Democratas celebram surpreendente pesquisa em Iowa; republicanos criticam sondagem

Internacional
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Os democratas que acompanham a corrida presidencial nos Estados Unidos ganharam um presente neste fim de semana, embora possa ser apenas uma miragem. A pesquisa do De Moines Register com a Mediacon em Iowa, o padrão-ouro das pesquisas de intenções de voto no Estado, mostrou a vice-presidente Kamala Harris à frente do ex-presidente Donald Trump com uma vantagem de três pontos porcentuais.

Foi um resultado chocante para um Estado que ninguém considerava competitivo e aumentou as esperanças democratas de uma mudança de última hora que poderia beneficiar Harris em regiões importantes.

Os democratas esperam que a aparente guinada em direção a Harris registrada pela pesquisa, especialmente entre mulheres mais velhas e independentes, indique uma tendência mais ampla, possivelmente em reação ao recente comício de Trump no Madison Square Garden, em Nova York, no qual alguns participantes fizeram comentários classificados como racistas por críticos.

Os republicanos imediatamente agiram para desacreditar a pesquisa, classificando-a como atípica. O ex-presidente venceu em Iowa por 8 pontos porcentuais em 2020, e não houve campanha presidencial para eleições gerais no Estado ou publicidade significativa.

O presidente do Partido Republicano de Iowa, Jeff Kaufmann, disse no X (antigo Twitter) que o principal patrocinador da pesquisa, o jornal Des Moines Register, e a pesquisadora responsável pela sondagem, Ann Selzer, "perderam qualquer resquício de credibilidade que lhes restava". Ele acrescentou que a pesquisa deveria ser considerada "propaganda" e que Trump vencerá o Estado.

Em um memorando neste domingo, a campanha de Trump chamou a pesquisa de "absurda".

Até os democratas sugeriram que o levantamento deveria ser tratado com cautela, embora a cúpula do partido em Iowa tente aproveitá-lo para motivar os eleitores.

"Esta é apenas uma pesquisa, e o que realmente importa é que os habitantes de Iowa compareçam e façam suas vozes serem ouvidas", disse a presidente do Partido Democrata de Iowa, Rita Hart, a repórteres.

A pesquisa em Iowa captou oscilações significativas em direção a Harris entre alguns grupos de eleitores. Depois de ficarem atrás entre os prováveis eleitores independentes em pesquisas anteriores, esses eleitores favoreceram Harris por 7 pontos porcentuais na nova pesquisa. A mudança foi impulsionada por mulheres independentes, que apoiaram Harris na nova pesquisa com 28 pontos de diferença para Trump.

Por outro lado, uma outra pesquisa, do Emerson College Polling, indicou Trump à frente em Iowa por uma margem de 10 pontos porcentuais.

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O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), defendeu nesta terça-feira, 5, o nome de Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) para sucedê-lo na presidência do Senado no ano que vem. Disse ser uma posição "pessoal" e que a bancada do PSD deve se reunir na próxima terça-feira, 12, para se decidir sobre o assunto.

"Minha posição é clara e conhecida de apoio a Davi Alcolumbre. Ele acabou tendo interrompida sua caminhada na presidência do Senado (em 2021) porque não pôde ser reconduzido naquele momento por uma interpretação do Supremo Tribunal Federal, que nós respeitamos. Ele deseja retornar e tem todo o meu apoio para isso", disse Pacheco na saída do 2º Simpósio da Liberdade Econômica, em Brasília.

Alcolumbre era presidente do Senado e tentava a reeleição em 2021, mas o STF decidiu que a reeleição só seria permitida quando houvesse troca de legislatura.

Pacheco disse que, como presidente do Senado, terá "isenção" no processo, mas não escondeu sua predileção por Alcolumbre, mesmo que seu partido, o PSD, tenha postulantes ao cargo.

