Premiê da Hungria prevê que futuro governo Trump irá encerrar ajuda dos EUA à Ucrânia

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O primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, afirmou nesta sexta-feira, 8, que a Ucrânia já perdeu a guerra que vem travando contra a Rússia e previu que o presidente eleito dos EUA, Donald Trump, deverá acabar com o apoio de Washington ao governo ucraniano.

Orbán é o anfitrião de uma reunião de cúpula de dois dias na capital húngara, Budapeste, na esteira da vitória eleitoral de Trump.

A questão da guerra na Ucrânia estará no topo da agenda de um encontro dos 27 líderes da União Europeia (UE), nesta sexta-feira.

A maioria deles defende que continuar fornecendo armas e assistência financeira a Kiev é fundamental para a segurança do continente.

Orbán, que é próximo tanto de Trump quanto do presidente russo, Vladimir Putin, reiterou a uma rádio estatal sua posição de longa data de que seja declarado um cessar-fogo imediato e disse acreditar que o republicano dará fim ao conflito.

"Se Donald Trump tivesse vencido em 2020 nos EUA, esses dois anos de pesadelo não teriam acontecido, não teria ocorrido uma guerra", disse Orbán. "A situação é óbvia, houve uma derrota militar. Os americanos vão sair dessa guerra," acrescentou. Fonte: Associated Press.

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Em uma declaração conjunta divulgada nesta sexta-feira, 8, parlamentares da 10ª Cúpula dos Parlamentos do G20 defenderam uma "reforma da governança global" e uma "nova ordem financeira". O documento é intitulado "Parlamentos por um Mundo Justo e um Planeta Sustentável".

Dos integrantes do G20, participaram do evento: África do Sul, Arábia Saudita, Argentina, Brasil, Canadá, China, França, Índia, Indonésia, Itália, México, Reino Unido, República da Coreia, Rússia, Turquia, União Europeia e União Africana. Apenas a Argentina se desvinculou da declaração.

"Reafirmamos a necessidade de reformas abrangentes para tornar as instituições de governança global mais transparentes, responsáveis, eficazes, eficientes, inclusivas, democráticas e representativas, refletindo as realidades e demandas do século XXI", dizem.

O documento continua: "O Pacto para o Futuro, adotado em setembro de 2024, é uma importante contribuição para a reforma das Nações Unidas, inclusive revigorando a Assembleia Geral, reformando o Conselho de Segurança, fortalecendo o Conselho Econômico e Social e a Comissão para Consolidação da Paz".

No texto, os parlamentares endossaram o "Chamado à Ação sobre a Reforma da Governança Global", da 2ª Reunião dos Ministros de Relações Exteriores realizada em setembro deste ano, sob a presidência do Brasil.

"Reconhecemos que os membros do G20 devem desempenhar um papel fundamental na construção de uma arquitetura financeira internacional mais estável, eficaz, representativa e equilibrada que atenda à necessidade de elevar a voz dos países em desenvolvimento no processo decisório, refletindo o mundo do século XXI", diz a declaração.

O texto prossegue: "A nova ordem financeira global deve fortalecer a resiliência e a transparência das instituições financeiras em nível nacional, regional e global, tornando-as mais sensíveis às necessidades reais das populações".

Os parlamentares também defendem uma reforma na Organização Mundial do Comércio (OMC): "Enfatizamos a necessidade de integrar a dimensão do desenvolvimento da OMC, especialmente por meio do processo de reforma da OMC e de fazer com que o princípio do tratamento especial e diferenciado atenda melhor às necessidades dos membros e desenvolvimento, incluindo os países menos desenvolvidos".

Outro ponto é a defesa da criação de novos bancos multilaterais e de padrões internacionais sobre o uso de novas tecnologias. Há ainda manifestações sobre a necessidade de financiar "transições energéticas justas" e de implementar planos de ação para o combate à fome e à desigualdade de gênero.

Aos participantes do P20, foi entregue a Carta de Alagoas, elaborada em julho por deputadas e senadoras de 26 países, após um encontro em Maceió. O documento trata de recomendações para a igualdade entre homens e mulheres.

O P20 antecedeu a reunião do G20, marcada para 18 e 19 de novembro, no Rio de Janeiro. O evento terá a participação dos chefes de Estado dos países que integram o grupo.

A defesa do desembargador Ivo de Almeida, afastado do Tribunal de Justiça de São Paulo na Operação Churrascada - investigação sobre suposto esquema de venda de sentenças na Corte paulista -, avalia ter encontrado no próprio relatório final do inquérito da Polícia Federal trechos que podem ajudar a derrubar acusações que pesam contra ele, a principal delas por corrupção passiva.

