Trump pede cessar-fogo imediato na Ucrânia e não descarta retirar EUA da Otan

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Donald Trump pressionou neste domingo, 8, o líder russo Vladimir Putin a agir para alcançar um cessar-fogo imediato com a Ucrânia, descrevendo-o como parte de seus esforços ativos como presidente eleito para acabar com a guerra. "Zelenski e a Ucrânia gostariam de fazer um acordo e acabar com a loucura", escreveu Trump no seu perfil no Truth Social, referindo-se ao presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski.

Em uma entrevista de televisão que foi ao ar neste domingo, Trump também disse que estaria aberto a reduzir a ajuda militar à Ucrânia e a retirar os Estados Unidos da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). Essas são duas ameaças que alarmaram a Ucrânia, os aliados da Otan e muitos membros da comunidade de segurança nacional dos EUA.

Questionado no programa Meet the Press, da NBC, se estava trabalhando ativamente para acabar com a guerra de quase três anos na Ucrânia, Trump disse: "Estou".

Ele se recusou a dizer se havia conversado com Putin desde que venceu a eleição em novembro. "Não quero dizer nada sobre isso, porque não quero fazer nada que possa impedir a negociação", disse Trump.

Ações em busca do cessar-fogo começaram antes da posse

O apelo de Trump por um cessar-fogo imediato foi além das posições de política pública adotadas pelo governo Biden e pela Ucrânia e atraiu uma resposta cautelosa de Zelenski. Isso também marca a entrada incomum de Trump nos esforços, antes de sua posse em 20 de janeiro, para resolver uma das principais crises globais enfrentadas pelo governo Biden.

Trump fez sua proposta após uma reunião de fim de semana em Paris com líderes franceses e ucranianos, onde muitos líderes mundiais se reuniram para comemorar a restauração da Catedral de Notre-Dame, após um incêndio devastador. Nenhum dos assessores que viajaram com ele parecia ter conhecimento especializado sobre a Ucrânia.

Kiev gostaria de fechar um acordo, escreveu Trump no Truth Social. "Deveria haver um cessar-fogo imediato, e as negociações deveriam começar".

"Eu conheço bem Vladimir. Este é o momento de ele agir. A China pode ajudar. O mundo está esperando", acrescentou Trump. Ele estava se referindo aos esforços de mediação da China que muitos no Ocidente consideraram favoráveis à Rússia.

Zelenski descreveu suas discussões de sábado com Trump como "construtivas", mas não deu mais detalhes. Ele advertiu que a Ucrânia precisa de uma "paz justa e sólida, que os russos não destruam em poucos anos".

"Quando falamos sobre uma paz efetiva com a Rússia, devemos falar, antes de tudo, sobre garantias efetivas de paz. Os ucranianos querem a paz mais do que qualquer outra pessoa. A Rússia trouxe a guerra para nossa terra", disse ele neste domingo em um post no aplicativo de mensagens Telegram.

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, respondeu à publicação de Trump repetindo a mensagem de longa data de Moscou de que a Rússia está aberta a conversações com a Ucrânia. Peskov fez referência a um decreto de Zelenski de outubro de 2022 que declarava "impossível" a perspectiva de quaisquer negociações enquanto Putin fosse o líder da Rússia.

Esse decreto veio depois que Putin proclamou quatro regiões ocupadas da Ucrânia como parte da Rússia, no que Kiev e o Ocidente disseram ser uma clara violação da soberania ucraniana.

Ex-conselheiro de Trump diz que não há solução rápida

O ex-conselheiro de segurança nacional de Trump, o militar aposentado H. R. McMaster, alertou que não existe uma solução rápida para acabar com a guerra da Rússia com a Ucrânia. "O que me preocupa é esse tipo de ideia falha de que Putin pode ser aplacado, que chegará a algum tipo de acordo", disse McMaster à Fox News Sunday.

"Acho que é muito importante que o presidente Trump siga seu instinto nessa questão... paz por meio da força", disse McMaster, acrescentando: "Que tal dar a eles o que precisam para se defender e depois dizer a Putin: 'Você vai perder essa guerra?'"

