Bar ameaçado de despejo consegue decisão inédita e pode virar patrimônio cultural de SP

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Em meio a uma ação de despejo, a mobilização pela preservação do bar e casa de espetáculos Ó do Borogodó obteve uma vitória significativa nesta semana. O Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo (Conpresp) aprovou a abertura de estudo para avaliar a possibilidade de reconhecer o tradicional espaço de samba da Vila Madalena, no distrito Pinheiros, como área de proteção cultural.

Com a decisão, uma demolição, reforma, ampliação ou outra alteração no imóvel onde o bar está localizado deverá ser analisada e deliberada pelo conselho. Essa obrigação também inclui uma eventual pausa nas atividades artísticas do espaço. O bar é alvo de ação de despejo pelos proprietários do imóvel, mas se recusa a deixar o endereço mesmo após uma notificação extrajudicial, em maio.

O reconhecimento provisório permanecerá durante um estudo mais aprofundado sobre o eventual enquadramento definitivo como Zona Especial de Proteção Ambiental - Área de Proteção Cultural (Zepec-APC), o que pode levar de meses até alguns anos. A decisão é inédita para um bar. Esse é o mesmo tipo de proteção temporária determinada neste ano para o Santa Marina Atlético Clube, na zona oeste, e o Espaço Itaú de Cinema da Rua Augusta, na região central.

Hoje, há uma Zepec-APC definitiva na cidade: o Cine Belas Artes. A decisão é de 2016, um ano após uma lei municipal regulamentar essa classificação, prevista no Plano Diretor de 2014.

A determinação dificulta a possibilidade do imóvel ser vendido para a construção de um prédio no endereço, na Rua Horácio Lane, 21, na esquina com a Rua Cardeal Arcoverde. Situação semelhante também desencadeou uma mobilização do Bar Balcão, nos Jardins, mas o espaço recentemente anunciou que uma incorporadora desistiu de um projeto de edifício para o local.

A abertura de estudo no Conpresp foi celebrada pelos frequentadores e proprietários do bar, que atua no local há 22 anos e é um dos principais pontos de encontro do samba e choro na zona oeste. "Mais um passo. Precisamos de todos nessa luta pela permanência! O Ó faz a cidade mais bonita!", publicaram nas redes sociais.

A campanha "Fica Ó" obteve 2,9 mil signatários em abaixo-assinado virtual. Além disso, a Comissão de Patrimônio Cultural do Conselho de Arquitetura e Urbanismo de São Paulo (CAU/SP) também manifestou apoio.

Em reportagem do Estadão de 2021, sobre transformações no bairro, os sócios do Ó do Borogodó já comentavam sobre considerar o espaço como de "resistência" em meio à valorização da Vila Madalena. "O 'Ó' é uma espelunca, feito de outras matérias. A gente tinha aluguel barato (no início). Na medida em que a Vila foi crescendo, sofre com o aumento de aluguel", falaram à época.

O boom da verticalização em Pinheiros tem motivado críticas de parte dos moradores, que conseguiram o tombamento provisório de mais de 600 construções. A decisão é temporária e não foi bem recebida por todos os proprietários. O Estadão desenvolveu um mapa interativo com os endereços.

No Conpresp, a decisão destacou que o espaço atende a "requisitos mínimos para enquadramento como Zepec-APC" e que as atividades"confluem com outras ações de reconhecimento, proteção e apoio da expressão musical popular paulistana - como o samba e o samba-rock". O pedido de análise foi protocolado em caráter de urgência pelo Instituto Casa da Cidade, também da Vila Madalena.

O Ó do Borogodó chegou a propor a compra à vista da parte que ocupa do imóvel, assim como a compra total (com o restante do valor parcelado em 100 prestações). Não obteve, porém, retorno positivo dos proprietários.

