Carnaval da pandemia terá 'lives', reprises e até 'apuração fake'

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Como dizem os sábios versos de Nelson Sargento: "Samba, agoniza mas não morre/ Alguém sempre te socorre/ Antes do suspiro derradeiro". O novo coronavírus atravessou o samba das agremiações do Rio e de São Paulo, mas não impediu que o maior espetáculo da Terra brilhasse na tela da TV - e do computador.

Em um País que ostenta o ingrato posto de 2º lugar no mundo com mais mortes pela covid-19 (mais de 236 mil), as escolas de samba, seus foliões apaixonados e a TV Globo encontraram um jeito de manter viva a memória afetiva da festa que em nada combina com distanciamento social. Reprises de desfiles históricos, "lives" para escolher o samba que será cantado apenas em 2022 e até mesmo uma apuração "fake" em plena Quarta-feira de Cinzas estão no roteiro carnavalesco daqueles que querem matar a saudade da Marquês de Sapucaí e do Anhembi.

Nas madrugadas de sábado e domingo, a Globo vai reprisar desfiles que marcaram época nos sambódromos do Rio e São Paulo - os compactos deverão misturar em um mesmo dia apresentações que ocorreram nas duas cidades, intercalando apresentações mais recentes e outras mais antigas. O "Vale a Pena Ver de Novo" momesco privilegiou desfiles mais recentes de São Paulo - como o da Rosas de Ouro em 2005 ("Mar de rosas", injustiçado em um 7º lugar) e o campeão da Vai-Vai em 2008 ("Acorda Brasil! A saída é ter esperança", sobre o poder da educação).

No Rio, um novo público poderá revisitar o delírio futurista de Fernando Pinto na Mocidade Independente ("Ziriguidum 2001, um carnaval nas estrelas", campeão em 1985) e o protesto de Joãosinho Trinta no clássico "Ratos e Urubus, larguem a minha fantasia", desfile sobre o lixo físico, mental e espiritual da sociedade brasileira. O cortejo da Beija-Flor, vice-campeã, foi eternizado pela imagem do Cristo mendigo, que desfilou coberto, censurado, com a faixa "Mesmo proibido, olhai por nós". "Um evento escandaloso, criativo e profundo", resumiu na época o Jornal da Tarde.

O carnavalesco Milton Cunha e o ator Aílton Graça vão apresentar o programa que vai embalar as madrugadas dos telespectadores da Globo, que poderão escolher, de casa, o campeão em votação na internet. Em suas redes sociais, a Liga Independente das Escolas de Samba de São Paulo (Liga-SP) também promete transmitir um total de 34 desfiles do Grupo Especial e do Grupo de Acesso em uma maratona festiva de 12 a 15 de fevereiro - o revival começa nesta sexta, às 23h15.

"Os marcos da história devem ser sempre lembrados. Um dos marcos de ocupação deste ano, que fez todo mundo ficar dentro de casa, é esse painel fabuloso, cultural, que a TV Globo apresenta no fim de semana, mostrando a força das comunidades de Rio e de São Paulo", disse Milton Cunha ao Estadão. "É importante ver esses 30 desfiles com os olhos da vitrine que isso é para o povo. É o momento de ver o compositor, os passistas, os sambistas de diferentes gerações. Esses programas especiais fazem o Brasil relembrar a força de seu povo a força cultural dessa grande festa."

Time de jurados

No Rio, diante da inércia da Liesa (liga das escolas de samba), coube aos próprios foliões armarem a festa digital no carnaval do coronavírus. Antes de a Globo anunciar a reprise carnavalesca, o canal "Boi com Abóbora" já havia convocado internautas para acompanhar, nas noites de sexta e de sábado (a partir das 21h), a transmissão de desfiles que fizeram história - mas não faturaram o título.

Apenas um carnaval vai ser reprisado tanto na Globo quanto no "Boi": o da Viradouro de 1998, "Orfeu - O negro do Carnaval", marcado pelo refrão que levou a Sapucaí à loucura ("Hoje o amor está no ar/ Vai conquistar seu coração…").

Os jornalistas João Gustavo Melo e Fábio Fabato e o carnavalesco André Rodrigues vão simular uma transmissão "ao vivo", como se aqueles desfiles realmente fossem inéditos e estivessem pela primeira vez cruzando a Avenida. Os áudios foram remixados e até os fogos de artifício e os gritos de guerra dos intérpretes, que costumam sumir da transmissão da Globo, vão ser exibidos.

