Ricardo Galvão, demitido do Inpe por Bolsonaro, é o novo presidente do CNPq

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Ricardo Galvão, pesquisador e professor de Física da Universidade de São Paulo (USP), será o novo presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), órgão responsável por fomentar a pesquisa científica no Brasil. A nomeação oficial deverá ser feita na próxima terça-feira, 17, por Luciana Santos, Ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, pasta a qual o CNPq pertence.

Galvão volta a trabalhar para governo federal depois de quatro anos. Em 2019, o pesquisador foi exonerado do cargo de diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) após entrar em um embate com o então presidente Jair Bolsonaro sobre dados de desmatamento na Amazônia.

Agora, à frente do conselho, o pesquisador vai atuar na área de financiamento de bolsas para pesquisadores de graduação e pós-graduação, e terá o desafio de tornar a carreira acadêmica financeiramente mais atraente para os cientistas.

Isso porque os valores não sofrem um reajuste desde 2013 e, até 2022, estavam com uma defasagem de 67,97%, de acordo com um estudo realizado pela Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG), que fez uma projeção a partir da inflação. A ministra Luciana Santos já declarou que pretende reajustar o valor.

Na gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro, o CNPq foi um dos órgãos mais afetados por cortes. Um estudo feito pelo Observatório do Legislativo Brasileiro (OLB), um núcleo de pesquisa ligado à Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), mostrou que entre 2019 e 2021, foram 68% das receitas canceladas em média. Em 2022, os investimentos do governo federal tiveram um corte de 40% do total.

No ano passado, ele se candidatou ao cargo de deputado federal pelo partido Rede Sustentabilidade, tendo como principal bandeira o incentivo à ciência. Porém, ele não conseguiu votos suficientes para ser eleito.

Briga e exoneração

Em 2019, Galvão e Bolsonaro entraram em um atrito que culminou com a demissão do cientista. A atitude do pesquisador, então diretor do Inpe, de chamar atenção para a disparada de alertas de desmatamento registradas pelo instituto - uma alta de 40% ao longo de um ano -, foi duramente criticada pelo ex-presidente.

Bolsonaro chegou a dizer a jornalistas estrangeiros que os dados do Inpe eram "mentirosos" e insinuou que Galvão estaria "a serviço de alguma ONG". Em entrevista ao Estadão, um dia depois, o pesquisador afirmou que a atitude do presidente havia sido "pusilânime e covarde". O conflito acabou resultando na demissão de Ricardo Galvão do instituto, para o qual trabalhava desde 1970.

Mesmo assim, o nome de Ricardo Galvão não deixou de ter prestígio no mundo científico. No mesmo ano em que foi exonerado do Inpe, a Nature, uma das principais revistas científicas do mundo, o elegeu como uma das 10 pessoas mais importantes para a ciência naquele ano.

Currículo

O novo presidente do CNPq é formado em Engenharia de Telecomunicações pela Universidade Federal Fluminense (1969), é doutor em Física de Plasmas Aplicada pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, da sigla em inglês) e livre-docente em Física Experimental na USP, por onde também é professor titular aposentado do Instituto de Física da universidade.

No currículo, Galvão ainda foi diretor do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (entre 2004 e 2011), diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (2016-2019), presidente da Sociedade Brasileira de Física (2013-2016) e membro do Conselho Científico da Sociedade Europeia de Física (2013-2016). Atualmente, é membro da Academia de Ciências do Estado de São Paulo e da Academia Brasileira de Ciências. É especialista em física de plasmas e fusão nuclear controlada.

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O cantor e compositor Gilberto Gil traz para São Paulo Tempo Rei, sua turnê de despedida das grandes apresentações. O primeiro show ocorre nesta sexta-feira, 11, no Allianz Parque. Gil também se apresentará no sábado, 12, e nos dias 25 e 26 de abril. A previsão é que Gil leve 150 mil pessoas nos quatro dias de apresentações. Ainda há ingressos para alguns setores e camarotes (veja informações mais abaixo).

Nessa turnê, Gil se concentra em músicas que lançou entre os anos 1960 e 1980. A lista inclui seus grandes hits de carreira, como Palco, Tempo Rei, Vamos Fugir, Não Chores Mais e Andar Com Fé.

O cantor também abre espaço para músicas que há tempos estavam fora de suas apresentações, entre elas, Rock do Segurança, Se Eu Quiser Falar com Deus e A Gente Precisa Ver o Luar.

A surpresa fica por conta dos convidados especiais que Gil tem chamado a cada apresentação. Em Salvador, onde a tour estreou, o cantor recebeu Margareth Menezes e BaianaSystem. No Rio de Janeiro, os eleitos foram Caetano Veloso, Marisa Monte, Lulu Santos e Anitta. Em São Paulo, a expectativa é que a cantora Maria Rita apareça no palco para cantar com Gil.