Na ação de despejo, os donos do imóvel afirmam ter feito tentativas de acordos entre as partes a respeito da venda do espaço. Também destacam que os locatários tinham ciência de que o contrato está com prazo indeterminado desde julho de 2022. "Não obstante, após o recebimento da notificação a requerida quedou-se inerte, demonstrando recusa em desocupar o imóvel dentro do prazo pretendido (25 de junho de 2023)".

Comissão citou 'disputa imobiliária' e espaços que fecharam em Pinheiros

A proteção do bar também obteve posicionamento favorável da Comissão Técnica de Análise (CTA) da Zona Especial de Preservação Cultural - Área de Proteção Cultural (ZEPEC-APC), da Prefeitura, em outubro. O entendimento foi remetido ao Conpresp e embasou a decisão do conselho.

Na deliberação, o comitê destaca que "quando uma atividade cultural se exerce há anos em um mesmo lugar, tornando-se parte do bairro, não é possível mover a atividade cultural de maneira forçada para outro local sem que haja significativa perda simbólica".

A comissão também lembrou da "intensa disputa imobiliária" que tem transformado a paisagem de Pinheiros nos últimos anos, citando espaços culturais fechados no distrito nos anos 2000, como o Espaço Cultural Rio Verde, o Canto Madalena, o Espaço Zé Presidente e o Puxadinho da Praça, dentre outros. "Considerando que a Zepec-APC tem o papel também de preservação de memória dos bairros, é interessante sua aplicação neste caso raro de espaço remanescente", diz.

"Percebe-se, pelos relatos, que o lugar não é apenas um estabelecimento comercial que tem música como sua principal atração - o que poderia enfraquecer a abertura do processo de enquadramento como Zepec-APC -, mas um lugar que congrega pessoas (...). Se um espaço de música se torna ponto de encontro entre músicos, que podem ali criar juntos, testar composições, ensaiar de forma aberta ao público e conectar com ele, ver sua reação, experimentar novas formas de fazer música, etc, esse espaço está não apenas tendo a música como uma 'atração', mas está participando ativamente na produção de música na cidade. Sendo assim, é inegavelmente um espaço de cultura. (...)", salientou.

A Zepec-APC é prevista no Plano Diretor desde 2014, o qual define que a "proteção é necessária à manutenção da identidade e memória do Município e de seus habitantes, para a dinamização da vida cultural, social, urbana, turística e econômica da cidade".

Esse tipo de proteção foi regulamentada por lei municipal de 2015. Prevê que o enquadramento contemple "locais destinados à formação, produção e exibição pública de conteúdos culturais e artísticos" e "espaços com significado afetivo, simbólico e religioso para a comunidade, por meio de atividades ali exercidas".

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Registros de ligações do celular de Betsy Arakawa, esposa do ator Gene Hackman, indicam que ela estava viva um dia depois da data estimada de sua morte. A informação foi confirmada na última segunda-feira à NBC News pelo gabinete do xerife de Santa Fé, Novo México.

O histórico de ligações encontrado pelas autoridades locais no aparelho telefônico da pianista aponta que ela tentou pedir ajuda antes de morrer. A mulher fez três ligações para uma clínica médica particular chamada Cloudberry Health na manhã do dia 12 de fevereiro. No mesmo dia, à tarde, a clínica retornou a ligação, mas Betsy não atendeu.

Questionada sobre a linha do tempo do caso, uma porta-voz do gabinete do xerife de Santa Fé, Denise Womack Avila, disse que as autoridades não haviam determinado o dia e a hora da morte de Betsy, mas reconheceu que a informação divulgada era a de que suas últimas atividades haviam sido no dia 11 de fevereiro.

Conforme a equipe médica, os registros do celular da mulher ainda não estavam nas mãos dos investigadores quando uma entrevista coletiva informou a causa das mortes de Betsy e Gene Hackman.

No último dia 7 de março, as autoridades revelaram que Betsy morreu pelos efeitos do hantavírus, que causa uma doença respiratória e está associado a fezes de roedores, aos 65 anos. Já Hackman teria morrido uma semana depois, vítima de doença cardíaca. A médica-legista-chefe Heather Jarrel informou que a doença de Alzheimer foi um fator contribuinte para a morte do ator.