A brincadeira do "Boi com Abóbora" não termina aí: um time de 40 jurados foi escalado para dar notas, em uma apuração virtual que será transmitida em plena Quarta-feira de Cinzas - com direito à entrega de prêmio para a escola vencedora.

"Estamos chamando a galera para vir junto para que a gente, de alguma forma, promova esse encontro, nem que seja virtual. E a partir desse encontro, fortalecemos os nossos laços - e aguentamos a barra de esperar mais um ano", diz o pesquisador de carnaval João Gustavo Melo.

Enquanto a maioria das escolas decidiu interromper os preparativos dos desfiles do ano que vem, a Estação Primeira de Mangueira preparou um "Viradão do Carnaval Verde e Rosa", com "lives" nos dias 14, 15 e 16, sempre às 15h. A escola vai seguir com a disputa para definir qual samba vai ser cantado em 2022 sobre a homenagem a três ícones da Verde e Rosa: a poesia de Cartola, o canto de Jamelão e a dança de Delegado, lendário mestre-sala da agremiação. Num enredo de três baluartes homens, a Estação Primeira recebeu um recorde de sambas compostos por mulheres - das 51 músicas concorrentes, 11 são assinadas por compositoras.

"A Mangueira não desfila só no carnaval, a Mangueira desfila 365 dias por ano, porque tem todo o trabalho social que fundamenta a essência da escola. A Mangueira é muito mais do que uma escola de samba, é uma escola de vida", afirma Moacyr Barreto, vice-presidente de projetos especiais da agremiação. "Estamos celebrando a vida, mostrando que escola de samba é um quilombo de resistência do dia a dia", finaliza.

Em outra categoria

Não faz muito tempo que Yvonne Strahovski, que interpreta a bela, implacável e complicada Serena em O Conto da Aia (The Handmaid's Tale), foi forçada a assistir a cenas iniciais da crueldade de sua personagem. Claro, Serena estava sendo cruel com a heroína que sofre há muito tempo, June (Elisabeth Moss). Não foi uma experiência agradável de reviver.

"Eu estava morrendo. Queria vomitar! Foi horrível", disse Strahovski em entrevista, ao comentar sobre as filmagens exibidas no painel de um evento. "Voltar e olhar para aquilo foi insuportavelmente chocante." A essa afirmação, os fãs da série provavelmente responderiam: "Nós sabemos, Serena! Nós mesmos passamos pelo inferno e voltamos, por 56 episódios."

Estupros. Enforcamentos em massa. Tiroteios. Tortura. Crianças arrancadas de mães, línguas arrancadas de bocas. E mais. O intenso drama do Hulu (no Brasil, disponível pela Paramount+) sobre um estado totalitário que trata mulheres como propriedade, baseado no romance de Margaret Atwood, pode ter sido brilhante. Mas toda essa luz veio da mais completa escuridão. Então louvado seja, fãs leais: os criadores da série sentiram sua dor. Esta, a sexta e última temporada, está diferente.

Ainda será Gilead. Como o sempre citável Comandante Lawrence de Bradley Whitford diria: "Gilead vai Gileadear". Mas será mais acelerado e mais satisfatório. Haverá catarse e redenção - recompensas por toda essa lealdade dos fãs.

Pode até haver... leveza? Sim. Acredite na própria June. Moss, que não apenas estrela, mas também dirige quatro episódios desta temporada, diz que foi por volta da temporada 4 ou 5 que os criadores perceberam que queriam se afastar "da escuridão excessiva e explícita".

Claro, a série dificilmente se transformou em uma sitcom. "Não seríamos The Handmaid's Tale se não tivéssemos esses momentos sombrios", ela diz. "Seria desonesto." Mas, nota ela, "queríamos trazer mais leveza e humor."

É útil nesse sentido a caracterização inteligente de Whitford como Comandante Lawrence, que lança frases memoráveis como "Serena, você está sofrendo de uma deficiência de ironia?" (um trocadilho entre as palavras da língua inglesa irony e iron, que significa ferro).

Whitford confirma as suspeitas de que ele próprio inventou essa. "Eu conto essa piada há anos", diz ele. "Eu sugeri... e estou muito orgulhoso disso."

A série também está acelerada. Eric Tuchman, showrunner junto com Yahlin Chang, reconhece que as pessoas começaram a achar a produção "difícil de assistir... e isso era, honestamente, como nós, escritores, começávamos a nos sentir."

Então, da forma como passou a evitar a crueldade mais extrema, a série também abandonou o que ele chama de "o ritmo mais lânguido" do passado.

