uma homenagem no Domingão Com Huck e participou do Teleton no ano passado. Ele também segue ativo nas redes sociais.

Já Rafael Spacca é autor do livro O Cinema dos Trapalhões - Por Quem Fez e Por Quem Viu e produziu o documentário Trapalhadas Sem Fim, que entrevistou diversos artistas, jornalistas e profissionais que trabalharam ou foram influenciados pelo programa Os Trapalhões, como Dedé Santana e Pelé. O material, porém, nunca foi lançado, apesar de contar com trechos de entrevistas disponíveis no YouTube.

Antônio Barros, histórico compositor de forró, morreu neste domingo, 6, em João Pessoa, na Paraíba, aos 95 anos de idade. A informação foi divulgada primeiramente pela família, e depois repercutida pela Assembleia Legislativa da Paraíba e por artistas.

O artista estava internado em um hospital no bairro da Torre, em João Pessoa, para tratar complicações decorrentes da doença de Parkinson. O velório foi realizado neste domingo, no cemitério Jardim das Acácias.

Antônio Barros nasceu na cidade de Queimadas, no interior da Paraíba. Muitas das músicas foram feitas em parceria com sua mulher, Cecéu, com quem foi casado por mais de cinco décadas.

Entre as centenas de canções que compôs, algumas ficaram conhecidas na voz de artistas como Gilberto Gil, Ney Matogrosso, Fagner, Alcione, Dominguinhos, Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro, Marinês e Trio Nordestino. Uma das mais conhecidas é Homem com H, famosa na voz de Ney.

Elba Ramalho publicou uma homenagem em seu Instagram: "A música brasileira perde muito no dia de hoje. Lá se foi o nosso mestre do forró, Antônio Barros. Homem forte, obra consistente e verdadeira ao retratar nossos costumes, nossos ritmos e nosso jeitinho nordestino de ser e viver!"

Após o resultado decepcionante de Branca de Neve nos cinemas, a Disney teria pausado a produção do live-action de Enrolados, animação de 2010 sobre a princesa Rapunzel. A informação foi revelada à revista The Hollywood Reporter por fontes anônimas ligadas ao estúdio.

Essa é apenas uma das refilmagens anunciadas pela Disney para os próximos anos, lista que inclui Lilo & Stitch, Moana, Hércules, Robin Hood, Aristogatas e Bambi. O remake de Enrolados estava em desenvolvimento e a Disney já tinha fechado com o diretor Michael Gracey (do musical O Rei do Show) e a roteirista Jennifer Kaytin Robinson.

Segundo a The Hollywood Reporter, ainda não se sabe se a Disney vai prosseguir com os planos ou apostar em uma reformulação criativa.

A decisão vem na esteira dos baixos números alcançados em bilheteria por Branca de Neve. Lançamento mais recente do estúdio, o filme chegou às salas de cinema em 20 de março e, até agora, arrecadou US$ 70 milhões nos Estados Unidos e um total de US$ 146,5 milhões mundialmente - valor humilde diante do orçamento de US$ 270 milhões.

Em parte, o fracasso foi um resultado das polêmicas que acompanharam a produção, cercada de controvérsias desde a sua concepção. A nova versão do clássico foi criticada desde a escolha do elenco até a opção por fazer os personagens dos sete anões utilizando CGI (computação gráfica), e não agradou aos críticos.

Tampouco é o único remake em live-action da Disney a decepcionar: Dumbo (2019), de Tim Burton, Mulan (2020) e Cruella (2021) também ficaram abaixo das expectativas de lucro.