Em uma passagem, o documento diz. "Em que pese não haver confirmação do pagamento e da decisão favorável ao habeas corpus (...) há elementos nos autos que confirmam a consumação dos crimes de corrupção passiva e ativa."

A cargo dos criminalistas Átila Machado e Luiz Augusto Sartori de Castro, a defesa do desembargador estuda usar essas conclusões da PF para tentar neutralizar suspeitas e recolocar Ivo de Almeida em sua cadeira de presidente da 1.ª Câmara de Direito Criminal do TJ, da qual ele está afastado desde junho, por ordem do ministro Og Fernandes, relator da Operação Churrascada no Superior Tribunal de Justiça.

"O desembargador Ivo de Almeida foi indiciado sem que houvesse confirmação de pagamentos (de propinas)", assinala Átila Machado. "Não existiram pagamentos. E a própria Polícia Federal confirma em sua investigação que nenhuma decisão foi proferida (por Ivo) em plantão."

O ponto central da investigação, que dá o nome Churrascada à operação, são as palavras 'picanha' e 'carne' - a PF acredita que eram senhas que teriam sido usadas por advogados, lobistas e intermediários como referência aos períodos em que Ivo estaria no plantão do TJ, o que, segundo os investigadores, ampliaria a possibilidade de a organização criminosa obter decisões favoráveis em pedidos de habeas corpus para traficantes, assaltantes e falsários.

Após confrontar o que considera negociações ilícitas em 'circunstâncias' como 'comportamentos e personalidades dos investigados, inclusive do magistrado', a PF mapeou quatro casos em que teria ocorrido venda de sentenças, em seu entendimento.

Um capítulo que a PF analisou é o de Lívia Carnicer Sacoman, condenada a 8 anos e quatro meses de prisão sob acusação de furto mediante fraude, por 158 vezes, causando prejuízos de R$ 3,1 milhões. Como mostrou o Estadão, foi nesse processo que os investigados teriam usado a senha 'picanha' para se referir à venda de sentença.

Dois personagens, Valmi Lacerda Sampaio e Wilson Vital de Menezes Júnior, seriam o elo do desembargador com o esquema - o primeiro deles, já falecido, era dono de um posto de gasolina onde seria lavado dinheiro de propinas.

O posto fica localizado à rua Conselheiro Furtado, no bairro da Liberdade, próximo ao prédio-sede das câmaras de direito criminal do TJ.

No relatório final da Operação, que levou ao indiciamento de Igor, o delegado federal André Luiz Barbieri (Delegacia de Repressão a Corrupção e Crimes Financeiros da PF em São Paulo) assinalou que o desembargador e os intermediários "mantiveram, por três anos, conversas delirantes, esquizofrênicas e sem amparo na realidade, acreditando que estavam comprando e vendendo decisões ilusórias".

Os agentes federais destacam "indícios de que, ao informar, insistentemente, que haveria o tal 'churrasco' nos sábados em que seria o plantão judiciário de Ivo, Valmi estaria agindo conjuntamente com o próprio desembargador, caracterizando a solicitação de vantagem indevida". Mas reconhecem, em seguida. "Ainda que nenhuma decisão tenha sido proferida."

"A análise deste último (Ivo de Almeida) foi corroborada, em especial, pelas conversas registradas em seus dois aparelhos celulares apreendidos, encontros presenciais frequentes e pela vultosa movimentação financeira em espécie sem origem comprovada", diz um trecho do documento subscrito pelo delegado André Luiz Barbieri.

Em um outro episódio, de estelionato e roubo - antecipado pelo Estadão - a PF entende que há elementos que endossam a consumação dos crimes de corrupção passiva e ativa "em que pese não haver confirmação do pagamento e da decisão favorável".

Durante as investigações, Wilson Menezes Júnior alegou à PF que "nunca repassou pedidos de processos ao desembargador".

A PF diz que localizou uma mensagem no celular de Ivo, na qual Wilson "encaminha ao magistrado um mandado de prisão relacionado a um processo que o próprio desembargador atuava em segunda instância, corroborando com os indícios de que ambos tratavam de assuntos escusos de processos judiciais".

O relatório final da Operação Churrascada assinala, ainda, que a investigação não encontrou "qualquer registro de transferência bancária da conta do posto de gasolina (de Valmi)" a Ivo de Almeida. Mesmo assim, os investigadores imputam ao magistrado corrupção e lavagem sob o argumento de que, em meses seguintes à suposta negociação de decisões judiciais, Ivo pagou seis faturas do cartão de crédito, todas com uma média de R$ 20 mil, com recursos em espécie, "o que não ocorria até então".

Um outro caso citado nos autos da Operação Churrascada levou ao indiciamento de um narcotraficante internacional, Romildo Hosi, apontado como homem de confiança de Fernandinho Beira-Mar, chefão do crime organizado que cumpre pena em presídio federal de segurança máxima.

