Rússia anuncia acordo estratégico para cooperação econômica e militar com o Irã

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A Rússia anunciou um acordo de associação estratégia, que prevê maior cooperação comercial e militar, com o Irã. O compromisso reflete a aproximação entre os dois países, adversários dos Estados Unidos, e será firmado durante a visita do presidente iraniano Massoud Pezeshkian a Vladimir Putin na sexta-feira, 17.

A Rússia e o Irã estão sob pesadas sanções do Ocidente e estabeleceram laços estreitos em vários setores, até mesmo o militar. A Ucrânia afirma que mísseis e drones iranianos foram usados nos ataques constantes à sua infraestrutura durante a guerra. Moscou e Teerã negam.

O Irã, por sua vez, quer armas russas sofisticadas, como sistemas de defesa aérea de longo alcance e jatos de combate para evitar possíveis ataques de Israel. Há muito tempo Teerã espera obter caças Sukhoi Su-35 da Rússia para atualizar sua frota envelhecida que foi prejudicada por sanções internacionais, mas só recebeu alguns jatos de treinamento Yak-130.

O chamado "Acordo Global de Associação Estratégica" abrange a cooperação econômica, comercial, energética e em questões de segurança e defesa. Embora os contornos exatos não tenham sido divulgados, o acordo tem o mesmo nome do que a Rússia assinou com a Coreia do Norte no ano passado.

O documento previa a "assistência militar imediata" em caso de agressão de terceiro país. E a Coreia do Norte tem mandado tropas para Kursk, região da Rússia que está sob ocupação da Ucrânia. Dados de inteligência indicam que mais de 10 mil soldados foram enviados para a batalha e estima-se que cerca de 300 morreram.

A Ucrânia acredita que, além da Coreia do Norte, a Rússia tem contado com apoio do Irã na guerra. Kiev e seus aliados acusam Teerã de fornecer drones explosivos Shahed e mísseis de curto alcance para as forças de Moscou, o que Teerã nega.

Com o acordo, o regime iraniano provavelmente espera obter promessas financeiras e de defesa de Moscou. O país se encontra com a economia em frangalhos e enfrenta pressão crescente no Oriente Médio, com o seu "Eixo da Resistência" abalado por golpes de Israel ao Hamas, na Faixa de Gaza, e Hezbollah, no Líbano.

Teerã amarga ainda uma derrota sofrida na Síria. A ditadura Bashar Assad, que há muito se mantinha com apoio do Irã e da Rússia, não resistiu a ofensiva dos rebeldes no fim do ano passado e colapsou.

Apesar da proximidade entre os países, há sinais de descontentamento em relação à Rússia dentro da Guarda Revolucionária iraniana, força paramilitar que responde apenas ao aiatolá Ali Khamenei. Em áudio que vazou na semana passada, um general da Guarda Revolucionária iraniana culpava a Rússia por muitos dos problemas que o Irã sofreu na Síria.

Pezeshkian e Putin se encontraram pela última vez em outubro, durante a cúpula do Brics em Kazan, na Rússia, a primeira desde que o Irã foi incorporado ao bloco dos emergentes. Na ocasião, o presidente russo elogiou os laços amigáveis entre os países e defendeu a consolidação da parceria econômica. A Rússia quer desenvolver um corredor logístico, ferroviário e marítimo entre Moscou, Baku, capital do Azerbaijão, e Teerã. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

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