Rebeldes tomam 4ª maior cidade da Síria e ficam a 200 quilômetros de Damasco

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Forças rebeldes tomaram nesta quinta-feira, 5, Hama, a quarta maior cidade da Síria, e se posicionaram a 200 quilômetros de Damasco. Em mensagem de vídeo, Abu Mohamed al-Jawlani, líder do grupo Hayat Tahrir al-Sham (HTS), que comanda a ofensiva, pediu que os insurgentes avancem em direção a outras partes do país, incluindo a capital.

"Povo de Homs, prepare-se", disse ele no vídeo. "Povo de Damasco, povo de Dara'a, povo de Deir al-Zour. Vitória para todos, se Deus quiser." O repentino avanço mudou as linhas de frente da guerra civil pela primeira vez em vários anos, aumentando a imprevisibilidade de um conflito que devastou o país.

Desafio

Hama era uma das poucas grandes cidades que os rebeldes ainda não haviam controlado na guerra civil, que começou em 2011. Analistas atribuíram o avanço surpreendente ao desgaste da guerra e ao fato de os aliados do ditador sírio, Bashar Assad - Rússia, Irã e Hezbollah -, estarem ocupados com suas próprias crises.

O Hezbollah, apoiado pelo Irã, está envolvido em uma guerra contra Israel, que matou muitos de seus líderes. A Rússia, que continua bombardeando os rebeldes na Síria, está com sua atenção voltada para a Ucrânia.

Os rebeldes por trás da ofensiva são uma combinação de forças lideradas pelo HTS, uma dissidência da Al-Qaeda, de quem o grupo garante ter se afastado, mas ainda é classificado como um grupo terrorista pelos EUA. Grupos apoiados pela Turquia também se juntaram à luta.

Financiamento

Embora o avanço tenha pegado o governo sírio e muitos observadores de surpresa, os rebeldes estavam se preparando para isso havia algum tempo. Sam Heller, pesquisador da Century Foundation, que estuda a Síria, disse que a posição do HTS, de controle sobre a Província de Idlib, que faz fronteira com a Turquia, deu ao grupo a oportunidade de cobrar taxas sobre o comércio e outros serviços, aparentemente destinadas à preparação da ofensiva.

"Eles foram sitiados em Idlib, mas com espaço para se organizar e treinar, e acumularam muitos recursos do comércio e de atividades econômicas na área", disse. "E parece que eles investiram isso de forma responsável."

A queda de Hama foi confirmada pelo Exército de Assad, que tentou passar a impressão de que o conflito foi feroz. Os soldados sírios, de acordo com uma declaração oficial, teriam lutado por vários dias, matando vários rebeldes, mas se retiraram para evitar batalhas dentro da cidade que colocariam em risco os civis.

O Observatório Sírio para os Direitos Humanos, grupo com sede em Londres, que faz monitoramento da guerra, disse que os rebeldes haviam tomado a sede do comando da polícia, uma base aérea e a prisão, de onde libertaram centenas de pessoas. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), revogou as medidas cautelares contra o padre José Eduardo de Oliveira e Silva. Ele foi investigado e indiciado pela Polícia Federal (PF) no inquérito sobre tentativa de golpe de Estado, mas ficou de fora da denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR).

A decisão de Moraes foi divulgada nesta terça-feira, 18, e atende a um pedido da defesa do sacerdote. O ministro escreveu que, uma vez que José Eduardo não foi citado na denúncia, "não estão mais presentes os requisitos necessários à manutenção das medidas cautelares anteriormente impostas".

Foram retiradas as seguintes proibições:

- Proibição de manter contato com demais investigados;

- Proibição de se ausentar do País;

- Proibição de participação em cerimônias, festas ou homenagens realizadas no Ministério da Defesa, na Marinha, na Aeronáutica, no Exército e nas polícias militares.

Também ficou determinada a devolução do passaporte e dos bens que haviam sido apreendidos pela PF. "Há ausência de interesse na manutenção da apreensão dos bens apreendidos em posse de José Eduardo de Oliveira e Silva, pois a perícia e análise dos dados já foram realizadas pela Polícia Federal", ressaltou o ministro.