Embora Trump já tenha dito anteriormente que gostaria de ver um cessar-fogo rápido na Ucrânia, sua proposta no domingo foi enquadrada como um apelo direto à Rússia. As respostas rápidas da Ucrânia e da Rússia demonstraram a seriedade com que consideraram a ideia do presidente americano eleito.

Tanto Trump quanto o presidente Joe Biden apontaram, neste fim de semana, o desengajamento da Rússia na Síria, onde os militares russos saíram do caminho enquanto os rebeldes sírios derrubavam o presidente do país, aliado da Rússia, como evidência da extensão em que a guerra da Ucrânia esgotou os recursos da Rússia.

Biden disse na Casa Branca neste domingo que a resistência da Ucrânia "deixou a Rússia incapaz de proteger seu principal aliado no Oriente Médio".

O governo Biden e outros apoiadores da Ucrânia fizeram questão de não pressionar a Ucrânia por uma trégua imediata. Os aliados da Ucrânia temem que um acordo rápido seria, em grande parte, nos termos de seu vizinho mais poderoso, potencialmente forçando concessões prejudiciais à Ucrânia e permitindo que a Rússia retome a guerra novamente, uma vez que tenha recuperado sua força militar.

Trump se apresenta como capaz de fazer acordos rápidos para resolver conflitos na Ucrânia e no Oriente Médio que frustraram muitos dos esforços de mediação do próprio governo Biden.

Não há nenhuma proibição de que as novas autoridades ou os nomeados se reúnam com autoridades estrangeiras, e é comum e bom que eles façam isso - a menos que essas reuniões tenham o objetivo de subverter ou afetar de alguma forma a política atual dos EUA.

A Lei Logan impede que cidadãos particulares tentem intervir em "disputas ou controvérsias" entre os Estados Unidos e potências estrangeiras sem a aprovação do governo. Mas o estatuto de 1799 produziu apenas dois casos criminais, nenhum desde a década de 1850 e nenhum resultou em uma condenação criminal.

Trump afirma que não vê "participação contínua" dos EUA na Otan

Na entrevista à NBC gravada na sexta-feira, 6, Trump renovou sua advertência aos aliados da Otan de que ele não via a participação contínua dos EUA na aliança militar ocidental como um dado certo em seu futuro governo.

Trump há muito se queixa de que os governos europeus e canadense do bloco de defesa mútua estão se aproveitando dos gastos militares dos EUA, de longe o parceiro mais poderoso da Otan.

A Otan e seus governos membros dizem que a maioria dos países do bloco está agora atingindo metas voluntárias de gastos militares, em parte devido à pressão de Trump em seu primeiro mandato. Questionado se consideraria a possibilidade de sair da Otan, Trump indicou que essa era uma questão em aberto. "Se eles estiverem pagando suas contas e se eu achar que eles estão nos tratando de forma justa, a resposta é absolutamente que eu permaneceria na Otan", disse ele.

Mas, caso contrário, perguntaram-lhe se ele consideraria a possibilidade de retirar os EUA da aliança. Trump respondeu: "Com certeza. Sim, com certeza". Com informações da Associated Press.

i>*Este conteúdo foi traduzido com o auxílio de ferramentas de Inteligência Artificial e revisado pela equipe editorial do Estadão. Saiba mais em nossa Política de IA.

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O Diretório Nacional do Cidadania decidiu, por unanimidade, romper a federação com o PSDB. A decisão confirma a deliberação da Executiva Nacional, que no mês passado já havia votado pelo fim da aliança com os tucanos.

"A federação é passado; vamos em frente, retomando o protagonismo de nossa identidade, que deve apontar para onde o Cidadania pretende caminhar", disse o presidente nacional Comte Bittencourt durante evento da sigla em Brasília neste domingo, 16.

A federação vigora desde as eleições de 2022, mas, nos bastidores, integrantes do Cidadania reclamam que o partido perdeu espaço e ficou em segundo plano diante da preponderância do PSDB, como revelou a Coluna do Estadão. O partido afirma que a aliança com os tucanos levou à perda de deputados estaduais e federais, além de vereadores e prefeitos.