"Tínhamos muitas histórias que queríamos contar em dez episódios", diz Tuchman. "Queríamos que a temporada tivesse uma sensação de momento e fosse propulsiva."

Agora ou nunca

Chang acrescenta: "Era uma coisa do agora ou nunca - esta é a última chance que temos de contar essas histórias com esses personagens". Podemos esperar menos olhares infinitos nos olhos lacrimejantes de June. Há coisas a serem feitas. É hora da decisão: você é bom ou mau?

Vários personagens flertaram com o outro lado, moralmente, na série - boas pessoas fazendo coisas terríveis, pessoas terríveis ocasionalmente fazendo o bem. Agora, é hora de todos tomarem uma posição.

"As pessoas não permanecem as mesmas", diz Moss. "Alguém vai para o lado sombrio, alguém vai para a luz. Mas... você não pode simplesmente avançar, evitando escolher um lado. Em determinado ponto, você tem que escolher."

Claro que sempre soubemos onde June estava, como a bússola moral do programa - mesmo que muitos espectadores ficassem chocados/perplexos/irritados cada vez que ela voltava para Gilead por vontade própria.

Mas June vai ser June, como Lawrence diria. Quando a deixamos, na 5.ª temporada, June acabara de fugir de Toronto, onde a maré estava virando contra os refugiados de Gilead.

Ela embarcou em um trem rumo a oeste, com a bebê Nichole. Então, ouviu o choro de outro bebê, e acabou que Serena, sua antiga torturadora em Gilead, também estava lá, com seu próprio bebê. "Tem uma fralda?", Serena perguntou. Embora o que ocorra nessa viagem seja um spoiler, é seguro dizer que a relação entre June e Serena permanece... Espinhosa.

Redenção

A própria Strahovski não tem certeza se Serena pode se redimir. "Ela se suavizou. Fez escolhas redimíveis. E se houver algum momento mais redimível, pode ocorrer nesta temporada", Strahovski adverte, completando: "Não sei se alguma coisa disso é totalmente perdoável".

E então temos Tia Lydia. O próprio nome provoca terror para aqueles que se lembram das coisas horríveis que ela fez com aquelas aias. Mas Lydia já está mostrando sinais de mudança. (Ela também será central em uma sequência futura, The Testaments, baseada em um romance posterior de Atwood.)

Ann Dowd diz que tudo se resume ao amor - por Janine, sua aia favorita. "O amor muda tudo", diz Dowd. "É a coisa mais poderosa do mundo."

Os atores de O Conto da Aia também mudaram. "Esse papel realmente me empurrou para cantos que eu nunca imaginei", conta Strahovski. "Isso me fez uma atriz melhor, 100%."

Quanto a Moss, ela diz que toda a sua vida profissional mudou nesta série. Não apenas como atriz, mas como diretora e produtora. "Para mim, isso foi enorme", afirma. "Eu amo muito atuar, mas eu precisava de algo mais para me dedicar... Eu queria estar mais envolvida em todos os aspectos do que fazemos, e eu aprendi muito."

Atualidades

O Conto da Aia Tale estreou em 2017, seis meses antes de o movimento #MeToo explodir. Em 2022, Roe vs. Wade (a decisão que assegurou o direito ao aborto nos Estados Unidos) foi anulada.

"Como mulher, agora tenho menos direitos do que quando comecei no programa", diz a showrunner Yahlin Chang. "Eu nunca pensei que perderíamos Roe vs. Wade, mesmo trabalhando no programa... E isso realmente começa a se infiltrar em nossa escrita."

Whitford menciona o dilema das vítimas de estupro grávidas "que não têm acesso a contracepção ou cuidados com aborto, ou ao atendimento médico de que precisam." "Certamente está em nossa consciência", diz ele. "É uma razão pela qual você precisa de uma série como esta, sobre resistência."

Quanto a Moss, ela prefere citar a contínua relevância da história de Atwood, 40 anos depois do lançamento do livro que deu origem à série. "Claro que tinha uma relevância que não se podia ignorar em 2017", ela diz. "Mas eu não sei em que época esse livro e esse material não foram relevantes... Você olha para o programa e pensa, 'Deus, eles estão tentando fazer essa conexão?' Não, eu acho que estamos apenas tentando ser honestos e contar a história dessas pessoas neste lugar, e acontece de ser algo incrivelmente relevante e presente."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O último dia do Big Brother Brasil 25 antes da grande final foi marcado pelo clima de nostalgia. Na noite da segunda-feira, 21, os finalistas Renata, Guilherme e João Pedro assistiram a VTs mostrando suas trajetórias no jogo e receberam mensagens de fãs e torcedores que enviaram vídeos ao reality.