Na terça-feira, o sacerdote publicou uma nota de sua defesa sobre a retirada das medidas. "Como sempre se alegou desde o princípio, a colocação do sacerdote nos autos do referido processo se deu em face de uma série de equivocadas interpretações e fantasiosos relatos".

O advogado de José Eduardo, Miguel Vidigal, afirma estar "seguro que o processo se encaminhará para o total arquivamento".

Perfil

O padre José Eduardo atua na diocese de Osasco, na Grande São Paulo e fez doutorado em Teologia Moral pela Pontifícia Universidade da Santa Cruz, em Roma, na Itália, em 2012.

Nascido em Piracicaba (SP), ele foi ordenado sacerdote em 2006. Atualmente, tem mais de 437 mil seguidores nas redes sociais e é considerado uma figura influente entre grupos conservadores católicos.

Ele havia sido apontado como integrante do núcleo jurídico do esquema, no âmbito do inquérito da PF. Em seu aparelho celular apreendido, a PF afirmou ter encontrado mensagem em que Oliveira pedia orações aos militares golpistas, que ficou conhecida como "oração do golpe".

No texto, o religioso pedia: "que Deus lhes dê a coragem de salvar o Brasil, lhes ajude a vencer a covardia e os estimule a agir com consciência histórica e não apenas como funcionários públicos de farda".

Ele teria encaminhado a mensagem a Gilson da Silva Pupo Azevedo, o frei Gilson, que ganhou notoriedade nas últimas semanas por ter virado objeto de uma "batalha" virtual entre bolsonaristas e governistas. Pelo WhatsApp, o padre José Eduardo pedia ao frei que a oração fosse repassada apenas a "pessoas de estrita confiança".

Na nota publicada nas redes sociais do religioso, a defesa destaca que "o pedido de orações feito pelo sacerdote a outros religiosos foi um entre os inúmeros que ele faz e fez ao longo da vida, inclusive para todos os governantes, atuais e pretéritos".

O Supremo Tribunal Federal (STF) já tem cinco votos para rejeitar recursos do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e dos generais Walter Braga Netto e Mário Fernandes que querem excluir os ministros Alexandre de Moraes, Flávio Dino e Cristiano Zanin do julgamento da denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) sobre a suposta tentativa de golpe de Estado.

Votaram para manter os ministros no julgamento o presidente da Corte e relator, Luís Roberto Barroso, Gilmar Mendes, Dias Toffoli, Alexandre de Moraes, Flávio Dino e Cristiano Zanin - os ministros envolvidos nos pedidos não votaram nas análises dos próprios impedimentos.

A Câmara dos Deputados definiu nesta terça-feira, 18, os partidos que vão comandar cada uma das 30 comissões permanentes da Casa. O PL, do ex-presidente Jair Bolsonaro, ficou com a presidência de cinco colegiados - mais que qualquer outra sigla - e conseguiu escolher os dois que mais o interessavam.

Como adiantou o Estadão, o PL abriu as escolhas optando pela Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (Creden) e a Comissão de Saúde. O partido ainda optou pelos colegiados de Agricultura, Segurança e Turismo.

O líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), pretendia indicar o deputado Eduardo Bolsonaro (SP) para presidir a Creden. Porém, Eduardo se licenciou temporariamente do mandato parlamentar nesta terça.

A Comissão de Saúde, por sua vez, é que mais controla as emendas de comissão. Em 2024, o colegiado teve uma fatia de R$ 4,5 bilhões do Orçamento.

Como era esperado pelo acordo firmado pelo ex-presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL) e mantido pelo novo chefe, Hugo Motta (Republicanos-PB), o União Brasil vai comandar a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). O colegiado é o mais importante dentre todos da Casa, pois emite pareceres finais para todos os projetos de lei e propostas de emenda à Constituição (PEC).

A Federação Brasil da Esperança, que integra o PT, do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, além de PCdoB e PV, ficou com quatro comissões. Os colegiados são Fiscalização e Controle, Finanças e Tributação, Direitos Humanos e Cultura.

Os partidos escolheram as comissões conforme os tamanhos das bancadas na Casa. O PL, que tem 92 parlamentares, teve o direito do maior número de opções, além das prioridades. Partidos com poucos deputados como o PSOL, PRD, Avante e Solidariedade ficaram com somente um e tiveram que escolher as últimas opções.