Comte Bittencourt afirmou que o partido precisa de "sabedoria, tranquilidade e equilíbrio" para definir se disputará a próxima eleição sozinho ou se buscará uma nova federação dentro do campo democrático. Entre as siglas em negociação está o PSB.

A direção nacional pretende se reunir com os dirigentes estaduais ao longo do próximo mês para discutir os possíveis cenários. O partido destaca como bandeiras essenciais a defesa da democracia, a urgência de medidas contra a crise climática e o combate a privilégios, como os supersalários.

Na matéria divulgada anteriormente, havia uma incorreção no título. Segue a versão corrigida.

A deputada federal Silvia Waiãpi (PL-AP), que perderá o mandato após decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) nesta quinta-feira, 14, afirmou que é vítima de preconceito. Silvia é conhecida como a "indígena do Bolsonaro" e, junto a outros seis deputados, terá que deixar a Câmara dos Deputados.

"Essa decisão retira uma mulher do Norte, filha do Amapá, representante da Amazônia e indígena, que desde o início do mandato tem sofrido ataques e perseguições políticas. A discriminação contra parlamentares da nossa região não pode ser normalizada", afirmou Silvia, em nota.

A deputada federal é da etnia Waiãpi que está distribuída no Amapá, Pará e na Guiana Francesa. Ela era tenente do Exército e foi nomeada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para chefiar a Secretaria Nacional de Saúde Indígena (Sesai).

Silvia sugeriu ainda que a decisão mostra que o STF não quer uma "mulher indígena de direita" e que luta pela "igualdade sem vitimismos". "Eu defendo o Brasil e a sua soberania como nação. Isso não é comum, é assustador para muitos", completou.

Em junho do ano passado, Silvia ficou conhecida após ter o mandato cassado pelo Tribunal Regional Eleitoral do Amapá (TRE-AP) por utilização de verba pública de campanha eleitoral para procedimento de harmonização facial durante as eleições de 2022. Como a decisão do TRE-AP cabia recurso no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ela não deixou a Câmara.

Além de Waiãpi, os deputados que perderam o mandato foram Augusto Puppio (MDB-AP), Gilvan Máximo (Republicanos-DF), Lázaro Botelho (PP-TO), Lebrão (União-RO), Professora Goreth (PDT-AP) e Sonize Barbosa (PL-AP).

O Estadão procurou os seis deputados que perderam o mandato junto com Silvia, mas não havia obtido retorno até a publicação deste texto. O espaço segue aberto.

Cabe agora ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) refazer os cálculos para definir quem assume os mandatos. De acordo com cálculos feitos pela Rede, o PSB e os Podemos, os novos parlamentares serão Aline Gurgel (Republicanos-AP), André Abdon (PP-AP), Paulo Lemos (Psol-AP),Professora Marcivânia (PCdoB- AP), Rafael Bento (Podemos-RO), Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) e Tiago Dimas (Podemos-TO).

O Estado do Amapá, de Silvia, tem oito parlamentares e metade vai ser renovada por conta da decisão do STF. Os quatro novos deputados são aliados políticos do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP).

Em fevereiro do ano passado, o STF decidiu que todos os candidatos e partidos podem concorrer às sobras eleitorais. Os ministros derrubaram cláusulas, aprovadas em 2021, que condicionaram a distribuição das sobras ao desempenho dos partidos e exigiam um percentual mínimo de votação nos candidatos. A maioria da Corte entendeu que os filtros violam os princípios pluralismo político e da soberania popular.

O que ocorreu nesta quinta foi que o tribunal entendeu que a decisão tem efeitos retroativos, ou seja, afeta quem foi eleito com base nos critérios anulados. Votaram nesse sentido os ministros Gilmar Mendes, Alexandre de Moraes, Kassio Nunes Marques, Flávio Dino, Dias Toffoli e Cristiano Zanin.

A maioria do Supremo considerou que a Corte não poderia chancelar os mandatos de parlamentares eleitos com base em uma regra considerada inconstitucional. Caso contrário, deputados que deveriam estar nos cargos seriam prejudicados.

