Moldávia aprova adesão à UE com maioria estreita e acusa Rússia de interferência

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Com uma vantagem estreita, a Moldávia votou a favor neste domingo, 21, de continuar o processo de adesão à União Europeia. Sob grande influência russa, 50,39% do país votou a favor da adesão e 49,61% contra, de acordo com os resultados divulgados nesta segunda-feira.

O "não" à adesão esteve na frente até os últimos milhares de votos contabilizados, mas o "sim" prevaleceu após a contagem dos votos do exterior. No fim, a vantagem foi de 11,5 mil votos, em um colégio eleitoral de 2,5 milhões de eleitores. O resultado indica a continuidade da polarização no país, uma ex-república soviética que solicitou a adesão à UE após a Rússia invadir a Ucrânia em 2022, mas que conta com grupos favoráveis ao Kremlin.

A vitória do não teria sido um desastre político para o governo da presidente Maia Sandu, que apoia fortemente a campanha pró-UE. Nesta segunda, Sandu acusou a Rússia de tentar boicotar a votação. "Infelizmente, o sistema de justiça não fez o suficiente para evitar fraudes eleitorais e corrupção", afirmou ela.

Sandu afirmou que a Rússia e os grupos pró-Kremlin intensificaram uma campanha nos últimos dias para desestabilizar o país e atrapalhar a adesão à UE. Ela acusa os grupos pró-Kremlin de comprar votos, disseminar desinformação e de se intrometer nas eleições locais. A Rússia disse que as alegações são mentirosas.

Adesão da Moldávia à UE

A Moldávia solicitou a adesão à UE após a invasão russa na Ucrânia em fevereiro de 2022 e recebeu o status de candidato junto com a Ucrânia no mesmo ano. As negociações de adesão foram iniciadas em junho.

A Comissão Europeia afirmou que identificou na Moldávia "interferência e intimidação sem precedentes da Rússia e seus representantes, com o objetivo de desestabilizar os processos democráticos". O braço executivo da UE disse que apoia a entrada do país no bloco. "Mesmo diante da guerra híbrida da Rússia, a Moldávia mostra que é independente, forte e quer um futuro europeu", declarou a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, após o resultado.

O porta-voz da Comissão Europeia, Peter Stano, afirmou que a alegação de compra de votos, transporte de eleitores e a campanha de desinformação são apenas as formas mais recentes de interferência russa, mas que as tentativas de minar a Moldávia e seu apoio à UE acontecem há meses.

Eleição presidencial

O referendo do domingo foi realizado junto com a eleição presidencial do país. Maia Sandu, presidente eleita em 2021, recebeu 42% dos votos e vai disputar o segundo turno contra Alexandr Stoianoglo, ex-procurador-geral com posições pró-Rússia. O candidato recebeu 26% dos votos, acima do que mostravam as pesquisas eleitorais. Mais de 1,5 milhão de eleitores - cerca de 51% dos eleitores registrados - votaram, segundo a Comissão Eleitoral.

Na avaliação do professor de relações internacionais da Moldávia na Universidade de Oakland, Cristian Cantir, o resultado mostra que as pesquisas anteriores "superestimaram" o sentimento pró-UE na Moldávia e que o referendo não seria aprovado sem os votos da diáspora. "Vai ser particularmente problemático porque vai alimentar narrativas que são promovidas pelo Kremlin e pelas forças pró-russas", declarou.

O porta-voz de segurança nacional dos EUA, John Kirby, também acusou a Rússia de interferir no país. "A Rússia está trabalhando ativamente para boicotar a eleição da Moldávia e sua integração europeia", disse em um comunicado.

A polícia moldava declarou no início de outubro ter descoberto um esquema maciço de compra de votos orquestrado por Ilan Shor, um oligarca pró-Kremlin exilado que atualmente vive na Rússia, que pagou 15 milhões de euros (R$ 92 milhões) a 130 mil pessoas para boicotar a eleição.

Shor negou as acusações, dizendo que os pagamentos eram legais e citando o direito à liberdade de expressão. O partido populista de Shor foi declarado inconstitucional no ano passado e banido do país.

No dia 17, as autoridades moldavas prenderam quatro pessoas acusadas de participar de um treinamento em Moscou, na Sérvia e na Bósnia sobre como criar agitação social em torno da eleição.

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Um princípio de incêndio atingiu o segundo andar no anexo 2-A do Supremo Tribunal Federal (STF) na noite desta segunda, 21. O prédio é onde ficam os gabinetes dos ministros.

Os servidores foram retirados do local. Segundo a assessoria do STF, o fogo atingiu apenas uma sala e já foi controlado. As causas do princípio de incêndio ainda serão apuradas.

A taxa de aprovação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) registrou queda na cidade de São Paulo a seis dias do segundo turno das eleições municipais. No levantamento do instituto Atlas divulgado nesta segunda, 21, o índice de eleitores paulistanos que aprova a gestão do petista à frente do Executivo nacional chegou a 40%, dois pontos porcentuais a menos do que a última pesquisa, de 5 de outubro. O valor estava estabilizado em 42% há dois levantamentos.

Já seu índice de desaprovação apresentou alta de três pontos porcentuais, somando 57%. 3% dos eleitores não souberam responder. É a segunda pesquisa seguida do instituto Atlas que mostra um aumento na insatisfação com a gestão do atual presidente. A taxa não registra queda desde o final de agosto, quando passou de 51% para 50%.

