Barco à deriva com corpos no Pará: é possível embarcação da África vir parar no Brasil?

Geral
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times
Nove corpos em uma embarcação à deriva - oito dentro do barco e um próximo a ele - foram encontrados por pescadores na região de Bragança, a 215 km de Belém, no Pará. A Polícia Federal (PF) investiga a identidade e a origem das vítimas, e informou que documentos e objetos encontrados sugerem que os tripulantes vieram do continente africano, da região da Mauritânia e Mali.

O barco tem 15 metros de comprimento e 2 metros de largura, e quando a polícia o encontrou, não possuía nenhum mecanismo de propulsão como motor ou vela. Isso significa que o barco teria chegado ao Brasil apenas flutuando.

Mas seria possível uma embarcação à deriva sair da África e chegar ao Brasil?

Segundo especialistas, é muito pouco provável que isso tenha ocorrido. Se a embarcação realmente tiver partido da Mauritânia, não teria como, explica o professor de Oceanografia da Universidade Federal do Ceará, Carlos Teixeira, devido ao fluxo das correntes marítimas. Isso porque não há correntes que saem ao norte da linha do Equador e chegam ao Brasil.

No entanto, eles poderiam ter pegado uma corrente do norte da África até o sul do continente, e depois outra até o Brasil. O trajeto do sul da África até o Brasil levaria cerca de 180 dias, estima o oceanógrafo. Ainda assim, é uma possibilidade remota, já que o barco teria que enfrentar altas ondas e tempestades.

"Pelos sistemas de correntes marítimas, não tem como ter saído direto (da Mauritânia). As correntes ao sul da linha do Equador, vêm de leste para oeste. Ao norte, também há correntes de leste a oeste, mas pela posição não chegaria ao Brasil, e sim ao Caribe", explica Teixeira. Ele afirma ainda que não seria possível que correntes tivessem levado o barco do norte do continente africano ao Caribe e então ao Brasil.

A ideia de que o barco saiu sem algum motor ou vela, no entanto, também é pouco provável, na visão de Teixeira e do doutor em Engenharia Naval e Oceânica e professor no curso de Engenharia Naval da UFSC, Ricardo Aurélio. Para Teixeira, o mais provável é que ele tenha saído com alguma forma de propulsão, mas a perdido em algum momento do trajeto.

"Ondas e tempestades facilmente virariam um barco como esse. Temos naufrágios em barcos mais preparados do que este. Na minha opinião, é muito difícil eles terem chegado só flutuando", afirma o oceanógrafo.

Já Aurélio pensa na possibilidade de terem recebido um reboque de outra embarcação motorizada. "Em uma situação como essa, é muito pouco provável que esse barco possa ser bem sucedido. Não tinha condição estrutural. Só se eles conseguissem pegar uma corrente marítima, a remo não tem como", acrescenta o engenheiro naval.

Segundo os especialistas, existem casos passados em que navegações chegaram da África ao Brasil a remo, mas havia uma ótima estrutura e preparação. Eles citam Amyr Klink, que remou da costa da Namíbia, no sul do continente africano, até a Bahia em 100 dias, ajudado por uma corrente marítima que fez com que o trajeto fosse mais rápido.

O que vai ser feito agora?

Agora, as atividades para identificar os corpos irão se basear em critérios do protocolo de identificação de vítimas de desastres da Organização Internacional de Polícia Criminal, a Interpol. Esse protocolo é geralmente aplicado em situações de desastres naturais, ataques terroristas e acidentes aéreos, por exemplo. O trabalho é realizado em quatro etapas principais.

Fase 1 - Exame do local: Recuperação das vítimas e dos bens;

Fase 2 - Dados post-mortem: Os restos mortais são examinados por especialistas para detectar o máximo possível de dados biométricos. Isso pode incluir: impressões digitais; dados odontológicos; indicações físicas como tatuagens e cicatrizes que possam ser exclusivos da vítima

Fase 3 - Dados ante-mortem: Os familiares mais próximos são entrevistados sobre o familiar desaparecido para coletar informações sobre a pessoa. Dados biométricos também podem ser coletados para complementar a investigação da fase 1, principalmente com impressões digitais, DNA, dados odontológicos e médicos;

Fase 4 - Reconciliação: Uma vez recolhidos os dados das fases anteriores, uma equipe de especialistas compara e reconcilia os conjuntos de informações para identificar as vítimas. A identificação só é possível se houver 100% de correspondência entre os dados da Fase 2 e 3, do DNA e/ou dados odontológicos e/ou impressões digitais.