Por outro lado, os ministros Cármen Lúcia, Edson Fachin, Luiz Fux, Luís Roberto Barroso e André Mendonça foram vencidos. Eles defenderam que a decisão deveria produzir efeitos somente para o futuro, sem afetar o mandato de parlamentares eleitos. Isso porque a Constituição prevê que a lei que alterar o processo eleitoral não se aplica à eleição que ocorrer em até um ano da data de sua vigência.

A deputada federal Silvia Waiãpi (PL-AP), que perderá o mandato após decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) nesta quinta-feira, 14, afirmou que é vítima de preconceito. Silvia é conhecida como a "indígena do Bolsonaro" e, junto a outros seis deputados, terá que deixar a Câmara dos Deputados.

"Essa decisão retira uma mulher do Norte, filha do Amapá, representante da Amazônia e indígena, que desde o início do mandato tem sofrido ataques e perseguições políticas. A discriminação contra parlamentares da nossa região não pode ser normalizada", afirmou Silvia, em nota.

A deputada federal é da etnia Waiãpi que está distribuída no Amapá, Pará e na Guiana Francesa. Ela era tenente do Exército e foi nomeada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para chefiar a Secretaria Nacional de Saúde Indígena (Sesai).

Silvia sugeriu ainda que a decisão mostra que o STF não quer uma "mulher indígena de direita" e que luta pela "igualdade sem vitimismos". "Eu defendo o Brasil e a sua soberania como nação. Isso não é comum, é assustador para muitos", completou.

Em junho do ano passado, Silvia ficou conhecida após ter o mandato cassado pelo Tribunal Regional Eleitoral do Amapá (TRE-AP) por utilização de verba pública de campanha eleitoral para procedimento de harmonização facial durante as eleições de 2022. Como a decisão do TRE-AP cabia recurso no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ela não deixou a Câmara.

Além de Waiãpi, os deputados que perderam o mandato foram Augusto Puppio (MDB-AP), Gilvan Máximo (Republicanos-DF), Lázaro Botelho (PP-TO), Lebrão (União-RO), Professora Goreth (PDT-AP) e Sonize Barbosa (PL-AP).

O Estadão procurou os seis deputados que perderam o mandato junto com Silvia, mas não havia obtido retorno até a publicação deste texto. O espaço segue aberto.

Cabe agora ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) refazer os cálculos para definir quem assume os mandatos. De acordo com cálculos feitos pela Rede, o PSB e os Podemos, os novos parlamentares serão Aline Gurgel (Republicanos-AP), André Abdon (PP-AP), Paulo Lemos (Psol-AP),Professora Marcivânia (PCdoB- AP), Rafael Bento (Podemos-RO), Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) e Tiago Dimas (Podemos-TO).

O Estado do Amapá, de Silvia, tem oito parlamentares e metade vai ser renovada por conta da decisão do STF. Os quatro novos deputados são aliados políticos do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP).

Em fevereiro do ano passado, o STF decidiu que todos os candidatos e partidos podem concorrer às sobras eleitorais. Os ministros derrubaram cláusulas, aprovadas em 2021, que condicionaram a distribuição das sobras ao desempenho dos partidos e exigiam um percentual mínimo de votação nos candidatos. A maioria da Corte entendeu que os filtros violam os princípios pluralismo político e da soberania popular.

O que ocorreu nesta quinta foi que o tribunal entendeu que a decisão tem efeitos retroativos, ou seja, afeta quem foi eleito com base nos critérios anulados. Votaram nesse sentido os ministros Gilmar Mendes, Alexandre de Moraes, Kassio Nunes Marques, Flávio Dino, Dias Toffoli e Cristiano Zanin.

A maioria do Supremo considerou que a Corte não poderia chancelar os mandatos de parlamentares eleitos com base em uma regra considerada inconstitucional. Caso contrário, deputados que deveriam estar nos cargos seriam prejudicados.

Por outro lado, os ministros Cármen Lúcia, Edson Fachin, Luiz Fux, Luís Roberto Barroso e André Mendonça foram vencidos. Eles defenderam que a decisão deveria produzir efeitos somente para o futuro, sem afetar o mandato de parlamentares eleitos. Isso porque a Constituição prevê que a lei que alterar o processo eleitoral não se aplica à eleição que ocorrer em até um ano da data de sua vigência.