Assim que o programa começou, os brothers foram conduzidos para uma sala especial, com imagens e objetos cenográficos de momentos importantes da temporada. Em seguida, o apresentador Tadeu Schmidt apareceu fantasiado de dummy e surpreendeu os brothers.

O primeiro a conferir a sua retrospectiva no jogo foi Guilherme, que garantiu a vaga na final após vencer uma prova de resistência de quase 12 horas. Ele entrou no programa ao lado da sogra, Joselma, que saiu no 17º Paredão, e teve entre seus aliados Diego Hypolito, Vinicius e Vitória Strada.

O brother ressaltou que os amigos feitos ao longo do programa foram sua maior conquista: "Eu consegui ser um grande irmão para os meus amigos aqui dentro."

E acrescentou: "Eu acho que nunca me ausentei de me posicionar aqui dentro. E acho que meus posicionamentos, muitas vezes, as pessoas concordavam."

Em seguida, foi a vez de João Pedro, que sobreviveu ao último paredão após a eliminação de Vitória. A dupla dele era o irmão gêmeo, João Gabriel, eliminado no 14º Paredão e a quem o brother chamou de "pessoa mais importante da minha vida". Ao longo do jogo, João Pedro venceu quatro provas do líder e levou apenas um voto.

Ele disse que, ao longo do programa, se orgulhou de conseguir dar conselhos para o irmão: "Não faço isso lá fora. E o BBB me tornou essa pessoa. Eu nunca expliquei nada para o meu irmão", disse. "Éramos mais de deixar para lá. Aqui aprendi saber conversar com ele. Foi um dos momentos incríveis."

Por fim, Renata assistiu à trajetória própria no programa. Ela entrou ao lado da melhor amiga, Eva, que saiu no 10º Paredão, e foi protagonista de uma das maiores narrativas do programa, a Vitrine do Seu Fifi, quando ficou exposta em um shopping no Rio. Ao longo do jogo, teve um romance com Maike e embates com Aline e Vitória.

A bailarina exaltou Eva e disse que se emocionou ao ver imagens abraçando a amiga. Em seguida, avaliou sua jornada dentro da casa: "Eu fico feliz com minha trajetória, o tanto que amadureci, que cresci e isso mesmo que eu disse, o quanto me libertei de qualquer vaidade e medo que eu tinha."

Ao final do programa da segunda-feira, os brothers receberam vídeos de fãs ao redor do Brasil declarando torcida e apoio para cada um deles.

A grande final do reality acontece nesta terça-feira, 22. O vencedor vai levar o prêmio de R$ 2.720.000 para casa.

Última eliminada do BBB 25, com 54,52%, Vitória Strada participou do Mais Você, nesta segunda-feira, 21, e falou sobre o rompimento com Camilla e Thamiris. A atriz e as duas irmãs formaram uma aliança ao longo do programa, mas se afastaram após informações reveladas pelo quadro RoBBB Seu Fifi.

Durante a conversa com Ana Maria Braga, Vitória reconheceu que demorou a perceber o comportamento delas. "Tão bobinha eu. A gente não tem o pay-per-view, então eu só tinha o que os meus olhos podiam ver. E ninguém me contava muita coisa", disse. "Na minha vida aqui fora também sou assim, eu não sou de largar nenhum aliado meu na primeira briga, tentativa, e foi o que eu tentei fazer com elas ali. Estava agindo com o que eu tinha, e eu não sabia de todo o resto."

Segundo a atriz, ela passou a perceber o distanciamento das duas após uma votação. Ao comentar sua liderança no jogo, quando dividiu o quarto com Diego Hypolito e Thamiris, Vitória explicou que não conseguiu indicar Camilla ao Paredão, pois preferiu seguir o que sentia.

Ela tentou uma reconciliação com Thamiris, com quem sentia mais "abertura", mas depois que ouviu os relatos do RoBBB Seu Fifi, ficou surpresa com o que descobriu. Após o quadro, afirmou que foi o momento de se priorizar. "Ali eu estava vendo muito mais o lugar do outro do que o meu sentimento", desabafou.

Ao final da entrevista, Vitória refletiu sobre o que faria diferente. "Tenho certeza de que tudo que vivi foi porque eu tinha que aprender alguma coisa. [...] Mas, se a gente está falando objetivamente, talvez ter confiado, me entregado demais para as pessoas", concluiu.