As mortes de Hackman e Arakawa foram consideradas como sendo de causas naturais, mas a polícia de Santa Fé ainda não concluiu a investigação, com o objetivo de fazer uma linha do tempo com informações obtidas dos celulares coletados na casa. "O caso é considerado aberto até que tenhamos as informações necessárias para fechar a linha do tempo", disse uma porta-voz à Associated Press.

Uma homenagem de Rachel Zegler à atriz Adriana Caselotti, dubladora de Branca de Neve na animação original de 1937, gerou polêmicas no Instagram. A protagonista do live-action que chega aos cinemas nesta quinta-feira, 20, foi criticada por referenciar o filme original, que já chamou de "datado" em uma ocasião anterior.

Na publicação, Rachel compartilhou uma foto sua caracterizada como a Branca de Neve em um estilo mais clássico, em que replica uma fotografia de Caselotti referenciando a animação. "Eu precisava prestar homenagem à Branca de Neve original, senhorita Adriana Caselotti, a quem devo tudo", escreveu na legenda.

Nos comentários, no entanto, muitos questionaram a ideia. "Você fala mal do filme e depois ele é sua inspiração", escreveu um. "É sério que você quer fazer homenagem agora, depois de todas as coisas ruins que você andou dizendo sobre o filme? Um pouco tarde para mim", criticou outro.

Mesmo assim, outros seguidores elogiaram a atriz e, sobretudo, o penteado usado para a foto, que se assemelha ao de Branca de Neve e os Sete Anões: "É esse o estilo de cabelo que você deveria ter usado no filme", opinou uma terceira pessoa. "Por que não fizeram o seu cabelo assim para o filme?", questionou outra.

Com Rachel Zegler e Gal Gadot, Branca de Neve vem envolto a polêmicas desde o anúncio da escalação das atrizes. Zegler, cuja família tem origem colombiana, foi alvo de comentários racistas nas redes sociais, e a onda de ódio aumentou quando ela apontou, em seu perfil no X, que o príncipe "literalmente persegue a princesa" na animação de 1937.

"Eu interpreto os sentimentos das pessoas como uma paixão pelo filme", declarou em entrevista à Vogue México, a respeito das críticas. "Que honra fazer parte de algo que desperta tanto a paixão nas pessoas. Nem sempre teremos os mesmos sentimentos que as outras pessoas ao nosso redor, tudo o que podemos fazer é dar o nosso melhor."

Dirigido por Marc Webb (O Espetacular Homem-Aranha, 500 Dias com Ela), o novo Branca de Neve sugere um novo olhar para a história da primeira princesa da Disney.

Confira o trailer

A atriz Fernanda Montenegro agradeceu nesta quarta, 19, ao público que foi assistir a Vitória nos cinemas. O longa, protagonizado por ela, estreou no topo das bilheterias na semana passada.

"A essa altura da minha vida, me coube fazer essa personagem. Eu estou muito agradecida ao acaso, ou a Deus, ou aos deuses", disse Fernanda em um vídeo publicado no Instagram.

Confira aqui

A trama do filme é baseada na história verídica de Joana da Paz, aposentada que desmascarou uma quadrilha de traficantes e policiais corruptos na Ladeira das Tabajaras, na Zona Sul do Rio de Janeiro, em 2004.

Fernanda também celebrou o recente sucesso de produções brasileiras. "As plateias estão lotadas. É um momento especial para o cinema brasileiro, com tanto acerto, com tanta presença de público nos nossos cinemas, assistindo aos nossos filmes brasileiros", comentou.

"Por mais que eu fale, eu não dou conta da minha emoção", disse a atriz. "Muito obrigada pela presença da plateia que tem vindo ver Vitória. Uma história de coragem, de resistência."

O longa estreou na última quinta, 13. O roteiro é baseado no livro Dona Vitória da Paz, de Fábio Gusmão, jornalista que noticiou o caso.