Primeiro-ministro da Dinamarca rejeita ideia de vender Groenlândia para os EUA

Internacional
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times

O primeiro-ministro da Dinamarca, Mette Frederiksen, afirmou nesta terça-feira, 7, que o futuro da Groenlândia será decidido pela própria região e negou a ideia de vendê-la aos Estados Unidos, apesar de reforçar que os americanos são os aliados mais importantes dos dinamarqueses. "A Groenlândia não está à venda", disse Frederiksen, acrescentando que o país "precisa permanecer calmo e atrelado aos seus princípios."

Os comentários do premiê foram realizados após Donald Trump Jr., filho do presidente eleito dos EUA, chegar ao país para uma visita particular. Trump, seu filho e aliados próximos - como o bilionário Elon Musk (leia mais abaixo) - defendem a anexação da Groenlândia aos EUA por razões estratégicas. Em declarações recentes, o presidente eleito americano, Donald Trump, defendeu que os EUA tomassem o controle da Groenlândia e do canal do Panamá como áreas estratégicas e "essenciais" para o país.

Maior ilha do mundo, a Groenlândia fica entre os oceanos Atlântico e Ártico e é 80% coberta por uma camada de gelo, rica em minerais importantes. O território autônomo tem cerca de 56 mil residentes, a maioria deles indígenas Inuits.

O primeiro-ministro da Groenlândia, Múte Egede, pediu independência da Dinamarca, dizendo em um discurso de Ano Novo que seria uma maneira da região se libertar de seu passado colonial. Mas Egede também disse que não tem interesse em que o território autônomo se torne parte dos Estados Unidos, insistindo que a ilha não está à venda.

A independência se tornou uma questão-chave antes de uma eleição para o parlamento da Groenlândia. Uma data ainda não foi definida, mas o pleito deve ocorrer no máximo até 6 de abril.

Se população da Groenlândia quiser fazer parte de América, será 'bem-vinda'

Musk expressou apoio à ideia de anexar a Groenlândia aos Estados Unidos. "Se as pessoas da Groenlândia querem fazer parte da América, o que espero que desejem, elas serão muito bem-vindas", afirmou ele, em publicação no X, antigo Twitter, que compartilhava uma postagem de Donald Trump Jr., filho do presidente eleito dos EUA.

Trump Jr. chegou à Groenlândia nesta terça-feira para uma visita que aumentou especulações de que o novo governo americano pode tentar assumir o controle do território dinamarquês rico em minerais e que abriga uma grande base militar dos EUA. Nas redes sociais, o filho do republicano compartilhou diversas publicações sugerindo a intenção de unir ambas as regiões. "A Groenlândia ama a América e Trump", escreveu. "Eles só querem ser capazes de utilizar alguns de seus recursos incríveis e permitir que seu país, eles mesmos e suas crianças floresçam."

*Com informações da Associated Press

Em outra categoria

O vereador Lucas Pavanato (PL), que obteve a maior votação para o cargo na capital paulista, registrou três boletins de ocorrência por ameaças de morte realizadas no X (antigo Twitter). O parlamentar também pediu à Câmara Municipal escolta para proteção pessoal. O caso é investigado pelo 1º Distrito Policial, localizado no bairro da Sé.

Segundo uma das ocorrências registradas na polícia, o vereador foi ameaçado após anunciar, por meio de uma publicação em rede social no dia 25 de dezembro, que a mulher dele está grávida. O boletim cita um usuário que republicou o registro no dia seguinte, afirmando que gostaria de "chutar a barriga" da mulher do vereador.

Na segunda-feira, 6, Pavanato comemorou em suas redes sociais a "derrota" de Fernanda Torres no Globo de Ouro. A atriz, porém, se tornou a primeira brasileira a vencer uma estatueta do prêmio, considerado o maior da crítica de cinema. Um usuário republicou a mensagem sobre a suposta derrota da artista na premiação, dizendo que gostaria de ver Pavanato "morto em praça pública". A expressão também foi utilizada por outro usuário, em outra publicação.

As três ameaças foram registradas na noite de segunda-feira. No X, Pavanato classificou as ameaças como "ataques sujos". "Não vão me parar", disse o vereador.

A Câmara paulistana confirmou o pedido de escolta e afirmou que "a inspetoria da Guarda Civil Metropolitana na Casa está tomando providências". A Secretaria de Segurança Pública do Estado informou que equipes do 1º Distrito Policial, da Sé, "realizam diligências visando à identificação dos usuários da rede social e ao esclarecimento do caso".

A Advocacia-Geral da União (AGU) começou a contratar advogados no exterior para representar o Brasil nos processos de extradição dos condenados pelos atos golpistas do 8 de Janeiro.

O advogado-geral da União, Jorge Messias, assinou nesta quarta-feira, 8, o ato formal que autoriza as contratações. Os atos de vandalismo completam dois anos hoje.

A contratação de advogados estrangeiros é necessária para cumprir requisitos exigidos por outros países. Os advogados da União, via de regra, não estão habilitados para atuar em jurisdições estrangeiras.

O próximo passo é solicitar ao Supremo Tribunal Federal (STF) informações atualizadas sobre os processos. A AGU ainda não sabe exatamente quem são os brasileiros foragidos no exterior nem em quais países eles vivem - dados básicos necessários para apresentar os pedidos de extradição.

A iniciativa da AGU ocorre após o ministro Alexandre de Moraes, do STF, cobrar providências sobre a extradição de foragidos do 8 de janeiro em 64 ações penais.

A Advocacia-Geral da União informou que também dialoga com o Ministério da Justiça e Segurança Pública para identificar os casos que "recomendam a efetiva atuação judicial no exterior para garantir a efetivação das extradições".

Cabe ao Ministério da Justiça analisar a admissibilidade dos pedidos de extradição e, se forem aprovados, encaminhá-los aos respectivos países por via diplomática ou por meio de autoridades centrais.

A atuação da AGU para viabilizar extradições é complementar aos trâmites conduzidos pelo Ministério da Justiça. O Estado brasileiro pode intervir como parte nos processos para contribuir com o esclarecimento de questões factuais e jurídicas. A medida já foi adotada em outros casos de extradição.

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes disse que não é possível confundir a regulamentação das redes sociais e a proteção de direitos fundamentais com censura. A declaração foi dada em evento com servidores do Supremo que marca os dois anos dos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. Na avaliação do ministro, o "8 de janeiro não é um fato pretérito, mas uma ferida aberta na sociedade brasileira".

"Esta trajetória normativa jamais poderá ser confundida com censura. Muito pelo contrário: ela representa não apenas uma evolução jurídica, mas constitui a pedra angular sobre a qual se erige uma esfera digital democrática e pluralista, capaz de harmonizar a liberdade de expressão com a responsabilidade social no ambiente virtual", afirmou.

A fala foi feita um dia após o CEO da Meta, Mark Zuckerberg, falar que há "tribunais secretos de censura" na América Latina.

Gilmar ainda disse que as instituições devem criar mecanismos para inibir a circulação de discursos criminosos nas redes sociais para evitar a repetição do 8 de janeiro. Ele também defendeu um debate sobre o papel dos militares na política e sugeriu a criação de hipótese de inelegibilidade a "ocupantes de certos cargos públicos que se proponham a deixar suas carreiras para ingressar na política".