Hosi foi condenado a 39 anos de prisão por tráfico de cocaína. Neste caso, a suspeita era que a propina negociada teria sido de R$ 1 milhão em troca da concessão de um habeas corpus para soltar o traficante.

A PF diz que a consumação do crime de corrupção passiva se deu com a aceitação da promessa de vantagem indevida.

"Os investigados ficaram meses negociando apenas quando seria o momento oportuno para se dar o protocolo do recurso judicial, mas a aceitação da promessa por Ivo de Almeida já teria ocorrido desde o início. O protocolo ainda não tinha sido realizado pois a situação estava complicada com a notícia da soltura do traficante André do Rap, bem como a necessidade de alteração do presídio de destino que deveria ser Cuiabá (MT) e não mais Campo Grande (MS)", sustentam os investigadores em referência ao líder do PCC que foi solto há alguns anos pelo então ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal.

O inquérito diz que Wilson Junior, suposto intermediário do grupo com o magistrado, cobrava documentos dos advogados de Hosi, o que, na avaliação da PF, confirma que a aceitação da propina já havia ocorrido.

Nesse trecho, o relatório cita o nome de outro investigado, o advogado Luís Pires Moraes Neto, que teria viajado ao Paraguai para pegar R$ 1 milhão supostamente destinados ao magistrado.

Não há indícios de que o dinheiro tenha sido pago, mas a PF frisa que, "em nenhum momento, a oferta de Luís Pires e Wellignton Pires da Silva (advogados de Hosi) foi recusada" pelo desembargador, através de Wilson.

"Para caracterizar a anuência da proposta indecente não é necessária uma resposta explícita do funcionário público, especialmente quando este ocupa cargo em alto escalão do Poder Judiciário. No caso em análise, o comportamento de Ivo de Almeida, através de Wilson Júnior, indica a anuência tácita ou sub-reptícia da proposta indevida", diz a PF.

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou nesta quinta-feira, 7, que não há nomes à direita, senão o dele, para a disputa à Presidência da República de 2026. "Só depois que eu estiver morto. Antes de eu morto, politicamente não tem nome", disse Bolsonaro. Para o ex-presidente, a direita "não tem dono", mas sim "um líder", posto ocupado por ele de forma "incontestável".

O ex-presidente desautorizou o nome de seu ex-ministro da Infraestrutura, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo. Para Bolsonaro, seu aliado não é um nome viável para a próxima disputa presidencial, pois é um "líder maior" somente no Estado de São Paulo. "É um grande líder no Estado, verdade... Ninguém vai me provocar", disse o ex-presidente.

A declaração do ex-presidente de que segue sendo o líder "incontestável" da direita ocorre na esteira das eleições 2024. A autoridade do ex-presidente como cabo eleitoral foi desafiada por nomes como o do empresário e influenciador Pablo Marçal (PRTB), que terminou a disputa pela Prefeitura de São Paulo em terceiro lugar e ameaçou a candidatura de Ricardo Nunes (MDB), nome apoiado pelo partido de Bolsonaro.

O aval do ex-presidente também foi colocado à prova em Goiânia, onde seu candidato, o ex-deputado estadual Fred Rodrigues (PL), foi derrotado por Sandro Mabel (União Brasil), ex-deputado federal que obteve o apoio do governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil). Caiado é cotado como postulante ao Planalto em 2026.

Bolsonaro se coloca no páreo para a sucessão presidencial, mas acumula duas penas de inelegibilidade do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e não pode disputar cargos eletivos até 2030. O ex-presidente espera a aprovação de uma anistia do Congresso para participar do pleito.

Em junho de 2023, o TSE condenou Bolsonaro por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação, pela reunião com embaixadores na qual o então presidente atacou, sem apresentar provas, as urnas eletrônicas e o sistema eleitoral do País. Três meses depois, em outubro, o ex-chefe do Executivo foi condenado pela Justiça Eleitoral mais uma vez, por abuso de poder político durante o feriado de Dia da Independência em 2022. Os ministros concluíram que ele usou a data cívica para fazer campanha.

Bolsonaro acumula duas penas por inelegibilidade, mas não há soma no tempo das condenações. O prazo segue até 2030, oito anos após 2022.

Em 29 de outubro, Bolsonaro afirmou que a viabilidade eleitoral de um líder de direita senão ele é uma "utopia", pois não há integrantes desse campo político que saibam "a linguagem do povo" como ele. "Já tentaram várias vezes e não conseguiram. Esses caras juntam quantas pessoas no aeroporto num bate-papo?", afirmou Bolsonaro.

Além de Tarcísio e de Caiado, o nome do governador mineiro Romeu Zema (Novo) também é cotado para a próxima eleição presidencial.