O instituto Atlas entrevistou 2.000 eleitores da cidade de São Paulo entre os dias 15 e 21 de outubro. A margem de erro do levantamento é de 2 pontos porcentuais para mais ou para menos, e o índice de confiança é de 95%. A pesquisa está registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o número SP-02116/2024.

A avaliação positiva da gestão de Lula também caiu entre os eleitores paulistanos. No levantamento anterior, 31% considerava sua maneira de governar como ótima ou boa. No atual, são 26%. O índice de quem avalia seu governo como ruim ou péssimo subiu de 44% para 48%. O cenário é parecido entre os eleitores que consideram a gestão petista como regular: de 25%, no começo do mês, para 26%, agora.

Avaliação da gestão de Nunes à frente da capital paulista melhorou, mas mantém desaprovação acima de taxa de aprovação

Em contrapartida, Ricardo Nunes (MDB), prefeito de São Paulo, registrou melhora nos índices entre o eleitorado paulistano. Em 5 de outubro, o atual prefeito somava 27% de aprovação. Desta vez, o emedebista chegou a 42% - 15 pontos porcentuais de crescimento. Sua taxa de desaprovação passou de 64% para 50%, ainda maior que a aprovação, entre as duas pesquisas. Os que não souberam responder eram 9% e, agora, são 8%.

A avaliação "ótima ou boa" para a gestão de Nunes também registrou aumento. No início do mês, eram 12% que avaliavam seu governo desta maneira. Agora, são 24%. Eram 40% os que consideravam como "regular" a forma de governo do emedebista em 5 de outubro, ante 37% em 21 de outubro. Já os eleitores que disseram que é "ruim ou péssima" a gestão do prefeito são 39%; eram 48% na pesquisa anterior.

Tarcísio também melhora índices de governo entre eleitores paulistanos

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), também testemunhou melhora em seus índices no levantamento atual do instituto Atlas. No início do mês, 46% dos eleitores paulistanos aprovavam seu desempenho, e outros 46% desaprovavam. Hoje, os valores estão em 55% e 40%, respectivamente. Os que não souberam responderem passaram de 8% para 5% entre os dois levantamentos.

Antes, os eleitores que consideram a gestão de Tarcísio como "ótima ou boa" eram 38%; o índice passou para 42% no levantamento desta segunda, 21. Os que declararam que acham "ruim ou péssima" a forma de governar do chefe do Executivo estadual somavam 34% no começo do mês, ante 32% atualmente. A avaliação "regular" também caiu dois pontos porcentuais entre as duas datas: de 28%, para 26%.

O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) decretou nesta segunda-feira, 21,a prisão temporária de um homem de 33 anos, suspeito de envolvimento no atentado contra o prefeito de Taboão da Serra e candidato à reeleição, José Aprígio (Podemos), ocorrido na última sexta-feira, 18.

As investigações da Polícia Civil apontam que o suspeito seria proprietário de um Fiat Siena, utilizado para a fuga dos criminosos. O veículo foi localizado em Osasco, na Grande São Paulo. O nome do envolvido não foi revelado.

Segundo a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP/SP), uma mulher que estava na casa onde o veículo foi encontrado informou que o carro pertencia a seu falecido marido, mas é usado por seu filho. Com isso, o automóvel foi apreendido e o homem passou a ser procurado.

Outro veículo, um Nissan March - de onde os disparos teriam sido efetuados - foi encontrado incendiado no km 21,7 do Rodoanel Norte, também em Osasco. O carro foi apreendido e passou por perícia. No local, a polícia encontrou uma cápsula de projétil de fuzil, que está sendo analisada.

Entenda o caso

Depois de compromissos de campanha, o prefeito foi almoçar na Churrascaria Essência Gaúcha, na avenida marechal Castelo Branco. Dali, saiu com o carro blindado da prefeitura, um Jeep Renegade preto. Quando passava pela pista local da rodovia Régis Bittencourt, a BR-116, um veículo emparelhou e um de seus ocupantes disparou pelo menos cinco vezes em direção ao carro do prefeito. Uma das balas perfurou o vidro da porta traseira. Teria sido esse disparo que acertou a clavícula do prefeito.

Após o atentado, o prefeito Aprígio foi encaminhado à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Akira Tada, em Taboão da Serra, onde recebeu os primeiros socorros. Posteriormente, ele foi transferido para o Hospital Israelita Albert Einstein, na capital paulista.

Segundo o boletim médico divulgado no domingo, 20, Aprígio está estável, consciente e respira sem a ajuda de aparelhos.

Aprígio disputa a reeleição no segundo turno em Taboão da Serra contra o candidato Engenheiro Daniel (União). No primeiro turno, Daniel recebeu 48,98% dos votos válidos e quase se elegeu. O prefeito do Podemos ficou em segundo, com 25,93% dos votos.

Taboão da Serra fica na Grande São Paulo e faz divisa com a zona sul da capital paulista, Embu das Artes e Cotia. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a cidade tem 273.542 habitantes (dados de 2022).

A presidente nacional do Podemos, Renata Abreu, afirmou esperar uma investigação minuciosa para esclarecer os fatos. "O Podemos reitera o repúdio a qualquer forma de violência e reafirma seu compromisso com o respeito, a democracia e o diálogo. Esperamos que o prefeito Aprígio se restabeleça rapidamente e que todas as circunstâncias deste triste episódio sejam esclarecidas o mais breve possível", disse por meio de nota.