Além da PF, as atividades de resgate dos corpos no fim de semana tiveram participação da Marinha, Polícia Militar, Corpo de Bombeiros, Polícia Cientifica, Defesa Civil, Grupamento Aéreo de Segurança Pública do Pará, Defesa Civil do Pará, Guarda Civil Municipal, Departamento Municipal de Trânsito de Bragança e Prefeitura de Bragança. (COLABOROU RARIANE COSTA)

Em outra categoria

Um ônibus que transportava o cantor Ferrugem e sua equipe se envolveu em um acidente de trânsito na manhã deste domingo, 20, na região de Porto Alegre. Ninguém ficou ferido.

Na noite anterior, o artista havia se apresentado no festival Festimar, na cidade de Rio Grande, no litoral gaúcho.

Segundo comunicado divulgado pela empresa responsável pelo veículo, o acidente ocorreu por volta das 6h45 da manhã na BR-290, próximo à Ponte do Guaíba, que liga a capital ao interior do Estado.

Ferrugem falou sobre o ocorrido em suas redes sociais, compartilhando uma foto da frente do ônibus com os vidros estilhaçados. "Livramento! Um senhor acidente, mas graças a Deus todos estão bem", escreveu.

Mais tarde, gravou um vídeo explicando o acidente: "Destruiu tudo ali, a frente do ônibus, a porta foi arrancada, mas, graças a Deus, ninguém se machucou. Todo mundo bem, todo mundo inteiro."

O cantor também esclareceu que o acidente não atrapalharia o show que fará na noite deste domingo, 20, em Arraial do Cabo, no Rio de Janeiro.

Durante a tarde, ele mostrou que estava almoçando com a família antes de se encaminhar para a apresentação.

Em nota, a Mônica Turismo, responsável pelo ônibus, disse que os danos do acidente foram apenas materiais.

"A empresa imediatamente solicitou a substituição do veículo, mas não houve necessidade, a equipe preferiu ir até o aeroporto com o mesmo veículo para evitar atrasos", diz o comunicado.

Xuxa Meneghel fez um desabafo sobre a pressão estética que sofria da TV Globo na época em que apresentava o Xou da Xuxa, entre 1980 e 1990. Segundo a apresentadora, ela era pressionada para não chegar perto dos 60 quilos.

A revelação foi feita durante entrevista ao podcast WOW. Hoje com 62 anos, Xuxa comentou que lembrou da situação durante os bastidores do documentário Pra Sempre Paquitas, lançada em 2024 na Globoplay, mas que isso acabou não aparecendo no filme.

"Revisitando meu passado no documentário das paquitas, eles não colocaram uma coisa que me mandaram para eu ver em que me coloco para baixo, em que vejo uma foto minha nas cartinhas, em que eu falo 'olha como estou gorda, feia'", explicou Xuxa.

A apresentadora continuou: "Uma coisa que era me colocada na época [era] que se eu passasse dos 60 kg [estaria gorda]. Na época, 54 kg foi o normal que eu ficava. Na Globo, meu normal era 54 kg, 55 kg. Se eu fosse para 58 kg, já apertavam as minhas roupas."

Ela explicou que hoje tem boa relação com o próprio corpo, mas que, na época, a ideia de estar gorda caso seu peso aumentasse "era o que ouvia o tempo todo".

"Era uma cobrança muito grande, um negócio cruel. Você não se gostar e querer ficar mais forte ou menos forte, seja o que for, para você se sentir melhor, é uma coisa. Agora fazer isso por um padrão que lhe foi colocado...", completou.

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, divulgou nota de pesar pelo falecimento da cantora Cristina Buarque, que morreu neste domingo, 20, aos 74 anos. Segundo Lula, a compositora teve "papel extraordinário" na música brasileira.

"Quero expressar meus profundos sentimentos pelo falecimento de Cristina Buarque. Cantora e compositora talentosa, teve um papel extraordinário na música brasileira ao interpretar as canções de alguns dos mais importantes compositores do samba carioca, ajudando a poesia e o ritmo dos morros do Rio a conquistarem os corações dos brasileiros", escreveu o chefe do Executivo no período da tarde. "Aos seus familiares e ao meu amigo Chico Buarque, deixo minha solidariedade e um forte abraço."

Filha do historiador Sérgio Buarque de Holanda e de Maria Amélia Alvim, Cristina era irmã dos cantores Chico Buarque e Miúcha, e da ex-ministra da Cultura Ana de Hollanda.

A causa da morte de Cristina não foi divulgada.