A senadora Eliziane Gama (PSD-MA) pretende se candidatar à presidência do Senado. O líder da bancada, Otto Alencar (BA), também tem colocado seu nome na discussão. Essas eventuais candidaturas, no entanto, não devem prosperar e o PSD deve apoiar Alcolumbre.

"Tenho uma preferência pessoal de apoio a Davi Alcolumbre. Por tudo que nós construímos, por tê-lo sucedido com apoio muito veemente do Davi naquele momento (em 2021)", disse Pacheco.

A Ordem dos Advogados do Brasil - seccional São Paulo (OAB-SP) julgará na sexta-feira, 8, um recurso contra o advogado e professor Ives Gandra Martins por suposta incitação de ações golpistas das Forças Armadas. A representação foi apresentada pela Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e pelo Movimento Nacional dos Direitos Humanos (MNDH) por conta de questionário respondido por Gandra em 2017 sobre a "garantia dos poderes constitucionais", referente ao artigo 142 da Constituição Federal.

O documento foi encontrado pela Polícia Federal (PF) no celular do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

O material foi enviado ao então major Fabiano da Silva Carvalho, aluno do segundo ano da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (Eceme), em 2017, e se tornou um dos indícios de que Cid e seus companheiros buscavam argumentos para justificar um golpe de Estado e impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Em um vídeo publicado no Instagram nesta terça-feira, 5, Gandra disse que não conhece Mauro Cid e que o major a quem escreveu a carta sobre sua interpretação do artigo nunca foi seu aluno, apenas um estudante a quem respondeu.

O advogado afirmou que, em 2017, não tinha como saber que Bolsonaro seria eleito e que a "baderna" do 8 de Janeiro seria realizada em Brasília.

Segundo o advogado, as respostas têm "caráter estritamente constitucional" e não "inspiram, influenciam ou instrumentalizam a realização de um golpe de Estado".

Na publicação, Gandra também afirmou que não considera os ataques do 8 de Janeiro como um golpe.

"Sem armas, não pode haver golpe", disse o professor, que comparou o ataque com atos de grupos de esquerda que vandalizaram o Congresso em 2006.

O documento que levou a ação tem uma interpretação jurídica do artigo 142 da Constituição feita pelo professor, dispositivo que regulamenta o papel das Forças Armadas e foi usado por bolsonaristas para justificar uma intervenção militar no País.

"A minha interpretação do 142 sempre foi extremamente deturpada. É um dispositivo não para romper, mas para garantir a ordem democrática", afirmou o jurista em 2023 ao Blog do Fausto. "Se outros interpretaram incorretamente o que eu disse e escrevi, o que eu posso fazer?", disse.

Parlamentares bolsonaristas apostam em uma profusão de projetos de lei sobre a anistia aos condenados do 8 de Janeiro para pressionar pelo avanço da medida. Propostas apresentadas pelos aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro incluem até mesmo a criação de um "Dia Nacional do Preso Político".

O assunto perdeu tração na Câmara após o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), criar uma comissão especial para analisar um projeto que estava avançado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). O novo colegiado tem prazos determinados que precisam ser cumpridos, o que adiou a discussão.

A jogada de Lira teve o objetivo de fazer com que a disputa sobre a anistia aos condenados pela invasão dos três Poderes em 8 de janeiro de 2023, um tema polêmico, não contaminasse as negociações para que Hugo Motta (Republicanos-PB) se eleja seu sucessor em fevereiro.

Integrantes do PL esperam que Motta paute a anistia em sua gestão caso o tema não vá a plenário este ano, mas não há certeza. O PT aposta que o projeto despachado para a comissão especial não avançará. Os dois partidos declararam apoio ao líder do Republicanos.

O texto que prevê a criação do "Dia Nacional do Preso Político" aguarda indicação de relator na Comissão de Cultura da Câmara. No Senado, há uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) na CCJ que também aguarda designação de relatoria, além de outros projetos de lei sobre o tema.