Confira o setlist, com base nas apresentações em Salvador e Rio de Janeiro:

Palco

Banda Um

Tempo Rei

Eu só quero um xodó

Em vim da Bahia

Procissão

Domingo no parque

Cálice

Bate macumba

Back in Bahia

Refazenda

Refavela

Não chore mais

Extra

Vamos fugir

A novidade

Realce

A gente precisa ver o luar

Punk da periferia

Rock do segurança

Se eu quiser falar com Deus

Drão

Estrela

Esotérico

Expresso 2222

Andar com fé

Emoriô

Toda menina baiana

Bis

Esperando na janela

Aquele abraço

Gilberto Gil - Tempo Rei

11 e 12, 25 e 26/4, 20h

Onde: Allianz Parque. Av. Francisco Matarazzo, 1705, Água Branca.

Quanto: R$ 280/R$ 530 (baixa disponibilidade; camarotes oficiais vão de R$ 900 a R$ 2.200).

Ted Kotcheff, cineasta conhecido por Rambo: Programado Para Matar (1982) e Um Morto Muito Louco (1989), morreu na última quinta-feira, 10, aos 94 anos. A carreira do diretor inclui títulos de diferentes gêneros, tendo comandado filmes como Troca de Maridos (1988), estrelado por Burt Reynolds, Um Homem à Beira de Um Ataque de Nervos (1992), com Tom Selleck, e À Queima Roupa (1995), com Charles Bronson.

Nascido em 1931 em Toronto, no Canadá, Kotcheff chegou a ser preso nos Estados Unidos nos anos 1950, acusado de ser comunista. Exilado, o diretor se mudou para Londres, na Inglaterra, onde dirigiu peças de teatro e programas para a televisão por mais de uma década.

Kotcheff venceu um BAFTA, prêmio dedicado a produções britânicas para o cinema e para a TV, em 1972, por Edna, the Inebriate Woman, da BBC. Em 1974, ele voltou ao Canadá, onde dirigiu o filme O Grande Vigarista, estrelado por Richard Dreyfuss.

Nos anos 1990, ele foi procurado pelo produtor Dick Wolf, com ele criou Lei & Ordem: Unidade de Vítimas Especiais, série da NBC que ele produziu por 13 temporadas, tendo escalado Christopher Meloni e Mariska Hargitay para interpretar os protagonistas após testar mais de 27 mil atores. Kotcheff dirigiu sete episódios da produção, inclusive o 100º capítulo, que foi ao ar originalmente em 2003.

A esposa de Kotcheff, Sylvia Kay, que ele dirigiu em Pelos Caminhos do Inferno (1971), morreu em 2019, aos 82 anos.

Um documentário sobre a vida e a carreira do diretor, intitulado The Apprenticeship of Ted Kotcheff, está atualmente em produção.

Um mural feito em 1969 por Emiliano Di Cavalcanti foi vendido por cerca de R$ 8 milhões durante a SP-Arte 2025. A obra foi um dos destaques do evento, a maior feira de arte moderna e contemporânea da América Latina, e passou 56 anos como decoração do hall de entrada de um edifício na orla da praia de Copacabana, na zona sul do Rio de Janeiro.

A pintura, que tem mais de 2 metros de altura, estava na feira por intermédio da galeria Galatea, que negociou a sua venda logo no primeiro dia do evento. O comprador foi um colecionador de arte, mas sua identidade não foi divulgada.

"É uma tela que mostra um pouco da vida carioca, mas tem uma mistura ali com Bahia que você não sabe exatamente onde você está, mas tem todo esse gingado do Di Cavalcanti, e foi arrematada no primeiro dia de feira, nas primeiras horas, na verdade, por um colecionador que não quis perder tempo", contou Tamara Perlman, diretora da SP-Arte, em entrevista ao Jornal Hoje, da TV Globo.

A pintura, sem título, é considerada uma das maiores do artista modernista, com cerca de 277x231cm de medida emoldurada, e foi feita sob encomenda de uma construtora, para ser instalada no Edifício Machado de Assis, um condomínio de luxo localizado na Avenida Atlântica, onde ficou por mais de 5 décadas.

É justamente o nome do prédio que levou Di Cavalcanti a se inspirar em Capitu e em outras obras do escritor brasileiro para criar a composição, cujos destaques são as cores fortes e a riqueza em detalhes que remetem a elementos de brasilidade, como a Mata Atlântica. O mural foi exposto para visitação pela primeira vez durante a SP-Arte.